segunda-feira, 28 de novembro de 2016

O Brasil e o Ciclo da Soja.

Por Frei Sérgio Antônio Görgen.
soja
O Brasil está em pleno auge do Ciclo da Soja.
Nossa Nação já viveu vários Ciclos de Economia Rural em sua história.
Ciclo do Cacau, Ciclo da Cana, Ciclo do Couro e Charque, Ciclo do Algodão, Ciclo do Café, Ciclo da Borracha.
Em todos até agora, volúpia na ascensão, desastres na queda. Após cada Ciclo, longa crise com destruição ambiental, fome, desemprego, migrações em massa, sofrimento e miséria, muito subsídio público para salvar os ricos que trocavam de atividade e, para eles, a vida seguia.
É para os pobres que sempre sobra o gosto amargo do fim dos Ciclos Econômicos.
Algumas características comuns em todos os Ciclos: dependência do mercado externo, das exportações; controlados e enriquecendo a classe dominante, sem distribuir renda; grandes territórios com a presença de cultivos únicos, monoculturas extensivas e intensivas; infraestrutura econômica e produtiva direcionada a um único produto.
O Ciclo da soja tem o mesmo desenho. Terá a mesma trajetória e o mesmo fim?
Tudo indica que sim.
E o desastre será grande, porém recolocará a Reforma Agrária e a produção diversificada de alimentos, através da Agricultura Camponesa, de novo na agenda da Nação.
Então, teremos inclusive a oportunidade de resgatar a soja, uma planta extraordinária, cultivando-a num sistema diferente, diversificado, sem transgenia, fazendo parte de uma gama enorme de outros cultivos, numa dinâmica agroecológica.
Ainda bem que o Brasil nunca teve ciclo da mandioca, ciclo do feijão, ciclo do milho, ciclo da abóbora, ciclo do leite, ciclo da batata, ciclo da galinha caipira, enfim, a agricultura camponesa não precisa de ciclos para garantir 70% dos alimentos que estão nas mesas do povo brasileiro.
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Frei Sérgio Antônio Görgen é missionário Franciscano no Assentamento Conquista da Fronteira. Onde junto à Fraternidade Padre Josimo atuam em favor dos pequenos agricultores e dos movimentos sociais.

domingo, 27 de novembro de 2016

A Escola do Legislativo da ALMG acabou de lançar o livro "Temas de Direito Parlamentar', download grátis.


Comunicamos a todos os interessados que a Escola do Legislativo da ALMG acabou de lançar o livro "Temas de Direito Parlamentar', coordenado pelos professores Antônio Calhau e José Alcione, ambos servidores desta renomada Escola. 

O conteúdo da obra é de interesse de agentes públicos que atuam em Casas Legislativas de todo o Brasil.


A Obra "TEMAS DE DIREITO PARLAMENTAR". Aprofunda a reflexão sobre temas que compõem o Direito Parlamentar no contexto da crise da representação política e de sua superação.
Esse é o ponto de partida para os artigos elaborados por servidores da Assembleia de Minas, a partir de sua vivência no assessoramento das atividades parlamentares.
Os assuntos abordados nos dez artigos são:
  • Processo legislativo, legística e democracia


  • Comissões parlamentares


  • Imunidades parlamentares


  • Participação popular


  • Controle sobre a administração pública


  • Reforma Política


  • Duração do processo legislativo


  • Reescrita e releitura da letra da lei


  • Modalidades e procedimentos de votação nas modernas democracias ocidentais


  • Conexão eleitoral das emendas ao Orçamento de Minas
Espero que gostem e, por favor, nos ajudem a divulgar.

Primeiro samba faz hoje 100 anos e ganha exposição na Biblioteca Nacional.

Vitor Abdala* - Repórter da Agência Brasil

A canção “Pelo Telefone”, de Donga, considerado o primeiro samba a ser registrado e gravado, completa hoje (27) 100 anos. Em 27 de novembro de 1916, a partitura da música foi registrada no Departamento de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em nome de Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, na época um compositor de apenas 26 anos.


O samba havia sido concebido naquele ano, durante uma roda na casa de Tia Ciata. De acordo com o Dicionário da Música Popular Brasileira, do historiador Ricardo Cravo Albin, desde o lançamento da música, várias pessoas reivindicaram a autoria, já que era comum que os participantes de rodas de samba fizessem improvisações.
O doutor em musicologia Carlos Sandroni diz que houve outros sambas gravados antes de “Pelo Telefone”, mas acabaram não sendo reconhecidos como “primeiro samba” porque não tiveram um apelo popular tão grande quanto a canção de Donga, que foi sucesso no carnaval de 1917.
“Foi o primeiro samba gravado e registrado que fez muito sucesso. Foi um grande sucesso popular. Outros sambas não foram registrados, é verdade, mas foram gravados antes de 'Pelo Telefone' e não fizeram sucesso. Então ninguém se lembra”, explicou.
De acordo com a Biblioteca Nacional, Donga entregou a petição de registro para o samba em 6 de novembro de 1916. Anexada ao processo estava uma partitura manuscrita para piano assinada por Pixinguinha. Dez dias depois, Donga anexou um atestado que afirmava que o samba havia sido executado pela primeira vez em 25 de outubro de 1916, no Cine-Theatro Velho.
A Biblioteca Nacional só concluiria o registro no dia 27 de novembro, com o número 3.295. Para celebrar o centenário do registro, a instituição lançou hoje uma exposição virtual com a partitura original da canção, músicas e fotos da época, chamada "Ai, ai, ai... Cem Anos o Samba Faz".

