sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Programa Petrobras Distribuidora de Cultura prorroga inscrição até 15 de janeiro.

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil.
Rio de Janeiro - O Programa Petrobras Distribuidora de Cultura decidiu estender até o próximo dia 15 de janeiro as inscrições para o edital 2013/2014 em função das festividades de final de ano e atendendo pedido dos interessados. Considerado o maior edital para a circulação de peças teatrais não inéditas no país,  ele prevê investimentos totais no biênio da ordem de R$ 15 milhões. O programa conta com parceria do Ministério da Cultura.

“A gente quer dar oportunidade a outros públicos de assistir espetáculos de qualidade, que já tenham tido notório resultado de público e crítica. A ideia é levar para novas plateias. É formação de plateias,  principalmente nas cidades fora do eixo Rio de Janeiro-São Paulo”, disse hoje (28) à Agência Brasil a gerente de patrocínio da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, Alena Aló.

Nesta terceira edição, foi introduzida uma novidade, que é a cota de 5%. “A gente quer, na verdade, garantir que espetáculos de todas as regiões possam receber patrocínio de forma democrática, sem privilegiar nenhuma”. A cota de 5% significa que se tiver 20 espetáculos de cada região, pelo menos um terá que ser agraciado.

Alena Aló explicou que a estatal pretende, com isso, fomentar a circulação de espetáculos de todas as regiões, além da Sudeste. “O Brasil quer conhecer também a cultura dessas regiões. Tradicionalmente, o pessoal não se inscreve, acha que não tem chance. Mas, muito pelo contrário, a gente quer que eles se inscrevam para a gente poder conhecer as opções e escolher. Por isso, estabelecemos a cota de 5%, para que estimule e garanta lugar para todo mundo”.

A circulação dos espetáculos, segundo explicou, é dificultada pelo custo elevado que representa para uma companhia teatral sair da cidade-sede e visitar outras praças. “A ideia é fazer uma oxigenação, um intercâmbio cultural,  trazer espetáculos  fora do eixo para Rio e São Paulo e levar espetáculos daqui para o Brasil afora”, explicou.

O primeiro edital foi lançado em 2009. As duas primeiras edições totalizaram 90 espetáculos circulando pelo Brasil. “Foram cerca de 85 municípios agraciados e um público superior a 300 mil pessoas”.

Para a edição de 2013, a expectativa é continuar levando grandes espetáculos para cidades longínquas, disse Alena. “A gente teve um resultado muito interessante na última edição. Levamos teatro para a Região Norte, para cidades que nunca tinham recebido teatro antes”. Itacoatiara, no Pará, foi uma dessas cidades, informou. “As pessoas nunca tinham assistido a um espetáculo teatral”.

Não há uma quantidade de municípios previamente definida para os espetáculos. Alena Aló esclareceu que o programa pretende, pelo menos, repetir o quantitativo de cidades por edição, que é cerca de 70 a 80 municípios. “Mas isso vai depender de como os proponentes se inscreverem para o edital. A gente não estabelece para que cidade vai [o espetáculo]. A gente recebe as propostas, analisa e viabiliza, dentro do nosso orçamento, o maior número de espetáculos para o maior número de cidades possível”.

Por edição, são recebidas, em média, 350 inscrições. Na primeira, foram contemplados 43 espetáculos e, na segunda, 47. As companhias teatrais interessadas devem se inscrever exclusivamente na página de internet www.br.com.br/cultura.

Os resultados do terceiro edital do programa deverão ser divulgados no final de junho ou início de julho de 2013. Após a fase de contratação e marcação de pauta dos espetáculos, a ideia é que eles comecem a circular a partir de agosto. As peças teatrais terão 18 meses, ou seja, até dezembro de 2014, para cumprirem o projeto para o qual foram contemplados. O número de cidades propostas por espetáculo pode variar entre uma e 20, informou a gerente da BR Distribuidora.

Edição: Davi Oliveira

Fonte: 

Mineração avança na Amazônia brasileira.

Por Assis Ribeiro


John Lyons e Paul Kiernan | The Wall Street Journal, de Belém.

Valor Econômico - 26/12/2012.
 
