segunda-feira, 3 de março de 2014

MUNDO A CAMINHO DA GUERRA.


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Jorge Cadima: "A caminho da guerra"


"Da Ucrânia à Venezuela, de África e Oriente Médio aos mares da China, multiplicam-se os sinais de que a tendência predominante nas potências imperialistas é para a guerra generalizada, o autoritarismo mais violento e o fascismo.

Por Jorge Cadima, no "Avante!" (Portugal)

Seja pela via da agressão aberta e direta, seja através de grupos mercenários a soldo, os imperialismos em crise sistêmica estão em guerra aberta contra os povos e em guerra surda entre si, como ainda recentemente comprovou o telefonema da “diplomata” dos EUA Victoria Nuland ao seu embaixador em Kiev. 

No combate contra governos que se atrevem a dar mostras de soberania, lançam mão de paleo-fascistas, cuja ligação direta às hordas nazis na II Guerra Mundial ninguém pode contestar. Tal como o fundamentalismo religioso mais retrógrado e reacionário "ékosher" na Líbia ou na Síria, também o antissemitismo dos fascistas ucranianos torna-se “europeu” e “democrático”.

A Sra. Nuland confessou numa Conferência Internacional de Negócios patrocinada pela petrolífera Chevron (13.12.13) que, nos últimos 20 anos, os EUA gastaram mais de cinco bilhões de dólares a subsidiar a subversão na Ucrânia. Entretanto, são retiradas as ajudas alimentares aos norte-americanos com fome porque “não há dinheiro”.

Quem ache que isso é exagero faria bem em dar ouvidos a alguém que vem do coração do sistema e lhe conhece as entranhas, embora seja hoje dissidente. Paul Craig Roberts (PCR) pertenceu a governos de Ronald Reagan e foi vice editor do "Wall Street Journal". Hoje, escreve que “a União Soviética servia de entrave ao poder dos EUA”. 

O colapso soviético possibilitou a ofensiva neoconservadora pela hegemonia mundial dos EUA. A Rússia, sob Putin, a China e o Irã são os únicos entraves à agenda neoconservadora. Os mísseis nucleares russos e a sua tecnologia militar tornam a Rússia o mais forte obstáculo militar à hegemonia dos EUA. 

Para neutralizar a Rússia, os EUA romperam acordos, [...] expandiram a NATO para antigas partes constitutivas do império soviético, […] e Washington alterou a sua doutrina de guerra nuclear para permitir um ataque nuclear inicial.

[…] O desenlace provável da ameaça estratégica audaciosa com que Washington está a confrontar a Rússia será a guerra nuclear (14.2.14). Sob o título “Washington empurra o Mundo para a guerra”, PCR escreve (14.12.13): “a guerra fatal para a humanidade é a guerra com a Rússia e a China para a qual Washington está a empurrar os EUA e os estados fantoches de Washington na NATO e na Ásia. […]. 

A única razão por que Washington quer estabelecer bases militares e mísseis nas fronteiras da Rússia são para negar à Rússia a possibilidade de resistir à hegemonia de Washington. A Rússia não ameaçou os seus vizinhos e […] tem sido extremamente passiva face às provocações dos EUA. 

Isto está a mudar […] tornou-se claro para o governo russo que Washington prepara um ataque inicial decapitador contra a Rússia. […] A postura militar agressiva de Washington face à Rússia e a China indica uma autoconfiança extrema que costuma conduzir à guerra”


Sobre a Ucrânia, escrevia PCR há mais de um mês (4.12.13): “A UE quer que a Ucrânia concorde para que a Ucrânia possa ser pilhada, tal como o foram a Letônia, Grécia, Espanha, Itália, Irlanda e Portugal. […] Os EUA querem a adesão da Ucrânia para poderem aí posicionar bases missilísticas contra a Rússia”.

O ex-governante de Reagan não reconhece que o entrave decisivo ao belicismo imperialista é a luta dos povos. Mas é mais lúcido do que muitos que se afirmam “de esquerda” quando adverte a China e a Rússia contra as ilusões e concessões. “É pouco provável que a China se deixe intimidar, mas poderá minar-se caso a sua reforma econômica abra a economia chinesa à manipulação ocidental” diz PCR (4.12.13), que também alerta contra a “quinta coluna” de “licenciados programados pelos EUA que regressam à China”. 

