ACHEI MUITO OPORTUNA A MATÉRIA DO BLOG CAZOMBANDO E REPRODUZIDA PELO JORNALISTA MARCO D'EÇA SOBRE O ARTESANATO PIRATA QUE É COMERCIALIZADO NOS LOCAIS TURISTICOS DE SÃO lUÍS, POR CONCORDAR COM A MESMA, REPRODUZO O MESMO CONTEÚDO ABAIXO.
Turistas incautos e nativos desatentos estão sendo ludibriados por
inúmeras lojas de artesanato espalhadas pela cidade, notadamente na área
da Praia Grande, Centro Histórico de São Luís, capital patrimônio da
humanidade.
A maioria esmagadora dos objetos artesanais, que são comercializados
nas lojas, não são provenientes do estado, mas, trazidas de outros
lugares, tais como Pernambuco, Ceará, Alagoas, Paraíba, Piauí, Pará e
até da Bahia.
Os comerciantes podem revender produtos de outros locais, no entanto,
os objetos ostentam a ilícita frase: “Lembrança de São Luís”, o que
constitui propaganda enganosa.
Produtos cerâmicos figurativos de Pernambuco, roupas em algodão cru e
tratado, oriundas do Ceará, redes provenientes da Paraíba (embora
exista boa produção de redes nos municípios maranhenses de São Bento e
Rosário), colares com sementes de açaí, que são trazidas do Pará,
veleiros feitos com conchas e búzios, e até bolsas e chapéus de palha
são vendidos como se fossem produzidos no Maranhão.
De original mesmo sobra pouco, tais como o artesanato à base de fibra
de buriti (bolsas, sandálias, chapéus), azulejos pintados com nomes de
ruas ou logradouros pitorescos de São Luís, camisas ostentando imagens
que abordam o patrimônio histórico, figuras femininas tendo como base a
semente de babaçu e algumas peças de renda oriundas do município da
Raposa (com ressalvas, já que a maioria das peças da Raposa é, na
verdade, revendida, sendo trazidas do Ceará).
Não é excessivo lembrar que o artesanato das mulheres da Raposa tem origem cearense.
Já se tornou bastante comum a presença de micro-ônibus, caminhões ou
vans estacionados na Praia Grande, descarregando os produtos advindos de
outros estados, disputados avidamente pelos donos de lojas de
artesanato da área.
Segundo André Lira, proprietário da “São Luís Artesanato”, situada na
rua da Alfândega, Praia Grande, os produtos locais não conseguem
competir com os produtos vindos de outros estados, além de a mão-de-obra
de fora ser mais barata.
- Não temos também uma produção suficiente para atender à demanda
turística, e os incentivos estaduais são pequenos, o que nos leva a
tomar essa atitude, o que é uma pena, já que o Maranhão possui um grande
potencial para desenvolver seu artesanato e se destacar no cenário
nacional em tal área - disse.
Grande parte das peças artesanais é encomendada, e os objetos já
trazem pintada a frase que indicaria que o produto é de São Luís, o que
caracteriza uma verdadeira pirataria.
A prática é danosa para o desenvolvimento da atividade comercial
como um todo. Existe uma grande desinformação da população local e dos
turistas sobre o artesanato maranhense, o que estimula o esquema
fraudulento.
Os comerciantes estão interessados no lucro e muitos artesãos de
outros estados ainda não conhecem o real valor do que produzem, vendendo
as peças a um preço muito baixo, o que inviabiliza a produção local.
- Estamos trabalhando com os artesãos, buscando encontrar
soluções para enfrentar esse problema, e um dos caminhos é a busca de
uma identidade para o artesanato maranhense, como é o caso das rendas
produzidas pelas mulheres da Raposa, cujas peças são bem trabalhadas e,
portanto, mais caras do que o produto que vem do Ceará, com peças
produzidas de forma mais rápida e grosseira. Tentamos incentivar a
qualidade do produto visando mudar a realidade, gerando assim melhoria
da qualidade de vida dos artesãos - informou o designer Marcelo Medeiros, consultor do SEBRAE.
Enquanto isso não acontece, muita gente continua sendo enganada.
Comprando gato por lebre…
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