segunda-feira, 17 de outubro de 2016

São Paulo. Motim em hospital de custódia em Franco da Rocha termina com incêndio e fugas.


Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil

Detentos do Hospital de Custódia André Teixeira Lima, no município de Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo, fizeram hoje (17) um motim na unidade e alguns conseguiram fugir.

Os presos incendiaram pelo menos três pavilhões. Até as 19h45, o Corpo de Bombeiros não tinha recebido autorização para iniciar o combate ao fogo porque os agentes penitenciários estavam fazendo a recontagem dos detentos. 

A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) não tem informações sobre mortos ou feridos nem sobre o número de presos que conseguiu escapar.

O Hospital de Custódia André Teixeira Lima é destinado ao tratamento psiquiátrico de detentos cumprem pena em regime fechado e semiaberto, homens e mulheres. 

Também há presos provisórios e em medida de segurança. De acordo com a SAP, em contagem feita no último dia 13, havia 523 presos na unidade, que tem capacidade para 594 pessoas.

No dia 29 de setembro, 470 presos fugiram do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) da cidade de Jardinópolis (SP) quando passavam por uma revista de rotina.

Edição: Luana Lourenço.

Detentos são mortos e decapitados na região norte do Brasil

Confrontos entre facções criminosas em presídios dos estados de Roraima e Rondônia provocaram a morte de pelo menos 18 pessoas nas últimas 24 horas. Segundo a polícia, houve casos de asfixia e decapitação.



No último domingo, em uma penitenciária da zona rural de Boa Vista (RR), dez detentos pertencentes ao grupo Comando Vermelho (CV) foram mortos em uma briga com membros do Primeiro Comando da Capital (PCC). Vários corpos foram queimados e, de acordo com as autoridades, duas vítimas foram decapitadas.


A rebelião ocorreu durante o horário de visitas na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, onde cerca de cem familiares dos presos foram tomados como reféns e, mais tarde, liberados por agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar. 

Já na madrugada desta segunda-feira, na Penitenciária Ênio dos Santos Pinheiro, em Porto Velho (RO), outros oito detentos foram mortos e mais de 20 ficaram feridos em mais um enfrentamento entre facções rivais. 

Segundo as autoridades locais, todas as mortes ocorreram por asfixia em decorrência de um incêndio provocado em uma das celas do presídio. De acordo com o site Rondoniaovivo, o incidente em Rondônia também foi provocado por membros do CV e do PCC.


Link:https://br.sputniknews.com/brasil/201610176573916-rebeliao-roraima-rondonia/

Brasil. Guerra entre facções causou rebelião em vários presídios do país, diz secretário.

O movimento entre as facções vem sendo observado nos presídios há cerca de uma semanaArquivo/Wilson Dias/Agência Brasil




Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil.

O secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uziel de Castro, disse hoje (17) que a rebelião que ocorreu na tarde de ontem (16) na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, foi uma determinação nacional da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, de atacar os integrantes do Comando Vermelho, grupo criminoso do Rio de Janeiro. “Eles declararam guerra entre as facções. Estamos percebendo em nível nacional o rompimento desse acordo entre eles", disse Castro, explicando que existem ramificações dos grupos em vários estados do país.

Segundo ele, também ocorreram rebeliões no Pará e em Rondônia, com a mesma motivação. De acordo com Castro esse movimento entre as facções está sendo observado nos presídios há cerca de uma semana.

Diferente do número divulgado pela Polícia Militar anteriormente, dez presos morreram ontem na penitenciária de Boa Vista. O confronto entre as facções começou durante o horário de visitas, por volta das 16h. Cerca de 50 familiares de presos foram feitos reféns, mas liberadas por volta das 20h, após intervenção da Polícia Militar.

A Penitenciária Agrícola de Monte Cristo tem capacidade para 700 presos. Mas atualmente abriga 1,4 mil. Segundo o secretário, o governo busca recursos junto ao governo federal para a construção de novas unidades prisionais.

O secretário informou que os presos foram contidos e separados e que a unidade já voltou à rotina normal. Os corpos dos detentos mortos já estão no Instituto Médico Legal para a perícia.

Edição: Maria Claudia.



Brasil. Rebelião em presídio de Roraima deixa 25 mortos.



Da Agência Brasil*

Vinte e cinco presos morreram ontem (17) durante uma rebelião na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, Roraima. 
Cerca de 100 familiares de presos foram feitos reféns, mas liberadas após intervenção da Polícia Militar.

O confronto entre as facções começou durante o horário de visitas quando homens de uma das alas quebraram os cadeados e invadiram outra ala do presídio.

