- O deputado federal Maurício
Rands (PE) formalizou ontem a renúncia ao seu mandato. A decisão ocorre
poucos dias após ele deixar o PT
A interlocutores ele afirmou que
preferiu renunciar ao mandato a enfrentar um processo de cassação por
infidelidade partidária. De acordo com a legislação, nessas condições, o
mandato pertence ao partido, e não ao político.
A formalização da renúncia foi
feita em texto lido no plenário da Câmara dos Deputados. Antes, ao
deixar o PT, Rands divulgara uma carta na qual criticava seu antigo
partido.
"Concluí que esgotei por inteiro
minha motivação e a razão para continuar lutando por uma renovação no
PT. Na luta pela renovação do partido, no Recife e em outros lugares,
têm prevalecido posições da direção nacional, adotadas autoritária e
burocraticamente, distantes da realidade dos militantes na base
partidária", escreveu o deputado, que era filiado ao PT há mais de 20
anos.
A direção nacional do partido
interveio na cidade para anular prévia que poderia levar à escolha do
atual prefeito, João da Costa, do qual o agora ex-deputado é
adversário.No lugar dele, foi escolhido o senador Humberto Costa.Rands
afirmou que irá apoiar o candidato do PSB à prefeitura, Geraldo Júlio.
Carta ao Povo de Pernambuco
Carta ao Povo de Pernambuco
Venho aqui me comunicar diretamente com meus eleitores,
companheiros, amigos e com o povo de Pernambuco, em especial com os
militantes do Partido dos Trabalhadores - PT, que compartilharam comigo
tantas lutas pela democracia e pela construção de uma sociedade melhor.
Nas prévias internas de definição do candidato do PT e da Frente
Popular, durante dois meses, participei de intenso debate sobre o
Recife e a vida partidária. Interagi com os militantes, na compreensão
conjunta de que a melhoria da condição de vida na cidade é um processo
de construção coletiva no qual o partido tem grande responsabilidade em
servir de exemplo na demonstração de práticas democráticas.
Testemunhei
todo o engajamento desprendido e consciente de milhares de pessoas nesse
nobre debate. Destes militantes, levarei para sempre as melhores
memórias e a eles sou profundamente grato.
Depois da decisão da direção nacional do PT, impondo
autoritariamente a retirada à minha candidatura e à do atual prefeito,
recolhi-me à reflexão. Ponderei sobre o processo das prévias e sobre o
momento político mais geral. Concluí que esgotei por inteiro minha
motivação e a razão para continuar lutando por uma renovação no PT.
Percebi terem sido infrutíferas e sem perspectivas minhas tentativas de
afirmar a compreensão de que o 'como fazer' é tão importante quanto os
resultados.
As diferenças de métodos e práticas, aliás, já vinham sendo por
mim amadurecidas e acumuladas há algum tempo. Todavia, este processo
recente fez com que as divergências ficassem mais claras e insuperáveis.
Na luta pela renovação do partido, no Recife e em outros lugares,
infelizmente, têm prevalecido posições da direção nacional, adotadas
autoritária e burocraticamente, distantes da realidade dos militantes na
base partidária.
No debate das prévias, minha candidatura buscou construir uma
legítima renovação por dentro do PT e da Frente Popular. Mas lutamos,
também, para renovar os procedimentos com o objetivo de reforçar as
práticas democráticas.
Porém, setores dominantes da direção nacional do
PT já tinham outro roteiro que não o debate democrático com a militância
do PT no Recife e a sua deliberação. Ou seja, cometeram o grave
equívoco de ter a pretensão de impor, a partir de São Paulo, um
candidato à Frente Popular e ao povo do Recife.
Por não terem dialogado com a militância do PT no Recife, muito
menos com a Frente Popular, ignoraram que existiam alternativas,
procedimentais e de quadros, dentro do partido, que unificariam a frente
em torno de uma candidatura do PT.
Com a decisão da direção nacional do
PT, lamentavelmente, esta unidade resultou rompida. Diante da minha
discordância com essa ruptura provocada pela direção nacional do
partido, concluí que cheguei ao fim de um ciclo na minha vida de
militante partidário.
É nesse quadro que comunico aqui três decisões tomadas por mim.
Primeiro, a minha desfiliação do PT. Segundo, a devolução do mandato de
Deputado Federal ao partido. E, por último, meu afastamento definitivo
do cargo de Secretário do Governo Eduardo Campos.
Existiram diversas razões que me levaram a este caminho. A mais
crucial dá-se no nível da minha consciência. Sempre agi, na vida e na
política, com o maior rigor entre o que penso e o que faço. Sempre
cumpri os deveres da minha consciência.
Defendi nos debates partidários a renovação do modo petista de
governar e a implantação de um novo modelo de gestão no Recife. Modelo
capaz de aprofundar nossa concepção de democracia participativa e
especialmente de trazer para a cidade métodos e ações que o Governo
Eduardo Campos vem praticando de maneira exemplar e com reconhecimento
inclusive internacional, mas que a administração do Recife não conseguiu
implantar.
Minha experiência como Secretário do Governador Eduardo Campos
foi fundamental para entender a importância da política do fazer, com
formas competentes e inovadoras de gerir os recursos públicos, atrair
investimentos privados e promover a inclusão social.
Ainda nos debates das prévias, defendi a renovação das práticas e
dos quadros partidários, bem como a melhoria da articulação política do
governo municipal com o parlamento, os partidos da base e a sociedade
civil organizada. Nesses 32 anos de militância, dediquei grande parte de
minha vida a fortalecer o campo democrático-popular, lutando para
aumentar a participação e consciência política do nosso povo.
Amadureci as decisões que acabo de tomar com base em fatos
altamente relevantes que impactaram minha consciência de cidadão. Entre
estes, a opção da quase totalidade da Frente Popular pela indicação de
Geraldo Júlio como candidato a Prefeito do Recife.
Trabalhei diretamente
com Geraldo Júlio e sou testemunha de como ele foi central para o
sucesso do Governo Eduardo Campos. Acredito que Geraldo Júlio é o quadro
mais preparado para atualizar e aperfeiçoar a gestão municipal do
Recife. Implantando na cidade o que o Governador Eduardo Campos está
fazendo em Pernambuco, ele vai melhorar concretamente a vida do povo do
Recife.
Estou consciente de que o nosso povo vai entender o significado
da escolha de um novo quadro para transformar as práticas
político-administrativas na cidade. Geraldo Júlio vai representar a
renovação dentro de uma frente política que - espero - seja mantida,
mesmo com o lançamento de duas candidaturas no seu campo.
Como esta posição tem graves implicações para minha vida
partidária, decidi que devo sair do PT e, com dignidade, devolver meu
mandato ao partido. E como gesto concreto de que não se trata de um jogo
menor, de barganha por espaços de poder, decidi também sair
definitivamente do Governo Eduardo Campos. Esse é o custo, sem dúvida
elevado, de ser fiel à minha consciência cidadã. Saio da vida pública e
da política partidária para exercer ainda mais plenamente a cidadania.
Recife, 03 de julho de 2012.
Maurício Rands
FONTES:
http://m.g1.globo.com/pernambuco/noticia/2012/07/no-recife-rands-anuncia-desfiliacao-do-pt-e-saida-de-cargos-publicos.html
http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/
http://m.g1.globo.com/pernambuco/noticia/2012/07/no-recife-rands-anuncia-desfiliacao-do-pt-e-saida-de-cargos-publicos.html
http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/
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