sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Dilma detona PEC 241: Quem não tem dinheiro tem que ter educação.

Dilma falou sobre a PC 241 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A presidenta afastada Dilma Rousseff (PT) bateu duro contra a PEC 241, que congela por 20 anos os gastos públicos do país, durante entrevista concedida nesta quinta-feira (13) à Rádio Guaíba.
Dilma rebateu a fala do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), que disse que “quem não tem dinheiro, não estuda”. “Ao contrário do que disse aquela liderança do governo, que quem não tem dinheiro não tem que ter educação, quem não tem dinheiro tem que ter educação de qualidade, para que o país possa crescer”, afirmou Dilma.
Para ela, caso seja aprovada, a PEC do governo Temer “vai ser um retrocesso grave para o Brasil”. Ela ressaltou ainda que haverá “consequências gravíssimas” com a aprovação da proposta. “Não tem gasto a mais na Educação, não tem gastança. Nós gastamos menos do que na Argentina ou no Uruguai, por exemplo, em termos proporcionais”, contestou Dilma sobre o discurso governista.
Ela destacou que “todo o esforço” feito nos últimos 13 anos pelos governos do PT de incluir milhões de pessoas e de fazer com que essas pessoas mudem de vida através da renda, necessita de investimento, uma vez que essas pessoas “precisam ter uma melhoria na educação para ter esse ganho de renda permanente”.
“Da forma como ela está, vai se transformar na PEC do Mal, na PEC contra os pobres. Porque ela é uma PEC que pretende durar 20 anos. Então, em 2036, ainda vai promover seus efeitos. Então os investimentos nas áreas de saúde e educação vão cair progressivamente em relação ao crescimento da economia, do PIB, pelos próximos 20 anos. O gasto per capita também vai cair, pois a população vai aumentar em 20 milhões nesse período. E também nas outras áreas, Cultura, Direitos Humanos… os recursos minguarão”, acrescentou.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Querem julgar Vladimir Putin? Por Thierry Meyssan.

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Durante a Segunda Guerra mundial, o chefe de Estado francês que abolira a República, Philippe Pétain, fez julgar e condenar à morte o seu antigo delfim tornado no chefe da França Livre, Charles de Gaulle.
Baseado neste modelo, o atual Presidente da República francesa, François Hollande, evocou a possibilidade de abrir um processo judiciário internacional por crimes de guerra cometidos na Síria e julgar não apenas o Presidente da República Árabe Síria, Bashar al-Assad, mas também o da Federação da Rússia, Vladimir Putin [1] ; Declarações retomadas a meias-tintas pelo Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Estas declarações aparecem quando o Canadá, os Estados Unidos, a França, os Países-Baixos e o Reino Unido apoiam os jiadistas de Alepo-Leste contra o Hezbolla, o Irão, a Rússia e a Síria [2].
A vontade de condenar Putin não é nova (sucessivamente pela Segunda guerra na Tchechénia, pela Ucrânia e, agora, pela Síria). É uma ideia recorrente dos neo-conservadores norte-americanos e israelitas. Durante a campanha de eleição presidencial da Rússia em 2012, os Estados Unidos tinham mesmo proposto ao Presidente Medvedev ajudá-lo a candidatar-se contra Vladimir Putin, financiar a sua campanha eleitoral e dar-lhe pleno acesso aos círculos de dirigentes do planeta se ele assumisse o compromisso de lhes entregar Vladimir Putin. O que ele, evidentemente, não fez.
A 29 de Julho de 2015, os neo-conservadores apresentaram no Conselho de Segurança um texto de Victoria Nuland (a esposa do líder republicano Robert Kagan, tornado o porta-voz da Secretária de Estado democrata Hillary Clinton, e agora assistente do Secretário de Estado para a Europa e Eurásia) [3]. O texto propunha criar um Tribunal Internacional especial para julgar os autores da catástrofe do vôo MH17, que foi abatido na Ucrânia matando 298 pessoas. Ele referia-se a uma Comissão de inquérito internacional, da qual a Rússia oficialmente fazia parte, mas de onde os outros membros a tinham excluído. Era assim, portanto, possível tornar a Rússia responsável, julgar e condenar Vladimir Putin por tal.
A Rússia mostrou não apenas o absurdo de criar um Tribunal Internacional por um facto ocasional, mas também o carácter dúplice do procedimento, e opôs-lhe o seu veto. A imprensa ocidental minimizou o assunto.
Washington atira-se, com toda a razão, a Vladimir Putin por ser o arquitecto da reconstrução da Rússia, após a dissolução da URSS e o período de pilhagem de Boris Ieltsin (cujo gabinete tinha sido montado pela NED [4]). Erradamente, desta vez, imagina que eliminado do jogo seria possível rebaixar a Rússia para o nível que ela ocupava há 20 anos atrás.
O Presidente Hollande informou o seu homólogo russo que não o iria acompanhar durante a inauguração da nova Catedral Ortodoxa de Paris, prevista para 19 de Outubro, mas, sim, que se contentaria em recebê-lo no Eliseu. O encontro só poderia, então, incidir sobre a situação na Síria.
Assim o Presidente Putin adiou a sua viagem à França para data indeterminada. O seu porta-voz declarou que ele estaria disposto a deslocar-se a Paris assim que o seu homólogo francês se sentisse à vontade. Uma reação que lembra a que se toma quando se encara um garoto caprichoso.
O actual contencioso entre Hollande e a Federação da Rússia tem a ver, ao mesmo tempo, tanto com a questão ucraniana (negação do golpe de Estado nazi de Kiev, reincorporação da Crimeia e apoio à República do Donbass) como com a questão Síria (negação da tentativa de golpe de Estado dos jiadistas e apoio à República Árabe Síria). É pouco provável que se encontre uma saída daqui até ao final do quinquénio de Hollande, ou com o seu sucessor se tratar de A. Juppé, como o sugerem as sondagens. Com efeito, estes dois homens selaram, no sangue dos Sírios, o seu futuro pessoal com Washington.
Oficialmente favorável à proposta francesa, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, apelou aos seus concidadãos para se manifestarem diante da embaixada russa em Londres ; uma espécie de apoio que parece pré-figurar uma retirada do Reino Unido.
Tradução - Alva.