De acordo com a Polícia Militar, entre os mortos, sete foram decapitados e seis foram queimados.

LEIA MAIS: Brasil. Guerra entre facções causou rebelião em vários presídios do país, diz secretário. http://maranauta.blogspot.com.br/2016/10/brasil-guerra-entre-faccoes-causou.html

*Com informações da Radioagência

Edição: Kleber Sampaio


Tarso Genro. Os assassinos estavam no Comitê Central.

tarso-genro2Por Tarso Genro
Enquanto o articulista da Folha, Contardo Calligaris, diz que “a política brasileira está muito difícil para a ficção” (UOL 25.05), o líder do “Movimento Brasil Livre” declara (Clic-RBS 25.05) que a máquina dos partidos “foi utilizada” para financiar os “movimentos pró-impeachment”, informação tratada pela Folha como uma grande novidade. Vou argumentar em sentido contrário. Ficção e realidade se entrecruzam de forma permanente, na nossa esfera política e esta -por sua vez- é facilmente acessada pela ficção. 
Assim como a ficção se expressa, por maneirismos jornalísticos muito específicos, quase todos os dias na mídia tradicional, a ficção propriamente literária, com o tempo, acessa e inspira-se em situações iguais ou análogas às que vivemos hoje e ilumina o passado através da grade literatura. Lembro-me de “Doctor Faustus” de Thomas Mann, “Os Thibault” de Roger Martin-dGard” ou “As Vinhas da Ira”, de Steinbeck. Quando Faulkner, por exemplo, publicou “Enquanto agonizo”, em 1930, ele já tinha acúmulo suficiente, para dar voz aos pobres do Sul dos Estados Unidos e dizer , na voz de Cash: “…é melhor construir um galinheiro bem-feito do que construir um tribunal malfeito, e se forem bem ou mal construídos não importa, porque não é um ou outro, que vai fazer um homem se sentir bem ou mal”. Um dia os nossos grandes escritores levarão para o plano da arte os nossos atuais galinheiros e Tribunais, com as suas grandezas e misérias.
A imagem da política nacional passada pela grande imprensa, no que refere ao processo de impedimento da Presidenta Dilma -com as exceções de praxe- foi um péssimo jornalismo. Ele ainda vai inspirar uma grande ficção literária, quem sabe para um Raduan Nassar, um Luis Antonio Assis Brasil ou um Antonio Callado redivivo . Esta inspiração poderá partir do comportamento desta imprensa que, insistindo na “espontaneidade”, “despartidarização” e “autenticidade” -tanto das jornadas de 2013, como dos atuais movimentos pró-impeachment- promoveu um vasto painel de ficções. Seus relatos dos movimentos de rua, como se eles fossem sinceramente dirigidos por líderes avessos à corrupção, foi um feito ficcional extraordinário.
Neste processo, a maior parte da grande mídia “fazia de conta” que não sabia, que o que estava sendo armado era a vitória do capitalismo rentista, com a radicalização do “ajuste”. Ela estava consciente, contudo, que quem poderia fazer isso, sob pressão, seria uma Confederação de Investigados e Denunciados: a redução dos gastos públicos com a educação e com o Sistema Único de Saúde, bem como o gradativo sumiço dos demais “gastos supérfluos” -relacionados com as políticas de coesão social em andamento- era o objetivo maldito. E ele só poderia ser cumprido por desesperados ou ameaçados. É o que estava e está em jogo, na cena política brasileira, o que indica que não está difícil para a ficção literária, pois esta vem sempre mais tarde e o presente retratado pela mídia, já é a ficção ao vivo e também matéria bruta da ficção como literatura, que certamente os grandes escritores construirão mais tarde..
Em 1981, Manuel Vàsquez Montalban publicou uma grande novela -“Asesinato en el Comite Central”- apenas seis anos depois da morte do general Francisco Franco. Ali, Montalban abriu um debate, em parte sobre a transição espanhola, mas sobretudo a respeito da falência da esquerda comunista em dirigir aquele processo, pela sua escassa compreensão do problema da integração europeia. Na sua ficção literária, o comunista Montalban relata o assassinato – numa reunião do Comitê Central – do Secretário Geral do Partido, Santiago Carrillo, que se fizera defensor do “eurocomunismo”, teoria que apontava a falência da União Soviética, como experiência socialista universal. A crítica de Carrillo centrava-se, tanto na questão democrática, como na questão da organização da produção. Mas pairou, no livro de Montalban, uma dívida atroz: o assassinato de Carrillo (que no livro tem o nome de Fernando Garrido), teria sido encomendado pela CIA, interessada em fazer fracassar uma transição democrática mais “pela esquerda”, ou pela KGB, interessada em não permitir prosperar um “dissenso comunista” renovador? Quais as forças externas que interferiram na transição espanhola, não se sabe com segurança até hoje. Como não se sabe, nos anos de chumbo da Itália, quem orientou a mão dos fascistas que fizeram explodir, com dezenas de mortos, a Estação Férrea de Bolonha.
