Gilberto Costa - Repórter da Agência Brasil.
Edição: Nádia Franco
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-02-27/incendio-na-comandante-ferraz-tera-impacto-politico-afirmam-cientista-e-deputada
Brasília – O geólogo Jefferson Cardia Simões, professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (URGS), afirmou hoje (27) que o
impacto do incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz vai além do
científico. "É político, também”, disse Simões, que é especialista no
continente. O professor disse esperar que, com o acidente, a opinião
pública seja esclarecida sobre as atividades brasileiras na Antártica e
que o fato repercuta no orçamento destinado às atividades de pesquisa no
país.
A vice-presidente da Frente Parlamentar de Apoio ao Programa
Antártico, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), tem percepção semelhante e diz
que o Brasil precisa assumir a sua condição sexta potência mundial: "o
grau de investimento no continente não está à altura de um país como o
nosso."
De acordo com a deputada, o Brasil destina poucos recursos à
pesquisa na Antártica porque “há uma completa insensibilidade e
inconsciência científica por parte da sociedade, do [Poder] Legislativo e
do [Poder] Executivo. O programa de pesquisa na Antártica dá estatura
ao Brasil”, ressalta.
Para Jô Moraes, não houve sensibilidade da Comissão Mista de Planos,
Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional para separar
mais recursos para os gastos com a Estação Comandante Ferraz e as
pesquisas na Antártica. De 2011 a 2012, os recursos previstos no
Orçamento da União para a Missão Antártica caíram de R$ R$ 75,1 milhões,
previstos no Programa Antártico Brasileiro (Proantar) para R$ 19,9
milhões, descritos no programa temático Mar, Zona Costeira e Antártica.
Segundo a deputada, nem mesmo os recursos orçamentários destinados à
região têm garantia de execução.
Em balanço feito em novembro do ano passado, a Frente Parlamentar de
Apoio ao Programa Antártico verificou que nenhum real previsto em
emendas de deputados, senadores ou comissões para a missão brasileira no
continente tinha sido executado. Jô Moraes disse esperar que mais R$ 20
milhões sejam destinadas à missão para reconstrução da estação.
Apesar de criticar a “precariedade" do programa, ela diz que o
incêndio foi uma “fatalidade”, cujas consequências seriam menores se o
país desse prioridade à Antártica. “Os prejuízos da fatalidade poderiam
ter sido evitados, nós temos refúgios lá”, ressalta a deputada,
referindo-se a áreas da estação que não foram atingidas, a acampamentos e
embarcações.
Na avaliação de Jefferson Simões, 40% das pesquisas foram afetadas.
“Não podemos confundir o programa de pesquisa com a estação. O programa
é mais amplo. Temos dados de pesquisa coletados por 27 anos”, lembra o
cientista, destacando que a maior parte das pesquisas não era feita na
estação, como é o caso do módulo de pesquisa Criosfera 1, instalado no mês passado por sua equipe na Antártica, a 670 quilômetros do Polo Sul.
Ele classificou o incêndio de “catástrofe”, mas ressaltou que não é o
primeiro episódio, pois na década de 1970, houve um incêndio na estação
russa. “Os incêndios em estações são muito temidos porque são difíceis
de combater. O ambiente é fechado e há muito material inflamável”,
explicou.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou nota de
pesar pelo incêndio na Estação Comandante Ferraz. No momento do
acidente, dois pesquisadores do Inpe estavam na Antártica: José Roberto
Chagas, da Divisão de Geofísica Espacial, e José Valentin Bageston, da
Divisão de Aeronomia. “Eles estão bem e desembarcaram no Rio de Janeiro
na madrugada desta segunda-feira, com o grupo trazido de Punta Arenas,
Chile, em avião da Força Aérea Brasileira (FAB)”, diz a nota do Inpe.
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