Seis lugares que estão vencendo a guerra contra os carros.

Grandes metrópoles estão adotando várias políticas para tentar combater os males trazidos pelos automóveis - principalmente os congestionamentos e a poluição. Conheça 6 lugares que parecem estar ganhando a guerra contra os carros.


Em 2010, o número de carros em circulação em todo o mundo ultrapassou a marca de 1 bilhão. E a população automotiva só vem crescendo desde então.
Por isso, pode parecer absurdo falar no aumento de localidades em que esses veículos estão totalmente proibidos.
Mas o fato é que de Pequim à Cidade do México, grandes metrópoles estão adotando várias políticas para tentar combater os males trazidos pelos automóveis – principalmente os congestionamentos e a poluição.
Entre as táticas estão proibir a circulação temporariamente, obrigar a conversão para o motor a gás natural ou aumentar os impostos sobre veículos zero quilômetro.
Mas uma coisa está clara: os carros são cada vez menos bem-vindos.
Confira seis lugares do mundo que parecem estar ganhando a guerra contra os motores:
Paris, França
Desde o dia 1º de julho, Paris não permite que carros registrados antes de 1997 entrem no centro da cidade entre as 8h e as 20h, com exceção de modelos clássicos e de colecionador.
Até 2020, os veículos mais velhos serão completamente banidos, e apenas aqueles produzidos a partir de 2011 terão permissão para circular.
A antipatia da prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo, por escapamentos poluentes virou uma marca registrada de sua gestão.
Em setembro passado, a cidade testou ficar um dia inteiro sem carros. Este ano, ela adotou o fechamento de grandes avenidas, como a Champs-Élysées, para a circulação de veículos todo primeiro domingo do mês.
Oslo, Noruega
O centro da capital norueguesa pode ser tornar uma zona sem circulação de carros já em 2019, caso os planos não cedam à pressão dos donos de estabelecimentos comerciais – eles dizem que a proibição tiraria os automóveis de 11 grandes shopping centres.
O ativista JH Crawford, fundador do site CarFree.com, acredita que Oslo deve se tornar a primeira capital do mundo a banir seus carros e motos, servindo mais a pedestres e ciclistas. Mas o centro ainda terá a circulação de ônibus e bondes.
Grande Cidade de Tianfu, China
China é hoje o maior mercado de carros do mundo. Mas Tianfu, uma cidade-satélite planejada próxima a Chengdu, no sudoeste do país, pode se tornar o ponto de partida para uma cruzada contra o automóvel particular.
Apenas metade das ruas de Tianfu poderá ter trânsito de veículos motorizados, de acordo com os planos dos arquitetos americanos Adrian Smith e Gordon Gill, que a estão planejando.
A equipe espera que a cidade de 80 mil habitantes gere 60% menos gás carbônico que as comunidades com uma população semelhante.
Para chegar a Chengdu, os moradores terão opções de transporte público.
Mas até lá a cidade precisa ser construída: os planos de concluí-la em 2020 esbarraram em problemas de zoneamento.
Hydra, Grécia
Em 1960, o cantor e compositor canadense Leonard Cohen comprou uma casa na ilha grega de Hydrae escreveu à sua mãe, contando: “A vida aqui corre exatamente do mesmo jeito há cem anos“.
Isso ainda é verdade. Hydra, no Mar Egeu, mantém um estilo de vida tranquilo muito graças à proibição de veículos motorizados, com exceção de pequenas caminhonetes de coleta de lixo.
