terça-feira, 12 de dezembro de 2017

“Exército virtual” foi usado para influenciar eleições brasileiras de 2014.

Poderia muito bem ser mais uma notícia sobre a manipulação da opinião pública e as fake news que auxiliaram na chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, mas agora estamos falando de Brasil.
Em uma reportagem publicada nesta sexta-feira (08), a BBC revelou que um verdadeiro “exército virtual” de perfis falsos foi usado para manipular a opinião públicadurante as eleições presidenciais de 2014.
O esquema já estaria em funcionamento desde 2012 e teria beneficiado pelo menos 13 políticos, entre candidatos ao Planalto, senado e câmara dos deputados. Entre os citados na reportagem estão Renan Calheiros, Aécio Neves, Renan Filho, Laura Carneiro, Eunício Oliveira e Ricardo Ferraço.
A atuação online era parecida, mas a utilização dos fakes variava de um candidato para o outro. Em todos os casos, fotos de pessoas reais, URLs verdadeiras e postagens cotidianas serviam para dar aparência de legitimidade aos perfis, evitando também a detecção por serviços automatizados das redes sociais.
Em meio às publicações, entretanto, surgiam mensagens de apoio a candidatos, declarações de intenção de voto e até ataques a inimigos políticos.
O senador Aécio Neves, por exemplo, foi citado como o melhor preparado durante os debates presidenciais de 2014. Já Calheiros foi assunto de posts defensivos, principalmente em resposta aos protestos de 2013, com direito à utilização da hashtag #MexeuComRenanMexeuComigo.
Toda a operação seria comandada por uma empresa chamada Facemedia, que contratou dezenas de pessoas para comandar os perfis falsos.
Os “ativadores”, como eram chamados, recebiam contas já montadas, com direito a fotos e descrição de cada uma das “personas”, como eram apelidados os fakes, que contavam até com chips de celular usados na autenticação.
Todos eram monitorados pelo Skype e trabalhavam em regime de home office, recebendo valores que poderiam ir dos R$ 800 a R$ 2 mil.
No dia-a-dia, os funcionários realizavam postagens cotidianas, dando bom dia a seguidores, comentando algum filme ou reclamando da vida.
As mensagens eram publicadas com o uso de sistemas de gerenciamento de redes sociais como o Hootsuite – algumas pessoas, de escalão mais baixo, eram responsáveis apenas pelas mensagens cotidianas, programando postagens para a semana inteira e realizando interações entre os perfis.
Já outros cuidavam da parte política do negócio, além de publicarem comentários em sites de notícias ou votar em enquetes – muitas vezes, fazendo isso de forma repetitiva durante oito horas por dia.
Além disso, pessoas reais eram adicionadas de forma aleatória, também como maneira de dar aparência de legitimidade às contas. Quando uma era desmascarada por militantes políticos ou bloqueada pelos sistemas de segurança das redes sociais, outras surgiam em substituição.
A Facemedia contava com um banco de dados de milhares de perfis falsos prontos para serem utilizados.
Depois das eleições, muitos acabaram abandonados, com uma análise mostrando que 20% das contas utilizadas durante as eleições foram deixadas de lado em 27 de outubro de 2014, justamente o dia seguinte à votação do segundo turno das eleições daquele ano.
A BBC analisou somente uma amostra de contas que pertenceriam à Facemedia, mas fontes ouvidas pela reportagem afirmam que o escopo da operação seria muito maior, envolvendo também outras empresas que realizavam o mesmo tipo de serviço.
Entretanto, foi possível estabelecer ligações não apenas com políticos, mas também com partidos.  A companhia teria recebido R$ 360 mil do Comitê Nacional do PSDB para “serviços de marketing e comunicação digital”.
Renan Filho (PMDB), candidato ao governo de Alagoas, e Vital do Rêgo Filho (PMDB), da Paraíba, também tiveram pagamentos localizados, bem como uma empresa ligada à campanha de Aécio Neves à presidência, com compensações de R$ 504 mil.
Outros políticos citados pela reportagem são Paulo Hartung (PMDB), governador do Espírito Santo; o ex-deputado estadual Felipe Peixoto (PSB-RJ); o ex-senador Gim Argello (DF); o ex-prefeito de Vila Velha Rodney Miranda (DEM) e o secretário de Habitação do Rio de Janeiro, Índio da Costa (PSD).
A deputada Laura Carneiro (PMDB) também aparece na lista e, inclusive, seria cliente até poucas semanas atrás, com supostos apoiadores de sua atuação política publicando elogios e comentários nas redes sociais.
Em resposta, a maioria dos citados disse não ter utilizado os serviços. Outros admitem terem feito negócios com a Facemedia, mas com o caráter de monitoramento de mídias sociais e divulgação legítima das campanhas.
Aécio Neves, por exemplo, disse não reconhecer a empresa, enquanto Eunício Oliveira disse não ter autorizado o uso de perfis falsos. Já Renan Calheiros afirmou jamais ter contratado tais iniciativas e, inclusive, que nem mesmo era assíduo nas redes sociais durante as eleições.
Já a Facemedia, em resposta, disse não repassar as informações de contratos firmados com clientes, mas afirmou que seus serviços são transparentes, estando registrados junto ao Tribunal Superior Eleitoral.
A companhia admite que, entre suas atribuições, está a “criação e manutenção de sites e perfis”, mas não confirmou nem negou a criação de contas falsas para fins políticos ou não.

