domingo, 6 de julho de 2014

Maranhão - Sargento da PM que era lotado na Assembléia Legislativa, morre em confronto com uma Guarnição da ROTAM.

Policial executado por policiais (Foto: Blog do Marcelo Vieira)
Policial executado por policiais (Foto: Blog do Marcelo Vieira)

Na madrugada de hoje, dia 6, homens da Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam) dispararam contra um policial que fazia parte da equipe de segurança do prédio da Assembleia Legislativa do Maranhão. 

A Fatalidade ocorreu no bairro do Maranhão Novo, próximo a Secretaria de Trânsito e Transporte de São Luís. 

Segundo informações repassadas ao Blog do Luis Pablo, a vítima foi alvejada por vários disparos dentro do seu carro. 

Ele estava acompanhado de um outro homem, que não foi atingido.

Policiais da Rotam informaram que o segurança da Assembleia estava com um revólver atirando e não obedeceu a ordem de parar. 

Por isso, teve seu carro alvejado.

Os homens que alvejaram o policial são novatos na Polícia Militar. 

Todos que estão compondo a Rotam são os mesmos que estavam sendo treinados para a criação do Bope do Maranhão, para o combate, principalmente, às facções criminosas. Por motivos não informados, a PM mudou de ideia e o grupo virou Rotam. 

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Arnaldo Melo (PMDB), deverá se pronunciar sobre o caso. 


OUTRA VERSÃO.

IMAGEM DA MADRUGADA:  Acusado de assalto morre em troca de tiros com policiais.


Foto:  Blog do Gilberto Lima.

O blog acaba de receber a imagem de um homem morto em troca de tiros com policiais. O confronto teria ocorrido na Avenida Daniel de La Touche, no Ipase, nas proximidades da SMTT.

Policiais estavam perseguindo um veículo corsa classic, cor prata, ocupado por dois homens acusados de assalto. 

Nas proximidades da SMTT, a dupla teria parado e veículo e iniciado uma troca de tiros. O homem da foto morreu no local. O outro foi preso.

Esse confronto ocorreu no primeiros minutos da madrugada deste domingo (06).


ATUALIZAÇÃO:

Sargento da PM é morto em confronto com policiais da Rotam.

Vítima estava em veículo e teria desobedecido ordem de policiais em serviço.

O PM foi expulso da corporação por suspeita de assassinar um homem no Coroadinho. 

Já Ivo Fernando já havia sido preso anteriormente.


O sargento Lima Filho foi morto em troca de tiros com policiais da ROTAM, no fim da noite de sábado(05) na Avenida Daniel de La Touche, no Ipase/Maranhão Novo. 

As informações são de que o sargento Lima Filho e outro homem identificado Ivo Fernando França Cutrim estavam num veículo corsa classic, cor prata, quando foram abordados por um carro da Rotam. Eles receberam a ordem para que parassem, porém, não obedeceram e um deles teria atirado primeiro contra os policiais.



O comandante do policiamento especializado, coronel Ivaldo Barbosa, disse que a viatura da polícia que perseguiu o carro com os dois tentou fazer com que o motorista do carro parasse encostando três vezes na traseira do classic. O comandante explicou que o giroflex estava ligado, configurando o que seria uma abordagem padrão.



Ivo Fernando foi preso pela Rotam

O militar disse ainda que o sargento havia sido expulso da PM suspeito de matar um homem no Coroadinho. Já Ivo Fernando já havia sido preso anteriormente. O comandante não deu detalhes de quando o sargento foi expulso e reintegrado à PM e informou que nesta segunda-feira haverá uma entrevista coletiva para tratar do assunto.

O blog foi o primeiro a destacar esse caso, no início da madrugada deste domingo. As primeiras informações era de que a vítima seria acusada de assalto. 


Brasil - ESTRANGEIROS ANALISAM OS BILHÕES DA COPA DO MUNDO

Foto - Diário do Centro do Mundo.


Os bilhões da Copa do Mundo 


Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

"O jornalista Nathaniel Parish Flannery, colaborador de várias publicações americanas em áreas como crime organizado, política, cultura e economia, escreveu um bom artigo no site da "Forbes" sobre a Copa do Mundo.

Quando a seleção do Brasil entrar em campo, o mundo deveria também aproveitar o momento para reconhecer o sucesso das políticas públicas progressivas do país”, escreve Flannery. “O Brasil destinou menos que 2 bilhões de dólares para a construção dos estádios. Em contraste, entre 2010, ano do início da construção dos estádios, e o início de 2014, o governo investiu 360 bilhões de dólares em programas de saúde e educação”.

Eis os principais trechos de sua análise: 

No Brasil, a Copa do Mundo deflagrou protestos de ativistas interessados em chamar atenção para os persistentes problemas de pobreza e desigualdade no país. Em 2013, os manifestantes empunhavam cartazes em inglês com mensagens como “Nós não precisamos da Copa do Mundo” e “Nós precisamos de dinheiro para hospitais e educação”. Contudo, como os cientistas políticos Diego von Vacano e Thiago Silva explicaram em seu excelente artigo para o "Washington Post", “os protestos são paradoxais porque o Brasil tem vivenciado um crescimento econômico e social muito significativo desde que o país foi escolhido para realizar o evento em 2007”.