E é cáustico para com a tolerância da Rússia e da Ucrânia “que de forma tola permitiram que grande número de ONG financiadas pelos EUA agissem como agentes de Washington sob a capa de “organizações dos direitos do homem”, “construtores de democracia” etc.” (14.2.13). 


As ilusões sobre a natureza do imperialismo e sobre a traição dos aspirantes a serventuários ricos pagam-se caro. Os povos do mundo já pagaram um preço demasiado elevado."


FONTE: escrito por Jorge Cadima, no "Avante!", de Portugal. Transcrito no portal "Vermelho" (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=236867&id_secao=9).


Ucrânia: Brigada aérea passa para o lado da Crimeia.

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Foto: RIA Novosti
Cerca de 800 soldados da base se juntaram ao "povo da Crimeia". No total, no aeroporto de Belbek, encontram-se 45 caças e quatro aviões de treinamento, mas apenas quatro MiG-29 e um L-39 podem ser reparados.
Anteriormente, as autoridades da Crimeia notificaram que, sob sua liderança, estão mais de 5 mil soldados das tropas internas, do Serviço Nacional de Fronteiras e das Forças Armadas da Ucrânia.

Maranhão: Chega a sete número de mortos em sistema prisional estadual em 2014.

Alex Rodrigues - Repórter Agência Brasil Edição: Talita Cavalcante
Ao menos sete presos foram mortos no sistema carcerário maranhense este ano. Segundo a Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap), além dos seis detentos assassinados entre o dia 2 de janeiro e o último sábado (1º) identificados em matéria publicada ontem (2) pela Agência Brasil, entrou na contagem um sétimo óbito ocorrido no dia 28 de janeiro.

Valdiano Fernandes da Silva, 27 anos, cumpria pena na Unidade Prisional de Ressocialização (UPR) de Balsas, no interior do estado, e foi espancado por outros quatro presos. Socorrido por agentes penitenciários, foi levado a um hospital de Imperatriz, a cerca de 400 quilômetros de São Luís. O detento não resistiu aos ferimentos e morreu já no hospital.

Conforme a Agência Brasil já havia informado, quatro das sete mortes ocorreram no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, maior estabelecimento prisional do estado, com 2.196 presos cumprindo pena em um espaço projetado para abrigar até 1.770 pessoas, de acordo com as informações fornecidas pela assessoria da Sejap, em janeiro. As três mortes de presos sob a responsabilidade do Estado ocorreram em outras unidades prisionais estaduais.

A última morte divulgada foi a de Pedro Elias Martins Viegas, 31 anos, cujo corpo foi encontrado nesse sábado (1º). Ele cumpria pena por tráfico de drogas no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pedrinhas. A Sejap antecipou que Viegas foi estrangulado dentro de uma cela, destacando, contudo, que a Polícia Civil está investigando o caso e que é necessário aguardar a conclusão dos peritos do Instituto de Criminalística.

Desde meados de dezembro de 2013, quando uma rebelião deixou nove mortos e ao menos 20 feridos, policiais militares reforçam a segurança do complexo penitenciário. 

A pedido do governo estadual, policiais da Força Nacional de Segurança Pública também auxiliam na segurança dos estabelecimentos prisionais da região metropolitana de São Luís, entre eles, Pedrinhas. A presença do efetivo policial, no entanto, não tem sido o bastante para impedir as mortes e motins como o registrado no último dia 6.

POLICIA FEDERAL PEDE INVESTIGAÇÃO DO MINISTRO DO TRABALHO.

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Foto: Brasil 247.

DESTRUIÇÃO DO ESTADO, VIOLÊNCIA DAS MILÍCIAS. Iraque e Síria, os mesmos combates.

Como explicar a violência que assola o Iraque? Desde o fim da guerra das milícias, entre 2006 e 2008, e a saída dos norte-americanos, ela não chegava ao nível atual. A crise síria alimenta os antagonismos no vizinho; onde o primeiro-ministro aplica uma política confessional. A extensão da batalha desestabiliza a região.
por Feurat Alani

"Como deter um camicase?” Essa foi a pergunta que o governo de Bagdá fez a si mesmo no dia 30 de novembro de 2013, mais de dez anos após a queda do regime de Saddam Hussein.