A exposição também está disponível de forma virtual.   *Colaborou Nanna Pôssa, repórter do Radiojornalismo.  Edição: Lílian Beraldo

Leia mais: Falando pelo telefone como Donga e Mauro de Almeida. http://www.carlosnewton.com.br/falando-pelo-telefone-como-donga-e-mauro-de-almeida/

sábado, 26 de novembro de 2016

Entrevista com Boaventura de Sousa Santos: “A esquerda está desmaiada, mas não foi a nocaute. A partida não acabou”.

sociólogo português Boaventura de Sousa Santos - Foto: Ramon Moser. Fonte: Portal UFRGS 

Visto como uma estrela entre os intelectuais da esquerda, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos acredita que a Proposta de Emenda Constitucional do Teto de Gastos (a PEC 55 no Senado), que tramita no Legislativo brasileiro e foi editada pelo Governo Michel Temer, é um sinal claro da elite político-econômica para a população de baixa renda: “As classes mais pobres não podem esperar nada do Estado nos próximos 20 anos”.

Estudioso da situação social e política brasileira, Santos frequenta o Brasil desde a década de 1970. Foi um dos fundadores do Fórum Social Mundial. Sua última passagem pelo país foi no fim outubro, para lançar sua obra A difícil democracia (editora Boitempo, 52 reais), durante a Bienal do Livro de Brasília.

Em entrevista ao El País, 21-11-2016, o sociólogo português prevê que Lula será preso e diz que sociedade brasileira ainda está atordoada com o impeachment de Dilma.

Eis a entrevista.

Em abril deste ano, pouco antes da votação do processo de impeachment, o senhor gravou um vídeo de apoio ao Governo Dilma Rousseff e contrário à destituição dela. Nele, dizia que tinha certeza que as forças golpistas seriam travadas. O que aconteceu na sua opinião?

Era uma manifestação que, naquela altura, tinha o objetivo de animar aquelas pessoas que tinham o objetivo de lutar objetivamente contra essas forças golpistas, mas não havia nenhuma garantia de que elas pudessem ser travadas. Aliás, tudo levava a crer que não seriam. E foi exatamente o que aconteceu. Dado à natureza do sistema político brasileiro, o Parlamento tinha condições de poder ir para frente com o impeachment, sobretudo tendo em conta que o sistema judiciário não cumpriu a função que deveria ter cumprido.

O que o Judiciário deveria fazer, na sua opinião?

Penso que o Judiciário tem uma dívida enorme com a sociedade brasileira. Ficou claro que a presidente Dilma não cometeu nenhum crime de responsabilidade que justificasse o impeachment. No sistema presidencialista como o brasileiro só haveria um modo de substituí-la, que era esperar as próximas eleições. As forças de direita teriam de ter paciência, de aguentar mais quatro anos, preparar-se devidamente e ganhar as eleições. Portanto, o Judiciário, por ação e por omissão não teve a atenção exatamente, não cumpriu a sua parte. Não cumprindo a sua parte, o Parlamento tinha a maioria que pudesse conduzir o impeachment de Dilma Rousseff.

No meu entender, tudo justificava, tudo levava a crer que, nesta situação, o sistema Judiciário brasileiro teria uma posição fundamental na luta contra a corrupção sem desestabilizar o regime. Ao contrário de outros países, o sistema judiciário brasileiro não costuma atuar por vingança. Durante o Governo Lula houve melhorias, não só salarial, mas estrutural. A Polícia Federal também. Os três últimos ministros de Justiça contribuíram enormemente para fortalecer o sistema de investigação.

Portanto, o sistema judicial não tinha nenhuma razão corporativa para investir contra o Governo de Dilma. Deveriam insistir em uma luta intensa contra a corrupção, e aí poderia cair quem fosse, de qualquer partido, mas uma vez que era claro, que a presidente Dilmanão tinha cumprido nenhum crime de responsabilidade, e se ela tivesse cumprido, o seu vice também o teria, o Supremo Tribunal Federal tinha modos de intervir. Mas ele optou por discutir outras coisas, como o aumento de seus salários. O Supremo Tribunal Federal falhou estrondosamente com a democracia brasileira e criou uma ferida que vai levar alguns anos para sarar.

Nessa sua perspectiva o que houve não foi um golpe parlamentar.

Não. Eu caracterizo como um golpe parlamentar-judicial. Foram os dois porque houve uma colaboração entre as duas instituições. Uma pela ação. Outra mais pela omissão, mas que colaboraram igualmente.

Olhando o cenário político mundial, poucos países declararam repúdio ao impeachment. Nenhum deles rompeu relações com o Brasil. Esses países concordam com o Governo Michel Temer?