Mais amplamente, a Copa do Mundo de 2014 acentua a emergência econômica da América Latina ao longo da última década. O mar de camisas amarelas que pode ser visto em jogos da Colômbia e áreas inteiras de mexicanos usando roupas verdes e torcendo para a sua seleção é um testemunho do recente sucesso econômico da classe média latino-americana. De acordo com o historiador David Goldblatt, “a televisão pode enganar, e o uso de uma camisa da seleção da Colômbia não é garantia de nacionalidade, mas o estádio do Mineirão em Belo Horizonte estava forrado de amarelo – 20 000 numa multidão de 57 000. A mídia chilena tem reportado que mais de 10 000 estão viajando para o Brasil, e ao que parece eles todos estavam presentes em Cuiabá quando a seleção deles despachou a Austrália.

Em 2011, pela primeira vez na história, o número de pessoas nas classes médias da América Latina ultrapassou o número de pessoas pobres na região. O Brasil, em particular, destaca-se pelo sucesso no investimento em programas sociais e de redução da pobreza.

Dado o número de camisas amarelas que aparecem na multidão nos jogos, a Copa do Mundo no Brasil tem também sido massivamente frequentada pela classe média emergente do país. Ainda assim, a história de que o gasto com futebol é um desperdício num país em que a população vive na pobreza tem ganhado impulso nas mídias sociais.

Fotos de um grafite mostrando uma criança faminta chorando ao ver uma bola de futebol em seu prato tornaram-se virais e foram compartilhadas aos milhares no Twitter e Facebook. Outros usuários do Twitter compartilharam fotos lembrando a pobreza com a qual eles se deparam a algumas quadras dos estádios.

Essas imagens falham em mencionar que o Brasil [governo] destinou menos que 2 bilhões de dólares para a construção dos estádios. Em contraste, entre 2010, ano do início da construção dos estádios, e o início de 2014, o governo federal do Brasil investiu 360 bilhões de dólares em programas de saúde e educação. Para colocar isso em perspectiva, o governo do Brasil investiu 200 milhões de dólares [em saúde e educação] para cada dólar gasto com os estádios da Copa do Mundo. Embora os sistemas de saúde, educação e transporte precisem de investimentos contínuos, os gastos com a Copa do Mundo não têm de maneira alguma eclipsado o investimento progressivo em programas sociais.

A economia do Brasil é definida por uma desigualdade intrinsecamente profunda. É um país conhecido pelas favelas e milionários. De acordo com análises da "Forbes", o Brasil é o lar de dezenas de bilionários, incluindo Roberto Irineu Marinho, João Roberto e José Roberto Marinho, que juntos controlam o maior império de mídia da América Latina, a "Globo", e têm, juntos, 28 bilhões de dólares. A empresa reportou em 2013 um lucro de 1,2 bilhão de dólares. De acordo com levantamento da Forbes, “enquanto a riqueza crescente do país está criando mais milionários e bilionários do que nunca, famílias ricas estão garantindo a fatia maior desse bolo”. Dos 65 bilionários listados pela "Forbes" na sua edição dos "Bilionários do Mundo", 25 deles são herdeiros ou parentes. Mas, enquanto é fácil apontar os gastos dispendiosos com os estádios da Copa do Mundo ou a longa lista de bilionários do Brasil e contrastá-los com milhões de pessoas que vivem em extrema pobreza, tais comparações falham ao não reconhecer o tremendo sucesso que os criadores de políticas públicas brasileiros têm tido na erradicação da pobreza ao longo da última década. De acordo com um relatório recente do "Centro para a América Latina e Caribe da ONU" (CECLAC), em 2005, 38% da população brasileira vivia abaixo da linha de pobreza. Avançando para 2012, essa taxa caiu para 18,6% da população. Em outras palavras, desde 2005, o Brasil tem efetivamente reduzido para mais da metade o número de seus cidadãos vivendo na pobreza.

Por outro lado, o México, um país cujos políticos estão mais concentrados nas exportações e nos salários competitivos, atualmente viu a pobreza aumentar durante esse mesmo período, de acordo com um relatório do "Centro das Nações Unidas para América Latina e Caribe". O Chile, um país há muito elogiado pelo desenvolvimento de suas políticas econômicas, viu um declínio muito menor de sua pobreza no mesmo período. No Chile, a pobreza caiu de 13,7% para 11% em 2011.

A América Latina é a região mais desigual do mundo, e o Brasil em particular é conhecido por sua história colonial baseada em uma espoliativa agricultura de exportação, o que ajudou a desenvolver o estabelecimento de uma economia altamente dividida entre ultrarricos e ultrapobres. Em meio à controvérsia da Copa do Mundo, o tremendo sucesso do Brasil na redução da pobreza tem sido de certa forma ignorado.

Jason Marczak, expert em América Latina do "Atlantic Council" em Washington [um think tank apartidário e influente] , me contou que “a crítica aos excessivos custos dos estádios é na verdade um grito dos cidadãos do novo Brasil, um Brasil mais classe média, que demanda maior transparência e um modelo de estado mais responsável”.

Quando a seleção do Brasil entrar em campo, o mundo deveria também aproveitar o momento para reconhecer o sucesso das políticas públicas progressivas do país.

O Brasil tem atingido conquistas impressionantes no crescimento sócio-econômico na última década com dezenas de milhões de pessoas saindo da pobreza e entrando na classe média”, acrescenta Marczak."

FONTE: escrito por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo. Transcrito no "Blog do Miro'  (http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/07/os-bilhoes-da-copa-do-mundo.html)

sábado, 5 de julho de 2014

Amazonia Azul: O BRASIL ENTRA NA CORRIDA PELAS RIQUEZAS MARÍTIMAS. E pode, pela primeira vez, fincar sua bandeira em águas internacionais.

Foto - Marinha Brasileira.

