Segundo agência, 33 militares desertaram, incluindo três oficiais de alta patente; Otan se reúne na terça para discutir ação síria contra aeronave turca.
Dezenas de soldados da Síria desertaram durante a madrugada
para a Turquia, cruzando a fronteira com suas famílias enquanto as
tensões entre os dois países aumentaram nos últimos três dias depois que
forças de Damasco abateram um avião militar turco.
Foto AP. Primeiro-ministro turco, chega para reunião de gabinete em Ancara, Turquia |
A agência de notícias estatal Anadolu disse que 33 soldados
desertaram, incluindo um general e dois coronéis. Mas, sob condição de
anonimato, uma autoridade do governo turco afirmou que o grupo incluía
três coronéis e nenhum general. Não foi possível confirmar de forma
independente nenhuma das informações.
Milhares de soldados abandonaram o regime sírio, mas a maioria
são oficiais de baixa patente. O Exército Livre da Síria - cuja base
fica na Turquia - é formado basicamente de desertores.
De acordo com a Anadolu, um total de 224 pessoas cruzaram a
fronteira durante a madrugada, o mais recente golpe ao regime do
presidente sírio, Bashar al-Assad. Ativistas dizem que mais de 14 mil
morreram desde o início do levante, em março de 2011, e o número de
mortos aumenta diariamente.
Há um amplo temor de que o conflito possa desatar um tumulto regional - e esses temores aumentaram na sexta-feira, quando as forças sírias abateram o avião turco.
A Síria insiste que a aeronave violou seu espaço aéreo, mas a
Turquia discorda, afirmando que apesar de o avião ter entrado de forma
não intencional no espaço aéreo sírio, estava em espaço aéreo internacional quando foi derrubado.
Em dias recentes, ambos os lados pareceram tentar amenizar as
tensões sobre o incidente. O porta-voz do Ministério de Relações
Exteriores disse nesta segunda-feira que seu país não tem "nenhuma
hostilidade" em relação à Turquia. "Nos comportamos de uma forma
soberana e defensiva," disse Jihad Makdissi na capital síria. Ele disse
que ainda continuam as buscas por dois tripulantes turcos que estavam no
avião.
Ancara convocou um encontro da Otan
(Organização do Tratado do Atlântico Norte) para terça-feira para
discutir a questão. Aliados podem requerer tais consultas se sentirem
que sua integridade territorial e sua segurança estão ameaçadas.
Enquanto isso, o ministro da Energia turco, Taner Yildiz, sugeriu
que a Turquia cortará o envio de eletricidade à Síria. As companhias
turcas fornecem cerca de 10% do consumo anual de energia sírio. Yildiz
afirmou que uma decisão nesse sentido pode ser anunciada na terça-feira.
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, deve discursar
perante o Parlamento na terça e revelar quais medidas o país tomará em
retaliação a Damasco pela queda do avião.
Também nesta segunda-feira, a Cruz Vermelha disse que centenas de
civis estão presos na cidade síria de Homs, com os trabalhadores de
ajuda não podendo alcançá-los por causa da violência. Homs tem sido uma
das áreas mais atacadas na Síria enquanto as forças do regime tentem
acabar com a oposição.
Os desertores que cruzaram em direção à Turquia durante a madrugada
foram levados para um campo de refugiados em Hatay, província que faz
fronteira com a Síria. A Turquia tem cerca de 33 mil sírios em busca de
refúgio.
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