É uma situação nova e eu compreendo os vários problemas de diversos países. Quando falamos de golpe, é um golpe de um tipo novo, que são os parlamentares. O primeiro dos quais ocorreu em 2009, em Honduras. O segundo, no Paraguai em 2012. E agora, aqui. Ou seja, não há alteração constitucional. Não há ditadura militar. Mas obviamente há uma alteração drástica e anômala do processo democrático. Isso não quer dizer que no dia seguinte o Brasil seja uma ditadura. Houve foi uma perda da qualidade da democracia. Eu descrevo o Brasil como uma democracia que já era de baixa intensidade, porque obviamente o dinheiro tem vindo a minar a democracia brasileira, e agora, depois do golpe, é uma democracia de baixíssima intensidade. Baixou o caráter democrático. Esse é um problema sociológico e político, não é uma ação diplomática.

A diplomacia pode ter suas reservas, obviamente, mas nenhum país terá um acolhimento entusiasta a esse Governo Temer, exceto os Estados Unidos. Eventualmente, o governo dos Estados Unidos participou desse golpe. Basta ver a visita de John Kerrydurante a abertura da Olimpíada. Foi o único que apareceu ao lado de Michel Temer.O Governo português esteve aqui para a abertura, mas não participou de encontros bilaterais. Kerry se encontrou com o ministro José Serra e deu declarações de que estavam totalmente de acordo com o golpe. Diziam que não havia no passado recente sintonia política e que, agora, há. Até para a imprensa internacional o que houve aqui foi uma anomalia democrática.

Em seu último livro, o senhor cita o sucesso das políticas de inclusão social de Lula. O ex-presidente era muito bem visto fora do país, mas agora enfrenta uma série de acusações judiciais. Como avalia?

É evidente que toda a corrupção deve ser punida, qualquer que ela seja, venha de onde vier. Não tenho absolutamente nada contra as investigações. No caso do ex-presidente Lula há uma intencionalidade política por detrás da intencionalidade criminal, judicial.

São várias as situações. O fato de ele ter sido levado compulsoriamente a um interrogatório, quando ele não fugiu de nenhum interrogatório, não faz nenhum sentido. Isso é uma ilegalidade absolutamente frontal. Sem contar o vazamento da conversa com a presidente Dilma. O próprio STF e o Conselho Nacional de Justiça deveriam atuar imediatamente, se quisessem disciplinar o magistrado que autorizou o ato ilegal.

Para você, há algo político por trás de tudo o que ocorreu com o ex-presidente Lula nos últimos meses. É isso o que está dizendo?

Há uma tentativa de estigmatizar um ex-presidente que saiu da presidência com a maior aceitação cidadã em qualquer país. Um homem que foi reconhecido por todas as orientações políticas do mundo e bastante respeitado e que teve o azar de ter saído do poder e ver sua sucessora sofrer um golpe. Também teve o azar de ter manifestado o interesse em ser candidato em 2018 e sofre por isso. Para mim, o que está em andamento é uma tentativa de impedir a candidatura de Lula à presidência porque devem estar nervosos, a mídia e toda a direita, pelo fato de ele continua a ser o líder mais popular desse país. E a direita e a extrema direita já notaram que jogar limpo não vai ser possível.

Não querem arriscar que ele seja candidato. Vamos ver, como eu costumo dizer, os sociólogos são muito bons em prever o passado, mas o futuro normalmente é difícil. Mas política brasileira tem sido tão descarada em seus sinais que, às vezes, dá vontade de fazer previsões e, algumas das minhas, verificaram-se.

Poderia citar um exemplo?

Sim, por exemplo, a do aprofundamento do neoliberalismo na América Latina. Ainda no contexto do Lula, me dá a impressão de que a prisão do Eduardo Cunha [deputado federal do PMDB cassado] ter ocorrido, será uma antessala da prisão do Lula. Uma prisão do Lula causaria uma agitação social muito grande. As elites políticas brasileiras estão divididas. Quando elas estão divididas, algumas cabeças têm de ir para se aguentar o principal, que é a PEC 241 [agora no Senado tem o número 55]. Não são as pessoas que são importantes. Portanto Michel Temer pode ser descartável, mas o projeto não é descartável.

Por outro lado, penso que pode acontecer que o sistema judiciário venha a prender o ex-presidente Lula para mostrar que é equânime, que ataca a tudo. Fez a prisão de uma pessoa muito visada da direita, o Cunha, para ter a legitimidade de atacar esse líder da esquerda. São previsões, mas os sociólogos falham várias vezes. Como cidadão, eu gostaria de falhar nessa. [Risos].

Você citou a PEC do Teto de Gastos. Qual a sua opinião sobre ela?

Não acho que a PEC tenha alguma eficácia para aquilo que o Governo diz que ela vá fazer. Não vai estabilizar a dívida. Não vai impedir a subida da inflação. Não estimula o consumo interno. Vai, provavelmente, desestimular o consumo interno. Ela tem valor simbólico muito importante, que é a elite que agora está no poder quer mostrar aos brasileiros que as classes mais pobres não podem esperar nada do Estado nos próximos 20 anos.

