quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

"O burro e o deputado". Humor da poesia popular no Cordel de Luciano Carneiro

O Cordel permanece mais vivo do que nunca. No Crato (Sul do Ceará) existe a Academia de Cordelistas do Crato fundada há 20 anos que  tem mais de 500 títulos publicados e mais de um milhão de folhetos levando o Nordeste para o mundo.


O folheto de cordel "O burro e o deputado" é um dos 40 títulos de autoria do poeta Luciano Carneiro que é um dos membros desta academia ocupando a cadeira de n° 2.

"Em 1995, um deputado teve a ideia de criar uma lei que proibisse a utilização de animais atrelados a carroças, transportando cargas diversas e transitando em rodovias, ruas e avenidas, projeto que contou com o apoio da Sociedade Protetora dos Animais", diz a poeta Josenir Lacerda na apresentação do Cordel de Luciano Carneiro.

Aliás, para reforçar o que dissemos acima, Josenir é também membro da ACC e foi recentemente eleita membro da Academia Brasileira de Cordel, distição que enche de orgulho os amantes do cordel no Crato e no estado do Ceará.

Encerrando a apresentação do cordel de Luciano Carneiro, diz J. Lacerda: "Só mesmo uma mente privilegiada e merecedora da cumplicidade da 'musa' para encontrar uma saída tão diplomática e criativa” enquanto concluiu parabenizando o poeta.

Eis Cordel "O Burro e o Deputado" (Luciano Carneiro-Crato|Ce)

O deputado e o burro
Tão num impasse danado
Vão findar trocando murro
O burro e o deputado
O burro quer trabaiá
O dotô num qué deixá
Diz que a carroça é pesada
Porém o burro enfezado
Diz que não é deputado
Pra ganhar sem fazê nada.
II
O burro inda diz assim
Eu trabaio pro meu patrão
Mais ele mim dá capim
Mim dá remédio e ração
Dá água bãe e vacina
E só me aprica disciprina
Quando invento bestêra
E você, seu deputado
Se fosse disciprinado
Agia douta manêra.
III
Burro, cavalo e jumento
Tem mais é que bataiá
Se for no seu argumento
De vivê sem trabaiá
De disprezá o seu dono
Lhe deixá no abandono
Eles vai tranca o roçado
Tem razão, que a roça é sua
E joga nóis no mei da rua
Pra morrê atropelado
IV
E será se essa tá
De proteção dos animais
Tem roçado, tem quintá
Cum água e cum capinzais?
Pra nóis vivê só cumeno
Bebeno água e correno
Tudo gordo e bem zelado
Viveno uma vida incrive
Iguá a que o senhô vive
Na câmara dos deputado?
V
Será que os dono da gente
Tem a merma opinião?
Que tem o seu presidente
O chefe dessa nação
Que cobra imposto danado
Do pobre lá do roçado
Do piqueno comerciante
Pra todo finá de mês
Pagá um montão pra vocês
Só pruquê são importante?
VI
Eu num reparo o sinhô
Sê dotô, seu deputado
Esquecê seus inleitô
Que veve disagregado
Ou trabaiano na roça
Ou mermo nu’a carroça
Cuma meu patrãozim faiz
Tentano sobrevivê
Mas deixe de meter
Na vida dos animais.
VII
Vá criá projeto novo
Vá cuidá doutos assunto
Fazê morada pro povo
Vá douto, fazê conjunto
Vá ajeitar as estrada
Que tão tudo esburacada
Dão má pra gente passá
Ou então fique parado
Ganhano seu ordenado
Mais deixe nóis trabaiá.
VIII
Parece que o sinhô
É mais burro do que eu
Que diabo é isso douto
O que foi que aconteceu?
E o pobe do deputado
Oiô pro burro ispantado
Sem tê o que respondê.
Findô falano pro burro:
- Se você me dé um murro
Eu dô um coice in você.

Materia copida:http://dilma13.blogspot.com/

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