As ruas cobertas de paralelepípedos servem para uma caminhada lenta e contemplativa. Os mais preguiçosos podem optar por montar em mulas.
O charme de Hydra não foi destruído por estacionamentos e postos de gasolina. E, para um paraíso isolado, a ilha tem estado cada vez mais agitada, sendo destino de celebridades.
Estado de Michigan, EUA
É uma grande ironia o fato de o tradicional epicentro da indústria automobilística americana abrigar a única estrada pública sem carros do país.
Trata-se da M-185, uma rodovia de quase 13 quilômetros de extensão na ilha de Mackinac, no Lago Huron.
Com uma população permanente de cerca de 500 pessoas (e muitos turistas no verão), a ilha deixou claro o que pensa sobre veículos motorizados em 1898, quando proibiu a circulação de “carruagens sem cavalos dentro do perímetro urbano“.
Hoje em dia, no entanto, visitantes e locais podem circular a pé, de bicicleta ou de charrete.
Não muito longe de Detroit, a cidade de Ann Arbor abriga o campo de testes Mcity. Pertencente àUniversidade de Michigan, trata-se de uma minicidade com prédios, avenidas e sinais de trânsito construída para o desenvolvimento de veículos autônomos.
Alguns especialistas acreditam que esse tipo de meio de transporte consiga acabar com o problema da superlotação de carros nas grandes metrópoles.
Nova York, EUA
Manhattan recebe mais de 1,5 milhão de carros todos os dias úteis. Portanto, mal dá para dizer que se trata de uma cidade que está combatendo os motores.
Mas o surgimento da High Line, uma via pedestre construída sobre uma linha de trem abandonada, e que se estende por pouco mais de 2 quilômetros, foi aclamada mundialmente por incentivar os cidadãos a deixar de lado os táxis para caminhar.
Outras cidades, como ChicagoSydney e Seul, agora implementaram planos para substituir antigas rodovias e ferrovias por parques elevados.
BBC

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Se EUA atacarem a Síria, esperem uma resposta da Russia assimétrica.


Se EUA atacarem a Síria, esperem resposta assimétrica. 25242.jpeg

Se EUA atacarem a Síria, esperem resposta assimétrica. 
As tensões entre Rússia e EUA alcançaram nível sem precedentes. 
Concordo integralmente com os participantes dessa edição de Cross Talk, para os quais a situação e pior e ainda mais perigosa que durante a Crise dos Mísseis Cubanos. 
Os dois lados estão partindo para o chamado "Plano B" que, dito em termos simples, significa, no melhor dos casos, fim das negociações; e, no pior, guerra entre Rússia e EUA.

O dado chave a compreender na posição dos russos nesse conflito, como em outros conflitos recentes com os EUA é quea Rússia ainda é muito mais fraca que os EUA e, assim sendo, a Rússia não quer guerra. Não implica dizer que o país não esteja preparando-se ativamente para a guerra. Sim, é isso, precisamente, que a Rússia faz muito e muito ativamente. O significado desse dado chave é que, no caso de que chegue a haver conflito, a Rússia se empenhará muito, o mais possível, em mantê-lo o mais limitado possível.

Em teoria, eis, em linhas muito esquemáticas, os possíveis níveis de confronto:
1) Impasse militar à la Berlim em 1961. Pode-se dizer que é isso que já está acontecendo hoje, embora em maior distância e com menor visibilidade.
2) Incidente militar único, como aconteceu recentemente quando a Turquia derrubou um jato SU-24 russo, e a Rússia optou por não retaliar.