domingo, 10 de dezembro de 2017

Criminosos usam reféns em cordão humano e explodem banco em Encruzilhada do Sul/RS.

Agência da Caixa Econômica Federal ficou destruída após ataque
Brigada Militar / Divulgação
Ninguém ficou ferido na ação e polícia segue buscas na região.
ZERO HORA
A agência da Caixa Econômica Federal (CEF) de Encruzilhada do Sul foi alvo para ação de assaltantes na madrugada deste sábado (09), no Vale do Rio Pardo.
Os criminosos fizeram disparos para o alto e tomaram reféns para formar um cordão humano junto à agência. Pelo menos, dois terminais teriam sido abertos com explosivos. Policiais federais estão no local fazendo levantamentos preliminares e perícia. O caso é de competência da PF por se tratar de instituição bancária federal.
O grupo usava uma caminhonete ainda não identificada. A Brigada Militar analisou  imagens de câmeras de segurança da cidade e acredita que eram entre quatro e cinco assaltantes. O grupo chegou a levar dois reféns durante a fuga, que foram libertados sem ferimentos na saída da cidade, na RS-471.
Na quinta-feira, um ataque a bancos em Arvorezinha resultou na morte de um dos reféns que havia sido usado também em cordão humano. Ele foi baleado durante confronto entre os criminosos e policiais.
O delegado Joel Wagner, da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), acredita que não há ligação entre os dois casos:
_ Acho pouco provável pelas circunstâncias, já que este roubo foi com uso de explosivos e durante a noite, e também porque se suspeita de que alguns dos integrantes do bando que agiu em Arvorezinha ainda estejam escondidos na mata.
O ataque em Encruzilhada do Sul começou por volta da 0h45min. A agência fica na Rua Bento Gonçalves, centro de Encruzilhada. Os criminosos renderam pessoas que estavam nas proximidades e as obrigaram a formar um cordão humano para proteger a ação do bando. Dois caixas eletrônicos teriam sido explodidos.
O grupo fez diversos disparos para o alto. A ação durou cerca de 15 minutos, segundo o capitão Silvio Silva. Na manhã de sábado, além da perícia que está sendo realizada, a BM segue fazendo buscas em localidades do interior, prováveis rotas de fuga, conforme a sargento Elaine Pereira Mendes, que comanda o pelotão da BM de Encruzilhada do Sul.
Neste ano, a cidade passou por outro caso de ataque a banco. Um grupo de assaltantes explodiu três agências em 17 de junho. Na data, o Banco do Brasil, Banrisul e Sicredi foram acessados com explosivos e, da mesma forma, pessoas foram feitas de reféns durante a ação criminosa.
O assalto está sendo investigado pela Polícia Federal.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Brasil. Isenção Trilionária é a cereja do bolo da entrega do pré-sal.