Diante dos atentados assassinos cotidianos, o aparato de segurança do Iraque organizou um seminário para ajudar os proprietários de bares. Empregar uma guarda privada, reduzir o número de entradas: uma centena de comerciantes de Bagdá ouviu os conselhos pouco convincentes, para não dizer impotentes, oferecidos por policiais. 

O país inteiro foi atingido por atentados e ataques que custaram a vida de mais de 6 mil pessoas em 2013.

Somos obrigados a constatar que o governo, não conseguindo erradicar a violência, procura aprender a viver com ela. “É sempre a mesma coisa. 

Quando uma bomba explode num mercado, a polícia e o Exército instauram um toque de recolher no setor, mas sempre chegam depois! O governo banca o bombeiro, apagando o fogo.

Mas é preciso deter os incendiários”, exaspera-se Mokhlas al-Jouraisy, jornalista que vive em Bagdá.

Na capital, cada família remói sua própria história trágica, sua amargura e seus mortos. “Depois da ocupação norte-americana, nada mudou. Havia explosões e continua havendo.

É a mesma coisa em relação ao desemprego e a outros problemas enfrentados pelos iraquianos. Os norte-americanos nos deixaram a morte como herança. Pelo menos os ingleses construíram pontes e escolas para nós”, afirma um morador de Bagdá, referindo-se à ocupação britânica do país em 1918.

Desconfiança do governo em relação aos sunitas
As razões para a violência são múltiplas. Para compreendê-las, é preciso voltar a 2003, pouco após a queda do regime do Partido Baath, de Saddam Hussein. 

Paul Bremer, administrador norte-americano encarregado da invasão, tomou a decisão de desmantelar o aparelho de segurança iraquiano e “desbaathificá-lo”. 

Foi uma política arbitrária e nefasta que colocou no ostracismo quase 1 milhão de homens qualificados e experientes. No espaço de poucos dias, o Iraque passou de um regime ultrassecuritário para um deserto administrativo. 

Essa depuração política contra todos aqueles que colaboraram com o regime, de perto ou de longe, ajuda a explicar a vulnerabilidade do país.

O enfraquecimento do Estado levou quase naturalmente à exacerbação das tensões confessionais entre sunitas e xiitas, que chegou ao auge após o atentado contra o mausoléu de Samarra, um lugar santo xiita, no dia 21 de fevereiro de 2006.

Na época, os xiitas entenderam o episódio como uma declaração de guerra. Apesar dos apelos por calma vindos de todas as autoridades religiosas, militantes xiitas retaliaram atacando mesquitas sunitas. “Foi o nosso 11 de Setembro”, lembra um morador cujo irmão foi assassinado por um miliciano durante essas represálias.

Durante mais de dois anos, as milícias xiitas, principalmente as duas mais famosas – o Exército Mahdi, do movimento sadrista, e a Brigada Badr, do Conselho Supremo Islâmico do Iraque1 –, organizaram emboscadas contra sunitas, que eram capturados e frequentemente torturados e executados. Milícias sunitas revidaram atacando os bairros xiitas de Bagdá com carros-bomba. 

Todos os dias se encontrava uma centena de mortos nas ruas da cidade ou no Tigre. Ainda que tardiamente, e por razões evidentes de rivalidade política, o primeiro-ministro Nouri al-Maliki lançou, em 24 de março de 2008, uma grande ofensiva a Sadr City, a fim de desarmar o Exército Mahdi de Moqtada al-Sadr. A partir daí a violência campal foi diminuindo gradualmente, mas aumentaram as rivalidades no seio da classe política.

Essa violência agora ocupa a maior parte do discurso de Al-Maliki, que usa um vocabulário simplista e maniqueísta, no qual as palavras “terrorista” e “baathista” são utilizadas para designar os sunitas.

Para explicar a crise de segurança que se estabeleceu desde a saída das tropas norte-americanas, também é preciso recordar o papel dos milicianos da Sahwa – “o despertar”, em árabe.

Esses membros de tribos sunitas aliaram-se ao Exército norte-americano para combater a Al-Qaeda na Mesopotâmia. De acordo com a estratégia militar do general norte-americano David H. Petraeus, o surge2 só funcionaria com a colaboração das tribos sunitas, simbolizada pelo carismático Abdul Sattar Abu Risha, morto no dia 13 de setembro de 2007 por um comando da Al-Qaeda.

