quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Se EUA atacarem a Síria, esperem uma resposta da Russia assimétrica.


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Se EUA atacarem a Síria, esperem resposta assimétrica. 
As tensões entre Rússia e EUA alcançaram nível sem precedentes. 
Concordo integralmente com os participantes dessa edição de Cross Talk, para os quais a situação e pior e ainda mais perigosa que durante a Crise dos Mísseis Cubanos. 
Os dois lados estão partindo para o chamado "Plano B" que, dito em termos simples, significa, no melhor dos casos, fim das negociações; e, no pior, guerra entre Rússia e EUA.

O dado chave a compreender na posição dos russos nesse conflito, como em outros conflitos recentes com os EUA é quea Rússia ainda é muito mais fraca que os EUA e, assim sendo, a Rússia não quer guerra. Não implica dizer que o país não esteja preparando-se ativamente para a guerra. Sim, é isso, precisamente, que a Rússia faz muito e muito ativamente. O significado desse dado chave é que, no caso de que chegue a haver conflito, a Rússia se empenhará muito, o mais possível, em mantê-lo o mais limitado possível.

Em teoria, eis, em linhas muito esquemáticas, os possíveis níveis de confronto:
1) Impasse militar à la Berlim em 1961. Pode-se dizer que é isso que já está acontecendo hoje, embora em maior distância e com menor visibilidade.
2) Incidente militar único, como aconteceu recentemente quando a Turquia derrubou um jato SU-24 russo, e a Rússia optou por não retaliar.

3) Série de confrontos localizados, semelhante ao que já está realmente acontecendo entre Índia e Paquistão.

4) Conflito limitado ao teatro de guerra sírio (como, pode-se dizer a guerra entre Reino Unido e Argentina pelas Ilhas Malvinas).

5) Confronto militar regional ou global entre EUA e Rússia.

6) Guerra termonuclear total entre EUA e Rússia.


Durante meus anos de estudante de estratégia militar, participei de muitos exercícios de escalada e desescalada e posso atestar que, por mais que seja muito fácil vir com cenários de desescalada, ainda estou por ver cenário crível para desescalada. Possível, isso sim, é a chamada "escalada horizontal", ou "escalada assimétrica", na qual um dos lados escolhe não subir a aposta, ou escalar diretamente, mas escolhe, em vez disso, um alvo diferente contra o qual retaliar, não necessariamente alvo mais valioso, apenas diferente no mesmo nível de importância conceitual (nos EUA Joshua  M. Epstein e Spencer D. Bakich fizeram a maior parte do trabalho de abrir a trilha, nesse tópico).

A principal razão pela qual podemos esperar que o Kremlin tente encontrar opções assimétricas para responder a ataque dos EUA é que no contexto sírio, a Rússia está inapelavelmente inferiorizada, na relação armada contra EUA/OTAN, pelo menos em termos quantitativos. As soluções lógicas para os russos estão em usar a própria vantagem qualitativa, ou visar "alvos horizontais" como opção para retaliação possível. Essa semana, aconteceu algo interessante e absolutamente não característico: o major-general Igor Konashenkov, Diretor do Diretorado do Serviço de Mídia do Ministério da Defesa da Federação Russa mencionou abertamente essa opção. Eis o que Konashenkov disse:

"Quanto às ameaças de Kirby sobre possíveis perdas de aeronaves russas, e o envio de soldados russos em sacos de cadáveres, de volta à Rússia, gostaria de dizer que sabemos onde e quantos "especialistas não oficiais" operam na Síria e na província de Aleppo e sabemos que estão envolvidos no planejamento operacional e que supervisionam as operações dos terroristas e militantes. Claro, pode-se continuar a repetir que não conseguem separar terroristas da [Frente] al-Nusra e as forças "da oposição". Mas se alguém tentar cumprir essas ameaças, absolutamente nada assegura que esses militantes tenham tempo para se escafeder de onde estão."
Boa, hein? Konashenkov parece estar ameaçando só os "militantes", mas faz clara menção a muitos "especialistas não oficiais" entre aqueles militantes e que a Rússia sabe exatamente onde estão e quantos são. Claro, oficialmente Obama declarou que há umas poucas centenas desses conselheiros especiais norte-americanos na Síria. Fonte russa bem informada sugere que sejam cerca de 5.000 'conselheiros' estrangeiros ao lado dos Takfiris incluindo cerca de 4.000 norte-americanos. Suponho que a verdade seja algo entre um e outro número.