Angra dos Reis - RJ, 03/06/2011. SCAVE - Local do evento da Cerimônia de batismo da Plataforma P - 56. Foto: Ichiro Guerra/PR.
Ichiro Guerra/Agência Brasil
. The Intercept_Brasil.
No último dia (03) quarta-feira, Michel Temer e seus comparsas empreenderam mais um ataque contra os cofres públicos. A base governista aprovou uma MP que fará o país abrir mão de 1 trilhão em impostos em favor das petrolíferas estrangeiras que irão explorar o pré-sal brasileiro. Mas este é apenas um dos capítulos finais de um roteiro entreguista que começou a ser desenhado antes mesmo do golpe parlamentar.
Depois do fim do monopólio da Petrobrás em 1997, a exploração dos campos de petróleo passou a obedecer um regime de concessão. Empresas vencedoras de licitação passavam a ser as donas do petróleo e apenas pagavam royalties ao governo. Após a descoberta do pré-sal, o governo Lula propôs uma mudança no modelo de licitação: o vencedor teria que compartilhar com a União a produção do petróleo e a Petrobrás teria que ter obrigatoriamente no mínimo 30% de participação nos consórcios.
Logo após o surgimento das primeiras propostas para o novo marco regulatório, petroleiras internacionais começaram a atuar nos bastidores. Entre 2008 e 2009, telegramas trocados entre o consulado americano no Brasil e Washington, publicados pelo WikiLeaks, revelaram o lobby das petrolíferas para combater as novas regras da exploração do pré-sal. Em uma das mensagens, uma diretora da Exxon aparece preocupada porque a “Petrobrás terá todo controle sobre a compra de equipamentos, tecnologia e a contratação de pessoal, o que poderia prejudicar os fornecedores americanos”. Em outra, uma diretora da Chevron diz que o governo está fazendo uso político do novo modelo e afirma que “as regras sempre podem mudar depois”. Ela ainda afirmou que a nova estratégia a ser adotada é “recrutar novos parceiros para trabalhar no Senado, buscando aprovar emendas essenciais na lei, assim como empurrar a decisão para depois das eleições de outubro”.
Um desses parceiros foi revelado em um dos telegramas intitulado “A indústria de petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal?”. Era o então pré-candidato à presidência José Serra (PSDB), que fez a seguinte promessa para a Chevron: “Deixa esses caras (do PT) fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”.
Em fevereiro de 2016, o então senador José Serra começa a cumprir a promessa feitas às petroleiras americanas. Uma proposta de sua autoriapara derrubar a obrigatoriedade da presença da Petrobrás na exploração das camadas do pré-sal é aprovada no Senado. Estava plantada a sementinha da dilapidação do pré-sal brasileiro. A proposta também previacabar com a exigência de contratação de conteúdo local na fabricação de equipamentos. O vice-presidente da ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) acredita que esta medida afetará gravemente a indústria nacional e pode desempregar mais de 1 milhão de brasileiros. Ele ainda questionou: “Imagina um governo decidir a favor de seis petroleiras estrangeiras e virar as costas para 200 mil industrias do seu próprio país? Tem alguma coisa errada”.
Após a tomada de poder, Serra foi escolhido para ser ministro das Relações Exteriores. A raposa amiga das petroleiras internacionais foi escolhida por Temer para intermediar a venda da nossa galinha dos ovos de ouro. E ele tinha pressa em atender aos interesses do lobby internacional. Às vésperas de se confirmar na Câmara sua proposta aprovada no Senado, Serra recebeu no Itamaraty a cúpula da britânica Shell. Será que nosso ministro defendeu os interesses do Brasil nesse encontro? Se levarmos em conta os telegramas interceptados pelo Wikileaks, a resposta é não.
Com a porteira aberta, o governo brasileiro deu início aos primeiros leilões de áreas do pré-sal em outubro passado sob as regras desejadas pelas empresas estrangeiras. As vendas chegaram a ser suspensas pela Justiça Federal pelo potencial de prejuízo ao patrimônio público. É que o preço inicial, estipulado pelo governo, estava muito camarada. A decisão foi revertida e a caravana de Temer e Serra pôde desfilar normalmente na passarela do entreguismo.
Em novembro, o The Guardian publicou novas informações sobre o lobby internacional que ronda o pré-sal. Um telegrama obtido pelo Greenpeace revelou que o governo do Reino Unido atuou fortemente em nome de petroleiras britânicas (Shell, BP e Premier Oil) interessadas em se dar bem nos leilões do pré-sal. Greg Hands, ministro do comércio exterior daquele país, se encontrou pelo menos 3 vezes no mês de março com Paulo Pedrosa, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia. Segundo a reportagem, Pedrosa garantiu ao ministro britânico que estava pressionando internamente o governo brasileiro para atender as demandas dos britânicos. Este lobby descarado em favor de interesses nacionais não ganhou status de escândalo, passou voando no noticiário e rapidamente caiu na vala do esquecimento.
O resultado das ações deste conluio não poderia ser diferente. Tanto as empresas britânicas quanto as americanas se deram muitíssimo bem nos leilões. A Shell, por exemplo, pode ser considerada a grande vencedora.
No lobby do ministro britânico estava também incluída a redução de impostos para os vencedores dos leilões. E como seu pedido é uma ordem, a base governista na Câmara aprovou uma isenção trilionária nesta semana, em plena crise fiscal. Não bastou vender o pré-sal a preço de banana, Temer e sua turma precisavam incrementar o sabujismo. E não se trata apenas de abrir mão de impostos, mas da soberania nacional e do nosso posicionamento na geopolítica mundial. 
Numa época em que as renúncias fiscais da Lei Rouanet causam revolta, essa isenção trilionária em favor de interesses internacionais não parece ter incomodado ninguém. Se somarmos as isenções fiscais da Lei Rouanet com todo o dinheiro roubado descoberto pela Lava Jato, por exemplo, não chegaremos nem perto do montante do qual o governo está abrindo mão. É um dos maiores assaltos aos cofres públicos que já se viu. Tudo feito dentro da lei, com a conivência de boa parte do povo brasileira e sob o silêncio da grande mídia.
Assim como as reformas trabalhista e previdenciária foram feitas sob medida para atender os interesses do mercado financeiro, todas as ações do governo Temer em relação ao pré-sal foram para atender os interesses internacionais. Os vendilhões da pátria estão depenando o país e o feirão não tem data para acabar. A entrega do pré-sal virou o grande símbolo da republiqueta de bananas que o Brasil voltou a ser dentro da geopolítica mundial.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Tiririca renuncia ao mandato de Deputado : “Estou decepcionado com a política”. Veja o discurso.