Composta por 100 mil homens, essa milícia teve importantes êxitos, dominando cidades da Al-Qaeda na Mesopotâmia. Os membros da Sahwa deveriam passar a integrar o Exército regular, mas essa promessa de Al-Maliki nunca foi cumprida.

Apenas 20% dos milicianos foram incorporados. Os outros foram negligenciados e estigmatizados por um primeiro-ministro cada vez mais desconfiado dos sunitas.

Hoje, o país mudou. Bagdá não é mais aquela cidade heterogênea, onde todas as províncias estavam representadas. Com raras exceções, os sunitas vivem nos bairros sunitas, e os xiitas, nos bairros xiitas. 

No resto do Iraque, a “divisão suave” sonhada pelo então senador Joe Biden3 – com um norte curdo, um centro sunita e um sul xiita – já existe de fato.

Apesar desse percurso sinuoso e das promessas não cumpridas, a queda do Iraque poderia ter sido evitada se Al-Maliki tentasse traduzir em realidade seu slogan de campanha: “reconciliação nacional”. Especialmente considerando que, desde sua chegada ao poder, muitos conselhos tribais sunitas prometeram-lhe fidelidade. 

Mas ele continuou alimentando as oposições entre sunitas e xiitas, bem como entre árabes e curdos, e afastou de maneira agressiva todos aqueles que não estavam satisfeitos com sua política. 

Seu isolamento começou com a expulsão de Tarek al-Hashemi, vice-presidente sunita, acusado de “terrorismo”. No ano seguinte, foi a vez de outro sunita, Rafi al-Issawi, ministro das Finanças e vice-primeiro-ministro, sob a mesma acusação.

Em 21 de dezembro de 2012, um ano após a retirada norte-americana, uma vasta mobilização popular começou em Fallujah, na estrada principal que leva a Bagdá, chamada “lugar da dignidade”. Ela se espalhou para todo o território sunita. Dali por diante, a aliança outrora possível entre Al-Maliki e as tribos já não o era mais.

Durante essas manifestações, importantes líderes de tribos sunitas, como Doulaimy, Joumaily e Mahamda, pediram a saída do primeiro-ministro. Alguns o chamaram de fantoche do Irã e “safávida”, termo usado pejorativamente para designar os conservadores iranianos. 

Desde o princípio, esse movimento popular manifestou solidariedade à rebelião síria, comparando Al-Maliki a Bashar al-Assad. No meio da multidão e das bandeiras do Iraque, via-se claramente o símbolo do Exército Livre da Síria. A luta dos sunitas iraquianos transbordou o quadro nacional: o inimigo não era apenas Al-Maliki, mas o eixo xiita Damasco-Bagdá-Teerã.

As conexões entre os sunitas da província sunita de Al-Anbar e a rebelião síria, do outro lado da fronteira, podem ajudar a explicar o aumento da violência no Iraque. Com a luta pelo poder ganhando uma dimensão cada vez mais religiosa, muitos iraquianos imaginaram um cenário ao estilo sírio “para reequilibrar a relação de forças na região”, deseja crer o xeque Rafeh al-Joumaily. 

Segundo o líder tribal, se o regime de Damasco viesse a cair, Teerã perderia um importante aliado. “Se os sunitas chegarem ao poder na Síria, seremos mais fortes para enfrentar o aumento do xiismo em Bagdá”, avalia.

Rebeldes controlam a fronteira
Pouco mencionado pela mídia, o equivalente iraquiano do Exército Livre da Síria foi criado seis meses antes das manifestações sunitas. Em uma declaração oficial do dia 19 de julho de 2012, o Exército Livre do Iraque afirmou três objetivos: “combater a invasão iraniana no Iraque, apoiar o povo sírio e o Exército Livre da Síria e reunir os combatentes sunitas no Iraque sob uma única e mesma bandeira”.

Quem está por trás dessa nova formação? Tem ela uma real influência? Ainda é muito cedo para dizer. O Exército Livre do Iraque transmitiu pela internet vídeos de seus ataques contra o Exército regular iraquiano, para depois desaparecer progressivamente do radar até a prisão de seu líder – de identidade desconhecida –, em fevereiro de 2013, perto de Kirkuk.