Um livro do falecido professor Reneé Dreifuss publicado em 1981, fruto de uma extensa pesquisa documental e bibliográfica (“1964 a Conquista do Estado”), mostrou que naquele ano não ocorreu no Brasil uma simples quartelada , mas uma profunda mudança no padrão de acumulação, obedecendo a uma lógica de dominação imperial, por parte dos EEUU. A obra do grande professor Dreifuss mostrou, ainda, que o golpe militar teve uma expressiva participação de setores da sociedade civil anticomunista, com seus interesses empresariais associados a este novo padrão de desenvolvimento, integrado e submisso à geopolítica americana. Diferentemente do que ocorreu naquela época, cujo revestimento central da política golpista era se opor comunismo soviético, as mobilizações contra o Governo eleito da Presidenta Dilma, trouxeram às ruas um contingentes de pessoas, cujas motivações tem diversas origens. Seja porque ela manejou mal a economia, porque o Governo não correspondeu as suas expectativas eleitorais, ou por puro ódio colonial-escravista, contra as políticas sociais dos Governos do PT.
Ficou claro, porém, nesta última semana, que a central do golpismo institucional passou longe dos militares e foi formado pelo oligopólio da mídia, articulado com setores do Ministério Público, dos Juízes e das lideranças políticas do rentismo “liberal”, que unificaram esta diversidade. E o fizeram -pautados pela mídia- a partir da raiva contra tudo que foge aos seus padrões de civilidade elitista, ao mesmo tempo permissiva e fascista, “liberal” e reacionária, amoral e fisiológica: de Alexandre Frota a Bolsonaro, de Fernando Henrique a Aécio, de Pauderney a Jucá. Mas não pensemos que as instituições do Estado Democrático de Direito estão falidas e que a nossa democracia não tem saída, pois isso é o que nos querem fazer crer a grande mídia e o nosso percentual de fascistas de turno. A questão é mais complexa, não é somente nacional, nem é fruto de uma crise contingente do capitalismo global, mas de um novo ciclo em que ele pretende se renovar. A crise é o pulmão capitalismo, dizia um barbudo subversivo, e através dela ele respira e se renova.
O que se diz aqui, não é que o PT seja uma comunidade de anjos ou que indivíduos dos nossos Governos não tenham cometido ilegalidades ou crimes, tanto nos Governos de Lula, como de Dilma, como de resto sempre ocorreu em todos os Governos que nos precederam, inclusive em maior grau. Nem se defende que a “lava-jato” tenha sido instituída para “aniquilar o PT”, como querem fazer crer alguns formuladores do nosso campo político-partidário, ou que somos vítimas, exclusivamente, dos nossos “acertos”. O que sustento é que a estratégia política de longo curso, da direita liberal-rentista, teve sucesso: hegemonizou uma maioria na sociedade e pôs boa parte dos aparatos institucionais do Estado a seu serviço. Montou uma Frente Política sem qualquer programa visível e uniu os corruptos e fisiológicos de todas as origens, bem como convenceu a maior parte da cidadania – através de um trabalho meticuloso feito pela grande mídia- que estavam “atacando a corrupção”.
Formaram, assim, aquela grande Federação de Investigados e Denunciados, boa parte deles originários dos nossos Governos, para se apropriar do Estado Brasileiro sem votos, o que por si só não revela uma debilidade estrutural do nosso estatuto democrático, pois o que vem daí é o “ajuste” mais severo das últimas décadas, não o fim da democracia política, tal qual a conhecemos. O “ajuste”, todavia, é capaz de reorganizar estrutura de classes da sociedade, através de uma acomodação conservadora, pois -vide a Espanha, França e Portugal- os ajustes também formam, na sociedade civil, as suas próprias bases estáveis, se a esquerda não tiver condições de ampliar a sua liderança para formar maiorias eleitorais. As lutas “sociais” podem mitigar as reformas mais duras, mas um outro ajuste de corte democrático, onde “quem tem mais paga mais”, só pode ser viabilizado a partir dos movimentos sociais, por maiorias políticas que tenham reflexos nos resultados eleitorais. Creio que este deve ser o ponto de partida de uma estratégia de esquerda, para o período que nos aguarda.