Gigantes da mineração como a Vale SA e a britânica Anglo American PLC estão se esforçando cada vez mais para extrair minerais da floresta amazônica brasileira, apostando alto numa das regiões mais remotas e de meio ambiente mais sensível do mundo.

Ao todo, as mineradoras vão investir cerca de US$ 24 bilhões entre 2012 e 2016 para aumentar a produção de minério de ferro, bauxita e outros metais encontrados na bacia do Amazonas, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração. O Brasil já recebe hoje um quinto dos investimentos em mineração no mundo, e a Amazônia representa para muitos o maior potencial ainda inexplorado do país.

"A Amazônia será a nossa Califórnia", disse Fernando Coura, presidente do Ibram.

A iniciativa das mineradoras na Amazônia se encaixa na estratégia mais ampla do governo brasileiro de aproveitar os recursos da floresta para impulsionar o crescimento econômico. A construção de hidrelétricas nos rios da Amazônia, a melhora das estradas que vão até municípios distantes e a expansão da rede de energia elétrica também são partes desse novo avanço sobre a Amazônia. Mudanças na lei e empréstimos do governo ajudarão a abrir caminho para mais minas na região.

Os ambientalistas receiam que o surto de desenvolvimento possa acelerar o desmatamento e pressionar as pequenas comunidades da região, com milhares de trabalhadores das minas sobrecarregando a infraestrutura e os serviços locais. Já os cientistas dizem que preservar aquela que é a maior floresta e o maior absorvedor de carbono do mundo é vital para o equilíbrio do clima do planeta e para a sobrevivência de cerca de um décimo das suas espécies.

Embora menos árvores precisem ser arrancadas para a mineração na Amazônia do que para outras atividades, como a pecuária, as estradas construídas para servir as minas podem acelerar o desmatamento ao facilitar, por exemplo, que madeireiros clandestinos acessem áreas remotas.

"As estradas são inimigas das árvores e as minas precisam de estradas", diz Jared Hardner, que dá consultoria para mineradoras como a anglo-australiana Rio Tinto PLC, ajudando-as a diminuir o impacto ambiental dos seus projetos. "O problema da Amazônia é que uma rede de infraestrutura está sendo instalada cada vez mais dentro da floresta."

Para complicar, alguns investidores dizem que as mineradoras escolheram a hora errada para deflagrar uma custosa procura pelos recursos da Amazônia. Depois de anos em alta, os preços do minério de ferro, da bauxita e de outros metais despencaram devido às incertezas relacionadas ao crescimento lento da China.

"O mercado não engole essa história de crescimento de longo prazo na mineração", disse Felipe Gomes, analista da Price WaterhouseCoopers no Brasil.

Pessoas do setor como Coura, do Ibram, dizem que o mercado tem uma percepção "míope". Já que pode levar dez anos para colocar uma mina em operação, as companhias precisam enxergar além dos ciclos do mercado, dizem executivos da mineração. Os preços do minério de ferro se recuperaram um pouco nos últimos meses e desenvolver minas de difícil acesso continua lucrativo. Da mesma forma, A bauxita, que é usada para fazer alumínio e existe em abundância na Amazônia, vai se manter lucrativa, dizem eles.

O maior projeto em andamento na Amazônia é de longe a ampliação de US$ 8,1 bilhões que a Vale está fazendo na sua mina de ferro de Carajás, no Pará, a qual já é a maior do mundo. Em 20 de novembro, a Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, recebeu uma licença ambiental para construir 800 quilômetros de ferrovias na Amazônia, incluindo duplicações e novos trechos, para fazer frente ao aumento da produção.

A Votorantim anunciou um investimento de R$ 5,6 bilhões numa nova mina de bauxita no Pará. Os desafios logísticos incluem transportar grande parte do metal em caminhões por cerca de 600 quilômetros de estradas às vezes difíceis, disseram executivos.

A Anglo American está estudando um projeto de níquel de US$ 4,7 bilhões que a empresa afirma ter potencial para aumentar consideravelmente a sua participação de mercado. Grupos de investimento da China e Coreia do Sul estão procurando possíveis jazidas, disseram autoridades brasileiras.

Enquanto isso, analistas do setor da mineração dizem que a companhia britânica pode ter até quatro possíveis candidatos à compra de uma mina de ferro no Amapá, entre eles a trader de commodities Glencore International PLC e a produtora de aço russa OAO Severstal.

