Publico abaixo na integra a Carta de Desfiliação do Silvio Bembem.
CARTA DE SÍLVIO BEMBEM DE DESFILIAÇÃO DO PT
Depois de 25 anos de filiado no PT, decidir neste momento solicitar a minha desfiliação do partido.
Chega
ao fim a minha motivação, entusiasmo e convicção de seguir militando no
Partido dos Trabalhadores. No PT, iniciei a minha militância política
ainda jovem, com 19 anos de idade. Hoje sinto que é hora de sair. Mudo
de casa, mudo de endereço, mas a minha concepção de lutar por uma
sociedade fraterna, solidaria, democrática, sem racismo, sem homofobia,
sem machismo, com igualdade, justa e socialista continuar!
No
PT, ocupei função de dirigente no Diretório Municipal de São Luís como
Secretário-Geral, em uma época que ainda tínhamos dois vereadores na
capital: Helena Barros Heluy e o Professor Joan Botelho. Prof. Joan
sendo do mesmo do grupo político que sempre fiz parte no PT.
No
partido, coordenei várias campanhas, venci prévias e PED´s (Processo de
Eleição Direta) para escolhas da direção e perdi outras.
Em
1992, concorri pela primeira vez ao um cargo eletivo no Partido dos
Trabalhadores, o de vereador, pelo bairro da Areinha, em São Luís (o
candidato a prefeito da época foi Haroldo Sabóia e o vice Prof. Joan).
Na época, ajudando a eleger Ademar Danilo como o segundo vereador da
história do PT de São Luís. E depois, em 2006, fui candidato a deputado
estadual.
No
Diretório Estadual do PT também exerci vários funções na direção,
cito-os: Secretário Institucional (esse ainda na gestão de Washington
Luiz), Secretário de Organização e Secretário de Comunicação (esses dois
últimos nas gestões do Dep. Domingos Dutra).
Dos
cinco PED´s, fui coordenador geral no Maranhão de dois, diga-se os mais
polêmicos e disputados: o de 2005, período da maior crise ética já
vivida pelo PT, o mensalão, e o de 2009, quando o partido optou pela
aliança oficial com a oligarquia no Maranhão. Foi quando a direção
nacional por meio de uma intervenção mudou o resultado do encontro de
delegados (as) que escolheu Flávio Dino (PCdoB) - candidato a governador
em 2010, entregando o partido para Roseana Sarney Murad.
No
PT, fundei com outros companheiros (as) a Secretaria de Combate ao
Racismo e depois, com lideranças do movimento negro, ajudei a criar a
Secretaria de Estado da Igualdade Racial do Maranhão (SEIR), na qual
exerci, de 2007 a 2009, o cargo de Secretário Adjunto no governo Jackson
Lago (PDT).
No
PT fiz boas disputas, enfrentei bons combates e nunca fugi da guerra de
posição. Sempre fiz parte de um campo que se posicionou contra a
aliança com a oligarquia Sarney, a principal tese em disputa que divide o
partido no Maranhão ainda hoje.
Todavia,
analiso que o petismo sucumbiu ao Lulismo e o presidencialismo de
coalizão (o maior já montado da história republicano) com objetivo de
garantir a governabilidade, só enfraqueceu os partidos, cooptou os
movimentos sociais, anulando sua autonomia frente à política de governo.
E
no PT, a democracia interna está cada vez mais fragilizada, não se tem
nenhuma segurança jurídica nas regras internas do partido. É triste ver
como um partido nascido das massas se torna um partido da política
tradicional. No PT, agora vale mais a força do dinheiro. Acabaram-se as
ideologias pela transformação da sociedade. E, sem a reforma política,
ficará mais difícil, pelas condições normais, vencer alguma disputa pela
esquerda no PT.
Por
fim, quero desejar aos militantes do campo da Resistência Petista do
Maranhão, representados por Manoel da Conceição, Francisco Gonçalves,
Dep. Bira, Dep. Dutra, augusto Lobato, Marcio Jardim, Joan Botelho,
Carlito Reis, Creuzamar de Pinho, Luís Carlos Cintra, Bernardo Felipe,
Janete Amorim, Irene, Adilene Ramos, Bruno Rogens, Terezinha e Jomar
Fernandes, Nelsinho Brito, Marlon Botão, Ed Wilson, Genilson Alves, Dr.
Raimundão, Balbina, João de Deus, Paulo Jorge, Ivaldo Coqueiro, Paulo
Oliveira, ex-vereador Cacá, Prof. Gilberto, Nilian Goulart, Itamar,
Hildonjackson, e de toda a esquerda do PT que fica, boa sorte a todos
e todas! E saibam que tenho a mais sincera admiração e valeu todas as
nossas lutas juntos, companheiros e companheiras, para tornar realidade o
sonho de um Maranhão livre e democrático.
São Luís (MA), 10 de julho de 2012.
Sílvio Bembem
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