As caracterizações políticas do “centro”, da “esquerda” e da “direita”, não tem as mesmas propriedades em distintos períodos históricos. Para dar dois exemplos bem flagrantes, lembremo-nos que o PT chega ao Governo como partido de “esquerda”, pela via democrática e vai rapidamente ao “centro”, para poder governar, encontrando ali situado o PMDB. Este se torna nosso aliado, por um longo período de Governo, para que pudéssemos avançar em políticas sociais e educacionais que mudaram as condições sociais e econômicas de mais de 50 milhões de brasileiros. Hoje, porém, o PMDB é o eixo em torno do qual a direita “liberal” e a extrema direita, se reorganizam para fazer o “ajuste” exigido pelos credores da nossa dívida pública, cujos sacrifícios vão recair sobre os mais pobres e os remediados.
Neste sentido, o PMDB não só não mudou, como é falso dizer que ele traiu, pois a estratégia de enfrentamento da crise mundial, com um ajuste que onere internamente os mais ricos, nunca foi um compromisso deste Partido e nem o PT conseguiu formulá-la claramente. Creio que isso é suficiente para mostrar que o PT só pode se regenerar, como partido democrático de esquerda no interior de uma outra Frente Política, que não vise somente chegar ao Governo, mas, que possa chegar novamente nele com maioria social e parlamentar, para aplicar um novo programa de avanços no emprego, na democracia, no crescimento da economia. A falsa luta contra a corrupção, não o rentismo, foi o que conseguiu dar unidade à frente política do golpismo, por isso agora o “ajuste” passa ser motivo de dissenso, tanto no interior do próprio aparato estatal, como na própria base do Governo Temer, além de sê-lo na sociedade.
Uma estratégia democrática de mudanças sociais e econômicas requer uma tática política democrática coerente com os fins da estratégia desenhada. Opino que, hoje, o que é capaz de definir as propriedades dos campos políticos, tidos como de “esquerda” e “direita”, é a posição dos sujeitos políticos organizados, sobre quatro questões chaves: o enfrentamento com o “ajuste” liberal-rentista, que será inócuo se não apresentarmos qual o nosso “ajuste” e quais a suas consequências imediatas na vida do nosso povo; a proposta de uma reforma política, que será inócua se não deixar clara a proibição do financiamento dos partidos pelas empresas (fonte principal da corrupção) e não barrar os micro partidos de “negócios”; uma reforma para democratizar os meios de comunicação e permitir a livre circulação da opinião, que será inócua se não tiver a possibilidade de resgatar a comunicação para as suas finalidades, já proclamadas na Constituição de 88; e, finalmente -independentemente de continuarmos na luta para bloquear o “impeachment”- um amplo acordo para a relegitimação do Poder Político no país, seja por um referendo para novas eleições, seja por uma PEC que convoque eleições gerais, no menor prazo possível. Este “amplo acordo” será inócuo, se não resgatar, para o nosso lado, inclusive lideranças que transitaram em apoio ao “impeachment”, mas que se revelam hoje contra o “ajuste” liberal-rentista e já se sentem enganados pela cantilena da falsa luta contra a corrupção, promovida pela Rede Globo.
Na novela de Montalban, o tiro que assassinaria Carrillo veio de dentro do próprio Comitê Central, revelando a existência de um enigma sobre a transição espanhola, bem como a incompetência do seu Partido Comunista, para entender o que estava acontecendo na Europa. No golpismo brasileiro, o tiro que quer assassinar o mandato da Presidenta Dilma, também vem de dentro do “Comitê Central”: vem do âmago do Governo, do seu núcleo mais comprometido com todos os seus erros, do seu cerne político mais forte no Parlamento. 
Esta é a notável realidade, que a mídia nacional transformou numa cruzada fictícia contra a corrupção, que sai da crise, até agora, mais forte. E mais unida, pois quando os partidos mais influentes do país – sem separação de responsabilidades – são atingidos sem que se fixem politicamente as responsabilidades individuais, a tendência é o povo dizer que “se vayan todos”. E ficam, no fim do túnel, os vampiros do ajuste, com seus dentes afiados, celebrando o homem abstrato do mercado e levando ao desespero as pessoas concretas que trabalham.
.oOo. Tarso Genro foi Governador do Estado do Rio Grande do Sul, prefeito de Porto Alegre, Ministro da Justiça, Ministro da Educação e Ministro das Relações Institucionais do Brasil.

