domingo, 5 de fevereiro de 2012

Alcoa fecha Fabrica na Itália. Milhares de Espanhois fazem protesto nas ruas da Corunha em defesa do quadro de pessoal de Alcoa Inespal.

Galiza - Laboral/Economia
Domingo, 05 Fevereiro 2012 02:00
050212_cig_alcoa_corunhaCIG - Milhares de pessoas manifestárom-se na tarde desta sexta-feira contra o Expediente de Regulaçom de Emprego (ERE) apresentado por Alcoa Inespal e contra a deslocalizaçom da produçom da fábrica da Corunha. A marcha, convocada polo Comité de empresa, contou com a participação do quadro de pessoal das centrais que a multinacional tem na comarca da Marinha, no concelho de Sam Cibrao e nas Astúrias, na cidade de Avilês, para além do secretário geral da CIG, o secretário nacional da CIG-Metal e membros da executiva federal.

Com uma redução da produção de 50% e uma proposta de ERE de suspensão temporal acima da mesa para metade dos 420 operários e operárias da fábrica da Corunha, o pessoal de Alcoa Inespal manifestava-se no serám da sexta-feira pelas ruas da cidade, acompanhado por centenas de pessoas, para rejeitar as medidas da multinacional do alumínio e contra o desmantelamento industrial da comarca da Corunha.

Os delegados da CIG na empresa teimam em expor que o problema de fundo não é o expediente de regulação, senão a inexistência de um plano de viabilidade que garanta o futuro das instalações. Neste sentido, tinham reivindicado à direção que apresente que planos tem para a central da Corunha e qual é a viabilidade industrial que terá dentro do próprio Grupo. "Se a empresa não responder a estas questões entenderemos que Alcoa não tem interesse em continuar com a atividade desta central", sublinham. "Agora a direção parece disposta a assumir que o ERE seja rotativo para o cem por cento do pessoal, mas desconhecemos por completo que vai acontecer quando finalizar a vigência da regulação", assinalam.

Dúvidas sobre o futuro da multinacional para as fábricas galegas.
A este respeito, a CIG voltou a advertir que por trás deste corte da produção e o emprego se agacha a pretensão da Alcoa de deslocalizar a produção a países que tenhem uma tarifa energética mais barata e um mercado laboral desregulado. Neste sentido, apontam que os problemas da central da Corunha começaram com o desmantelamento da linha de produção de fio, deslocalizada há uns anos à fábrica da Islándia, e realocação que em 2013 está previsto que o consórcio Maaden-Alcoa ponha em marcha umha mega fábrica na Arábia Saudita.

No mesmo sentido manifestáram-se os companheiros e companheiras da CIG em Alcoa-Sam Cibrao, que esta tarde se achegaram à Corunha para participarem da manifestação. A representação da fábrica da Marinha mostrou-se pessimista quanto às expectativas de futuro para as centrais que Alcoa tem na Galiza. De fato, sublinham, a própria direção que recusou-se a oferecer garantias sobre a continuidade da atividade nas instalações de Sam Cibrao, chegando a ironizar sobre que "para assegurar o futuro já estão Carrefour ou El Corte Inglés".

"Entre a apresentação dos EREs e a predisposição da multinacional a deslocalizar a produção e o trabalho (praticamente em Sam Cibrao todas as tarefas som feitas através das auxiliares) temos muitas suspeitas de que as verdadeiras intenções passam polo encerramento das fábricas do nosso país". Este alvo, matizam, explicaria o recente Plano de Evacuação apresentado para a central da Marinha (apesar de levar 30 anos em funcionamento), através do qual se pretenderia evitar qualquer reclamação por responsabilidades ambientais uma vez abandonadas as instalações.

Aliás, as Seções Sindicais da CIG nas duas fábricas matizárom que nos informes económicos anuais, a empresa sempre destacou a rentabilidade das centrais galegas. Porém, "de súbito, Corunha não é competitiva e decidem aplicar-lhe um corte da produção e no emprego com o objetivo de reduzir custos, mas esta medida vai provocar o efeito contrário já que o se produzir nessa fábrica sairá mais caro", denunciam.

Manifesto do quadro de pessoal
Ao acabar a marcha, o Presidente do Comité de Alcoa Inespal, deu leitura ao manifesto dos trabalhadores e trabalhadoras que reproduzimos a seguir:

MANIFESTO

Boa noite:

No nome do Comité de empresa e dos trabalhadores/as de Alcoa-Inespal de Agrela, recebede uma carinhosa saudação todas e todos os que hoje nos acompanham (especialmente os companheiros e companheiras do norte do país e das Astúrias) por solidarizar-se e acompanhar-nos nesta manifestação reivindicativa pelo emprego e contra a deslocalização.