A Norsk Hydro, gigante norueguesa do petróleo e da mineração, comprou os ativos de bauxita e alumínio da Vale em 2011, inclusive a terceira maior mina de bauxita do mundo, situada no Pará.

Mineração na Amazônia não é nenhuma novidade. Os depósitos da Vale na mina gigante de Carajás foram descobertos nos anos 60. Mas os investimentos atuais têm uma escala bem maior que antes. E a indústria deve fazer novos avanços, agora que está sendo criada uma lei para permitir a mineração em terras indígenas, hoje proibida.

A nova lei da mineração pode aumentar os conflitos que os projetos na Amazônia já causaram entre empresas e comunidades locais.

"O que preocupa são os projetos que estão entrando nas áreas mais sensíveis", disse Valmir Ortega, diretor no Brasil da Conservation International, uma ONG ambiental. "Os antecedentes do Brasil no tratamento das populações locais da Amazônia não são encorajadores."

Edio Lopes, deputado federal pelo PMDB de Roraima e redator do projeto de lei da mineração, disse ser um mito que "qualquer relação entre mineradoras e comunidades indígenas é absolutamente prejudicial e traz prostituição, alcoolismo e doenças". Ele disse que as mineradoras têm hoje tecnologia suficiente para minimizar o impacto nas áreas sensíveis.

Executivos das empresas dizem que estão trabalhando para limitar os impactos ambientais. A americana Alcoa Inc. prometeu replantar a floresta na sua mina de bauxita de Juriti, no Pará, e seus gerentes moram no município para ver em primeira mão o impacto que a mina tem lá. Ainda assim, a Alcoa foi processada pela justiça estadual, que exigiu um controle mais rigoroso e um estudo mais abrangente do impacto da mina.

"Acredito que o nosso lado está hoje mais preparado para esse problema, mas ainda não temos todas as respostas", disse Tito Martins, diretor-executivo da Votorantim, durante um painel de discussão numa conferência sobre mineração na Amazônia realizada em novembro.

Policial confunde Bíblia com arma e mata homem em São Paulo

PM disparou quando a vítima, um coletor de lixo de 40 anos, fez o gesto de pegar algo sob a camisa ao ser abordado em rua próxima à sua casa em Avaré

Agência Estado |        
                                             
O cabo da Polícia Militar João Samir de Oliveira, de 36 anos, atirou e matou o coletor de lixo Antonio Marcos dos Santos, de 40 anos, após confundir com uma arma uma Bíblia que estava em seu poder. O crime aconteceu na noite de quarta-feira (26), em Avaré, a 263 km de São Paulo.

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http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2012-12-27/policial-confunde-biblia-com-arma-e-mata-homem-em-sao-paulo.html


Investigação descobre fraude da blogueira cubana Yoani Sánchez

blogueira Yoani Sánchez


Velha opositora do governo cubano, a blogueira Yoani Sánchez teve um dos seus truques revelados pelo jornalista francês Salim Lamrani. 

De acordo com uma investigação conduzida por ele, o perfil de Yoani Sánchez no Twitter é artificialmente "bombado" por milhares de perfis falsos.

Generación Y - Sob o nome de Generación Y, o mesmo do blog que a deixou famosa, o perfil de Yoani no microblog tem 214 mil seguidores. Considerada pela mídia estrangeira como "influente", ela é seguida por apenas 32 cubanos. Mas as estranhezas não param por aí.

Super-seguidora - Yoani segue 80 mil pessoas no Twitter, um número completamente descabido. Conforme Salim Lamrani apurou, a blogueira cubana usa sites de troca de seguidores para aumentá-los e parecer mais popular na internet. Em troca de receber novos usuários, ela precisa segui-los. Daí a razão para seguir 80 mil perfis no Twitter.

Super-seguidora II - A fraude da cubana não para por aí. Do total, cerca de 47 mil seguidores do Yoani são falsos. São usuários que não são seguidos por ninguém, não seguem ninguém mais exceto a própria blogueira e sequer têm fotos de perfil.