Assim sendo, a ameaça russa é simples: ataquem os russos e os russos atacamos forças dos EUA na Síria. Claro, a Rússia negará veementemente ter alvejado soldados norte-americanos e insistirá que só atacou terroristas, mas os dois lados compreendem o que se passa aqui. Interessante também que ainda na semana passada a agência de notícias iraniana noticiou que esse ataque, pelos russos, já aconteceu:

30 oficiais de inteligência estrangeira de Israel mortos nem ataque com míssil Caliber russo, em Aleppo
"Os navios de guerra russos dispararam três mísseis Caliber contra a sala de coordenação de operações de oficiais estrangeiros na região de Dar Ezza na parte ocidental de Aleppo próximo à montanha Sam'an, matando 30 oficiais israelenses e ocidentais", lia-se na edição em árabe da Agência de Notícias, em Sputnik da Rússia, citando fonte no campo de batalha em Aleppo, na 4ª-feira. A sala das operações estava localizada na parte ocidental da província de Aleppo, em antigas cavernas, a meia altura das altíssimas montanhas Sam'an. A região está abrigada no fundo do vale de uma cadeia de montanhas. Vários oficiais dos EUA, sauditas, cataris e britânicos também foram mortos, além de oficiais israelenses. Os oficiais estrangeiros que foram mortos nas operações contra a sala de operações em Aleppo dirigiam dali os ataques dos terroristas contra Aleppo e Idlib."
Se isso realmente aconteceu, ou se os russos estão vazando essas histórias para indicar que isso poderia ter acontecido, permanece o fato de que forças dos EUA na Síria podem tornar-se alvo óbvio de retaliação operada pelos russos, seja com mísseis cruzadores, bombas de gravidade ou operação de ação direta pelas forças especiais russas. Os EUA também têm várias instalações militares clandestinas na Síria, incluído pelo menos um campo de pouso com a aeronave tiltirotor V-22 Osprey multimissão.

Outro interessante desenvolvimento recente foi a notícias, distribuída pelo canal Fox News, de que os russos estão estacionando o S-300V (também chamado "sistema antimísseis e antiaéreo SA-23 Gladiator") na Síria. Vejam nesse excelente artigo uma discussão detalhada das capacidades desse sistema de mísseis. Resumo o que lá se lê, se disser que o S-300V pode engajar mísseis balísticos, mísseis cruzadores, aeronaves de muito baixa altitude RCS ("invisíveis" a radares, chamados stealth) e aeronaves AWACS (Sistema Aéreo de Alerta e Controle [embarcado]; ing. Airborne Warning and Control System). 
Trata-se de sistema de defesa aérea de nível Exército/Exército, bem capaz de defender grande parte do espaço aéreo sírio, mas também capaz de alcançar a Turquia, Chipre, o Mediterrâneo ocidental e o Líbano. Os poderosos radares desse sistema não só conseguem detectar e acompanhar aeronaves dos EUA (inclusive as "stealth") em grandes distâncias, mas, também, podem dar tremenda ajuda aos poucos jatos de combate russos, por que lhes dão imagens claras das suas e das aeronaves inimigas, servindo-se de data links encriptados. 
Finalmente, a doutrina aérea dos EUA é extremamente dependente de aeronaves AWACS equipadas para guiar e dar apoio aos jatos dos EUA. O sistema S-300V forçará os AWACS de EUA/OTAN a operar a uma distância muito desconfortável. Entre os radares de mais longo alcance dos Sukhois russos, os radares dos cruzadores russos ao largo da costa síria, e os radares S-300 e S-300V em terra, os russos terão muito melhor clareza informacional da situação que seus contrapartes norte-americanos.

Parece que os russos estão tentando muito empenhadamente compensar a própria inferioridade numérica, instalando na região sistemas finais de alta qualidade, dos quais os EUA não têm equivalentes reais, nem contramedidas eficazes.