A aliança entre a Al-Qaeda na Mesopotâmia e a Al-Qaeda de Al-Sham (Síria) é mais uma prova das ligações “naturais” entre sunitas sírios e iraquianos. Reunidos sob a bandeira do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), seus combatentes facilmente atravessam a fronteira entre o Iraque e a Síria, dominada por rebeldes. 

Formado em 2006 no Iraque, como uma plataforma para os vários grupos jihadistas, o EIIL se tornou um poderoso elemento da terrível guerra que assola a Síria. O grupo não encontra problemas para circular e obter suprimentos. Nessa região de fronteira, as alianças tribais são antigas. É muito fácil para um habitante de Fallujah ou de Al-Qa’im passar para o lado sírio, em Abu Kamal, e ali ser recebido.

O conflito sírio realmente transbordou para o Iraque em março de 2013. Nesse dia, quarenta soldados e funcionários sírios foram mortos no departamento iraquiano de Al-Anbar. Eles estavam refugiados havia alguns dias, protegendo-se de um ataque de rebeldes. Sete soldados iraquianos também foram mortos.

Embora as crises nos dois países tenham nascido de causas diferentes, elas têm em comum seu caráter confessional. A guerra civil síria opõe uma insurreição de tônica sunita a uma coalizão de minorias étnicas e religiosas que apoiam o governo de Al-Assad. No Iraque, o governo de maioria xiita é contestado por sunitas que oscilam entre oposição política e armada.

Provavelmente não é coincidência que os conflitos confessionais tenham se reacendido, no Iraque, no momento em que a guerra civil síria se intensifica. Até a administração norte-americana atribui um papel importante ao Iraque na crise síria. 

Durante a visita de Al-Maliki a Washington, no final de outubro de 2013, o presidente norte-americano Barack Obama pediu-lhe que usasse suas boas relações com Teerã para solicitar que Al-Assad deixe “suavemente” o poder. 

O Iraque também está sob crescente pressão do Irã, a principal potência xiita na região, bem como da Arábia Saudita e da Turquia, dois grandes países sunitas, principais patrocinadores da insurgência contra Al-Assad.

Após dez anos de uma violência sem precedentes, o Iraque está preso num turbilhão de lutas pelo poder entre sunitas e xiitas que se alimentam do conflito sírio. O governo de Al-Maliki tenta fazer pouco das novas cartas regionais. A nova lei eleitoral aprovada pelo Parlamento, que fixa as próximas eleições legislativas para o dia 30 de abril de 2014, é vista como piada. 

A população ri desses deputados, da facilidade com que eles votam leis favorecendo seus interesses pessoais e de sua incapacidade de chegar a um acordo sobre pontos essenciais.

O intelectual e sociólogo iraquiano Amir Ahmed inscreve essas eleições no teatro do absurdo. Ele compara a cena política iraquiana à peça Esperando Godot, de Samuel Beckett. “A cada prazo eleitoral, a classe política anuncia a chegada de um homem que promete mudanças. Mas ele nunca vem. Enquanto esperamos, eles nos mantêm ocupados, nos distraem. Os iraquianos estão esperando Godot...”

“A presença iraniana já existente no país aumenta a desconfiança e o medo na região árabe”, continua Ahmed. “É essa mudança brutal na política regional que provoca todas essas tensões. Também não podemos esquecer que o Iraque é um país rico em petróleo, e isso desperta a ganância das forças internacionais. Estas procuram alimentar a violência mais do que estabilizar a situação, uma vez que é mais fácil tirar proveito de um país fraco e instável que de um país forte e equilibrado.” O petróleo: talvez seja essa a verdadeira desgraça do Iraque...


Feurat Alani - Jornalista.

Ilustração: Dulce Horta.


1 - O sadrismo é uma corrente que representa meios desfavorecidos e negligenciados pelo establishment xiita.
Criado em 1982, o Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque (CSRII) tem um braço armado, a Brigada Badr, uma milícia que reúne entre 8 mil e 15 mil soldados.

2 - No dia 10 de janeiro de 2007, George W. Bush decidiu enviar mais 30 mil soldados norte-americanos para o Iraque. Para comandar o surge (“reforço”), ele nomeou o general David H. Petraeus.

