20 de dezembro de 2011.por Conceição Lemes
Sábado passado, 17 de dezembro, o Diário Oficial do Estado de São Paulo
publicou um despacho do reitor da USP, João Grandino Rodas,
expulsando seis estudantes moradores do CRUSP por conta da ocupação da
sede da COSEAS (Moradia Retomada). As expulsões estão baseadas no
decreto de 1972, da ditadura militar, ainda vigente no Regimento Geral
da USP, que permite perseguições e penalidades políticas.
Um dos pontos que fundamentaram a decisão do reitor, segundo o seu próprio despacho, é o item 4:
Coincidentemente no dia 13 de dezembro, houve reunião do Conselho
Universitário da USP, onde estiveram presentes dirigentes das Unidades
de Ensino e Pesquisa e Órgãos Centrais da Universidade. Representando
os professores doutores, Adrián Pablo Fanjul, da Faculdade de Filosofia
e Ciências Humanas (FFCHL), participou.
“Ao longo da reunião, nada foi dito acerca das expulsões nem de um
documento que as respaldaria”, afirma o professor Adrián Fanjul.
– Nada, mesmo?!
“Realmente nada”, salienta Fanjul. “Nem por parte da reitoria nem de nenhum outro dirigente.”
Aliás, durante a reunião do dia 13 do Conselho Universitário foram
feitos vários pronunciamentos contrários aos processos em andamento
contra estudantes e funcionários e/ou pela anulação do decreto de 1972,
da época da ditadura, que os embasam. E já houve anteriormente várias
moções contra eles. Uma delas, recente, de 2010, da Congregação da
FFCHL, assinada pela sua presidente, professora Sandra Nitrini.
– Então esse documento a que se refere o despacho do reitor seria secreto?
“Secreto não é, porque o próprio reitor informa sua existência. Mas
ele não foi nem mencionado no Conselho Universitário que se reuniu
nesse mesmo dia 13, e ainda não foi divulgado”, observa Fanjul. “De
fato, a reunião do Conselho Universitário foi mero espaço de
formalidade, onde o tema nem se tratou, enquanto a verdadeira decisão
era tomada em sigilo.”
– A decisão teria sido tomada sem a presença de todos então?
“A decisão não foi tomada pelo Conselho Universitário”, esclarece Fanjul. “É o reitor quem assina o despacho.”
“Mas se o reitor conta com o respaldo da maioria dos diretores,
conta de fato com a maioria do Conselho. Se eles assinaram um documento
de apoio à medida tão grave no mesmo dia, por que no Conselho ninguém
disse nada?”, acrescenta Fanjul. ” Não submeter o assunto ao Conselho,
ou sequer mencioná-lo, explica-se para evitar que uma minoria
indesejável – leia-se nós, representantes, e alguns diretores –
condenasse a medida. Garantiu-se, assim, a ‘surpresa’ do final de
semana pré-natalino.”
Matéria copiada: http://www.viomundo.com.br/denuncias/professor-adrian-fanjul-expulsao-dos-alunos-da-usp-nao-foi-submetida-ao-conselho-universitario.html
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