Cerca de 600 homens do Exército cercam a Assembleia Legislativa da
Bahia para garantir que a Polícia Federal cumpra os 11 mandados de
prisão contra policiais militares grevistas que ocupam a Casa desde a
semana passada.
A Justiça decretou a ilegalidade do movimento e expediu 12 mandados
de prisão. O primeiro foi cumprido na madrugada de domingo 5. O policial
Alvin Silva foi preso e encaminhado para a Polícia do Exército sob a
acusação de formação de quadrilha e roubo de patrimônio público
(viaturas). Além disso, o policial vai passar por um processo
administrativo na própria corporação.
O pedido para a desocupação do prédio foi feito no domingo à tarde
pelo presidente da Casa, deputado Marcelo Nilo. O secretário de
Segurança, Maurício Barbosa, e o comandante-geral da PM, coronel Alfredo
Castro, acompanham a operação.
O estado conta com o apoio de mais de 2,5 mil homens das Forças
Armadas e da Força Nacional no patrulhamento de Salvador, Feira de
Santana, Barreiras e Paulo Afonso. O grupo conta também com quatro
veículos de combate Urutu, que já circulam por Salvador.
Os policiais militares da Bahia estão em greve desde a última quarta-feira 1º.
Número de homicídios chega a 87 no estado
Desde o início da greve da Polícia Militar na Bahia na terça-feira
31, 87 pessoas foram assassinadas no estado, segundo dados atualizados
do site da Secretaria de Segurança Pública estadual. A grande maioria
dos crimes, no entanto, ocorreu na região metropolitana de Salvador.
Além das mortes, no mesmo período foram registradas 41 tentativas de assassinato.
O dia mais violento foi a sexta-feira 3, com 32 homicídios e 16
tentativas de assassinato. Na quarta-feira 1, foram registrados sete
homicídios, na quinta-feira, 14, no sábado, 17, e no domingo, até o
momento, 18 mortes.
Segundo o governo baiano, os 12 mandados de prisão expedidos pela
Justiça contra policiais e participantes da greve, considerada ilegal,
começaram a ser executados no estado. A primeira prisão ocorreu na
madrugada deste domingo 5.
Alvin dos Santos Silva, policial militar lotado na Companhia de
Policiamento de Proteção Ambiental (COPPA), foi detido sob a acusação de
formação de quadrilha e roubo de viaturas.
No sábado 4, o governador Jacques Wagner (PT) afirmou que não vai
conceder a reivindicação de anistia para os policiais que participaram
do movimento, apresentada na pauta das associações da PM baiana.
“Ultrapassar a democracia com a violação da lei, comigo não tem acordo.”
Os policiais e participantes da greve estão acampados em frente à
Assembleia Legislativa de Salvador. Eles reivindicam a aprovação do
plano de carreira, regulamentação da gratificação de atividade policial,
nível 5, melhores salários e condições de trabalho.
De acordo com Wagner, nos últimos cinco anos, a corporação recebeu
cerca de 60% de reajuste, ou um ganho real em torno de 35%. O governador
admitiu, porém, que as condições de trabalho precisam ser melhoradas.
A Secretaria de Segurança aponta que a Justiça expediu um mandado de
reintegração de posse para 16 viaturas em posse de manifestantes
ligados aos grevistas e que parte dos veículos foi recuperada.
Ainda de acordo com o órgão, a Justiça determinou o fim do movimento
grevista que conta com a participação de cerca de 20 mil dos 30 mil
policiais baianos. Das 300 viaturas da corporação em Salvador, 210 estão
em atividade.
Ajuda federal
Para avaliar a situação e acompanhar as operações das Forças Armadas
na garantia da segurança da população, o ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, e a secretária Nacional de Segurança Pública, Regina
Miki, foram enviados a Salvador o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, e o chefe do
Estado-Maior das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, também
estão na cidade.
Cardozo declarou no sábado que a presidenta Dilma Rousseff decretou
Operação de Lei e Ordem. Isso possibilita a mobilização da Força
Nacional, da PF e das Forças Armadas sob o comando do Ministério da
Defesa. Ele ressaltou ainda que depredações e ataques a equipamentos
submetidos à Operação são crime federal. “Neste caso, a PF poderá
investigar, apurar e submeter as ações ao Ministério Público Federal,
para que as medidas corretas sejam tomadas.”
A Secretaria de Segurança estadual informou que cerca de 3,5 mil
militares foram disponibilizados para garantir a ordem no estado durante
a greve da PM. Segundo o órgão, os bairros periféricos de Salvador
começaram a receber o reforço militar na noite de ontem. As operações no
interior do estado ocorrem pontualmente.
Violência
Boatos de arrastões fizeram com que o comércio fechasse mais cedo na
sexta-feira e shows de bandas de axé, como Olodum – que teve um de seus
integrantes morto em um assalto ontem – , e uma apresentação da
cantora Ivete Sangalo fossem cancelados.
A falta de policiais nas ruas gerou uma onda de saques e violência em
todo o estado. Apenas na sexta-feira, 58 carros foram roubados e
algumas lojas arrombadas e saqueadas.
De acordo com a Secretaria de Segurança, foi registrada “uma série de
casos de vandalismo, com assaltos e arrastões, em várias áreas de
Salvador”, desde que “PMs ligados à Associação de Policiais e Bombeiros e
de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra-BA) anunciaram greve por
tempo indeterminado.”
Com informações Agência Brasil
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