Há basicamente duas opções de contenção [ing. deterrence]: negação, quando se impede que o inimigo atinja os alvos definidos; e retaliação, quando se tornam os custos de um ataque inimigo inaceitavelmente altos para ele. Os russos parecem estar trabalhando as duas trilhas ao mesmo tempo. Pode-se resumir a abordagem russa, nos seguintes termos:
1) Adiar o mais possível qualquer confronto (ganhar tempo).

2) Tentar manter qualquer confronto no nível mais baixo possível de escalada.

3) Se possível, replicar com escaladas assimétricas/horizontais.

4) Em vez de "prevalecer" contra EUA/OTAN - tornar altos demais, os custos de qualquer ataque.

5) Tentar pressionar os "aliados" dos EUA, para criar tensões dentro do Império.

6) Tentar paralisar os EUA, no plano político, tornando altos demais os custos políticos de qualquer ataque.

7) Tentar criar gradualmente as condições em campo (Aleppo), para tornar fútil qualquer ataque dos EUA.
Para os educados por filmes de Hollywood e que ainda assistem à TV, essa estratégia só gera condenações e frustração. Há milhões de estrategistas de poltrona que têm certeza de que eles, sozinhos, fariam melhor trabalho que Putin, na reação contra o Império Norte-americano. Essa pessoas já há *anos* dizem que Putin "entregou" [orig. "sold out"] os sírios (e os novorrussos), e que os russos teriam de fazer X, Y e Z para derrotar o Império Anglo-Sionista. 
A boa notícia é que nenhum desses estrategistas de poltrona sentam no Kremlin e que, ao longo dos anos os russos nunca se afastaram da estratégia que traçaram, um dia de cada vez, mesmo quando criticados pelos que querem soluções rápidas e "fáceis". Mas a principal boa notícia é que a estratégia russa está funcionando. Não só a Ucrânia ocupada por nazistas está literalmente ruindo, caindo aos pedaços, mas os EUA, basicamente, já não têm opções na Síria (vejam essa excelente análise construída por meu amigo Alexander Mercouris, publicada no Duran).

Os únicos passos lógicos que restam para os EUA na Síria são: aceitar os termos que os russos oferecem; ou partir. O problema é que eu absolutamente não estou convencido de que os neoconservadores que governam a Casa Branca, o Congresso e a mídia-empresa norte-americana sejam "racionais", nem perto disso. Essa é a razão pela qual os russos empregaram tantas táticas de adiamento; e razão pela qual atuaram com tal e tamanho cuidado: estão lidando com ideólogos profissionais incompetentes, que simplesmente não jogam pelas regras não escritas, mas claras, das relações internacionais civilizadas. Eis o que faz a crise atual tão pior, até, que a Crise dos Mísseis Cubanos: uma superpotência, claramente, enlouqueceu.

Os norte-americanos são doidos o suficiente para correr o risco de mergulhar na 3ª Guerra Mundial por causa de Aleppo? Talvez sim, talvez não.

Mas e se reformularmos a mesma pergunta e perguntarmos:
Os norte-americanos são doidos o suficiente para arriscar uma 3ª Guerra Mundial para manter o próprio status como "única nação indispensável", "líder do mundo livre", "cidade no alto da colina" e todo o resto desse nonsense pró-imperialismo?
Nesses termos, eu diria que sim; e podem até já estar fazendo exatamente isso.

Afinal, os neoconservadores acertam ao sentir que, se a Rússia conseguir safar-se, tendo desafiado abertamente e derrotado os EUA na Síria, ninguém nunca mais levará muito a sério os anglo-sionistas.

Como vocês supõem que os neoconservadores sentem-se, quando veem o presidente das Filipinas, chamar Obama, publicamente de "filho de uma puta" e, na sequência, dizer que a União Europeia "que se foda"?

Claro, os neoconservadores ainda podem encontrar algum consolo na abjeta subserviência das elites políticas europeias, mas mesmo assim - eles sabem o que está escrito no muro e que o Império deles está ruindo rapidamente, não só na Síria, Ucrânia e na Ásia, mas também dentro dos EUA. O maior perigo aqui é que os neoconservadores podem tentar arregimentar a nação, seja encenando mais um ataque sob falsa bandeira ou disparando uma crise internacional real.

