Autor(es): agência o globo:Teresa Surita
O Globo - 23/04/2012
No estágio em que se encontra a indústria mundial, os óxidos e as
ligas de terras-raras são indispensáveis à fabricação de bens
estratégicos. A recente disputa instaurada no âmbito da Organização
Mundial do Comércio pelos Estados Unidos, Comunidade Européia e Japão
contra a China em torno dos terras-raras desnuda uma realidade à qual
não se pode fugir: inexistem, hoje, outros produtos minerais capazes de
substituir os terras-raras.
As grandes potências despertaram tardiamente para um fato
perturbador: a China detém o monopólio dos terras-raras necessários
para construir satélites, caças supersônicos e sistemas de comunicação.
A indústria de ponta do planeta está nas mãos da China, que produz 90%
das ligas metálicas com terras-raras.
Beneficiada pela abundância de terras-raras que caracteriza a
geologia de seu território, a China implantou uma cadeia produtiva,
lastreada em preço e quantidade, que motivou centros produtores como os
Estados Unidos, o Canadá e a Austrália a interromper o processamento
dos elementos contidos, acima de tudo, nos minerais dos grupos da
bastnaesita, da monazita, das argilas iônicas e do xenotímio.
O Brasil chegou a produzir óxido de lantânio a partir da monazita.
Na contra-mão da China, o Estado brasileiro não compreendeu que os bens
fabricados a partir dos terras-raras seriam indispensáveis, inclusive
por dinamizarem a balança comercial. Não se elaborou, então, uma
política para o setor.
No dia 13 de abril, a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
Geológico deu início a uma avaliação do potencial de terras-raras no
Brasil. Essa tarefa se estenderá até 2014 e, em um primeiro estágio,
implicará o levantamento de terras-raras em três províncias minerais
localizadas em Roraima e no Amazonas.
Esse estudo não pode, contudo, encerrar-se em si mesmo. Deve ser
encarado como um movimento no sentido de obter informações precisas que
possibilitem o planejamento de uma cadeia produtiva de óxidos e ligas
de terras-raras no país. É indispensável ter em mente a necessidade de
se criar um pólo de desenvolvimento tecnológico dedicado ao assunto,
semelhante ao do setor petrolífero, um modelo paradigmático.
A consciência de que dominar o ciclo produtivo dos elementos de
terras-raras exigirá determinação política e disciplina programática
levou o Conselho de Altos Estudos da Câmara dos Deputados a aprovar
minha proposta para realizar um amplo estudo sobre terras-raras e
minerais estratégicos, com vistas a sinalizar para o Poder Executivo a
necessidade de o Brasil conquistar autonomia no setor.
O que se quer é ter clareza sobre o que é necessário para o país
colocar-se em situação privilegiada quanto à disponibilidade de
elementos de terras-raras, dominar a tecnologia de separação e
processamento e dar condições ao parque industrial de desenvolver a
cadeia produtiva dos minerais mais estratégicos.
Afinal, se o Brasil pretende materializar realizar sua plena
potencialidade, é indispensável não negligenciar o uso dos recursos
naturais estratégicos disponíveis em nosso território, criar fortes
linhas de pesquisa e desenvolvimento das tecnologias de extração e
processamento, bem como fomentar a constituição de empresas nacionais
que permitam perenizar em nosso país o conhecimento e a estrutura
industrial.
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FONTE:http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/4/23/atencao-as-terras-raras/?searchterm | ||||
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Atenção às terras raras.
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