A PEC do Teto quer dizer às classes populares que não podem receber do Estado, não podem contar com o Estado, mais do que aquilo que ele já lhes dá. Portanto, tudo o que a esquerda lhe prometer, ela não poderá cumprir. É um recado direto à esquerda, e não pelas outras razões que foram propaladas por aí.

O que podemos esperar do Governo Michel Temer até 2018?

Primeiro, não se pode prever que ele dure até 2018. Vejo certa pressa e determinadas medidas que, não são inéditas. O Presidente Maurício Macri fez na Argentina praticamente o mesmo.

Embora ele tenha ganhado as eleições, e o Temer não. Mas aqui há uma pressa excessiva, é um tratamento de choque. Mas não se pode ter uma aplicação de choque porque isso vai criar uma convulsão social. Também pode ser que as medidas de choque são para satisfazer o mercado e a clientela que atende a esse Governo. Os cidadãos brasileiros mais vulneráveis vão responder rapidamente a ele e aceitar as consequências que Temer pode ser descartável. Com o Temer ou outro alguém é óbvio que as políticas extremas vão continuar até 2018. A próxima eleição presidencial é uma incógnita até o momento.

Por que essa pressa em aprovar essas reformas impopulares, como a PEC do Teto e a reforma da Previdência, por exemplo?

É porque se houver algum problema judicial, a partir da segunda metade do mandato, poderá haver uma eleição indireta para deixar alguém até o fim de 2018. Mas o trabalho de limpar todas as políticas sociais e a lembrança dos governos anteriores terá de ser feito antes. Quem vier, seja o Temer ou qualquer outro, nunca quereria tomar essas medidas.

No seu último livro, você cita que o Governo Dilma Rousseff freou as políticas de inclusão social implantadas por Lula, tratou com hostilidade movimentos sociais e povos indígenas e acabou refém das novas e velhas formas de corrupção. Por que ela chegou a esse ponto?

Dilma era muito pouco acessível até para os movimentos sociais. O contato com ela foi no âmbito do Fórum Mundial Social. Numa ocasião em que ela esteve conosco, vi uma distância enorme da presidente Dilma dos movimentos. Para afirmar sua autonomia do presidente Lula, ela achava que esse acesso fácil que os movimentos sociais tinham com ele nunca ocorreriam com ela. De fato, não ocorreu. Nos dois primeiros anos, ela não recebeu nenhum representante dos movimentos. Portanto, houve uma política de distanciamento. Por outro lado, se olhar para as homologações de terras indígenas, a média anual foi inferior aos governos  Sarney, Collor e FHC.

Ao fim ela teve o equívoco de ter chamado um ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para fazer um ajuste extremamente traumático e malconduzido. Ela teve de tentar corrigi-lo rapidamente. Obviamente, isso criou uma situação de ingovernabilidade que foi aproveitada pelas forças que entenderam que não podiam esperar mais quatro anos. Acharam que ela deveria ir para rua de maneira ilegítima e o fizeram.

Entre os que defendiam que ela fosse para a rua estavam os que entendiam que não era possível ficar até 2018 em uma crise econômica.

Essa é uma ideia absurdamente falsa. É evidente que hoje em um movimento neoliberal, que não acredita em projetos de país, que não acredita em uma especificidade brasileira no sistema mundial, em um mercado livre, Dilma é um obstáculo. Por mais concessões que ela fizesse, ela não poderia ser uma pessoa de confiança deles.

E não foram poucas concessões...

Ela fez muitas. E isso foi o grande erro da esquerda que esteve no poder. Ela tem de fazer sua autocrítica. E um deles foi esse, o de tentar pensar que, se fizer concessões à direita, ela se apazigua. Não. Evidentemente, ela quer sempre mais. Neste momento, estamos em uma fase do neoliberalismo, que o neoliberalismo não confia mais nos políticos de direita. Ela quer empresários, quer os seus a governar. Para a Europa, desde a crise de 2008, o sul do Continente e o Banco Central Europeu são dirigidos por homens do Goldman Sachs. Isso já ocorreu na Grécia, antes do Syriza, em Portugal com o Vitor Gaspar, o presidente do Banco Central era do Goldman Sachs, o ministro das Finanças da Itália também já foi. O capital financeiro confia nos deles, nem confia mais nos políticos de direita.

Como poderiam confiar em Dilma? Quem governa hoje à esquerda, governa contra a corrente. Significa que tem o poder de governo, mas não tem o poder social e econômico. É preciso que haja uma relativa aliança. Mas essa aliança só se tem em momentos de boom que é quando a direita pensa que pode ganhar mais com esse governo do que com outros. Foi exatamente o que aconteceu com o presidente Lula. O sistema financeiro nunca teve lucros tão grandes como no tempo dele.

Com o abismo onde o PT está afundado, qual é o futuro da esquerda brasileira?

É o fim de um ciclo político. O cerco ao presidente Lula representa esse fim. Terá de se abrir um novo ciclo no qual o PT terá de passar por uma renovação. Ela pode ser mais profunda ou menos. Tudo depende do Lula. Se lhe cassarem os direitos e ele for candidato em 2018, não haverá grande renovação no PT, provavelmente. Ele estará muito centrado em buscar o poder. Se isso não ocorrer, será o momento de ungir novas frentes de esquerda.