Tiririca
Tiririca  "Vamos olhar mais pelo nosso povo", pediu o artista.
O artista, duas vezes eleito deputado federal por São Paulo com mais de um milhão de votos, abandonou a vida pública.
Em seu primeiro e último discurso na Câmara, o deputado federal Tiririca (PR-SP) renunciou nesta quarta-feira 6 ao mandato. Alegando estar "com vergonha", se disse decepcionado com os colegas e com a política brasileira e pediu que os outros parlamentares "olhem pelo País".
Tiririca estava em seu segundo mandato. Em 2010, foi o mais votado em São Paulo, com 1,35 milhão de votos. Em 2014, teve 1,01 milhão de votos e ficou em segundo lugar, atrás de Celso Russomanno (PRB-SP).
A renúncia de Tiririca se dá dias depois de ele conceder uma entrevista ao Conexão Repórter, do SBT, na qual disse ter recebido propostas de propina em troca de voto. Nesta quarta, ele indicou que não vai denunciar os agora ex-colegas. 
"Eu jamais vou falar mal de vocês em qualquer canto que eu chegar e não vou falar tudo o que eu vi, tudo o que eu vivi aqui, mas eu seria hipócrita se saísse daqui e não falasse realmente que estou decepcionado com a politica brasileira, decepcionado com muitos de vocês", afirmou. "Eu ando de cabeça erguida porque não fiz nada de errado, mas acho que muitos dos senhores não têm essa coragem".
Confira a íntegra do discurso de Tiririca:

Pará. TRF1 ordena consulta prévia a indígenas afetados pela mineradora Belo Sun e mantém suspensão do licenciamento.