Houve um tempo, há 200 milhões de anos, em que toda a terra do mundo era uma só. Lentamente, como todas as grandes mudanças geológicas que ocorrem no planeta, essa enorme massa foi se dividindo. As imensas fraturas originaram a América do Sul, África, Austrália, Antártica e Índia.

Passaram-se outros muitos milhões de anos, América e África se separaram e, entre elas, surgiu o Oceano Atlântico. Esse mar, que ninguém sabia onde e se iria terminar, amedrontou e seduziu civilizações. Até que destemidos navegadores, entre os séculos XV e XVII, singraram essas águas. Depois de meses, viajando a bordo de precárias embarcações, encontraram aquele pedaço de terra que, havia milênios, se desprendera da África.

Era um continente, a América. Na época, os países se envolveram em uma verdadeira corrida marítima para alcançar o território rico em ouro, pedras preciosas, outros minerais e recursos naturais.
Nas últimas décadas, uma nova competição nos oceanos se desencadeia entre as nações. Dessa vez, pelas riquezas de outra terra - aquela que está no fundo do mar. Nessa corrida, o Brasil poderá, ainda neste ano, desfraldar sua primeira bandeira em águas internacionais além do limite das 200 milhas náuticas (370 km).

A partir desta sexta-feira, os integrantes da International Seabed Authority (ISA) - em português denominada de Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (Isba) - se reúnem em Kingston, na Jamaica, e dirão se aceitam o plano de trabalho para exploração e pesquisa de uma área do Atlântico Sul conhecida como Elevação do Rio Grande.

e a permissão for concedida, o governo brasileiro ganha, por um período de 15 anos, o direito de pesquisar o potencial do território. Ele está a 1,5 mil quilômetros de distância da costa e recebeu o nome de elevação porque está a, aproximadamente, mil metros da superfície, numa região onde o oceano alcança quatro mil metros de profundidade.

Nele já foi constatada a existência de cobalto, níquel, cobre e manganês e outros metais: zircônio, tântalo, telúrio, tungstênio, nióbio, tório, bismuto, platina, cério, európio, molibdênio e lítio essenciais para a indústria de alta tecnologia. Cientificamente, eles são chamados de nódulos polimetálicos.
Em outra etapa, o país poderá explorar e até extrair esse minério. "Além do caráter estratégico, a iniciativa brasileira permitirá o desenvolvimento de recursos humanos e desenvolvimento tecnológico", explica o diretor de Geologia e Recursos Minerais da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), um órgão governamental.
O plano de trabalho na Elevação, entregue à ISA no último dia de dezembro de 2013, foi movido pelo interesse econômico, mas principalmente estratégico. Se o Brasil não se capacitar e explorar essa riqueza, outros países o farão. Há também um item importante incluído na permissão: o país que detém o controle da região pesquisada pode usar suas Forças Armadas para protegê-la. "As nações descobriram o mar, desenvolveram pesquisas e tecnologia para uso em grandes profundidades e perceberam que ali há tanta riqueza ou mais do que existe no continente", diz o almirante Marcos Silva Rodrigues, secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm), um colegiado com a participação de 16 ministérios.
A Isba é uma organização internacional autônoma pertencente ao sistema das Nações Unidas. Por intermédio dela, 166 Estados partes organizam e controlam as atividades no mar, particularmente com vista à gestão de seus recursos minerais. Ela surgiu para aplicar as determinações da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, criada em dezembro de 1982 e em vigor desde julho de 1994.

A lei maior da organização, como se fosse a sua Constituição, afirma que o leito marinho, além das jurisdições nacionais, passa a ser considerado a "Área". Todos os recursos que ali estiverem, inclusive os minerais, são patrimônio da humanidade. É como se houvesse uma linha na água demarcando o que é de cada um e o que pertence a todos. Procurada pelo Valor, a Divisão do Mar, da Antártida e do Espaço do Ministério das Relações Exteriores preferiu não se pronunciar sobre o tema antes da reunião em Kingston.
No século XXI cresceu o interesse no mundo pela exploração mineral dos oceanos na chamada Área. A China já realizou prospecções na região e, não faz muito tempo, a China Ocean Mineral Resources Research and Development Association, estatal chinesa, anunciou a descoberta de depósitos hidrotermais (sinal da existência de minérios) no Atlântico Sul.

Os chineses já mapearam os locais onde eles estão e vêm manifestando interesse em associar-se, em joint ventures, e cooperar com outros países com o objetivo de conseguir concessões da Autoridade.
A Elevação do Rio Grande tem sido visitada pela Alemanha e pela Rússia. O Instituto de Pesquisa Alemão IFM-Geomar anunciou que ainda neste ano fará uma expedição oceanográfica no Atlântico Sul para ampliar o conhecimento sobre possíveis minerais identificados por britânicos e chineses.

