quarta-feira, 11 de abril de 2012

Relembrando - Apruma defende melhorias para os professores e para a Ufma

**Jornal Pequeno – Quais as principais metas para essa gestão que assumiu agora o comando da Apruma?
Vilemar Gomes Silva* – Nossa luta geral é pela defesa da educação pública gratuita em todos os níveis, com padrão unitário de qualidade e de condições de trabalho, carreira docente única, salários dignos, fortalecendo o nosso sindicato nacional - Andes-SN, e a unidade da luta com o movimento social autônomo e classista. Nas lutas específicas, defendemos a Previdência Pública Integral, com os demais servidores públicos federais; defendemos a proposta de Carreira de Professor Federal, elaborada pelo Andes-SN; lutamos pelo estabelecimento de limites do número de alunos / turma e de horas aula, em no máximo 12 por semana para quem tem 40 horas; defendemos a autonomia departamental e dos campi, combatendo os quatro períodos por ano e o período especial; defendemos a definição de limite/critérios de abertura de novas turmas; e, lutamos contra qualquer mudança na estrutura administrativa da Ufma, sem prévio debate com toda comunidade universitária.
JP – Qual é a expectativa da Apruma em relação à continuidade das aulas neste início de período, na Ufma?
VGS – Considerando o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), criado em abril de 2007 pelo governo federal, prevendo a ampliação das vagas na educação superior, ocorrerá uma sobrecarga de todos os setores da universidade, uma vez que o ingresso de uma maior quantidade de estudantes, com os recursos disponíveis e os já aplicados por meio do referido programa, é incompatível com o aumento da demanda de procedimentos administrativos e acadêmicos decorrentes de matrículas, solicitações de diplomas, aproveitamento de disciplinas, capacidade de espaço físico etc., bem como dos serviços prestados por entes privados, como por exemplo: transportes coletivos, serviços de fotocópia, cantinas com instalações que cumpram exigências sanitárias mínimas etc.. A Ufma aderiu ao Programa em 2007 com metas iniciais de criação de 1.580 novas vagas, 920 vagas em novos cursos noturnos de graduação, projetos pedagógicos para os 15 novos cursos de graduação. A oferta de vagas e de cursos tem expandido além desses números. Para agravar a situação, o campus está cheio de obras, que parecem não ter fim. Por outro lado, sob a ótica da realização de atividades de mobilização, seminários, debates, sobre vários temas, a diretoria da Apruma, recém-empossada, tem procurado estreitar o diálogo com a comunidade universitária, especialmente com o(a)s professore(a)s.
JP – A entidade tem denunciado a existência de obras caras e intermináveis na Ufma. O que tem acontecido, na realidade?
VGS – De modo geral, defendemos obras de manutenção, de reformas e de ampliação das edificações de todos os campi da universidade. Entretanto, as obras devem ser regulares ao longo do tempo e com recursos garantidos constitucionalmente, independentemente de quem esteja ocupando o governo federal e a reitoria. O Reuni trouxe recursos financeiros para construção, ampliação e reforma na Ufma. Constatamos uma grande quantidade de obras, caras e com uma suposta pretensão de resolver problemas acumulados ao longo de décadas. Para ilustrar os altos valores das obras, com os aditivos ocorridos durante sua execução, citamos alguns exemplos. O convênio para construção do Pórtico do Campus do Bacanga foi firmado em 14/09/2010, com valor inicial de R$ 409.051,78 e prazo de entrega de 90 dias. Foi feito um aditivo (http://www.jusbrasil.com.br/diarios/26364816/dou-secao-3-29-04-2011-pg-44), com vigência até 04/01/2012. A data da contratação da obra da TV Universitária foi em 16/12/2008, com prazo de 120 dias e valor de R$ 795.912,53. Esta teve um aditivo de R$119.889,98 e ainda não foi concluída (http://www.jusbrasil.com.br/diarios/33008157/dou-secao-3-08-12-2011-pg-43). Outros exemplos de obras demoradas são o Paulo Freire, a Casa da Justiça e o Prédio e o anexo da Biologia.