O medo chama - Vazamentos recentes do Wikileaks indicam que o sucesso de Yoani na internet também tem o dedo do governo norte-americano. Nas correspondências, funcionários do governo americano mostram preocupação com as mensagens pessoais da blogueiras, que poderiam comprometê-la internacionalmente.

Escândalo abafado - A cubana, aliás, protagonizou um dos momentos mais pitorescos da imprensa internacional nos últimos anos. Ela convocou vários jornalistas para uma coletiva de imprensa na qual explicaria um suposto sequestro seguido de espancamento em público. Os agressores seriam integrantes do governo de Fidel Castro.  

Só que Yoani apareceu na coletiva sem qualquer traço de agressão no corpo, não soube explicar como as manchas sumiram num intervalo de 24 horas e não apresentou qualquer testemunha.


Governo de Santa Catarina assinou contrato bilionário nesta Quinta-feira

ECONOMIA/NOVA YORK – O governador Raimundo Colombo assinou, na manhã desta quinta-feira, em Nova York, o contrato de R$ 1,5 bilhão com o Bank of America. O montante é destinado a reestruturação da dívida do Estado com o governo federal. 

O ato representa uma desoneração de R$ 50 milhões mensais dos cofres do governo catarinense e viabiliza um grande volume de investimentos para Santa Catarina. “Sem dúvida é o maior momento destes dois anos de governo. Vamos começar 2013 com grande capacidade de investimento nas áreas que mais precisamos”,destacou o governador.

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Foto: Rafael Cardoso / GVG – Governo SC assina contrato bilionário em Nova York.

A grande conquista de todo o processo, segundo Raimundo Colombo, está na redução da taxa de juros da dívida com a União de 14% para 4%. “Uma mudança que representa uma economia significativa para o Estado, proporcionando uma boa folga operacional e diminuindo o impacto da queda de nossa receita”, destaca.

Colombo vislumbra o ano de 2013 como um grande momento para Santa Catarina, quando o governo poderá investir mais na educação, saúde, segurança e infraestrutura. “É sem dúvida uma grande conquista financeira para os catarinenses”, conclui.

O secretário da Fazenda, Nelson Serpa, que acompanhou a assinatura do contrato ressaltou a grande importância de se implementar e buscar medidas que proporcionem a desoneração dos cofres estaduais. “Demos uma grande passo com a assinatura deste contrato de reestruturação da dívida com a União. Ao final de 2013, teremos uma economia real de R$ 600 milhões, que se converterão em investimentos para Santa Catarina”, explicou Serpa.

Também acompanhando a comitiva catarinense, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gelson Merisio, elogiou a grande conquista do governo, reconhecendo que o Estado receberá grande benefício. “É uma quantia vultosa que não sairá mais de Santa Catarina e que, somado as outras ações em andamento, fará grande transformação para a vida do nosso povo”.

A comitiva catarinense foi recebida pelos diretores do Bank of America, James Garvey, que assinou o contrato, e Pedro Bianchi, que participou ativamente do processo nos últimos meses e destacou a luta do governo na busca destes recursos. “Gostaria de parabenizar aqui o governo de Santa Catarina pelo empenho e pela capacidade de seus técnicos e administradores durante todo o processo que envolveu essa negociação”, declarou Bianchi, que em nome do Bank of America demonstrou satisfação em negociar com Santa Catarina e disse esperar por novas oportunidades de negócio.

No ato da assinatura, também estava presente a procuradora da Fazenda Nacional, Ana Lúcia Gatto de Oliveira, que em nome do governo federal avalizou a operação de crédito. Participaram ainda da reunião o secretário de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Paulo Bornhausen, e o Cônsul Geral do Brasil, Rodrigo Gabsch.

Obras do BID VI estão garantidas
Apesar de assinatura do contrato com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) ter ficado para a primeira quinzena de janeiro de 2013, o governador Raimundo Colombo explica que o contrato está assegurado e a mudança de data não interfere em nanda no andamento das obras. “As obras estão licitadas e já em andamento, portanto, a assinatura é meramente burocrática. As obras do BID VI, que são US$ 250 milhões, mais a contrapartida, representam um investimento de R$ 700 milhões em nossas estradas”, destaca.