Deverá haver uma formação de novas frentes populares, que organizam protestos, greves, marchas, que não são propriamente partidários. Também podem agir novas coligações de forças de esquerda em que o PT não terá hegemonia. Imagino que isso será puxado pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro. A esquerda não vai acabar. Enquanto houver capitalismo ela haverá de uma ou de outra forma. A esquerda não morreu, ela está desmaiada porque levou um soco muito forte. Ela está desmaiada, mas não foi a nocaute. A partida não acabou.

O Governo Michel Temer é impopular. Sua aprovação não passa dos 15%. Porém, quase não há mobilização nas ruas. O que aconteceu com a população que está calada neste momento?

É resultado do tal soco. Há muita gente que tem dificuldade em acreditar que foi muito fácil desmantelar coisas que pareciam irreversíveis nos últimos 13 anos. O país está atordoado. Tudo ainda depende de como os remédios serão administrados. Se os remédios forem de uma maneira brutal, o cidadão vai acordar. Se forem administrados com mais cuidado, é natural, que os movimentos aguentem até 2018, na esperança de ganhar em 2018. Na esquerda, além do Lula, há outras candidaturas, como a do Ciro Gomes, que podem se aproveitar dessa impopularidade.
Há uma reforma política tramitando no Congresso Nacional que prevê, entre outros, uma drástica redução no número de partidos. Como você vê essa redução?

Não sou a favor de reduzir só por reduzir. Tenho percebido que essa é uma tentativa de reduzir o pluralismo na democracia. Nos Estados Unidos há uma obstrução total para que surjam novos partidos. Acho é que tem de haver outras formas de fidelidade partidária. As pessoas não podem mudar de partido conforme suas conveniências de um momento para o outro. As alianças têm que ser com base em afinidades ideológicas. Não pode haver uma coalizão de mera conveniência. Há a necessidade de haver um novo sistema eleitoral, talvez com listas fechadas. Tem de haver outras formas de participação na vida política.

Defendo um quarto órgão de soberania, que seria um que atuasse no controle social, formado por cidadãos fora dos partidos na implementação de políticas públicas e na fiscalização delas. É uma medida que foi proposta na Constituição do Equador, mas não foi aplicada ainda. Uma reforma política não pode ir para pior do que estamos. Na minha concepção, só uma assembleia constituída especificamente para a reforma política poderia fazê-la. Veja esse Congresso Nacional que quer acabar agora com a Lava Jato.

Eles já atingiram o seu objetivo, tiraram a presidente Dilma, estão tirando o presidente Lula e agora, que a operação pode atingir a todos, ela já não é mais necessária. Com esse Congresso uma reforma política deve ser limitada.

Analisando a América Latina, tivemos uma onda de governos de esquerda que, agora parece, ter chegado ao fim. Por que isso ocorreu?

Fundamentalmente porque ela aconteceu no período das commodities. Que é um ciclo que os preços internacionais dessas mercadorias primárias, que normalmente são baixos, cresceram. Todos esses governos entraram na fase ascendente desse ciclo e começaram a entrar na fase descendente quando o ciclo começou a chegar ao fim. Esse último ciclo surgiu com o impulso do desenvolvimento da China, principalmente. Como esses países não fizeram nenhuma reforma política, chegam ao fim.

No caso do Brasil, achavam que se não mudassem nada no sistema econômico, estaria tudo bem. A lógica era de que o sistema econômico permitia ricos e pobres, ambos a ganharem. O slogan “Lula Paz e Amor” era o símbolo dessa reconciliação. Os ricos poderiam ganhar e os pobres receberiam algo. Isso foi o suficiente para tirar milhões de famílias de abaixo da linha da pobreza. Mas isso só foi possível por causa do ciclo das commodities. Esses Governos só tinham uma possibilidade de manter essas políticas, que era a que estava escrita na social democracia europeia, que era a tributação.
Depois da Segunda Guerra Mundial os rendimentos mais caros chegaram a ser tributados em 80%. Porque realmente se entendia que, quem pode mais, paga mais. Acontece que 30 anos depois do neoliberalismo se decidiu que as elites não precisam mais pagar impostos.

Síria e Iraque: Entre 'neoanalistas' e a mídia-empresa enviesada, por Elijah J. Magnier. (recomendado em Moon of Alabama)






Traduzido pelo coletivo da Vila Vudu.

As guerras na Síria e no Iraque celebraram o desgraçado fim da "imprensa livre e independente" e a ascensão dos "neoanalistas". Vivem em terras distantes, sem conhecimento direto da guerra, recolhendo 'informações' e analisando o colorido saco sem fundo das redes sociais.

Cometem a temeridade, até, de crer que poderiam ditar ao governo dos EUA o que fazer, que medidas tomar, quem apoiar e, como se fossem mestres diplomados da "arte da guerra", chegam até a 'exigir' guerra nuclear contra a Rússia.