3) Série de confrontos localizados, semelhante ao que já está realmente acontecendo entre Índia e Paquistão.

4) Conflito limitado ao teatro de guerra sírio (como, pode-se dizer a guerra entre Reino Unido e Argentina pelas Ilhas Malvinas).

5) Confronto militar regional ou global entre EUA e Rússia.

6) Guerra termonuclear total entre EUA e Rússia.


Durante meus anos de estudante de estratégia militar, participei de muitos exercícios de escalada e desescalada e posso atestar que, por mais que seja muito fácil vir com cenários de desescalada, ainda estou por ver cenário crível para desescalada. Possível, isso sim, é a chamada "escalada horizontal", ou "escalada assimétrica", na qual um dos lados escolhe não subir a aposta, ou escalar diretamente, mas escolhe, em vez disso, um alvo diferente contra o qual retaliar, não necessariamente alvo mais valioso, apenas diferente no mesmo nível de importância conceitual (nos EUA Joshua  M. Epstein e Spencer D. Bakich fizeram a maior parte do trabalho de abrir a trilha, nesse tópico).

A principal razão pela qual podemos esperar que o Kremlin tente encontrar opções assimétricas para responder a ataque dos EUA é que no contexto sírio, a Rússia está inapelavelmente inferiorizada, na relação armada contra EUA/OTAN, pelo menos em termos quantitativos. As soluções lógicas para os russos estão em usar a própria vantagem qualitativa, ou visar "alvos horizontais" como opção para retaliação possível. Essa semana, aconteceu algo interessante e absolutamente não característico: o major-general Igor Konashenkov, Diretor do Diretorado do Serviço de Mídia do Ministério da Defesa da Federação Russa mencionou abertamente essa opção. Eis o que Konashenkov disse:

"Quanto às ameaças de Kirby sobre possíveis perdas de aeronaves russas, e o envio de soldados russos em sacos de cadáveres, de volta à Rússia, gostaria de dizer que sabemos onde e quantos "especialistas não oficiais" operam na Síria e na província de Aleppo e sabemos que estão envolvidos no planejamento operacional e que supervisionam as operações dos terroristas e militantes. Claro, pode-se continuar a repetir que não conseguem separar terroristas da [Frente] al-Nusra e as forças "da oposição". Mas se alguém tentar cumprir essas ameaças, absolutamente nada assegura que esses militantes tenham tempo para se escafeder de onde estão."
Boa, hein? Konashenkov parece estar ameaçando só os "militantes", mas faz clara menção a muitos "especialistas não oficiais" entre aqueles militantes e que a Rússia sabe exatamente onde estão e quantos são. Claro, oficialmente Obama declarou que há umas poucas centenas desses conselheiros especiais norte-americanos na Síria. Fonte russa bem informada sugere que sejam cerca de 5.000 'conselheiros' estrangeiros ao lado dos Takfiris incluindo cerca de 4.000 norte-americanos. Suponho que a verdade seja algo entre um e outro número.

Assim sendo, a ameaça russa é simples: ataquem os russos e os russos atacamos forças dos EUA na Síria. Claro, a Rússia negará veementemente ter alvejado soldados norte-americanos e insistirá que só atacou terroristas, mas os dois lados compreendem o que se passa aqui. Interessante também que ainda na semana passada a agência de notícias iraniana noticiou que esse ataque, pelos russos, já aconteceu:

30 oficiais de inteligência estrangeira de Israel mortos nem ataque com míssil Caliber russo, em Aleppo
"Os navios de guerra russos dispararam três mísseis Caliber contra a sala de coordenação de operações de oficiais estrangeiros na região de Dar Ezza na parte ocidental de Aleppo próximo à montanha Sam'an, matando 30 oficiais israelenses e ocidentais", lia-se na edição em árabe da Agência de Notícias, em Sputnik da Rússia, citando fonte no campo de batalha em Aleppo, na 4ª-feira. A sala das operações estava localizada na parte ocidental da província de Aleppo, em antigas cavernas, a meia altura das altíssimas montanhas Sam'an. A região está abrigada no fundo do vale de uma cadeia de montanhas. Vários oficiais dos EUA, sauditas, cataris e britânicos também foram mortos, além de oficiais israelenses. Os oficiais estrangeiros que foram mortos nas operações contra a sala de operações em Aleppo dirigiam dali os ataques dos terroristas contra Aleppo e Idlib."
Se isso realmente aconteceu, ou se os russos estão vazando essas histórias para indicar que isso poderia ter acontecido, permanece o fato de que forças dos EUA na Síria podem tornar-se alvo óbvio de retaliação operada pelos russos, seja com mísseis cruzadores, bombas de gravidade ou operação de ação direta pelas forças especiais russas. Os EUA também têm várias instalações militares clandestinas na Síria, incluído pelo menos um campo de pouso com a aeronave tiltirotor V-22 Osprey multimissão.