A Rússia, que já faz pesquisas no Oceano Pacífico e no Atlântico Norte, quer marcar sua presença também no Atlântico Sul. "Se não investirmos, corremos o risco de ter um país estrangeiro extraindo riquezas ao lado das nossas fronteiras marítimas", diz Roberto Ventura, diretor do CPRM.
O valor dessas riquezas, por enquanto, é incomensurável. Mas os produtos que dependem desses minérios para existir são mais do que conhecidos. O cobalto é indispensável na produção de ligas metálicas na indústria de aviação; nos eletrodos das baterias elétricas dos chamados "carros verdes", movidos a eletricidade; e nos equipamentos que usam a radiação gama para os tratamentos de câncer.
Os depósitos de fosforita, que estão sendo mapeados nas bacias de Santos e Pelotas (RS), poderão fornecer esse mineral, imprescindível à indústria de fertilizantes. O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes, mas responde por apenas 2% da produção mundial. O uso desses produtos aumentou de 3,1 milhões de toneladas em 1990 para 12,2 milhões de toneladas em 2012. Até 2017, acredita-se que o incremento será de 3,8% ao ano.
As principais culturas que dependem dos fertilizantes são: soja (34%), milho (18%), cana-de-açúcar (15%), café (7%), algodão (6%) e arroz (2%). "Considerando o volume de recursos que a mineração gera ao país e as perspectivas que se abrem com a exploração no mar, o governo precisa tratar desse assunto mais seriamente e aumentar essa discussão no Marco Regulatório da Mineração que tramita no Congresso", reclama o geólogo Agamenon Dantas, da consultoria Oceanis Mineral International.
A empresa trabalha com 40 profissionais da área que fazem diagnósticos e traçam perspectivas do setor para a iniciativa privada e governos. Um desses consultores é o geólogo Kaiser Gonçalves de Souza. Formado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Souza é mestre e doutor pela Université de Paris VI em geologia marinha.

Nascido no interior do Maranhão, registrado em Pernambuco - o pai pernambucano queria que o filho tivesse a mesma origem que ele -, Souza foi criado em Porto Alegre. Cedo se apaixonou pelo mar. Trabalhou na Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos e como diretor do Serviço Geológico do Brasil (CPRM - sigla advinda da razão social Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais).
Na década passada, com sua equipe, realizou aquele que é considerado o primeiro mapeamento da região submersa, agora requerido pelo governo brasileiro. O pedido informa a área pleiteada, cerca de 3 mil km2 no Atlântico Sul, e os investimentos, previstos em US$ 11 milhões nos primeiros cinco anos de contrato. "Não é muito, mas, nesse tipo de trabalho, o maior custo é com o aluguel de navios de outros países, porque não temos embarcações apropriadas para essa finalidade, e com as análises dos materias coletados", explica Souza, que acredita no sinal verde da Autoridade para o pedido.
Em 2011, foi fretado o navio de pesquisa Marion Dufresne, do Instituto Polar Francês. O CPRM contratou o navio com recursos financeiros do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do Ministério de Minas e Energia - aproximadamente R$ 60 milhões.

No ano passado, uma parceria científica entre o Brasil e o Japão permitiu coletar amostras - a 4.200 metros de profundidade - das rochas na Elevação do Rio Grande. Isso foi feito com o minissubmarino Sinkai - um dos poucos no mundo capaz de enfrentar as condições de profundidade até 6.500 metros -, equipado com braços mecânicos e câmeras de altíssima resolução.
Essas expedições também serviram para corroborar outra tese dos cientistas brasileiros em defesa da propriedade da Elevação. Ela faria parte de uma das montanhas da cadeia que ficou submersa em todo o Atlântico Sul, com alturas que chegam a 3.200 metros a partir do leito do oceano.

Ainda que localizada em águas internacionais, as rochas que foram encontradas demonstram que a região seria uma extensão das terras brasileiras inundadas pelo oceano, separando a margem continental brasileira das grandes profundidades oceânicas. "É como se um enorme pedaço de nosso continente tivesse sido coberto pela água. E, de fato, foi", afirma Ventura.
A busca por essa nova fronteira e seus recursos deu origem a mais do que um projeto: Levantamento da Plataforma Continental (Leplac), iniciado há duas décadas por cientistas; o Remplac, que avalia a potencialidade mineral da Plataforma Continental Jurídica Brasileira; e o Proarea (Programa de Prospecção e Exploração de Recursos Minerais do Atlântico Sul e Equatorial), onde está a pesquisa da Elevação do Rio Grande. "Eles são idênticos no objetivo, mas diferentes na área em que atuam.

Um está na jurisdição brasileira e outro na zona internacional dos oceanos. Na Plataforma - uma extensão geológica, como se fosse um minicontinente - encontram-se as mesmas rochas que na terra", explica Kaiser Souza.
"Se comprovarmos que o continente submerso é parte do Brasil, isso pode mudar toda a dimensão atual de nosso mar territorial", acrescenta Lauro Calliari, professor e doutor em oceanografia geológica do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), um dos mais importantes centros de estudos brasileiros sobre o assunto.
O Levantamento da Plataforma foi entregue à ONU em 2004 e é uma das vertentes da Amazônia Azul. A expressão foi criada pelo ex-comandante da Marinha Roberto de Guimarães Carvalho com o objetivo de mostrar à população que o mar brasileiro era tão importante quanto a Amazônia. "A Marinha nunca teve a intenção de promover uma disputa para medir a importância de uma ou outra área. Ambas são estratégicas para nosso país", diz o almirante José Roberto Bueno Junior, diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha.
O Brasil tem cerca de 8,5 mil km de costa e uma área oceânica que totaliza quase 4,5 milhões de km2 sob sua jurisdição, divididos da seguinte forma: nas primeiras 12 milhas náuticas (22,2 km), o país tem a soberania total sobre a área, como se ela fosse uma extensão do continente; depois disso, nas outras 12 milhas subsequentes está a chamada Zona Contígua (de 12 a 24 milhas), onde as autoridades brasileiras têm a prerrogativa de fazer cumprir as legislações aduaneira, fiscal, sanitária ou imigratória.