Chega a surpreender a sofreguidão com que veículos e empresas de mídia tidas por sérias correm a abraçar opiniões desses "neoanalistas", de fato só porque o que esses amadores dizem coincide exatamente com o que a mídia-empresa comercial deseja ouvir. Assim se vê, por exemplo, um "especialista em Líbano do Hezbollah" ou "especialista no grupo xiita" no Iraque, só porque o sujeito sabe contar (reúne e analisa as bandeiras e grupos xiitas que vê em Facebook e Twitter). Mas jamais viu um comandante ou líder dos grupos que são a razão de ser de seu campo de expertise nos dois países. 

Há também muitos ditos "especialistas em Síria" que jamais sequer puseram os pés numa rua de Damasco, Homs, Hama, Aleppo ou qualquer cidade síria nem em tempos de paz. Claro, Twitter e Facebook são fontes suficientes (além de únicas) de informação, dado que não conhecem fontes alternativas. É realmente interessante ver esse pessoal gerando artigos e com fácil acesso às páginas de publicações respeitáveis.

Problema, só, que as ideias do governo dos EUA e as ideias desses "neoanalistas" – estão sempre em conflito com a ética, os valores e os princípios da ética profissional, por mais que todas tenham a ver com combater o terrorismo. Jornalistas e analistas estão inacreditavelmente apoiando "Qaidat al-Jihad" na Síria, e encontram espaço até para noticiar material distribuído pelo 'Estado Islâmico' em luta contra o Exército Iraquiano e as chamadas "Unidades de Mobilização Popular" [ing. "Popular Mobilisation Units", PMU; ár. al-hashd al-Sha’bi] no Iraque, sempre ditas "sectárias".

Síria:

Na Síria, chechenos, marroquinos, tunisianos, chineses, turcos, sauditas, quataris, egípcios, libaneses e palestinos (para listar só esses, e há muitos mais) são chamados de "oposição síria moderada armada". 

Mas não acontece só na mídia-empresa comercial. São diplomatas norte-americanos, britânicos e franceses, todos partícipes dessa comédia de mau gosto, chamando qualquer combatente estrangeiro de "oposição síria", desde que o indigitado combata contra a Rússia. 

O ocidente promove valores de boa qualidade, interessantes, mas não os implementa nem ensina nessa guerra suja, onde tudo é permitido.

Outro quebra-cabeças é Aleppo ocidental e seus hospitais: o número de hospitais destruídos em Aleppo ocidental já merece ser incluído no livro Guinness de recordes. Segundo o Departamento de Estado dos EUA e a mídia-empresa ocidental, mais de 90 hospitais foram completamente arrasados no setor ocidental de Aleppo nos últimos meses, à razão de quase um hospital destruído por dia. E todos os dias ouve-se que "o último hospital foi totalmente arrasado". O único problema é que o Ministério de Saúde da Síria distribuiu estatísticas nacionais, segundo as quais "em todo o território sírio há apenas 88 hospitais".

Se alguém se atreve a desmentir essa teoria & propaganda do "último hospital ainda em funcionamento que foi destruído", já enfrenta a acusação imediata, sempre pronta: você deve ser "assadista" (referência ao presidente Bashar al-Assad). E "neoanalistas" e em algumas ocasiões até jornalistas, juntam-se na mesma acusação, à falta de argumento apresentável. 

Dois professores, Joshua Landis (que viveu mais de 12 anos no Oriente Médio e é uma das vozes mais respeitadas sobre a Síria) e Max Abrahms (renomado teórico estudioso do terrorismo), para só listar esses, são acusados de serem "assadistas", no instante em que discordam dos 'analistas de sofá', que vivem de fingir que estudam Síria, ou de jornalistas na luta para atraírem atenções atenção para eles mesmos. Na verdade, essa acusação é meio fácil para interromper a conversa: quando somem os argumentos à disposição desses 'pensadores' de mente rasa, que não hesitam em promover a ideia de que a Síria deveria ser governada por terroristas.

Além do mais, Assad já não é o inimigo público n.1, lugar hoje ocupado pela Rússia aos olhos da mídia-empresa norte-americana. A razão não é difícil de imaginar. A Rússia quer sua fatia de um Oriente Médio que já não é feudo exclusivo dos norte-americanos. Segundo a mídia dos EUA, todos os mísseis e bombas e canhões russos só destroem hospitais e matam crianças; e os bombardeios norte-americanos acertam e matam exclusivamente e ininterruptamente "Al-Qaeda" e ISIS. Claro. A Rússia não tem os sofisticados bombardeiros norte-americanos equipados com detectores de odores que identificam cheiro de civis (para evitar) e cheiro de militante (para acertar o tiro).

E quando jihadistas e rebeldes iniciam ataque em grande escala contra forças do Exército Sírio e seus aliados, a mídia-empresa ocidental põe-se de lado, esperando o resultado. Se o regime começa uma operação militar, hospitais são imediatamente destruídos e civis mortos logo na primeira hora dos combates. Só muito raramente acontece morrem terroristas na mídia-empresa ocidental mainstream.