Nesse ponto do tempo, tudo que podemos fazer é esperar e contando com que haja resistência suficiente dentro do governo dos EUA para impedir que os EUA ataque a Síria antes da posse do próximo governo. E, por menos que eu apoie Trump, tenho de conceder que Hillary e a escória de neoconservadores russofóbicos que a cerca são tão horrendas, que Trump dá-me alguma esperança, pelo menos na comparação com Hillary.

Assim sendo, se Trump vence, nesse caso a estratégia dos russos estará basicamente justificada. Uma vez que Trump esteja na Casa Branca, há pelo menos a possibilidade de uma redefinição ampla das relações EUA-Rússia, a qual, é claro, começa por uma desescalada na Síria: enquanto Obama/Hillary categoricamente recusam-se a livrar-se do Daech (quero dizer: al-Nusra, al-Qaeda e suas várias denominações), Trump parece determinado a combater seriamente contraeles, ainda que isso signifique que Assad permanece no poder. Há aqui com muito maior probabilidade uma base para diálogo. Se Hillary for eleita, nesse caso os russos terão de encarar uma questão absolutamente crucial: o quão importante é a Síria no contexto da meta de ressoberanizar a Rússia e pôr abaixo o Império Anglo-sionista? Outro modo de formular a mesma questão é: "a Rússia prefere confrontar o Império na Síria ou na Ucrânia?"

Um modo de aferir os humores na Rússia é observar a linguagem de uma recente lei proposta pelo presidente Putin e aprovada na Duma e que trata da questão da Acordo Rússia-EUA para Gestão e Disposição do Plutônio [orig. Russia-US Plutonium Management and Disposition Agreement (PMDA)]. Nesse caso, mais uma vez, os EUA não cumpriram obrigações geradas por tratado; e a Rússia agora cancelou o acordo. Interessante é a linguagem escolhida pelos russos para listar as condições sob as quais aceitariam voltar a participar nesse acordo e, basicamente, aceitariam retomas qualquer tipo de negociação que envolva armamentos:
- A redução da infraestrutura militar e do número de soldados dos EUA estacionados no território de estados-membros da OTAN que se uniram à aliança depois de 1º/9/2000, que devem voltar aos níveis em que estavam quando o acordo inicial foi firmado e se tornou vigente.

- O fim da política hostil dos EUA em relação à Rússia, que deve ser confirmada pela abolição da Lei Magnitsky de 2012 e das condições da Lei de Apoio à Liberdade da Ucrânia de 2014 que foram dirigidas contra a Rússia.

- A abolição de todas as sanções impostas pelos EUA contra pessoas físicas e jurídicas legais da Federação Russa.

- A compensação por todos os danos sofridos pela Rússia, por efeito da imposição de sanções.

- E os EUA que apresentem, o mais rapidamente possível, um plano claro para disposição de plutônio, coberto e aprovado pela PMDA.
Ora... os russos não são doidos. Sabem muito bem que os EUA jamais aceitarão tais termos. Assim sendo, do que se trata aqui, realmente? Trata-se de um modo diplomático, mas absolutamente sem ambiguidades, muito claro, de dizer aos EUA exatamente o que disse o presidente filipino Duterte (e que Victoria Nuland disse - ao telefone - à União Europeia).

Melhor os norte-americanos começarem a prestar atenção. Tomem tento.*****
6/10/2016, The Saker, Unz Review.

Iraque - Estados Unidos - Arábia Saudita fecham acordo para transferir os terroristas do Estado Islâmico da cidade iraquiana de Mossul para a Síria.

Foto - sana.sy/es
Moscou, SANA - Uma fonte militar-diplomática em Moscou revelou um acordo firmado entre os Estados Unidos e o regime Saudita que permite a transferência segura para fora da cidade Iraquiana de Mossul dos terroristas do Estado Islâmico devem seguir para a Síria, a retirada se dará antes do inicio da operação para recuperar o controle da cidade iraquiana.