Essas duas áreas estão dentro da Zona Econômica Exclusiva. Ela é definida como o espaço marítimo onde o país é soberano para fins de exploração, conservação e gestão dos recursos ali existentes, como, por exemplo, os do pré-sal. Atualmente, 91% do petróleo brasileiro vem do mar e grandes depósitos de de gás natural foram encontrados na bacia de Santos e no litoral do Espírito Santo.
A Amazônia Azul - 4,5 milhões de quilômetros quadrados, que equivalem a 52% do território continental do país - engloba projetos e ações nas áreas econômica, ambiental, científica e de soberania. No mar, as fronteiras não existem fisicamente. Portanto, é a existência de formas de dissuasão que permitem a um país mostrar aos outros seu domínio sobre a região. "Temos uma tradição de olhar o mar de maneira lúdica que precisa mudar. É necessário pensar no mar estrategicamente. Só para citar um exemplo, podemos lembrar que mais de 95% das exportações brasileiras são transportadas pelo mar", observa Bueno.
Se tantas riquezas circulam e estão nessas águas, resguardar a soberania sobre elas é uma das grandes preocupações das autoridades. "Somos, sim, um país com muitas carências. Sabemos também que nossas Forças Armadas não podem ser maiores do que a capacidade do Brasil de mantê-las.

Tudo isso, no entanto, não nos exime da obrigação de proteger a nação", afirma o secretário da Secirm, almirante Rodrigues. A Marinha desenvolve diversos projetos nesse sentido, como o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que prevê a construção do submarino a propulsão nuclear e um sistema de vigilância e de monitoramento semelhante ao Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
Nem todos os desafios para iniciar a conquista do território marítimo além das atuais fronteiras estão encaminhados. Um deles é o de convencer a iniciativa privada a investir e a participar dos trabalhos na Elevação do Rio Grande, ainda que em etapas futuras. "Qualquer atividade no mar sempre será muito cara. A ciência fez já uma parte, identificando os minerais que ali estão. Agora a indústria brasileira, os grandes conglomerados de mineração, têm que participar também", afirma o professor Kaiser Souza.
Outro obstáculo a ser superado é o da proteção ambiental, que preocupa a comunidade científica. "Por mais que se trabalhe com projetos que busquem a sustentabilidade, sempre haverá algum impacto no ambiente marinho. Não é tão simples. Não é só ir até o fundo e tirar o minério", alerta o professor Calliari.
Edmo Campos, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, um dos assessores da comissão do Ministério da Ciência e Tecnologia que organiza a criação do Instituto Nacional de Pesquisas Oceanográficas e Hidrovias, concorda com a posição de Calliari.

Ele é especialista em oceanografia física e coordena a participação brasileira, financiada pela Fapesp, na análise da circulação de calor no Atlântico Sul, o Samoc (South Atlantic Meridional Overtuning Circulation). "Já foi comprovado que essa região não é completamente destituída de vida. Sabe-se que há muitos organismos vivos ali que nem sequer foram classificados. Machuca os ouvidos dos cientistas a possibilidade de que eles desapareçam sem ter sido conhecidos", afirma Campos.
Atividades de mineração em águas profundas, observa Campos, são passíveis de acidentes cujos danos podem até atingir a costa. "O Brasil deve fazer as pesquisas. Mas não pode levar isso adiante sem um estudo criterioso do impacto. Há uma série de perguntas sobre esses trabalhos que não foram respondidas ainda", adverte.
Responder a todas as perguntas sobre o que existe nas profundezas do mar, considerada a última fronteira do mundo, é tarefa para muitas gerações. Até que o homem chegue lá, as descobertas científicas deverão diminuir, aos poucos, o sem-fim dessas questões. Mas certamente não conseguirão impedir que os segredos ocultos no fundo das águas, por muito tempo ainda, atemorizem e estimulem a imaginação daqueles que tentam decifrá-los.

Europa - Um investimento desastroso e os voos de seu diretor mancham o Greenpeace.




Kumi Naidoo (direita) e Pascal Hustin na França em 2009. / DAVID VINCENT (ASSOCIATED PRESS).

A ONG mais famosa da área ecológica sofreu dois golpes tão fortes que forçaram seus membros a pedir desculpas públicas.

ISABEL FERRER.

Haia  - A caminho de converter-se em uma rede ecologista global, as duas últimas semanas foram um teste para o Greenpeace. A ONG mais famosa do ramo, com escritórios em 41 países e quase 3 milhões de doadores, sofreu dois golpes tão fortes que forçaram seus membros, especializados em colocar Governos e multinacionais em situações embaraçosas, a pedir desculpas públicas. Causado por um erro humano, o primeiro tropeço parece fácil de explicar: sem pedir permissão, um de seus funcionários comprou divisas estrangeiras para financiar os trabalhos das sedes abertas fora do âmbito da União Europeia.

A operação não é ilegal, e o Greenpeace centraliza sua gestão financeira em sua central em Amsterdã (Greenpeace International) para proteger-se das flutuações do mercado de valores. O problema é que o funcionário calculou mal a cotação do euro e perdeu 3,8 milhões de euros (11,4 milhões de reais) de doações particulares. 

Tendo em conta que a própria organização cifrava em 2013 em 300 milhões de euros (900 milhões de reais) seu orçamento geral, dos quais 72,9 milhões de euros eram donativos, a falta de controle interno vai custar caro, literalmente.

O outro golpe recebido talvez chame menos a atenção, mas suas repercussões podem ser ainda maiores. Pascal Husting, seu chefe de campanhas, voou semanalmente de Luxemburgo, onde reside com sua família, à capital holandesa, onde trabalha. Em seu caso, a desejada conciliação trabalhista incorreu durante dois anos e meio no mesmo erro de qualquer executivo comum. 