Outro interessante desenvolvimento recente foi a notícias, distribuída pelo canal Fox News, de que os russos estão estacionando o S-300V (também chamado "sistema antimísseis e antiaéreo SA-23 Gladiator") na Síria. Vejam nesse excelente artigo uma discussão detalhada das capacidades desse sistema de mísseis. Resumo o que lá se lê, se disser que o S-300V pode engajar mísseis balísticos, mísseis cruzadores, aeronaves de muito baixa altitude RCS ("invisíveis" a radares, chamados stealth) e aeronaves AWACS (Sistema Aéreo de Alerta e Controle [embarcado]; ing. Airborne Warning and Control System). 
Trata-se de sistema de defesa aérea de nível Exército/Exército, bem capaz de defender grande parte do espaço aéreo sírio, mas também capaz de alcançar a Turquia, Chipre, o Mediterrâneo ocidental e o Líbano. Os poderosos radares desse sistema não só conseguem detectar e acompanhar aeronaves dos EUA (inclusive as "stealth") em grandes distâncias, mas, também, podem dar tremenda ajuda aos poucos jatos de combate russos, por que lhes dão imagens claras das suas e das aeronaves inimigas, servindo-se de data links encriptados. 
Finalmente, a doutrina aérea dos EUA é extremamente dependente de aeronaves AWACS equipadas para guiar e dar apoio aos jatos dos EUA. O sistema S-300V forçará os AWACS de EUA/OTAN a operar a uma distância muito desconfortável. Entre os radares de mais longo alcance dos Sukhois russos, os radares dos cruzadores russos ao largo da costa síria, e os radares S-300 e S-300V em terra, os russos terão muito melhor clareza informacional da situação que seus contrapartes norte-americanos.

Parece que os russos estão tentando muito empenhadamente compensar a própria inferioridade numérica, instalando na região sistemas finais de alta qualidade, dos quais os EUA não têm equivalentes reais, nem contramedidas eficazes.

Há basicamente duas opções de contenção [ing. deterrence]: negação, quando se impede que o inimigo atinja os alvos definidos; e retaliação, quando se tornam os custos de um ataque inimigo inaceitavelmente altos para ele. Os russos parecem estar trabalhando as duas trilhas ao mesmo tempo. Pode-se resumir a abordagem russa, nos seguintes termos:
1) Adiar o mais possível qualquer confronto (ganhar tempo).

2) Tentar manter qualquer confronto no nível mais baixo possível de escalada.

3) Se possível, replicar com escaladas assimétricas/horizontais.

4) Em vez de "prevalecer" contra EUA/OTAN - tornar altos demais, os custos de qualquer ataque.

5) Tentar pressionar os "aliados" dos EUA, para criar tensões dentro do Império.

6) Tentar paralisar os EUA, no plano político, tornando altos demais os custos políticos de qualquer ataque.

7) Tentar criar gradualmente as condições em campo (Aleppo), para tornar fútil qualquer ataque dos EUA.
Para os educados por filmes de Hollywood e que ainda assistem à TV, essa estratégia só gera condenações e frustração. Há milhões de estrategistas de poltrona que têm certeza de que eles, sozinhos, fariam melhor trabalho que Putin, na reação contra o Império Norte-americano. Essa pessoas já há *anos* dizem que Putin "entregou" [orig. "sold out"] os sírios (e os novorrussos), e que os russos teriam de fazer X, Y e Z para derrotar o Império Anglo-Sionista. 
A boa notícia é que nenhum desses estrategistas de poltrona sentam no Kremlin e que, ao longo dos anos os russos nunca se afastaram da estratégia que traçaram, um dia de cada vez, mesmo quando criticados pelos que querem soluções rápidas e "fáceis". Mas a principal boa notícia é que a estratégia russa está funcionando. Não só a Ucrânia ocupada por nazistas está literalmente ruindo, caindo aos pedaços, mas os EUA, basicamente, já não têm opções na Síria (vejam essa excelente análise construída por meu amigo Alexander Mercouris, publicada no Duran).

