Mariana Jungmann - Repórter da Agência Brasil.
Edição: Vinicius Doria
FONTE: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-02-28/eliana-calmon-propoe-mudanca-na- constituicao-para-cnj-ter-mais-poder-contra-juizes-corruptos
Brasília - A corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
ministra Eliana Calmon, voltou a defender hoje (27) competências
estabelecidas em lei para processar e julgar juízes que pratiquem atos
de improbidade e corrupção.
Em audiência pública na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a ministra defendeu a aprovação
de uma proposta de emenda à Constituição que trata do assunto e falou
sobre a dificuldade das corregedorias estaduais de fazer o trabalho de
fiscalização e de processar juízes e, especialmente, desembargadores.
“No caso dos desembargadores, eles são julgados pelos seus colegas
também desembargadores. E é muito difícil você julgar um igual, um amigo
querido. Os juízes de primeira instância estão um pouco mais distantes,
é mais fácil, mas os desembargadores estão ali trabalhando lado a lado
com os corregedores”, explicou a ministra.
A corregedora também falou sobre as dificuldades estruturais das
corregedorias estaduais que, segundo ela, são “estranguladas” pelos
tribunais quando começam a desagradar aos desembargadores. Além disso, a
ministra denunciou a interferência política de corregedores que almejam
assumir a presidência do tribunal onde atuam. “Os melhores corregedores
são os que não terão idade para se candidatar a presidente depois”,
ironizou.
Segundo Eliana Calmon, “todos sabem quem são os maus juízes”, mas
aqueles que agem corretamente se calam para não se indispor com os
colegas. “A magistratura séria, decente, não pode ser misturada com meia
dúzia de vagabundos que se infiltraram na magistratura”.
A PEC que trata das competências do CNJ é de autoria do senador
Demóstenes Torres (DEM-GO) e propõe uma regulamentação mais clara sobre
as competências do conselho. Segundo Torres, a proposta foi apresentada
antes da decisão recente do Supremo Tribunal Federal que considerou
válida a competência do CNJ para processar e punir juízes,
independentemente de os processos terem sido iniciados nas corregedorias
estaduais.
Para o senador, ainda existe margem para questionamentos e a aprovação
da PEC vai trazer mais segurança para a atuação do órgão corregedor. “A
decisão do Supremo é só liminar e foi por um voto, quer dizer, é por uma
margem precária. Essa PEC deixa claro que o CNJ tem a competência para
processar e julgar originariamente atos de juízes e desembargadores.
Isso é importante porque o CNJ, ao ver que as corregedorias estaduais
não estão tomando providências, poderá agir”, declarou o senador.
O vice-presidente da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho
(Anamatra), Paulo Schimidt, também participou da audiência e disse que a
classe não se opõem aos poderes do CNJ. Schimidt, no entanto, cobrou
que o conselho ofereça apoio aos magistrados na mesma proporção em que
fiscaliza a atuação deles. “Os juízes esperam muito do CNJ, só na
questão disciplinar, no cumprimento de metas, na busca de eficiência,
mas também esperam muito do CNJ na defesa da independência do juiz”.
A expectativa é que a PEC que trata dos poderes do CNJ seja votada na
CCJ do Senado na próxima semana. O relator da proposta é o senador
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que deverá acatar novas sugestões para
ampliar ainda mais os poderes do conselho.
FONTE: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-02-28/eliana-calmon-propoe-mudanca-na- constituicao-para-cnj-ter-mais-poder-contra-juizes-corruptos
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