De acordo com o governador, há 10 anos o Estado possuía uma frota de 1,5 milhão de veículos emplacados e hoje esse número subiu para 4 milhões. “Precisamos construir mais estradas, corrigir as já existentes, duplicando pistas, eliminando pontos de risco, proporcionando maior condição de mobilidade”.

Dessa forma, o governo também vislumbra a diminuição dos custos de produção e transporte de mercadorias, tornando a economia catarinense mais competitiva. Somando os investimentos capitados junto ao BID e ao Bank of America aos R$ 6,7 bilhões do Pacto por SC, que começa no início do próximo ano, Santa Catarina recebe, num mesmo momento o maior volume de investimentos de sua história.

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O governador Raimundo Colombo assinou, na manhã desta quinta-feira, em Nova York, o contrato de R$ 1,5 bilhão com o Bank of America.

Fonte: Secretaria de Estado de Comunicação

Governo do Estado de Santa Catarina


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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Ética na ciência e na comunicação de ciência.

Por Demarchi. ENTREVISTA / ELIANE S. AZEVÊDO.

Revistas de alto impacto publicam as piores fraudes - Do Observatório da Imprensa, Por Mauro Malin em 24/12/2012 na edição 726.

Um professor veterano da Universidade do Texas, Charles “Chip” Groat, pediu demissão ao final da revisão de um estudo que conduziu sobre o processo de perfuração do solo conhecido como fracionamento hidráulico (“hydraulic fracturing”, ou “fracking”). A informação saiu em reportagem do site StateImpact Texas no dia 6 de dezembro.

O relatório original de Groat, divulgado em fevereiro de 2012, tratava de extração de gás de xisto (“Fact-Based Regulation for Environmental Protection in the Shale Gas Development”). Concluía não haver relação entre método de perfuração e contaminação da água. O que o autor não revelou é que ele integrou o conselho de uma empresa de perfuração durante todo o tempo que durou o estudo, o que lhe valeu receber US$ 1,5 milhão em cinco anos. A revisão encontrou erros de elaboração, além de outras falhas na maneira como o relatório foi divulgado.

Fórum Mundial de Ciência - Ética na ciência e na comunicação de ciência é um dos grandes temas propostos para a discussão da participação brasileira no sexto Fórum Mundial de Ciências (FMC), que se realizará no Rio de Janeiro em novembro de 2013 (veja informações sobre o evento em http://fmc.cgee.org.br/). Uma entrevista e um artigo trataram do assunto em edições recentes deste Observatório (“Comunicação científica para um público mais atento” e “Ciência em tom jornalístico”).

A preparação brasileira para o FMC incluiu até agora quatro encontros preparatórios, realizados em São Paulo, Belo Horizonte, Manaus e Salvador. Nesse último, a médica Eliane S. Azevêdo, professora emérita e ex-reitora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em palestra sobre “Desafios da Ética e Integridade Científica”, falou sobre a influência da ciência na definição de políticas públicas nas áreas da saúde pública, medicina, clima, ambiente, agricultura, energia, influência que amplia a exigência de ética na condução e na divulgação das pesquisas.

Dois fenômenos foram destacados pela professora: o crescimento do número de desvios éticos em publicações científicas e subsequente retratação pública de artigos publicados, e o custo da má prática em ciência, assunto novo, abordado com rigor e clareza pela palestrante.

A professora Eliane concordou em dar a entrevista abaixo, feita por correio eletrônico, na qual ela destaca que as fraudes mais graves são produzidas por pesquisadores de primeiro time, por isso sua detecção é mais difícil, custa mais caro e demora mais, do que resultam danos mais extensos e profundos.

Em relação aos meios de comunicação, a ex-reitora diz que “as desonestidades mais graves, isso é, fabricação e ou falsificação de dados são preferencialmente publicadas em revistas de alto impacto (ScienceNatureCell etc.).”

Mais fraudes, vigilância intensificada - O aumento do número de retratações, observado em pesquisa que a senhora mencionou em sua apresentação, indica acréscimo da ocorrência de comportamentos fraudulentos ou intensificação da vigilância?