Os únicos passos lógicos que restam para os EUA na Síria são: aceitar os termos que os russos oferecem; ou partir. O problema é que eu absolutamente não estou convencido de que os neoconservadores que governam a Casa Branca, o Congresso e a mídia-empresa norte-americana sejam "racionais", nem perto disso. Essa é a razão pela qual os russos empregaram tantas táticas de adiamento; e razão pela qual atuaram com tal e tamanho cuidado: estão lidando com ideólogos profissionais incompetentes, que simplesmente não jogam pelas regras não escritas, mas claras, das relações internacionais civilizadas. Eis o que faz a crise atual tão pior, até, que a Crise dos Mísseis Cubanos: uma superpotência, claramente, enlouqueceu.

Os norte-americanos são doidos o suficiente para correr o risco de mergulhar na 3ª Guerra Mundial por causa de Aleppo? Talvez sim, talvez não.

Mas e se reformularmos a mesma pergunta e perguntarmos:
Os norte-americanos são doidos o suficiente para arriscar uma 3ª Guerra Mundial para manter o próprio status como "única nação indispensável", "líder do mundo livre", "cidade no alto da colina" e todo o resto desse nonsense pró-imperialismo?
Nesses termos, eu diria que sim; e podem até já estar fazendo exatamente isso.

Afinal, os neoconservadores acertam ao sentir que, se a Rússia conseguir safar-se, tendo desafiado abertamente e derrotado os EUA na Síria, ninguém nunca mais levará muito a sério os anglo-sionistas.

Como vocês supõem que os neoconservadores sentem-se, quando veem o presidente das Filipinas, chamar Obama, publicamente de "filho de uma puta" e, na sequência, dizer que a União Europeia "que se foda"?

Claro, os neoconservadores ainda podem encontrar algum consolo na abjeta subserviência das elites políticas europeias, mas mesmo assim - eles sabem o que está escrito no muro e que o Império deles está ruindo rapidamente, não só na Síria, Ucrânia e na Ásia, mas também dentro dos EUA. O maior perigo aqui é que os neoconservadores podem tentar arregimentar a nação, seja encenando mais um ataque sob falsa bandeira ou disparando uma crise internacional real.

Nesse ponto do tempo, tudo que podemos fazer é esperar e contando com que haja resistência suficiente dentro do governo dos EUA para impedir que os EUA ataque a Síria antes da posse do próximo governo. E, por menos que eu apoie Trump, tenho de conceder que Hillary e a escória de neoconservadores russofóbicos que a cerca são tão horrendas, que Trump dá-me alguma esperança, pelo menos na comparação com Hillary.

Assim sendo, se Trump vence, nesse caso a estratégia dos russos estará basicamente justificada. Uma vez que Trump esteja na Casa Branca, há pelo menos a possibilidade de uma redefinição ampla das relações EUA-Rússia, a qual, é claro, começa por uma desescalada na Síria: enquanto Obama/Hillary categoricamente recusam-se a livrar-se do Daech (quero dizer: al-Nusra, al-Qaeda e suas várias denominações), Trump parece determinado a combater seriamente contraeles, ainda que isso signifique que Assad permanece no poder. Há aqui com muito maior probabilidade uma base para diálogo. Se Hillary for eleita, nesse caso os russos terão de encarar uma questão absolutamente crucial: o quão importante é a Síria no contexto da meta de ressoberanizar a Rússia e pôr abaixo o Império Anglo-sionista? Outro modo de formular a mesma questão é: "a Rússia prefere confrontar o Império na Síria ou na Ucrânia?"

Um modo de aferir os humores na Rússia é observar a linguagem de uma recente lei proposta pelo presidente Putin e aprovada na Duma e que trata da questão da Acordo Rússia-EUA para Gestão e Disposição do Plutônio [orig. Russia-US Plutonium Management and Disposition Agreement (PMDA)]. Nesse caso, mais uma vez, os EUA não cumpriram obrigações geradas por tratado; e a Rússia agora cancelou o acordo. Interessante é a linguagem escolhida pelos russos para listar as condições sob as quais aceitariam voltar a participar nesse acordo e, basicamente, aceitariam retomas qualquer tipo de negociação que envolva armamentos:
- A redução da infraestrutura militar e do número de soldados dos EUA estacionados no território de estados-membros da OTAN que se uniram à aliança depois de 1º/9/2000, que devem voltar aos níveis em que estavam quando o acordo inicial foi firmado e se tornou vigente.