Foto: Ascom/PA
Foto: Ascom/PA.

Decisão proíbe que o licenciamento prossiga sem a consulta prévia, que deve seguir os protocolos de consulta das próprias comunidades indígenas.
Em julgamento realizado hoje (6), o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em Brasília, manteve suspenso por tempo indefinido o licenciamento da mineradora canadense Belo Sun e ordenou a realização da consulta prévia, livre e informada aos indígenas afetados pelo empreendimento, nos moldes do que é previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). De acordo com a decisão unânime do Tribunal, a consulta deve seguir o protocolo elaborado pelos próprios indígenas.

As comunidades Juruna e Arara da Volta Grande do Xingu deverão ser consultadas sobre o empreendimento, e o estado do Pará, que licencia o projeto de Belo Sun, só poderá dar prosseguimento ao licenciamento após essa consulta. 

Uma das alegações da empresa era a de que a consulta prévia, apesar de ser lei no Brasil, não está regulamentada. Com a adoção dos protocolos de consulta elaborados pelas próprias comunidades, o Tribunal afastou a necessidade de regulamentação. 

O entendimento do TRF1 seguiu o voto do desembargador Jirair Megueriam e atende a pedido do Ministério Público Federal (MPF), autor da ação civil pública que pede, desde 2013, a realização da consulta prévia para as comunidades indígenas afetadas por Belo Sun. 

A ação também apontou a ausência de estudos que avaliassem o impacto da operação da mineradora sobre os povos indígenas. Em 2014, sentença da Justiça Federal de Altamira ordenou a realização do chamado Estudo de Componente Indígena (ECI). 

A mineradora e o estado do Pará recorreram diversas vezes contra a obrigação de realizar os estudos e também contra a consulta prévia, mas perderam todos os recursos. Contra a decisão de hoje, só cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF). Para que o licenciamento seja retomado, terá que ser feita a consulta prévia, livre e informada. 

Elaboração de estudo - O Estudo de Componente Indígena também terá que ser elaborado. A empresa chegou a apresentar o ECI, mas ele foi considerado inapto pela Fundação Nacional do Índio (Funai), por apresentar apenas dados secundários, ou seja, colhidos fora das terras indígenas que deveriam ser objeto do estudo. Em sucessivas decisões recentes, o MPF tem conseguido afirmar jurisprudência nos tribunais superiores em defesa do direito de consulta prévia dos indígenas, em caso de empreendimentos que afetem a vida das comunidades.

“É absolutamente irresponsável a atitude do órgão licenciador, de impor ao licenciamento o ritmo do mercado em benefício do empreendedor, vitimando de maneira quiçá irreversível povos indígenas na Volta Grande do Xingu, que terão de arcar com um risco que, por lei, deve ser evitado”, dizem os procuradores Thais Santi, Ubiratan Cazetta e Felício Pontes Jr, signatários da ação do MPF que defendia a consulta prévia.

Aos argumentos apresentados pelo estado do Pará, de que a mineradora geraria impostos e empregos, o procurador regional da República da 1ª Região Francisco Marinho, que fez sustentação oral durante o julgamento, lembrou que a mineração já foi apresentada várias vezes como a salvação do Brasil. "Mas não salvou nem o Pará, porque, ao que parece, a pobreza permanece no estado", disse. 

Empreendimento - O projeto Volta Grande de mineração é anunciado pelos empreendedores como o maior do Brasil. O plano é instalar a mina em Senador José Porfírio, a aproximadamente 10 km de distância da barragem de Belo Monte. A empresa Belo Sun, do grupo canadense Forbes&Manhattan, divulgou aos investidores que extrairá, em 12 anos, 50 toneladas de ouro. 