A central corunhesa de Alcoa leva mais de 50 anos na comarca herculina e em toda esta vida industrial com as diferentes denominações, sendo empresa pública ou privada (Alumínios da Galiza, Inespal, Alcoa), deu a possibilidade de que milhares de trabalhadores e trabalhadoras da cidade da Corunha, da comarca e da Galiza, tivessem um trabalho para poder viver dignamente com as suas famílias ou ir avante na sua trajetória laboral.

Mas hoje estamos aqui, porque a direção da Alcoa, a 9 de janeiro, convocou o Comité de empresa com carácter de urgência para informar sobre o corte de produção de 12% há nível mundial, devido aos maus resultados económicos no 4º trimestre de 2011.

Segundo a direção 7% da redução seria nos EUA (291.000 toneladas). O restante 5% faria-se na Europa mediante o encerramento da fábrica de Portovesme (Itália) de maneira permanente (155.000 toneladas), e uma redução temporal da produção na Corunha (Galiza) e Avilês (Astúrias) de 90.000 toneladas em Alcoa Inespal, o que suporia uma paralisação da produção de 50% em cada uma das fábricas. O corte de produção nas fábricas galega e asturiana implicaria um ERE temporal de um ano para 150 trabalhadores/as em Avilês e 210 na Corunha.

A Alcoa quer justificar esta medida na Galiza e nas Astúrias baseando-se nos altos custos de produção a causa do incremento das materias primas (coque, brea) e do baixo preço do metal na bolsa de metais de Londres (LME), com uma redução de 27% em 2011. Além do mais, está o incremento na tarifa elétrica e a falta de um contrato de energia competitivo de longo prazo.

Esta última questão, a da energia, é o verdadeiro problema que nos traz hoje aqui, pois não se pode esquecer que quase metade dos custos da produção do alumínio pertencem à eletricidade. Se a isto acrescentarmos que o atual contrato com as elétricas finaliza em dezembro deste ano, mais claro que a água.

Por todo iso, Alcoa propõe um ERE para uma central emblemática, desmantelando o futuro industrial da comarca corunhesa. Isto põe em risco os postos de trabalho tanto de Alcoa, como das companhias auxiliares Reymogasa, Masa Galicia, Montajes Dimar, Fremap, Climagal, Segasa, Galman, Montajes Biermar, Traexla, Jofrasa, Cotelsa, etc., que prestam os seus trabalhos auxiliares, assim como a incidência negativa que pode implicar para o setor metalurgico. Em total mais de 1.500 empregos afetados direta ou indiretamente.

O Comité de empresa leva anos insistindo para que Alcoa apresente um plano industrial que cubra as exigências da central, garantindo a sua viabilidade, e não aplicando saídas conjunturais que não suponhem nenhuma solução de futuro.

Pelo qual, exigimos da direção de Alcoa, que não é imprescindível a aplicação de um ERE, que tal e como está proposto põe em risco o futuro da fábrica, já que o que sim é preciso é a apresentação de um Plano Estratégico de Futuro que permita que esta atividade continue a gerar emprego e riqueza nesta comarca corunhesa que tanto apostou de forma direta e indireta polo mantenemento e a sobrevivência destes postos de trabalho, tanto para os trabalhadores/as atuais como para as geraçons vindouras.

Aliás, exigimos aos poderes políticos (Cámaras municipais, Deputados, Governo galego e espanhol) que se envolvam num compromisso político, claro, nítido e necessário para que esta atividade industrial continue a ter futuro e siga a ser um referente na comarca corunhesa. 

Pois estamos convencidos os sindicatos, trabalhadores/as e o povo, que se não o faz assim poderiam ser partícipes na desfunção industrial de uma atividade que leva mais de cinco décadas e vai a continuar a ter uma demanda de futuro do seu produto independentemente da situação pela que atualmente está a passar.

Obrigado de parte do quadro de pessoal de Alcoa e dos seus familiares por ter compartilhado conosco esta jornada reivindicativa e desejar-vos aos companheiros e companheiras da Marinha e das Astúrias uma feliz viajem de volta.

Fonte: http://diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=24066:milhares-nas-ruas-da-corunha-em-defesa-do-quadro-de-pessoal-de-alcoa&catid=222:laboraleconomia&Itemid=155

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