A agência de informação russa Novosti citando a referida fonte, "Disse que o acordo faz parte da fase preparatória para lançar uma operação de liberalização da cidade de Mossul, as agências de inteligência dos Estados Unidos e da Arábia Saudita chegaram a este acordo garantindo a todos os guerrilheiros em Mosul uma passagem segura para fora da cidade, juntamente com as suas famílias, estes combatentes da coligação internacional serão redirecionados para a Síria".

A fonte acrescentou que o acordo prevê a transferência de mais de 9000 terroristas e familiares da cidade de Mossul para o leste da Síria, a fim de incorporá-los em uma grande ofensiva que está sendo preparada para acontecer contra as cidades de Palmyra e Deir al-Zour.

De acordo com a fonte, o Comando Geral de Inteligência da Arábia assumiu o papel de mediador e fiador para o acordo com os terroristas Daesh sobre deixar a cidade de Mosul, observando que um processo semelhante ocorreu durante a recuperação cidade iraquiana de Fallujah, em junho passado.

E neste sentido, a fonte russa disse que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama já tomou a decisão de implementar a operação de Mossul, no mês de outubro, indicando que a operação visa alcançar fins políticos, e desacreditar as realizações das forças militares espaciais da Rússia na luta contra o terrorismo na Síria.

M.Miri

Link: http://sana.sy/es/?p=53820

Brasil é o pior país da América do Sul para ser menina, aponta ONG.

Da Redação
Dados mostram que tanto no RS quanto no Brasil há uma proporção considerável de negras e pardas entre adolescentes com o filho|Foto: Agência Brasil
Casamento infantil e gravidez na adolescência são fatores que puxam o Brasil para baixo no ranking |Foto: Agência Brasil
Relatório divulgado nesta terça-feira (11), da ONG Save the Children, indica que o Brasil tem muito o que avançar em termos de direitos das meninas. O documento, que analisa índices de casamento infantil, gravidez na adolescência, acesso a direitos reprodutivos, escolaridade e participação de mulheres na política, colocou o país como 102º do mundo, dentre 144 analisados. Com isso, o relatório aponta que Brasil é o pior lugar da América do Sul para ser uma menina — na América Latina, fica na frente apenas de Guatemala e Haiti. O ranking é encabeçado por Suécia, Finlândia e Noruega. O primeiro país de fora da Europa é a Nova Zelândia, na 16ª posição, e o primeiro da América Latina é Cuba, na 34ª.
Segundo a Save the Children, a cada ano, 15 milhões de meninas se casam antes de completar 18 anos. Em países em desenvolvimento, o número chega a ser de uma a cada três meninas. Uma das formas de prevenir essa realidade é o investimento em educação: conforme o relatório, esta seria uma das principais maneiras de se evitar o casamento infantil. Na Índia, um dos países com pior índice em termos de casamento infantil, muitas meninas também abandonam os estudos para cuidar de irmãos mais novos.
A pobreza, a guerra e as crises humanitárias são os principais fatores que promovem os casamentos infantis. Segundo o documento, nos países onde há conflitos, muitas famílias preferem casar as filhas cedo como forma de as proteger da pobreza e da guerra. No mundo, a mortalidade materna é a segunda maior causa de morte de adolescentes entre 15 e 19 anos, enquanto a primeira é suicídio.
O casamento infantil e a gravidez na adolescência são dois dos fatores que colocaram o Brasil em uma posição tão ruim no ranking. “O Brasil é um país com uma renda média-alta, mas está apenas um pouco acima no ranking do que o Haiti, com sua baixa renda e fragilidade”, aponta o documento. A falta de representação política também fez o país cair: a ONG se baseou em dados da Women in National Parliaments, que avalia a porcentagem de mulheres nos parlamentos em cada país, que colocou o Brasil como 155º dentre 187 países. Dentre os eleitos em 2014, menos de 10% dos parlamentares são mulheres.
Menina etíope de 17 anos com seu filho, de cinco. Ela casou aos 12 e foi abandonada pelo marido | Foto: Save the Children
Menina etíope de 17 anos com seu filho, de cinco. Ela casou aos 12 e foi abandonada pelo marido | Foto: Save the Children
Os piores lugares para se ser uma menina estão entre os mais pobres do mundo: Niger, Chad, República Centro Africana e Mali. Ao mesmo tempo, o relatório aponta alguns exemplos positivos, como Ruanda, que está na 49ª posição, puxada pela alta quantidade de mulheres nos parlamentos (é o com maior índice do mundo) e por estar conseguindo prevenir bem casamentos infantis e gravidez na adolescência, quando comparado com países de renda semelhante.
A maioria dos países está com dificuldades para ter paridade de gênero na política, o que independe do tamanho da economia, segundo a Save the Children. Apenas três países com a maior proporção de mulheres nos parlamentos são considerados ricos: Suécia, Finlândia e Espanha. Ruanda lidera o ranking com 64%, seguido por Bolívia e Cuba. Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos há apenas 19% de parlamentares mulheres, o que fez o país ficar em 32º no índice da ONG. O alto índice de mortalidade materna também colaborou para que a maior economia do mundo caísse no ranking, com uma taxa de 14 mulheres mortas a cada 100 mil nascimentos, índice semelhante ao do Uruguai e do Líbano. A Argélia, que está logo acima dos Estados Unidos, conta com 31% dos parlamentares mulheres, além de índices relativamente baixos de mortalidade materna.