- O fim da política hostil dos EUA em relação à Rússia, que deve ser confirmada pela abolição da Lei Magnitsky de 2012 e das condições da Lei de Apoio à Liberdade da Ucrânia de 2014 que foram dirigidas contra a Rússia.

- A abolição de todas as sanções impostas pelos EUA contra pessoas físicas e jurídicas legais da Federação Russa.

- A compensação por todos os danos sofridos pela Rússia, por efeito da imposição de sanções.

- E os EUA que apresentem, o mais rapidamente possível, um plano claro para disposição de plutônio, coberto e aprovado pela PMDA.
Ora... os russos não são doidos. Sabem muito bem que os EUA jamais aceitarão tais termos. Assim sendo, do que se trata aqui, realmente? Trata-se de um modo diplomático, mas absolutamente sem ambiguidades, muito claro, de dizer aos EUA exatamente o que disse o presidente filipino Duterte (e que Victoria Nuland disse - ao telefone - à União Europeia).

Melhor os norte-americanos começarem a prestar atenção. Tomem tento.*****
6/10/2016, The Saker, Unz Review.

Iraque - Estados Unidos - Arábia Saudita fecham acordo para transferir os terroristas do Estado Islâmico da cidade iraquiana de Mossul para a Síria.

Foto - sana.sy/es
Moscou, SANA - Uma fonte militar-diplomática em Moscou revelou um acordo firmado entre os Estados Unidos e o regime Saudita que permite a transferência segura para fora da cidade Iraquiana de Mossul dos terroristas do Estado Islâmico devem seguir para a Síria, a retirada se dará antes do inicio da operação para recuperar o controle da cidade iraquiana.

A agência de informação russa Novosti citando a referida fonte, "Disse que o acordo faz parte da fase preparatória para lançar uma operação de liberalização da cidade de Mossul, as agências de inteligência dos Estados Unidos e da Arábia Saudita chegaram a este acordo garantindo a todos os guerrilheiros em Mosul uma passagem segura para fora da cidade, juntamente com as suas famílias, estes combatentes da coligação internacional serão redirecionados para a Síria".

A fonte acrescentou que o acordo prevê a transferência de mais de 9000 terroristas e familiares da cidade de Mossul para o leste da Síria, a fim de incorporá-los em uma grande ofensiva que está sendo preparada para acontecer contra as cidades de Palmyra e Deir al-Zour.

De acordo com a fonte, o Comando Geral de Inteligência da Arábia assumiu o papel de mediador e fiador para o acordo com os terroristas Daesh sobre deixar a cidade de Mosul, observando que um processo semelhante ocorreu durante a recuperação cidade iraquiana de Fallujah, em junho passado.

E neste sentido, a fonte russa disse que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama já tomou a decisão de implementar a operação de Mossul, no mês de outubro, indicando que a operação visa alcançar fins políticos, e desacreditar as realizações das forças militares espaciais da Rússia na luta contra o terrorismo na Síria.

M.Miri

Link: http://sana.sy/es/?p=53820

Brasil é o pior país da América do Sul para ser menina, aponta ONG.