Eliane S. Azevêdo – Creio tratar-se de uma confluência de fatores dentre os quais intensificação da vigilância e aumento de ocorrência, conforme lembrado. Esses fatores, todavia, estão interligados a variáveis causais como pressões institucionais por publicações; obsessão em atendê-las; competição por recursos; prestígio conferido a currículos longos; crescente número de pesquisadores; ambições pessoais sem crivo moral, etc. Além disso, ações educativas para a boa prática científica ainda são incipientes e até mesmo ausentes em muitas instituições universitárias, grupos de pesquisa, cursos de pós-graduação, editores de revistas, etc.

A senhora diria que falhas de filtragem de artigos em revistas científicas tendem a ser magnificadas em jornais e revistas, cujos filtros costumam ser muito mais precários?

E.S.A. – As editoras de revistas científicas e seu corpo editorial compartilham igual responsabilidade social na divulgação de boa ciência, isso é, ciência sem fraudes, fabricação, falsificação, plágios, autoplágios, duplicações, fatiamentos, etc. A criação do COPE (Commitee on Publications Ethics) em 1997, na Inglaterra, e ampliação à Wade (World Association of Medical Editors) com objetivo central de prover editores e revisores com conhecimentos para melhor lidar com situações suspeitas de desvios éticos na pesquisa, traduz a importância do problema sob o olhar das revistas científicas. Infelizmente, não se trata de uma prática dos editores em todos os países, e suspeitamos ser praticamente inexistente em jornais e revistas de divulgação.
As revistas científicas devem funcionar como a última barreira na filtragem ética. Se falha a filtragem e a publicação é reproduzida em jornais e revistas dificilmente haverá reversão de danos com a retratação.

No Brasil, cientistas alertam imprensa - Ao que tudo indica, a grande imprensa brasileira está alheia à extensão dos prejuízos causados pelas falhas éticas em publicações científicas. A senhora concorda com essa hipótese?

E.S.A. – Ainda que esteja alheia a uma avaliação criteriosa dos prejuízos, não está alheia à existência das questões da integridade científica. Existem cientistas brasileiros alertando e até mesmo conclamando por ações educativas e ou de vigilância. Considero urgente que, no Brasil, a geração atual de pesquisadores íntegros aponte os danos intelectuais, morais e financeiros gerados pela má prática científica e agregue reflexões pertinentes aos ensinamentos que transmite aos alunos. 
Existe ampla literatura internacional sobre o tema, inclusive com estudos de meta-análise sobre artigos retratados e formulação matemática para cálculo do custo financeiro de um artigo retratado. [Meta-análise, segundo o criador do termo, Gene Glass, é “uma análise estatística de grandes coleções de resultados de estudos individuais com o propósito de integrar os achados desses estudos”; fonte: Wikipedia.]
O perfil dos desonestos em ciência já começa a ser desenhado: não são intelectualmente medíocres; as desonestidades mais graves, isso é, fabricação e ou falsificação de dados são preferencialmente publicadas em revistas de alto impacto ScienceNatureCell etc...
Quando a má prática é menos grave, por plágio ou duplicação, a preferência é por revistas de médio impacto. Essas associações são relatadas com significância estatística. Assim, a ocorrência e o tipo de má prática em ciência têm certa aderência ao nível intelectual dos desonestos. O recorte moral dos cientistas atuais parece não diferir do resto da humanidade... Teríamos sido diferentes no passado? Confiamos que melhoremos no futuro...

Demora agrava prejuízos - Fale sobre as consequências negativas da demora entre a publicação de texto fraudulento e a retratação.

E.S.A. – Começamos a pensar sobre essa associação em 2009, quando lemos na newsletter do Office of Research Integrity (ORI) o relato de dezesseis artigos retratados, todos da autoria de dois pesquisadores americanos e publicados entre os anos de 1997 e 2005. Entre o início das publicações e a data das retratações passaram-se doze anos, período suficiente para que se construísse uma corrente de pensamento médico e práticas de ensino fundamentadas na consulta a artigos de revisão ou de meta-análise. 
Assim, resolvemos verificar através do repositório PubMed. Encontramos não apenas um longo trabalho de revisão com quatro citações dos artigos retratados, mas, também, o próprio texto da revisão tecia elogios aos trabalhos dos dois pesquisadores, agora reconhecidos como desonestos. Imaginamos que quanto maior o tempo decorrido entre a publicação fraudulenta e sua retratação mais se difundem danos irreparáveis à ciência. Com essa visão, escrevemos à direção do ORI, que publicou nossas considerações na newsletter de dezembro de 2009. Estudos recentes (Fang e col. 2012) demonstraram que o tempo entre a publicação e a retratação é em média de dois anos nos casos de plágio e de quatro anos nos casos de fraudes.