JP – A entidade vem denunciando também a interiorização da universidade ‘sem as condições necessárias de funcionamento’. Qual é o quadro?
VGS – A interiorização do ensino superior no Maranhão, no âmbito da Universidade Federal do Maranhão – Ufma além do campus em São Luís – contava com quatro campi nas cidades de Chapadinha, Codó, Imperatriz, Bacabal e Pinheiro. A partir de 2010, novas unidades foram criadas, a exemplo dos Campi de São Bernardo, Grajaú e Balsas. Muitos são os desafios que docentes, discentes e técnicos administrativos enfrentam nesta instituição, dentre eles destacamos: quadro insuficiente de servidores técnico-administrativos e docentes frente ao aumento de demanda do Reuni; atraso nas obras e com uma crescente falta de espaço para salas de aula, gabinetes de professores, laboratórios e demais demandas. Lutar para reverter a situação exposta acima é um dos compromissos que a Apruma - Seção Sindical do Andes-SN tem em sua pauta local, pois defendemos a expansão e universalização do sistema público federal de ensino superior, com qualidade socialmente referenciada.
JP – Qual é a situação também em relação às fundações de apoio à Ufma?
VGS – As Fundações ditas de apoio ao desenvolvimento da Ufma e do Hospital Universitário têm servido a finalidades que extrapolam seus objetivos. A Fundação Josué Montello, por exemplo, pagou R$ 235.924,89 para terceirizados do Ministério da Educação. Para a Comissão de Processo Administrativo Disciplinar (Processo n° 23123.000345/2005-95), a direção da Fundação à época deu sua justificativa, atribuindo o pagamento à consultoria para diminuir custos do HUUFMA. O TCU e o Ministério Público têm investigado os movimentos financeiros e os bens dessas Fundações.
JP – Os problemas da Barragem do Bacanga têm sido denunciados pela Apruma há anos. A situação tem piorado?
VGS – Sim, a situação tem piorado. Duas das comportas da barragem, que servem para controlar o nível da água na lagoa, foram completamente perdidas, gerando erosão, comprometendo toda a parte estrutural da barragem do Bacanga. Já existem paredes de contenção que estão desabando para dentro do lago. A situação como um todo, coloca em risco a segurança da comunidade que reside no entorno da Barragem, bem como das pessoas que trafegam sobre a mesma, em especial da comunidade Universitária que se desloca para a Ufma diariamente. Com a chegada do período chuvoso a situação tende a se agravar. Segundo o Projeto Básico de Engenharia para Reforma do Sistema de Comportas e Obras Complementares da Barragem do Bacanga, elaborado em 2003 pela Proenge Engenharia de Projetos e Sistemas Ltda, sob encomenda da antiga Gerência Metropolitana de São Luís, a situação do local já se encontrava crítica naquele ano.
Em 2006 a Apruma encaminhou ofício ao governo do Estado, alertando para a necessidade de manutenção corretiva na estrutura e no sistema de comportas da Barragem. Em fevereiro deste ano encaminhamos ao secretário de Infraestrutura, um novo pedido de providências.
JP – Como é esse episódio da retirada de 26% dos salários de um grupo de professores?
VGS – A Unidade de Referência de Preços foi um mecanismo de correção salarial criado pelo Plano Bresser (1987) para repor perdas inflacionárias. Sua extinção em 1989 ocorreu com perdas salariais de 26,05%, o que provocou ações judiciais encaminhadas por trabalhadores e sindicatos em todo o Brasil. Vitórias em vários tribunais foram obtidas até 1994. Por meio de ação judicial movida em 1989, a Apruma, por meio de sua assessoria jurídica, também conquistou para docentes da Ufma, a inclusão deste percentual. Em 1992, a administração superior da Ufma extendeu este percentual aos professores que ingressaram na carreira a partir de 1990, mediante resolução administrativa. Esta decisão foi tomada com base na lei de isonomia salarial que vigorava para os servidores públicos civis e militares, bem como da autonomia universitária expressa no artigo 207 da constituição federal. Em 7 de julho de 1999 ocorreu a desincorporação da parcela dos 26,05 % de um grupo de 148 professores. A assessoria jurídica impetrou um mandado de segurança visando impedir a supressão do percentual. O mérito do mandado de segurança foi julgado procedente pela sentença do juiz de primeiro grau. Entretanto, foi interposto recurso de apelação pela Ufma, o qual foi julgado 10 anos mais tarde, ou seja no início deste ano pelo Tribunal Federal da 1ª Região, o que ocasionou na recente supressão deste percentual. Este assunto foi tratado na última assembleia da Apruma, que definiu por aguardar mais um pouco para uma ação.