A mina produzirá uma barragem de rejeitos com capacidade ocupada de 35,43 milhões de metros cúbicos ao final da operação. Para se ter uma ideia do risco, a barragem de Fundão, em Mariana, que rompeu no maior crime ambiental da história do país, matando 19 pessoas e toda a bacia do rio Doce em 2015, vazou 34 milhões de metros cúbicos de rejeitos. 

O fato da mesma empresa que assinou os laudos de segurança da barragem da Samarco, VogBr, assinar laudos da Belo Sun, provoca temor entre os indígenas.

Assessoria de Comunicação - Procuradoria Regional da República da 1ª Região - (61) 3317-4583/ 4862 - www.mpf.mp.br/regiao1 - Twitter: @MPF_PRR1.

Minas Gerais. Assaltantes roubam bancos, matam e espalham terror em cinco cidades do interior do estado, dentre os mortos um Policial Militar.

(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)


Bandidos provocam explosões em Oliveira, Tapira, Santa Rita de Caldas e Pompéu, onde um morador e um policial militar perderam a vida. Outros dois PMs foram feridos à bala.


A audácia de bandidos que atacam caixas eletrônicos e bancos de Minas Gerais não dá trégua. Cada vez ostentando maior poder de fogo e pressionando e acuando as pequenas forças policiais do interior do estado, os criminosos deixaram mais dois mortos em Pompéu, no Centro-Oeste, sendo um deles um policial militar, além de outro PM gravemente ferido, e protagonizaram ataques quase simultâneos em quatro cidades mineiras, dando mais provas do tamanho do desafio que o estado precisa vencer. 

Um terceiro PM se feriu em ataque em Morro do Ferro, distrito de Oliveira, também na Região Centro-Oeste, e as outras duas explosões ocorreram nas cidades de Tapira (Alto Paranaíba) e Santa Rita de Caldas (Sul de Minas). Na madrugada de segunda-feira, criminosos fortemente armados já haviam explodido caixas em Arcos, também no Centro-Oeste, totalizando cinco casos em dois dias.

a primeira morte de um militar depois que o governo de Minas lançou força-tarefa entre 13 instituições para os casos de ataques a terminais bancários, em setembro. A Polícia Militar foi dura ao comentar a situação e criticou o que classifica como falta de atitude dos bancos para proteger agências e caixas eletrônicos, que se tornaram alvo fácil de criminosos. 

Para o major Flávio Santiago, assessor de imprensa da corporação, muitas vezes a medida adotada pelas instituições financeiras é a simples retirada dos caixas das pequenas cidades, alvo preferido dos ladrões.


Para o policial, há iniciativas de sucesso da rede bancária para evitar os roubos dos caixas, como a ativação de um mecanismo que suja as notas com uma tinta caso um caixa seja explodido. Essa medida inviabiliza o uso do dinheiro roubado. “As notas pintadas em alguns pontos mostrando eficiência na ação já deveriam ter sido padronizadas no Brasil e infelizmente ainda não vemos essa ação por parte desse setor, que é importante para nossa sociedade, mas precisa atuar veementemente com isso”, diz o major.

O policial aponta também a facilidade no acesso aos bancos, muitas vezes protegidos apenas por barreiras de vidro que são facilmente rompidas, e destaca que as empresas deveriam usar soluções de maior resistência para os caixas eletrônicos. “É inconcebível que no século 21 você tenha facilidades de na madrugada chegar a esse cockpit, que é o invólucro do caixa automático. É imprescindível que haja ação. Ação é múltipla, não é só de polícia”, afirma o major.


Durante troca de tiros entre militares e os criminosos, o cabo Ozias Alves de Barros, de 33 anos, morreu no local após ser baleado na cabeça, ele deixa esposa e uma filha de dez meses.

Pompeu.

Criminosos invadiram a cidade fortemente armados e trocaram tiros com policiais. Um deles morreu, outro ficou ferido e há informações de que um morador também foi atingido. Moradores de Pompéu, no Centro-Oeste de Minas Gerais, vivem uma terça-feira de pânico. Criminosos fortemente armados invadiram a cidade durante a madrugada, atacaram um banco, atiraram contra o quartel da PM e mataram um policial, um morador e feriram outro militar. A PM se manifestou e enviou nota de "imenso pesar" por conta de falecimento do militar. 