Para conhecer resultado de combate na Síria, basta monitorar a declaração do Departamento de Estado ou da Segurança Nacional dos EUA que exija fim imediato da violência, cessar-fogo já e reunião em Genebra. Se a situação revela-se grave para jihadistas e rebeldes, todos podem contar com visita do enviado da ONU, Staffan de Mistura, para conversas sobre tragédias da guerra e a urgente necessidade de criar um estado dentro do estado, com autogestão, jihadistas e militantes autogestionários, numa dada área... É tudo de que jihadistas e rebeldes precisam para recuperar-se, reorganizar-se e voltar fortalecidos para mais um ataque. Obviamente, nenhuma diplomacia está sendo usada para deter a guerra: só para prorrogá-la o mais possível.

Não há dúvida de que o governo do presidente Barack Obama considera "Al Qaeda" na Síria como extensão da Al-Qaeda no Khorasan, responsável pela destruição das torres gêmeas nos eventos conhecidos como 11/9, e outros ataques terroristas contra civis. Mas Obama não quer que nenhum dos lados vença o outro na Síria. Se um dos lados é fraco, ainda que seja a al-Qaida, recebe todo o apoio na ONU, graças à mídia-empresa, recebe treinamento e equipamento militares, dinheiro e informação de inteligência diretamente de países da região, para preparar novos ataques: qualquer coisa, para que Rússia, Irã e aliados tenham de continuar ativamente engajados em campo.

Sim, e essa é exatamente a razão pela qual Rússia e aliados nunca atacam o ISIS como alvo de escolha, e só ataquem quando seja absolutamente necessário. Diferentes dos jihadistas, o ISIS não tem apoio público em fóruns internacionais ou armamento militar da CIA, ou treinamento na Jordânia. Jack MurphyRanger e antes membro das Forças Especiais dos EUA, explicou como seus colegas estão treinando terroristas a pedido e com pleno conhecimento da CIA.

A regra é clara: a mídia-empresa mainstream não quer lançar luz sobre quem financia o terrorismo, de onde vêm as armas que chegam a eles, nem sobre o treinamento dado pela CIA. É triste ver o quanto veículos respeitáveis de imprensa deixam a própria credibilidade e jornalismo respeitável na lata de lixo à entrada de Bilad al-Sham (o Levante, a Síria).

Iraque:

No Iraque, é difícil compreender o que deseja a mídia-empresa ocidental mainstream. A mídia e os "novos analistas" produzem artigos infindáveis sobre como é impossível negar a partição do Iraque e dizem que os curdos seriam a única força capaz de dar combate ao ISIS. Focam mais na propaganda do ISIS para provar, segundo o ISIS, o quanto o exército iraquiano seria incapaz; e deliberadamente omitem o avanço heroico, em campo, das forças de segurança do Iraque.

Esses "novos analistas" escrevem como se fossem veteranos com vasta experiência em campo no Iraque. Por que os iraquianos atrasam a libertação dessa ou daquela cidade? Raramente são as batalhas heroicas e os sacrifícios das forças de segurança do Iraque combatentes contra o ISIS.

Lutar contra o ISIS em grandes cidades como Mosul não é tarefa fácil, com mais de 1,5 milhão de civis que permanecem em suas casas, que não quiseram abandonar para ir para local seguro. O primeiro-ministro Haidar al-Abadi deu ordens específicas para garantir a segurança dos civis em primeiro lugar, acima da segurança das Forças Especiais, segundas na lista de prioridades.

"Neoanalistas" e jornalistas focam também no papel das Unidades de Mobilização Popular, dando a elas diferentes nomes: às vezes são "multidão xiita", "massa sectária" e "massa de milicianos", como se os membros dessas unidades viessem de outro planeta. Há mais de 60% de xiitas no Iraque; além deles, são sunitas, curdos seculares, assírios, ShabakSabea e outras minorias. Desses mesmos iraquianos são constituídas as unidades do Exército do Iraque, de contraterrorismo, de inteligência, forças especiais, forças de polícia federal, tribos e forças da Peshmerga, tanto quanto as Unidades Populares de Mobilização, que se tornaram parte integrante do aparelho de segurança sob a liderança do Comandante em Chefe das Forças Armadas do Iraque, o primeiro-ministro.

Esses 'ensaios' de 'especialistas' sobre o Iraque deixam de lado o fato de que o Exército dos EUA, antes e durante sua invasão contra o Iraque, cometeram as atrocidades mais abomináveis naquele país, começando pelo embargo ao Iraque, até massacrestorturaestupro e abusos de direitos humanos durante a ocupação do país.

Mas o foco na reputação das Unidades de Mobilização Popular tem outras dimensões. As Unidades de Mobilização Popular estão participando da operação em Mosul atacando o subúrbio em Talafar e fechando o caminho para a Síria. Essas Unidades de Mobilização Popular em torno de Talafar foram cuidadosamente selecionadas: 3.000 desses combatentes são da mesma cidade de Talafar, assim como outros cristãos das planícies de Nineveh que vieram para recuperar as próprias terras tomadas pelo ISIS. O Iraque não é feito exclusivamente de sunitas e xiitas.