Ou seja, contribuiu para uma emissão excessiva de gases do efeito estufa, um de seus piores vilões. Para cobrir uma distância de 359 quilômetros por rodovia, teriam sido gerados 142 quilos de CO2 em cada viagem. Em dois anos, é como se tivessem sido gastos sete barris de petróleo, segundo o serviço americano de proteção ambiental. Uma vergonha para um grupo que exige que os capitães da indústria mundial evitem os aviões para distâncias de menos de 1.000 quilômetros. E que, em 2010, foi ao Ártico para investigar a acidificação dos oceanos associada ao dióxido de carbono.

Como o próprio Husting admitiu ao telefone, em meio à voragem de críticas, “ir de trem me custa 12 horas, porque cruzo três países, mas agora compreendo que foi um engano”. “Peço desculpas a todos os que nos apoiam”, acrescentou. Ex-diretor do Greenpeace na França, ela trabalha no grupo há 20 anos e sua presença em Amsterdã é necessária. 

Da capital holandesa ele administra uma reorganização que esvaziará a sede central, para se concentrar em países onde possa combater a mudança climática. “Teremos escritórios em Washington, Taipé, Roma, Sydney, Hong Kong ou Copenhague, entre outras, mas levou mais tempo de que eu pensava para pôr isso em prática. 

De uma organização assentada na Holanda, passaremos a ser uma rede global. Nosso pessoal trabalhará de outra forma, e eu pegarei esta semana meu último voo. Depois, usarei a ferrovia. A sacudida das críticas, que foram muitas, serviu de incentivo para acelerar as mudanças”, disse.

Só na Holanda, o grupo perdeu 675 doadores (no mundo todo tem 454.000) irritados por seus deslocamentos. De qualquer forma, humilhado como está, Husting acredita que seu caso não compromete os valores da organização. “Não nos vendemos a nada nem a ninguém”, ressaltou.

Egbert Tellegen, catedrático emérito de meio ambiente e muito ativo hoje no Milieu Defensie, o ramo holandês da ONG Amigos da Terra, tem suas dúvidas. “O caso do mau investimento financeiro é um grande erro, mas não necessariamente um sintoma de que algo vá mal na organização. 

O empregado não obteve lucro e foi despedido. Já o caso dos aviões mostra a falta de atitude crítica ante esse tipo de contaminação. Mas o Greenpeace não é o único. Há cientistas muito comprometidos que não fazem nada mais do que voar para denunciar como se destrói o ambiente. Falta modéstia no mundo do meio ambiente, seja em universidades, Governos ou grupos ecologistas”, assinala.

Por sua vez, Jan Paul van Soest, assessor em matéria de sustentabilidade para os setores público e privado na Holanda, teme, sim, que o dinheiro perdido seja um sintoma de descontrole na administração. “As pessoas podem pensar que o Greenpeace perdeu o norte, quando a transferência de cifras nada tem a ver com seus objetivos”, diz. “Pode-se ser uma empresa de âmbito internacional com uma missão social, mas é preciso saber administrá-la. 

A exigência de transparência aumentou para qualquer organização, e eles não podem ficar atrás. O público quer que seu dinheiro seja gasto de forma adequada, e descentralizar é um exercício que deve ser bem feito”, assinala. Segundo a revista alemã Der Spiegel, que levantou o caso, o funcionário em questão comprou em 2013 divisas no valor de 36 milhões de euros (108 milhões de reais). 

Em 2014, comprou mais divisas – no valor de 23 milhões de euros (69 milhões de reais) –, sempre através da Monex Europe, uma entidade financeira com sede no Reino Unido e subsidiária da Holding Monex (México). O Greenpeace já tinha constatado em 2013 que a operação era um erro, mas não disse nada. A revista aponta que os ecologistas esperavam ter antes em mãos os resultados da auditoria encomendada à americana KPMG. As perdas, claro, aparecerão no relatório anual, previsto para julho.

O ativista sul-africano de direitos humanos Kumi Naidoo, atual diretor-executivo internacional do Greenpeace, é o motor do novo enfoque. Convencido de que as grandes ameaças ao meio ambiente estão nos países do Hemisfério Sul, ele incentiva a transferência de seu pessoal para onde haja desmatamento, oceanos em perigo, baleias caçadas, energia nuclear ou ecossistemas exaustos. Uma ambiciosa tarefa que não pode se enfraquecer no cofre. 

Quando o Artic Sunrise, um de seus navios, foi retido em setembro passado com seus 30 tripulantes no Ártico russo, seu destino mobilizou a opinião pública internacional. Até os mais críticos em relação aos métodos dos ativistas consideraram excessivo o zelo de Moscou ao acusá-los de pirataria por denunciar as prospecções feitas pela Gazprom na zona. Agora, por outro lado, as profusas desculpas que aparecem em todos os sites da organização na internet não dissipam o temor dos peritos consultados de que os problemas do departamento de finanças sejam estruturais.

“Vemos as ONGs, especialmente as mais conhecidas – Greenpeace, Anistia Internacional ou Human Rights Watch –, como a consciência coletiva da sociedade. Não notamos que elas se transformaram – eram grupos de pressão de fora do sistema, mas passaram a fazer parte dele. Já são organizações profissionais, e esperamos que administrem com eficácia seu dinheiro, que é nosso”, aponta um membro do Instituto de Relações Internacionais Clingendael, com sede em Haia. 

Apesar de não terem voto nas Nações Unidas, por exemplo, sua voz, influência e conhecimentos, às vezes superiores aos dos próprios Governos, “deram-lhes poder, visibilidade e uma reputação que devem ganhar diariamente”, acrescenta.