JP – No plano nacional, o Andes-SN protocolou a pauta de reivindicações específicas dos docentes das instituições federais de ensino, junto aos mistérios do planejamento e da educação. Quais as principais reivindicações?
VGS – Garantia de financiamento público estável e suficiente para as IFES, assegurando incrementos compatíveis para a expansão com qualidade, tal como apresentado no Plano Nacional de Educação (PNE) da Sociedade Brasileira; garantia de que o caráter publica da Universidade, sua autonomia constitucional e a função social da atividade docente sejam os elementos definidores das políticas de financiamento e do estabelecimento das relações de trabalho; garantia das condições adequadas para que o exercício do trabalho docente se desenvolva fundamentado no princípio da indissociabilidade entre ensino pesquisa e extensão, em busca do padrão unitário de qualidade; garantia de carreira única para todos os docentes das IFES; garantia de aposentadoria Integral, de forma a assegurar a paridade entre ativos e aposentados, resguardando o poder aquisitivo dos proventos, além de todos os direitos e vantagens percebidos quando do direito da aposentadoria; e garantia das condições para que as IFES cumpram a sua responsabilidade de oferecer educação pública gratuita, democrática, de qualidade para todos, como direito social e dever do Estado, combatendo todas as formas de precarização.
JP – O que prevê a PEC 270 / 08, que foi aprovada em segundo turno na Câmara e seguiu para o Senado?
VGS – De acordo com o texto, o servidor que entrou no serviço público até o final de 2003 e já se aposentou ou venha se aposentar por invalidez permanente terá direito a proventos calculados com base na remuneração do cargo em que se der a aposentadoria, sem uso da média das maiores contribuições, como prevê a Lei 10.887/04, que disciplina a matéria. A PEC foi aprovada na Câmara, no último dia 14 de fevereiro, por 428 votos contra três. O texto segue agora para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), onde será discutido e votado, antes de seguir para dois turnos de discussão e votação em plenário.
JP – Algo mais a acrescentar?
VGS – Vamos concluir dizendo que a Associação de Professores da Ufma (Apruma), uma seção sindical da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior Andes-SN, filiado à Central Sindical e Popular – Coordenação Nacional de Lutas (CSP-COLUTAS), tem clareza de que a precarização do trabalho docente, desvalorização de sua carreira, o fetichismo do produtivismo acadêmico, implantação do Reuni, Ensino à Distância (Ead), Universidade Aberta do Brasil (UAB), abertura à expansão de Instituições Privadas de Ensino Superior, o projeto de previdência complementar dos Servidores Públicos Federais, bem como outras políticas do governo federal para educação superior fazem parte de um projeto maior do governo federal, que visa atender a interesses privados, aprofundando o ataques aos direitos sociais. Diante desses ataques, a Apruma defende a luta unificada com o conjunto do movimento social autônomo e classista.
* eleito para mandato de dois anos, iniciado em janeiro. Ele integra o Departamento de Engenharia de Eletricidade da Universidade Federal do Maranhão há 22 anos, é mestre pela Universidade Federal da Paraíba e doutor pela Universidade Federal de Santa Catarina; e atua no movimento sindical docente desde os primeiros momentos, tendo já integrado diretorias anteriores da Apruma como secretário-geral e vice-presidente.
** Entrevista dada ao Jornal Peuqeno em 19 de Março de 2012.
Fonte. http://www.apruma.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=610:apruma-defende-melhorias-para-os-professores-e-para-a-ufm&catid=42:entrevistas&Itemid=133

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