A UFMA/GEDMMA - Convida para o I Seminário Conflitos Ambientais em Territórios do Corredor Carajás: Vivências, Saberes e Resistência.


Convidamos para o I Seminário Conflitos Ambientais em Territórios do Corredor Carajás: Vivências, Saberes e Resistência, que ocorrerá no dia 14/10/2015, sexta-feira, das 9h às 18h30, no Auditório A do Centro de Ciências Humanas da Universidade Federal do Maranhão (CCH/UFMA).

A atividade em questão consiste na conclusão do curso de formação política mantido pelo projeto de extensão Programa Grande Carajás, Cidadania, Direitos Humanos e Educação Ambiental, apoiado pela FAPEMA.



O projeto – realizado pelo Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA/UFMA) em parceria com a Rede Justiça Nos Trilhos (JnT) – teve início em 2014 e agora está finalizando a sua prime ira etapa no dia 14 de outubro de 2016, com o seminário que visa a socialização das experiências desses 2 anos de trabalho de extensão.

A realização da atividade envolverá a participação de 40 jovens dos municípios de Açailândia, Buriticupu, Santa Inês, Igarapé do Meio, Arari, Miranda, Povoado Rural de Santa Rosa dos Pretos em Itapecuru Mirim, Santa Rita e São Luís, todos eles advindos de comunidades e povos tradicionais impactados diretamente pela chegada de projetos desenvolvimentistas no estado do Maranhão.


Durante o evento, debateremos a respeito de temas como desenvolvimento, impactos socioambientais e meio ambiente. 

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Maranhão. Polícia Federal desarticula organização criminosa de tráfico de drogas internacional.


PF desarticula organização criminosa de tráfico de drogas no MA

São Luís/MA - A Polícia Federal deflagrou hoje (11/10), nas cidades de São Luis/MA, Vitorino Freire/MA, Pinheiro/MA, Vitória do Mearim/MA, Santa Inês/MA, Olho d’Água das Cunhãs/MA, Castanhal/PA.
A Operação Thunderbolt, com objetivo desarticular associação criminosa especializada no tráfico transnacional de cocaína oriunda da Colômbia e Peru, tendo como destino traficantes atuantes no Maranhão.
Cerca de 68 policiais federais estão cumprindo 16 mandados de prisão preventiva, 1 de prisão temporária e 10 mandados de busca e apreensão. Além disso, o Juízo da Vara Federal da Subseção Judiciária de Bacabal/MA também determinou o sequestro de bens e bloqueio de valores dos investigados. Ainda está sendo cumprido mandado de prisão preventiva contra um traficante colombiano, cujo nome foi incluído na difusão vermelha da Interpol.
A investigação, que teve início há cerca de dois anos, identificou três núcleos de uma estruturada organização criminosa de traficantes especializados na venda de cocaína, principalmente na capital maranhense e nas macrorregiões de Bacabal/MA e Santa Inês/MA.
Um dos núcleos da organização adquiria a droga produzida na Bolívia e a transportava até o território maranhense por aeronaves e/ou veículos terrestres. Outros dois núcleos, chefiados por traficantes atuantes em Bacabal/MA e São Luís/MA, recebiam a cocaína de um traficante colombiano, residente em Letícia, na Colômbia. O entorpecente era transportado, por via fluvial, até cidades ribeirinhas do Pará, de onde era levado de carro ao Maranhão.
O acompanhamento dos alvos pela Polícia Federal, durante o período da investigação, possibilitou a apreensão de cerca de 200 kg de cocaína e a prisão em flagrante de oito envolvidos, além da apreensão de veículos de luxo e valores em espécie.
Não será concedida entrevista coletiva.
Comunicação Social da Polícia Federal no Maranhão
Contato: 98-31315105/99128-6428 (WhatsApp)

