Um fato histórico para a área marítima ocorrerá nesta terça-feira, no
Rio. Em cerimônia que contará com a presença do presidente mundial da
gigante japonesa Daihatsu, Yoshiro Furukawa, será dada a partida para
implantação da primeira fábrica de motores de médio e grande porte para
uso em navios e plataformas, após décadas de importação desses
componentes. Na última fase de ouro da construção naval brasileira, nos
anos 80, aqui eram produzidos motores MAN pela Mecânica Pesada, em São
Paulo e, no Rio, no interior do estaleiro Ishibrás, eram fabricados
motores Sulzer, Pielstick, Wartsila e o próprio Daihatsu.
Com o fechamento quase total dos estaleiros, acabou a produção
nacional de motores e, quando eram encomendados navios, os motores
tinham de ser importados, pois não havia escala para instalação de uma
fábrica. Nos últimos anos, com a recuperação do setor, surgiram notícias
de muitos grupos interessados em voltar a fazer motores no Brasil, mas a
Daihatsu será a pioneira a iniciar um empreendimento concreto.
A Daihatsu concedeu licença de produção dos seus motores à empresa
Bierges, seu agente em pós-venda no Brasil há mais de 25 anos, e à
Caldepinter, empresa especializada em montagens metal-mecânicas que,
juntas, sob a denominação de Alfa Diesel Indústria e Comércio de Motores
Ltda, investirão em unidade industrial em Parada de Lucas, na Avenida
Brasil. A gestão comercial e administrativa-financeira caberá a essas
duas empresas em sociedade, mas a produção será comandada diretamente
pela Daihatsu, até que a mão-de-obra brasileira adquira o grau de
produtividade requerido pelo empreendedores.
Isso é apenas o início e, para o futuro, se prevê grande crescimento, com mais investimento e ampliação da produção. Em
muitos dos 49 navios da Transpetro, barcos de apoio e plataformas,
ainda serão usadas unidades da fábrica de Moriyama, no Japão. A partir
do terceiro trimestre de 2013, no entanto, começará a ser usada a
produção de motores “made in Brazil”. A linha de montagem inclui motores
estacionários, motores para geração de energia a bordo dos navios e
motores de propulsão para navios – como porta-contêineres de grande
porte. Esta será a única fábrica de motores marítimos desse porte da
América do Sul.
Para o presidente do Sindicato da Construção Naval (Sinaval),
Ariovaldo Rocha, o fato é emblemático, pois mostra o acerto da política
de conteúdo local. Críticos dizem que os estrangeiros iriam continuar a
vender motores e peças sofisticadas, deixando como participação nacional
em navios e plataformas apenas serviços de montagem e produtos
semi-acabados. No entanto, a efetiva entrada da Daihatsu no mercado
brasileiro prova que, na nova fase de expansão da construção naval,
iniciada em 2003, a política de conteúdo local implicará a produção de
itens de alto valor, de que são exemplos motores de grande porte.
FONTE: Monitor Mercantil
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