Da Redação
Dados mostram que tanto no RS quanto no Brasil há uma proporção considerável de negras e pardas entre adolescentes com o filho|Foto: Agência Brasil
Casamento infantil e gravidez na adolescência são fatores que puxam o Brasil para baixo no ranking |Foto: Agência Brasil
Relatório divulgado nesta terça-feira (11), da ONG Save the Children, indica que o Brasil tem muito o que avançar em termos de direitos das meninas. O documento, que analisa índices de casamento infantil, gravidez na adolescência, acesso a direitos reprodutivos, escolaridade e participação de mulheres na política, colocou o país como 102º do mundo, dentre 144 analisados. Com isso, o relatório aponta que Brasil é o pior lugar da América do Sul para ser uma menina — na América Latina, fica na frente apenas de Guatemala e Haiti. O ranking é encabeçado por Suécia, Finlândia e Noruega. O primeiro país de fora da Europa é a Nova Zelândia, na 16ª posição, e o primeiro da América Latina é Cuba, na 34ª.
Segundo a Save the Children, a cada ano, 15 milhões de meninas se casam antes de completar 18 anos. Em países em desenvolvimento, o número chega a ser de uma a cada três meninas. Uma das formas de prevenir essa realidade é o investimento em educação: conforme o relatório, esta seria uma das principais maneiras de se evitar o casamento infantil. Na Índia, um dos países com pior índice em termos de casamento infantil, muitas meninas também abandonam os estudos para cuidar de irmãos mais novos.
A pobreza, a guerra e as crises humanitárias são os principais fatores que promovem os casamentos infantis. Segundo o documento, nos países onde há conflitos, muitas famílias preferem casar as filhas cedo como forma de as proteger da pobreza e da guerra. No mundo, a mortalidade materna é a segunda maior causa de morte de adolescentes entre 15 e 19 anos, enquanto a primeira é suicídio.
O casamento infantil e a gravidez na adolescência são dois dos fatores que colocaram o Brasil em uma posição tão ruim no ranking. “O Brasil é um país com uma renda média-alta, mas está apenas um pouco acima no ranking do que o Haiti, com sua baixa renda e fragilidade”, aponta o documento. A falta de representação política também fez o país cair: a ONG se baseou em dados da Women in National Parliaments, que avalia a porcentagem de mulheres nos parlamentos em cada país, que colocou o Brasil como 155º dentre 187 países. Dentre os eleitos em 2014, menos de 10% dos parlamentares são mulheres.
Menina etíope de 17 anos com seu filho, de cinco. Ela casou aos 12 e foi abandonada pelo marido | Foto: Save the Children
Menina etíope de 17 anos com seu filho, de cinco. Ela casou aos 12 e foi abandonada pelo marido | Foto: Save the Children
Os piores lugares para se ser uma menina estão entre os mais pobres do mundo: Niger, Chad, República Centro Africana e Mali. Ao mesmo tempo, o relatório aponta alguns exemplos positivos, como Ruanda, que está na 49ª posição, puxada pela alta quantidade de mulheres nos parlamentos (é o com maior índice do mundo) e por estar conseguindo prevenir bem casamentos infantis e gravidez na adolescência, quando comparado com países de renda semelhante.
A maioria dos países está com dificuldades para ter paridade de gênero na política, o que independe do tamanho da economia, segundo a Save the Children. Apenas três países com a maior proporção de mulheres nos parlamentos são considerados ricos: Suécia, Finlândia e Espanha. Ruanda lidera o ranking com 64%, seguido por Bolívia e Cuba. Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos há apenas 19% de parlamentares mulheres, o que fez o país ficar em 32º no índice da ONG. O alto índice de mortalidade materna também colaborou para que a maior economia do mundo caísse no ranking, com uma taxa de 14 mulheres mortas a cada 100 mil nascimentos, índice semelhante ao do Uruguai e do Líbano. A Argélia, que está logo acima dos Estados Unidos, conta com 31% dos parlamentares mulheres, além de índices relativamente baixos de mortalidade materna.

A UFMA/GEDMMA - Convida para o I Seminário Conflitos Ambientais em Territórios do Corredor Carajás: Vivências, Saberes e Resistência.


Convidamos para o I Seminário Conflitos Ambientais em Territórios do Corredor Carajás: Vivências, Saberes e Resistência, que ocorrerá no dia 14/10/2015, sexta-feira, das 9h às 18h30, no Auditório A do Centro de Ciências Humanas da Universidade Federal do Maranhão (CCH/UFMA).

A atividade em questão consiste na conclusão do curso de formação política mantido pelo projeto de extensão Programa Grande Carajás, Cidadania, Direitos Humanos e Educação Ambiental, apoiado pela FAPEMA.



O projeto – realizado pelo Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA/UFMA) em parceria com a Rede Justiça Nos Trilhos (JnT) – teve início em 2014 e agora está finalizando a sua prime ira etapa no dia 14 de outubro de 2016, com o seminário que visa a socialização das experiências desses 2 anos de trabalho de extensão.

A realização da atividade envolverá a participação de 40 jovens dos municípios de Açailândia, Buriticupu, Santa Inês, Igarapé do Meio, Arari, Miranda, Povoado Rural de Santa Rosa dos Pretos em Itapecuru Mirim, Santa Rita e São Luís, todos eles advindos de comunidades e povos tradicionais impactados diretamente pela chegada de projetos desenvolvimentistas no estado do Maranhão.


Durante o evento, debateremos a respeito de temas como desenvolvimento, impactos socioambientais e meio ambiente.