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Guerra da Síria. Vetos cruzados no Conselho de Segurança.

O Conselho de Segurança reuniu-se a 8 de Outubro de 2016 para debater não apenas a proposta de resolução franco-espanhola sobre a Síria, mas também uma contra-proposta russa.
Sem surpresa os dois textos foram rejeitados, pelos vetos da Rússia quanto ao primeiro, pelo bloco atlantista quanto ao segundo.
É a primeira vez na história do Conselho que uma tal situação se verifica.
A proposta francesa visava impedir a Síria e a Rússia de aplicar a resolução 2249 que «exorta os Estados-Membros (...) a redobrar os seus esforços e a coordenar a sua acção tendo em vista prevenir e pôr fim aos actos de terrorismo cometidos, em particular, pelo EIIL, igualmente conhecido sob o nome de Daesh (E.I.), assim como pela Frente Al-Nusra e quaisquer outros indivíduos, grupos, empresas e entidades associadas à Al-Qaida». De forma contraditória, o texto francês fazia referência ao acordo russo-americano de cessação das hostilidades (segundo o qual os Estados Unidos devem separar os rebeldes moderados dos jiadistas extremistas), ao mesmo tempo interditando o bombardeando dos extremistas e o sobrevôo não apenas de Alepo-Leste, mas também de Alepo-Oeste.
A proposta russa fazia igualmente referência ao acordo de cessação das hostilidades, mas louvava a aplicação da resolução 2249 contra os jiadistas.
Fechando o episódio da cessação das hostilidades, a Jund al-Aqsa katiba (saída da Al-Qaida e considerada, portanto, por todos como «extremista» juntou-se oficialmente à Frente Fateh al-Sham (nova designação da frente Al-Nusra, após a sua separação “amigável” da Al-Qaida).
Pondo em causa a OTAN, o representante russo, Vitaly Churkin, arrasou os seus colegas, declarando: «o representante permanente do Reino Unido vem gritar pateticamente: —”Parai já!”. Realmente, parai imediatamente de apoiar todo o tipo de escória no mundo inteiro, quer sejam extremistas, terroristas ou todos aqueles que se divertem a desestabilizar a situação em tal e tal país. De um modo geral, parai de imiscuir-vos nos assuntos dos outros Estados soberanos, deixai os vossos hábitos coloniais, deixai o mundo tranquilo. Isso permitirá sanear a situação em muitas regiões do mundo».
Por sua parte, o representante da Síria, Bashar Jafari, continuou: «os Estados Unidos, a França e o Reino Unido sequestram desde há seis anos o Conselho, sessão após sessão, patrocinam declarações de projecto, e isto para induzir em erro a opinião pública, pretendendo mostrar que procuram resolver a crise no meu país».
A China votou a favor da proposta russa, mas preferiu abster-se de opor o seu veto à proposta francesa.
Os vetos cruzados soltaram as línguas e muitos responsáveis políticos, como o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros (relações exteriores-br), Frank-Walter Steinmeier, o qual numa entrevista com o jornal Bild advertiu os seus concidadãos para o risco de Guerra Mundial.
Entretanto na Síria, não se crê que Washington passará as suas ameaças à prática e bombardeará o país, ou, no mínimo, o seu exército. A libertação do país prossegue, nomeadamente com um recuo cada vez mais saliente dos jiadistas em Alepo.
Simultaneamente, a situação crispou-se no Iraque. Bagdade não parece estar no mesmo comprimento de onda da Coligação Internacional anti-Daesh a propósito da libertação de Mossul, ocupada pelos jiadistas. As razões ocultas foram explicitadas pelo presidente turco Recep Tayyip Erdoğan na televisão saudita RotanaTV (propriedade do Príncipe Walid Ben Talal, Embaixador oficial do Reino em Israel). Retomando as suas declarações ao quotidiano turco Sabah, ele anunciou que uma vez Mossul libertada do Daesh (EI), a sua população devia permanecer tal como o Daesh a tinha depurado, ou seja, exclusivamente sunita. Além disso, ele foi lembrando que a Turquia mantinha as suas tropas na região, apesar da oposição de Bagdade, porque ela tinha um direito histórico sobre a cidade.
Numerosos Iraquianos interpretaram estas declarações irredentistas como o anuncio de uma possível ocupação turca da cidade, após a do Daesh (EI).
Em Saná, um míssil não identificado matou 140 de Iemenitas que estavam a celebrar o luto do pai do Ministro do Interior. O General Jalal al-Rouichene havia sido nomeado para este posto pelo Presidente Abd Rabbo Mansour Had. Ele permaneceu neste posto no governo estabelecido pelos revolucionários Hutis, é pois considerado um traidor pelos Sauditas. Suspeita de estar na origem do ataque, a Arábia Saudita desmentiu a sua implicação e afirmou não ter bombardeado Sana nesse dia. Mas esta declaração de Riade não desculpa os aliados da Arábia Saudita que participam na guerra contra o Iémene.
Tradução 