De acordo com a Polícia Militar de Bom Despacho, responsável pela região, os bandidos chegaram em cinco veículos, sendo um deles uma moto. Armados com fuzis e espingardas calibre 12, eles tentaram trancar a porta do quartel com correntes. Eles atiraram várias vezes contra o imóvel e os militares revidaram, evitando que a entrada fosse fechada. 

Logo em seguida, outros comparsas explodiram a agência do Banco de Brasil em Pompéu. Militares que chegaram ao local foram surpreendidos pelos bandidos e baleados. O cabo Osias Alves de Barros, de 33 anos, levou um tiro na cabeça e morreu no local. Outro militar da mesma patente, identificado como Lucas Reis Rosa, de 27, foi atingido por um disparo nas costas e outro na virilha. Ele foi levado para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte.


Alisson dos Reis Pinheiro, de 22 anos, funcionário de uma lanchonete, foi baleado quando saía do estabelecimento no meio do confronto. "Eu não tenho dúvidas que essa ação desses infratores foi no sentido de atirar contra o membro da sociedade para evitar que a Polícia Militar continuasse no encalço deles. Como uma estratégia de guerrilha", comentou o major Flávio Santiago, chefe da Sala de Imprensa da Polícia Militar de Minas Gerais.



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terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Rio de Janeiro. Militares do Exército e civis são denunciados por fraudes em licitação.

Lígia Souto - Repórter do Radiojornalismo
O Ministério Público Militar no Rio de Janeiro (MPM-RJ) denunciou 11 pessoas, entre militares e civis, pelos crimes de estelionato e violação do dever funcional com fim de lucro. O esquema de fraudes e pagamento de propina teria causado um prejuízo de mais de R$ 150 milhões aos cofres públicos.
Entre os denunciados estão três coronéis da reserva, um coronel e dois majores da ativa, além de cinco civis. Eles são suspeitos de envolvimento em fraudes em procedimentos de dispensa de licitação e em contratos celebrados entre o Departamento de Engenharia e Construção do Exército e fundações privadas, entre elas, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). As fraudes teriam ocorrido entre setembro de 2005 e dezembro de 2010.
O Ministério Público Militar dividiu em três, os grupos os envolvidos nessas fraudes: um formado por oficiais; outro, integrado por sócios de empresas de fachada que supostamente prestavam serviços; e o terceiro, com oficiais da reserva e civis que representavam as fundações de apoio ao Exército.
De acordo com a denúncia, os envolvidos nas atividades ilícitas acreditavam estar isentos de qualquer suspeita em razão da natureza técnica dos serviços prestados e pela posição funcional de alguns de seus integrantes.
Empresas de fachada
O esquema funcionava da seguinte forma: empresas de fachada apresentavam propostas de preço em processos de dispensa de licitação, emitiam notas fiscais falsas e também firmavam contratos falsos. Após celebrados os documentos, as fraudes ocorriam de três formas: os serviços não eram executados; contratava-se serviços já executados ou havia superfaturamento.
Nas investigações, foram identificadas 14 empresas de fachada, nove delas envolvidas no desvio de recursos relacionados aos convênios.
A denúncia foi remetida, no final do mês passado, para análise do Superior Tribunal Militar (STM), a mais alta corte da Justiça Militar do país. Os nomes dos envolvidos nas fraudes não foram divulgados.
Outro lado
O Exército Brasileiro informou, por meio de nota, que abriu um inquérito policial militar logo ao tomar ciência do fato e em cumprimento ao que determina a legislação, tendo prestado todas as informações necessárias à formação do processo.
“Cumpre destacar que o Exército não compactua com qualquer tipo de irregularidade praticada, repudiando veementemente fatos desabonadores da ética e da moral que devam estar presentes na conduta de todos os seus integrantes”, informa a nota.
Com relação ao instrumento de parceria com o Dnit por meio do Departamento de Engenharia e Construção, o Exército diz que a colaboração não apresenta irregularidade, “não tendo sido objeto da presente denúncia”.
Edição: Davi Oliveira