3 - Para resolver o conflito iraquiano, Joe Biden elaborou um plano para dividir o Iraque em três blocos comunitários e confessionais inspirados na divisão da Bósnia em 1995. Ele imaginou um Estado descentralizado, com o norte para os curdos, o centro para os sunitas e o sul para os xiitas. Cf. Helene Cooper, “Biden plan for ‘soft partition’ of Iraq gains momentum” [Plano Biden para “divisão suave” do Iraque ganha força], The New York Times, 30 jul. 2007.
Link desta matéria: http://diplomatique.org.br/artigo.php?id=1590

domingo, 2 de março de 2014

Brasil - Quatro jornalistas já foram mortos desde o início de 2014.


mortes, assassinados
-- Diário Digital / Lusa - Foto: SXC.hu

Sonho americano? Conheça 10 fatos chocantes sobre os EUA

Maior população prisional do mundo, pobreza infantil acima dos 22%, nenhum subsídio de maternidade, graves carências no acesso à saúde… bem-vindos ao “paraíso americano”
(Imagem: Divulgação)
Os EUA costumam se revelar ao mundo como os grandes defensores das liberdades, como a nação com a melhor qualidade de vida do planeta e que nada é melhor do que o “american way of life” (o modo de vida americano). 
A realidade, no entanto, é outra. Os EUA também têm telhado de vidro como a maioria dos países, a diferença é que as informações são constantemente camufladas. Confira abaixo 10 fatos pouco abordados pela mídia ocidental.
1. Maior população prisional do mundo
Elevando-se desde os anos 80, a surreal taxa de encarceramento dos EUA é um negócio e um instrumento de controle social: à medida que o negócio das prisões privadas alastra-se como uma gangrena, uma nova categoria de milionários consolida seu poder político. Os donos destas carcerárias são também, na prática, donos de escravos, que trabalham nas fábricas do interior das prisões por salários inferiores a 50 cents por hora. Este trabalho escravo é tão competitivo, que muitos municípios hoje sobrevivem financeiramente graças às suas próprias prisões, aprovando simultaneamente leis que vulgarizam sentenças de até 15 anos de prisão por crimes menores como roubar chicletes. O alvo destas leis draconianas são os mais pobres, mas, sobretudo, os negros, que representando apenas 13% da população norte-americana, compõem 40% da população prisional do país.
2. 22% das crianças americanas vive abaixo do limiar da pobreza.
Calcula-se que cerca de 16 milhões de crianças norte-americanas vivam sem “segurança alimentar”, ou seja, em famílias sem capacidade econômica para satisfazer os requisitos nutricionais mínimos de uma dieta saudável. As estatísticas provam que estas crianças têm piores resultados escolares, aceitam piores empregos, não vão à universidade e têm uma maior probabilidade de, quando adultos, serem presos.
3. Entre 1890 e 2012, os EUA invadiram ou bombardearam 149 países.
O número de países nos quais os EUA intervieram militarmente é maior do que aqueles em que ainda não o fizeram. Números conservadores apontam para mais de oito milhões de mortes causadas pelo país só no século XX. Por trás desta lista, escondem-se centenas de outras operações secretas, golpes de Estado e patrocínio de ditadores e grupos terroristas. Segundo Obama, recipiente do Nobel da Paz, os EUA conduzem neste momente mais de 70 operações militares secretas em vários países do mundo.
O mesmo presidente criou o maior orçamento militar norte-americano desde a Segunda Guerra Mundial, superando de longe George W. Bush.
4. Os EUA são o único país da OCDE que não oferece qualquer tipo de subsídio de maternidade.
Embora estes números variem de acordo com o Estado e dependam dos contratos redigidos por cada empresa, é prática corrente que as mulheres norte-americanas não tenham direito a nenhum dia pago antes ou depois de dar à luz. Em muitos casos, não existe sequer a possibilidade de tirar baixa sem vencimento. Quase todos os países do mundo oferecem entre 12 e 50 semanas pagas em licença maternidade. Neste aspecto, os Estados Unidos fazem companhia à Papua Nova Guiné e à Suazilândia.
5. 125 norte-americanos morrem todos os dias por não poderem pagar qualquer tipo de plano de saúde.