Plágio e fraude - Que mecanismo está por trás da constatação de que “quanto pior o tipo de fraude, mais tempo ela demora para ser reparada”.

E.S.A. – Os casos de plágios podem ser detectados por qualquer pessoa e comprovados mediante comparação dos dois textos: original e plagiado. Além disso, já existem no mercado aplicativos com funções específicas para detectar plágios.
Nos casos de fraudes, por outro lado, percorre-se penoso processo de investigação que nasce com a denúncia de suspeita, verificação inicial por comissão local da instituição, subsequente abertura de processo investigatório por órgão credenciado. A investigação examina as anotações originais, entrevista pessoas da equipe, além de conduzir o interrogatório aos pesquisadores suspeitos. Tudo isso requer tempo/horas de competentes pesquisadores, advogados, técnicos, burocracias, etc. e tem alto custo financeiro. 
É raro situações como a de certo pesquisador que impediu o andamento da investigação sob a alegação que os papéis com as anotações originais “o cupim comeu...” Por outro lado, não são raros os pesquisadores assumirem-se culpados, conforme constatamos nos relatórios públicos do ORI. Nos EUA, o ORI é órgão governamental com função específica de receber denuncia de má prática científica, conduzir o processo investigatório, divulgar as conclusões, indicar artigos para retratação e aplicar as respectivas penalidades aos pesquisadores infratores. Infere-se, assim, que quanto mais elaborada a montagem científica da fraude mais difícil vencer as dissimulações do pesquisador desonesto.

O CNPq constituiu uma comissão de ética, mas, salvo engano, ela ainda não teve oportunidade de examinar nenhum caso e de tomar alguma deliberação. Qual sua expectativa em torno do trabalho dessa comissão? Os problemas de fraude são graves no meio científico brasileiro?

E.S.A. – Temos conhecimento, sim, da criação dessa comissão. Percebemos que criar uma comissão tenha sido o passo preliminar para posterior instalação de um órgão ligado ao CNPq, mas independente, dirigido por pessoa de alta qualificação moral e científica e em dedicação exclusiva, amparada por competente equipe e infraestrutura investigatória, tudo isso bem protegido de qualquer fluxo de influência. Acreditamos não ser fácil, porém, sem ser impossível, criar-se algo semelhante ao ORI aqui no Brasil.
Desconhecemos estudos que indiquem a frequência de fraudes científicas no Brasil. Casos isolados já vieram a público. Concluímos reafirmando que ações educativas sobre integridade científica devem ser oferecidas, de imediato, na formação de jovens em iniciação científica, nos cursos de graduação e de pós-graduação, nos institutos de pesquisa, e paralelamente exigidas pelas agencias de fomento e revistas científicas.

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A apresentação da professora Eliane S. Azevêdo no 4º Encontro Preparatório para o FMC, realizado em Salvador, pode ser vista aqui (trata-se do penúltimo vídeo; a fala da professora começa duas horas e 12 minutos após o início da exibição).

Maranhão mais um roubo contra Delegado. Bandido invade e rouba casa de delegado de Peritoró.

A audácia dos criminosos parece não ter limite no Maranhão. Um caso curioso chamou a atenção no município de Peritoró, em que a casa do delegado João Batista foi assaltada por elemento conhecido da polícia local.

O delegado se encontravam em São Luís para as festas de Natal e sua residência foi invadida por um elemento identificado como “Papudinho”. 

O indivíduo havia levado um revólver, carregador de balas e ainda jóias da casa de João Batista.

O caso ocorreu na terça-feira (25) e, para o azar de “Papudinho”, ele foi preso no dia seguinte e se encontra detido na delegacia de Peritoró.



MAIS CEDO JÁ HAVIAMOS NOTICIADO UM ROUBO CONTRA UM DELEGADO DE POLÍCIA EM SÃO LUIS, continu lendo abaixo.

Violência em São Luís. Ladrões roubam o Delegado titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos (DRFV).