A extinção massiva dos rios brasileiros.


A extinção massiva dos rios brasileiros. 25218.jpeg

O fenômeno da Pororoca, mundialmente conhecido, já não existe mais. Você sabia disso? As águas do rio Araguari, no Amapá, já não têm forças para chegar à foz e sofrer a força reversa das águas, o que gerava as ondas. Construíram barragens em seu leito para gerar energia, que vem para o sul do país, além de pisotear suas margens com manadas de búfalos.
Por Roberto Malvezzi (Gogó)
As águas do Araguaia estão cada vez mais escassas. Muitos de seus afluentes, antes perenes, agora também são intermitentes.
O São Francisco agora terá uma vazão de apenas 700 m3/s. Um rio que, segundo o discurso oficial do antigo governo federal, tinha uma vazão "firme" de 1800 m3/s a partir de Sobradinho. E olha que a Transposição sequer começou. Onde Domingos Montagner morreu, na verdade, o que existe é um fiapo de água, em comparação com o que era o Cânion do São Francisco.
O mais emblemático, sem dúvida, é o rio Doce. A tragédia da Samarco não tem precedentes em território nacional, mas está sendo tratada como algo secundário e como se fosse apenas um acidente de percurso.
Se falarmos, então, da qualidade de nossas águas, teremos que lembrar do Tietê e do Pinheiros, a cara, a cor e o cheiro do desenvolvimento de São Paulo.
O que acontece não é fruto apenas de como se trata as calhas principais de nossos rios, mas de todo o desmatamento do território dessas bacias. A destruição do Cerrado - reconhecimento rotineiro nos meios científicos e socioambientais - levará consigo os rios que dependem do Cerrado. 
Já em 2004 tínhamos a informação que, apenas no Norte de Minas, cerca de 1200 rios menores tinham sido eliminados. Sem o Cerrado, nos dizem os cientistas, não haverá São Francisco, Araguaia e tantas rios que dependem dos aquíferos do Planalto Central. 
A criação do MATOPIBA - território do agronegócio no Cerrado - levará às profundezas esse modelo predador do bioma.
A curva de decadência de nossos rios coincide exatamente com a expansão das monoculturas, seja de grãos, de gado, ou outra qualquer. É só comparar os gráficos a partir da década de 1970.
Assim, nesse dia de São Francisco, como os profetas dos tempos antigos, que amaldiçoavam o dia que tinham nascido, não nos cansamos de trazer más notícias, ainda que sejam em forma de denúncia (Jeremias 20,14-18).
Toda classe política, todo mundo econômico - exceções de sempre - está a alguns anos-luz distante de enxergar o país por esse ângulo. Então, prosseguimos em linha reta rumo ao abismo.