Dito de outro modo, o Greenpeace já é adulto e seu desejo de melhorar o mundo não é incompatível com os controles de qualidade que ele exige dos outros. “Em um cenário onde os Estados só podem trabalhar em colaboração com outros atores internacionais, entre eles as ONGs, não se pode colocar o dedo no olho sem pensar que se está também na mira do público”, conclui o integrante do Clingendael.

Fonte: El Páis.

DESABAMENTO DO VIADUTO DE GUARARAPES EM BELO HORIZONTE - PREFEITURA DIVIDE RESPONSABILIDADE PELA TRAGÉDIA COM CONSTRUTORA E TÉCNICOS RESPONSÁVEIS POR VISTORIAS.

 

O Secretário de Obras de Belo Horizonte, José Lauro Nogueira, segundo matéria publicada pelo Jornal O Estado de São Paulo, assumiu a responsabilidade da prefeitura no desabamento do Viaduto de Guararapes, ocorrido na última quinta-feira.

"BELO HORIZONTE - O secretário de Obras da Prefeitura de Belo Horizonte, José Lauro Nogueira, disse, nesta sexta-feira, 4, que a responsabilidade pela queda do viaduto, que deixou duas pessoas mortas 22 feridas, é "solidária". "A responsabilidade é da prefeitura, da construtora e dos técnicos contratados para fazer a vistoria das obras", disse Nogueira."

Segundo Nogueira houve falha na fiscalização e acompanhamento na OBRA que é de responsabilidade da SUDECAP - Prefeitura de Belo Horizonte. Ainda segundo Nogueira, não havia pressa alguma em inaugurar o Viaduto, que não era considerado como uma OBRA para a Copa do Mundo. 

AS CAUSA DO ACIDENTE

Em trinta dias deverá ser liberado um primeiro LAUDO PERICIAL apontando as causas do desabamento do Viaduto. Peritos da Prefeitura, Construtora, IBAPE e CREA, além do Ministério Público vão participar dessa etapa. A Polícia Civil de Minas Gerais já abriu inquérito para apurar responsabilidades.

NOTA DO GOVERNO FEDERAL

O governo Federal distribuiu nota, dizendo que está à disposição do governo da cidade de Belo Horizonte, e que vai apoiar a Prefeitura naquilo que for solicitado. Segundo a Ministra do Planejamento, Míriam Belchior, o governo Federal é responsável pelo financiamento e liberação dos recursos para o empreendimento, e fiscaliza apenas, através de engenheiros da CAIXA ECONÔMICA, o andamento e as medições de etapas concluídas, exclusivamente para liberação de pagamentos e das verbas complementares necessárias. Segundo ainda a ministra, cabe às prefeituras que são as executoras das obras, a tarefa de fiscalizar a segurança do empreendimento.

NOTA DO BLOG

Triste ver que existam pessoas tentando tirar proveito político-eleitoreiro dessa tragédia.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Sexta Cúpula dos BRICS: as “sementes” de uma nova “arquitetura financeira”.

[*] Ariel Noyola Rodríguez, Contralínea, México - Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu.

Foto - Rede Casthor.

No dia seguinte do final da Copa do Mundo de futebol no Brasil, acontecerá a VIª Cúpula dos BRICS (sigla de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Fortaleza e Brasília serão as cidades anfitriãs do encontro, que acontecerá dias 14, 15 e 16 de julho/2014, para assentar afinal uma arquitetura financeira de novo perfil, sob o slogan: “Crescimento inclusivo e soluções sustentáveis”.

Diferentes das iniciativas de regionalização financeira asiática e sul-americana, os países BRICS, ao não definir espaço geográfico comum, ao tempo em que estão menos expostos a sofrer turbulências financeiras todos ao mesmo tempo, aumentam a efetividade de seus instrumentos defensivos.

Um fundo monetário de estabilização, denominado “Acordo de Reservas de Contingência” (CRA, do inglês Contingent Reserve Arrangement) e um banco de desenvolvimento, chamado Banco BRICS, exercerão funções de mecanismo multilateral de apoio às balanças de pagamento e fundo de financiamento para o investimento. De fato, os BRICS estão se afastando do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, instituições criadas há 70 anos, sob a órbita do Departamento do Tesouro dos EUA. Em meio à crise, as duas iniciativas abrem espaços de cooperação financeira frente à volatilidade do US$ (dólar dos EUA), e alternativas de financiamento para países em situação crítica, sem submeter-se a condicionalidades mediante programas de ajuste estrutural e reconversão econômica.

Como consequência da crescente desaceleração econômica mundial, tornou-se mais complicado para os países BRICS alcançar taxas de crescimento superiores a 5%. A queda sustentada do preço das matérias primas para uso industrial, derivada de uma menor demanda do continente asiático e a volta dos capitais de prazo para Wall Street impactaram negativamente o comércio exterior e os tipos de câmbio.

Queda do US$ (dólar dos EUA) ante o Euro e moedas dos BRICS
Exceto uma pequena apreciação do Yuan, as moedas dos países BRICS perderam, de 8,80 (rúpia indiana) e até 16 (rand sul-africano) pontos percentuais frente ao US$, entre maio de 2013 e junho do ano em curso. Nesse sentido, o CRA dos BRICS – dotado de um total de 100 bilhões de US$ dólares, anunciados em março de 2013, com aportes da China, de 41 bilhões de dólares; de Brasil, Índia e Rússia, 18 bilhões cada um; e África do Sul, com 5 bilhões de dólares – uma vez posto em andamento, reduzirá substantivamente a volatilidade cambial sobre os fluxos de comércio e investimento, entre os membros do grupo.