Em Cuba, a passagem do furacão Mathew não matou ninguém.

REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Foto Brasil 247.
Artigo copiado da Colunista do 247, Tereza Cruvinel é uma das mais respeitadas jornalistas políticas do País.

Num momento em que o Brasil volta a cultuar o Estado mínimo, que tem como medida inaugural a PEC do teto para o gasto público federal, alguma coisa podemos aprender com a passagem do furacão Mathew. O Haiti foi devastado, mais de mil pessoas morreram, sem contar as vítimas fatais e os desabrigados em toda a América Central e nos Estados Unidos. Sabem quantas pessoas morreram em Cuba? Nenhuma. A diferença: a ação do Estado. Isso não saiu na mídia e muito menos nas agências americanas de notícias.

No Haiti, além de causar mais de mil mortes e deixar 60 mil pessoas desalojadas,  o furacão provocou o adiamento da eleição presidencial do dia 9 passado para o dia 20 de novembro. O Haiti, que nem havia se recuperado da tragédia do terremoto de 2010, mergulhou no caos. Mas ali não existe ainda propriamente um Estado. O Haiti é uma nação sofrida e em frangalhos tentando virar um país. O furacão, entretanto, fez vítimas também no país mais rico do mundo. Pelo menos 43 pessoas morreram nos Estados Unidos, sendo 26 apenas na Carolina do Norte.

E o que houve em Cuba? Uma vigorosa ação preventiva comandada pelo Governo, evacuando as vítimas potenciais antes da chegada do furacão, mobilizando as pessoas para abrigar os que precisavam deixar suas casas, reforçando estruturas de atendimento e preparando eventual atendimento hospitalar. 

O presidente Raul Castro deslocou-se pessoalmente para Santiago, na costa oriental, de onde comandou as ações preventivas que  impediram mortes e devastações como as que atingiram o Haiti, a poucos quilômetros da ilha, bem como outros paises da região. O estado cubano dispõe de um sistema mais eficiente que o dos Estados Unidos para detectar furacões. Depois, entra em cena o governo, com ações junto à população para prevenir as consequências nefastas.

No Brasil do Estado mínimo, o sistema de defesa civil também sofrerá com a redução de verbas. Furacões não costumam passara por aqui, mas a seca sim, costuma castigar o Nordeste, que por sinal vai enfrentar uma das piores no ano que vem.  Podem ir rezando os nordestinos porque do Governo focado no ajuste fiscal não terão muito o que esperar.

Altamira/PA. Mais um socioambientalista é assassinado na Amazônia.



Luís Alberto Araújo. Foto: Prefeitura de Altamira

Luís Alberto Araújo, responsável por área ambiental da prefeitura de Altamira (PA), cidade mais afetada pela hidrelétrica de Belo Monte, foi alvejado por dois homens.
A reportagem é publicada por Instituto Socioambiental - Isa, 14-10-2016.
Uma dupla de assassinos, numa moto, executou, nesta quinta-feira (13/10), o secretário de Meio Ambiente de Altamira (PA), Luís Alberto Araújo, 54 anos. 
Segundo a Polícia Civil, a execução ocorreu diante dos seus familiares, quando chegavam ao condomínio em que moram, no bairro de Buritis, na periferia da cidade. Os assassinos fugiram em direção ao município de Brasil Novo e ainda não há informações sobre sua identidade ou dos mandantes.
O assassinato engrossa a alarmante contabilidade dos assassinatos de militantes socioambientais na Amazônia, sem paralelos em outros lugares do mundo.
Araújo também foi secretário de Meio Ambiente em São Felix do Xingu (PA), onde liderou um pacto para promover o cadastramento ambiental da quase totalidade das propriedades rurais. Por isso, acabou se indispondo com grileiros e desmatadores ilegais, que passaram a ameaçá-lo.
Em Altamira, Araújo conduziu os esforços pela instalação do saneamento urbano e o licenciamento do aterro sanitário da cidade. Também conseguiu implantar o cadastro ambiental em áreas tradicionalmente resistentes, fazendo diferença na luta contra as altas taxas de desmatamento. Sua gestão foi marcada pela isenção e seriedade na aplicação da legislação ambiental.
Altamira perde um excelente gestor, sempre disposto a reivindicar o cumprimento das condicionantes socioambientais pelos responsáveis da construção da usina de Belo Monte e a prestar apoio às populações ribeirinhas e a outros segmentos afetados”, lembra Rodrigo Junqueira, coordenador do Programa Xingu do ISA. Junqueira afirma que é fundamental que os governos federal e estadual façam esforços para investigar o crime e punir os responsáveis.