As Unidades de Mobilização Popular atrapalharam o plano de dividir o Iraque do vice-presidente dos EUA Joe Biden, quando, em agosto de 2014, conseguiram defender e impedir a queda da cidade de Amerli (Tuzkhormato) no norte, quando o ISIS ocupou quase toda a província de Salahoddine; contiveram a queda de Samarra, quando o mesmo ISISassumiu o controle de mais da metade da cidade; impediram outra guerra civil similar à de 2006, quando Abu Musab al-Zarqawi destruiu o santuário de Askariyeyn, dos xiitas; impediram que o ISIS entrasse em Bagdá, quando os militantes chegaram às portas da capital; libertaram a área mais difícil ao sul, de Jurf al-sakher, coração do ISIS em Tikrit e Fallujah e contribuíram para a libertação de Ramadi.

A liderança das Unidades de Mobilização Popular também convenceram os líderes iraquianos a rejeitar o plano dos militares dos EUA para atacar a cidade de Mosul, no norte, há um ano, antes da província de Anbar. Se aquele plano dos militares norte-americanos tivesse evoluído, a capital teria ficado sem defesa, com o ISIS forte em Fallujah. Bagdá teria ficado sob grave perigo, se atacada pelo ISIS, e a partição do Iraque teria sido a conclusão previsível.

E, por fim, o Iraque não conseguirá derrotar o ISIS no Iraque, a menos que os terroristas sejam derrotados na Síria. Assim sendo, depois de Mosul, a batalha se encaminhará na direção de ‘Ana, Rawa e al-Qaem na fronteira sírio-iraquiana. Há pouca dúvida de que as Unidades de Mobilização Popular avançarão na direção da fortaleza do ISIS para garantir que não retornem ao Iraque. 

Desacreditar as Unidades de Mobilização Popular no Iraque implica uma campanha 'preventiva', de acusações de sectarismo contra as mesmas Unidades de Mobilização Popular, e fazer com que essa acusação ganhe penetração antes que suas forças entrem em luta na área de maioria sunita da Síria.

A noção de "mídia livre e não enviesada" está acabada. Foi substituída pelo desejo dos políticos: o jornalismo investigativo foi substituído pela informação ou desinformação, mas das mídias sociais.


Ficou óbvio durante a campanha presidencial nos EUA, que a "imprensa livre" só fazia distribuir 'estatística' que confirmavam que não havia nenhuma possibilidade real de Donald Trump ser eleito. Que as preferências dos votos eram 98% de Hillary Clinton. Só noticiário 'desejante', nada de fatos ou dados verificados e confiáveis – exatamente o que a mesma mídia-empresa fez praticamente todos os dias, com a guerra na Síria e Iraque.*****

Cuba. Fidel Castro morreu, ele tinha 90 anos.

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Foto - Fidel Castro.

Da Agência Ansa.
O ex-presidente e líder da revolução cubana, Fidel Castro, morreu anos 90 anos de idade, confirmou na madrugada de hoje (26) seu irmão e sucessor, Raúl Castro. As informações são da agência Ansa.

Em um anúncio na televisão, Raúl disse que era "com profunda dor" que confirmava a "morte do comandante Fidel Castro Ruz", falecido às 22h29 de Havana do dia 25 de novembro de 2016.

"Em cumprimento da expressa vontade do companheiro Fidel, seus restos mortais serão cremados neste sábado, dia 26", afirmou Raúl, demonstrando emoção ao ler o breve comunicado.

Fidel Castro foi o herói histórico da esquerda moderna, o homem que mais desafiou os Estados Unidos. Mas, na opinião de líderes de centro-direita, Fidel era um ditador sanguinário e o culpado por isolar a ilha de Cuba por quase 60 anos de todo o mundo.

Conhecido como "Comandante" pelos cubanos, Fidel era personagem de várias histórias e boatos. "Ele não dorme", "ele não esquece de nada", "é capaz de te penetrar com o olhar e descobrir quem você é".
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Foto - visita do Papa Francisco a Fidel Castro em Cuba.
Fidel sempre teve uma saúde de ferro, até quando enfrentou uma hemorragia intestinal durante uma viagem à Argentina aos 80 anos de idade. Em 31 de julho de 2006, os problemas de saúde provocados pelo avanço da idade o fizeram delegar temporariamente o poder a seu irmão Raúl.

Em fevereiro de 2008, Fidel renunciou oficialmente ao cargo de presidente cubano e, desde então, era o principal conselheiro do Partido Comunista e do novo governo.

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Foto - visita de Lula a Fidel Castro.
A era Fidel Castro vem se dissolvendo pouco a pouco, enquanto uma nova Cuba surge devido a uma série de reformas econômicas e da retomada das relações bilaterais com os Estados Unidos, rompidas há mais de meio século.

Fidel assistia a tudo isso de longe, mas não deixava de fazer suas análises em artigos publicados no jornal oficial cubano Granma. A fragilidade da sua saúde já tinha provocado boatos sobre sua morte várias vezes nas redes sociais.

(*) Texto atualizado às 9h14 para acréscimo de informações

Edição: Kleber Sampaio