Os céticos argumentam que o CRA terá importância secundária e só terá funções complementares às do FMI. Deixam sem considerar que, em contraste com a Iniciativa Chiang Mai, por exemplo (integrada por China, Japão, Coreia do Sul e dez economias da ASEAN, Associação de Nações do Sudeste Asiático), o CRA dos BRICS poderá prescindir do aval do FMI para fazer seus empréstimos, com o que garante maior autonomia política frente a Washington. A guerra de divisas das economias centrais contra as economias da periferia capitalista exige que esse CRA dos BRICS seja executado, e com a máxima rapidez.

Por outro lado, o Banco BRICS despertou muitas expectativas. O Banco que começará a operar com um capital de US$ 50 bilhões (aportes de US$ 20 bi e US$ 40 bi em garantias, de cada um dos membros), terá possibilidades de ampliar-se em dois anos, para US$ 100 bi; e em cinco anos, para US$ 200 bi; terá capacidade de financiamento de até US$ 350 bi de dólares para projetos de infraestrutura, educação, saúde, ciência e tecnologia, meio ambiente, etc. Contudo, para o caso da América do Sul, os efeitos no médio prazo têm caráter duplo. Nem tudo é mel sobre açúcar nos mercados de crédito. Por um lado, o Banco BRICS bem poderia contribuir para diminuir os custos de financiamento e fortalecer a função contracíclica da Corporación Andina de Fomento (CAF), mediante o aumento de créditos em momentos de crise, e assim descartar os empréstimos do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Por outro lado, porém, como ofertador de crédito, o Banco BRICS entraria em concorrência com outras entidades financeiras de influência considerável na região, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, brasileiro), a CAF e os bancos chineses com maior potencial (China Development Bank e Exim Bank of China). É inverossímil que as instituições financeiras façam convergir suas ofertas de crédito, de modo complementar, sem afetar as respectivas carteiras de credores.


Também há atritos entre os próprios países BRICS. A elite chinesa pretende fazer o aporte majoritário (a proposta russa é que os aportes sejam feitos por alíquotas) e que o organismo tenha sede em Xangai (não em Nova Delhi, Moscou ou Johannesburgo). No caso de os empréstimos do Banco BRICS serem denominados em Yuan, a moeda chinesa estará avançando na própria internacionalização e reforçará gradualmente sua posição, como meio de pagamento e moeda de reserva , em detrimento de outras divisas.

Mas, além da consolidação de um mundo multipolar, o CRA e o Banco BRICS representam as sementes de uma arquitetura financeira que emerge numa etapa da crise cheia de contradições, ao mesmo tempo caracterizada pela cooperação e pela rivalidade financeira.



[*] Ariel Noyola Rodríguez é membro do Observatorio Económico de América Latina e do Instituto de Investigaciones Económicas, da Universidade Nacional Autônoma do México.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Tragédia em São Paulo - Cabo da Policia Militar assassina com um tiro nas costas jovem atriz de 24 anos.


Atriz é assassinada pela polícia um dia após seu aniversário. 
Atriz e produtora cultural, Luana Barbosa, 24 anos, completou aniversário ontem e morreu hoje após ser baleada por um policial militar.

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A atriz e produtora cultural Luana Carlana de Almeida Barbosa, de 24 anos, foi atingida por disparo de tiro no tórax ao passar por um bloqueio de trânsito realizado pela Polícia Militar em Presidente Prudente, na manhã desta sexta-feira (27). Ela era passageira de uma motocicleta que passava pela blitz. Luana completou aniversário ontem.
Segundo a PM, a vítima foi encaminhada ao pronto-socorro, depois de socorrida pela Unidade de Resgate do Corpo de Bombeiros, em estado grave. No entanto, ela não resistiu ao ferimento e morreu no hospital. O caso ocorreu por volta das 9h30.
Em sua página em uma rede social, consta que Luana é atriz e produtora da Federação Prudentina de Teatro e Artes Integradas e do Circo e Teatro de Rua “Os Mamatchas”.
Em sua última postagem, na quinta-feira (26), ela agradecia as mensagens de aniversário e convidava a todos para dar-lhe os parabéns pessoalmente nesta sexta-feira (27) durante um espetáculo e a festa junina da federação. O evento foi cancelado.
De acordo com o amigo da vítima, Tiago Munhoz, a família está em choque com a notícia sobre a morte de Luana.

Investigação

A Polícia Militar informou que ainda vai apurar os detalhes do caso e que as circunstâncias do disparo serão melhores esclarecidas. A corporação confirmou que o disparo que atingiu a passageira da moto partiu de um dos policiais que participavam da operação.
A corporação também explicou que o policial que efetuou o disparo foi autuado em flagrante delito e conduzido ao presídio militar Romão Gomes, em São Paulo (SP). Além disso, um inquérito policial militar também foi instaurado para apurar detalhadamente todas as circunstâncias e os motivos que envolveram o disparo.
Na mesma nota, a PM enfatizou que a vítima foi “imediatamente socorrida”, mas “lamentavelmente veio a falecer”.
O capitão Carlos Olivetti informou que o policial que atirou na jovem é um cabo, com 23 anos de serviços prestados à PM. No entanto, a corporação se recusou a divulgar o nome do envolvido. Segundo Olivetti, o inquérito policial militar tem um prazo inicial de 40 dias, que pode ser prorrogado por mais 20 dias, se houver necessidade.
A Polícia Civil também investiga o caso.
(Fotos de Luana Barbosa retiradas de seu Facebook)
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