Se não tiver seguro de saúde (como 50 milhões de norte-americanos não têm), então há boas razões para temes ainda mais a ambulância e os cuidados de saúde que o governo presta. Viagens de ambulância custam em média o equivalente a 1300 reais e a estadia num hospital público mais de 500 reais por noite. Para a maioria das operações cirúrgicas (que chegam à casa das dezenas de milhar), é bom que possa pagar um seguro de saúde privado. Caso contrário, a América é a terra das oportunidades e, como o nome indica, terá a oportunidade de se endividar e também a oportunidade de ficar em casa, torcendo para não morrer.
6. Os EUA foram fundados sobre o genocídio de 10 milhões de nativos. Só entre 1940 e 1980, 40% de todas as mulheres em reservas índias foram esterilizadas contra sua vontade pelo governo norte-americano.
Esqueçam a história do Dia de Ação de Graças com índios e colonos partilhando placidamente o mesmo peru em torno da mesma mesa. A História dos Estados Unidos começa no programa de erradicação dos índios. Tendo em conta as restrições atuais à imigração ilegal, ninguém diria que os fundadores deste país foram eles mesmos imigrantes ilegais, que vieram sem o consentimento dos que já viviam na América. Durante dois séculos, os índios foram perseguidos e assassinados, despojados de tudo e empurrados para minúsculas reservas de terras inférteis, em lixeiras nucleares e sobre solos contaminados. Em pleno século XX, os EUA iniciaram um plano de esterilização forçada de mulheres índias, pedindo-lhes para colocar uma cruz num formulário escrito em idioma que não compreendiam, ameaçando-as com o corte de subsídios caso não consentissem ou, simplesmente, recusando-lhes acesso a maternidades e hospitais. Mas que ninguém se espante, os EUA foram o primeiro país do mundo oficializar esterilizações forçadas como parte de um programa de eugenia, inicialmente contra pessoas portadoras de deficiência e, mais tarde, contra negros e índios.
7. Todos os imigrantes são obrigados a jurarem não ser comunistas para poder viver nos EUA.
Além de ter que jurar não ser um agente secreto nem um criminoso de guerra nazi, vão lhe perguntar se é, ou alguma vez foi membro do Partido Comunista, se tem simpatias anarquista ou se defende intelectualmente alguma organização considerada terrorista. Se responder que sim a qualquer destas perguntas, será automaticamente negado o direito de viver e trabalhar nos EUA por “prova de fraco carácter moral”.
8. O preço médio de uma licenciatura numa universidade pública é 80 mil dólares.
O ensino superior é uma autêntica mina de ouro para os banqueiros. Virtualmente, todos os estudantes têm dívidas astronômicas, que, acrescidas de juros, levarão, em média, 15 anos para pagar. Durante esse período, os alunos tornam-se servos dos bancos e das suas dívidas, sendo muitas vezes forçados a contrair novos empréstimos para pagar os antigos e assim sobreviver. O sistema de servidão completa-se com a liberdade dos bancos de vender e comprar as dívidas dos alunos a seu bel prazer, sem o consentimento ou sequer o conhecimento do devedor. Num dia, deve-se dinheiro a um banco com uma taxa de juros e, no dia seguinte, pode-se dever dinheiro a um banco diferente com nova e mais elevada taxa de juro. Entre 1999 e 2012, a dívida total dos estudantes norte-americanos cresceu à marca dos 1,5 trilhões de dólares, elevando-se assustadores 500%.
9. Os EUA são o país do mundo com mais armas: para cada dez norte-americanos, há nove armas de fogo.
Não é de se espantar que os EUA levem o primeiro lugar na lista dos países com a maior coleção de armas. O que surpreende é a comparação com outras partes do mundo: no restante do planeta, há uma arma para cada dez pessoas. Nos Estados Unidos, nove para cada dez. Nos EUA podemos encontrar 5% de todas as pessoas do mundo e 30% de todas as armas, algo em torno de 275 milhões. Esta estatística tende a se elevar, já que os norte-americanos compram mais de metade de todas as armas fabricadas no mundo.
10. Há mais norte-americanos que acreditam no Diabo do que os que acreditam em Darwin.
A maioria dos norte-americanos são céticos. Pelo menos no que toca à teoria da evolução, já que apenas 40% dos norte-americanos acreditam nela. Já a existência de Satanás e do inferno soa perfeitamente plausível a mais de 60% dos norte-americanos. Esta radicalidade religiosa explica as “conversas diárias” do ex-presidente Bush com Deus e mesmo os comentários do ex-pré-candidato republicano Rick Santorum, que acusou acadêmicos norte-americanos de serem controlados por Satã.