Segundo polícia, bandidos foram executados porque presença de militares em Pirassununga atrapalhou tráfico de drogas da facção.
RICARDO BRANDT, ESPECIAL PARA O ESTADO, PIRASSUNUNGA - O Estado de S.Paulo
O
Serviço de Inteligência do Exército e a Polícia Civil apuram se o
Primeiro Comando da Capital (PCC) mandou executar três suspeitos de ter
furtado mais de 3 mil cartuchos do paiol do 13.º Regimento da Cavalaria
Mecanizada de Pirassununga, no interior paulista, na madrugada de
domingo. A execução seria uma represália pela presença de agentes do
Exército e da polícia na cidade, o que teria atrapalhado os "negócios"
da facção.
Um
soldado do quartel, que confessou ter ajudado na invasão do paiol, está
detido. Ele é primo de dois dos jovens executados no domingo à noite,
no Jardim Anézia 2, em Porto Ferreira, cidade vizinha onde foi
localizada toda munição. As vítimas P.R.B., de 21 anos, R.C.S., de 26, e
M.C.S., de 21, foram mortas por um homem encapuzado e armado com
espingarda calibre 12.
De
acordo com investigações do Exército e da polícia, os jovens não têm
relações com o PCC. Um quarto suspeito está detido. As munições foram
furtadas sem comprador definido.
Reação.
O PCC teria reagido contra a megaoperação que se montou nas buscas pela
munição. Desde domingo, Pirassununga foi sitiada por 600 oficiais do
Exército e cerca de 200 homens das Polícias Civil e Militar e da Guarda
Municipal.
Todas
as entradas da cidade foram fechadas, os principais pontos de tráfico
de drogas acabaram tomados, casas e carros foram alvo de blitze e um
helicóptero foi usado para sobrevoo das áreas.
"Nossa
presença ostensiva dificulta o tráfico de drogas e o crime em geral. A
munição furtada, possivelmente, seria usada por bandidos, mas a ação
imediata de abafa foi decisiva", disse o general Tomás Miguel Miné
Ribeiro Paiva, comandante da 11.ª Brigada de Infantaria Leve. Entre
domingo e anteontem, foram apreendidos quase 3 quilos de cocaína, 1,5 kg
de maconha, e 500 gramas de crack.
"Havia
preocupação do comando da polícia por causa dos ataques recentes no
Estado. Nosso objetivo era impedir que essas munições saíssem da
região", disse o comandante da Polícia Militar, capitão Carmo Augusto
Vasques.
O
Exército informou que a confirmação do envolvimento do soldado no crime
foi decisiva para descoberta da munição, que foi abandonada em um
canavial. Segundo Paiva, 30 cartuchos não foram recuperados porque
teriam sido perdidos na estrada. Os quatro soldados que faziam guarda na
madrugada do furto continuam sob investigação, mas, nesse momento, está
descartada a participação deles.
Cidade sitiada.
A pacata Pirassununga, com 70 mil habitantes, ficou isolada pelas
forças de segurança nos últimos três dias. A dona de casa Maria do
Socorro, de 54 anos, disse que se assustou quando saiu ao portão e viu
soldados com fuzis. "Fiquei com medo, mas esse tipo de ação é sempre
bem-vinda. Pena que o Exército não ajude sempre as polícias", disse.
Os
bairros considerados problemáticos pela polícia para o tráfico de
drogas e crimes foram ocupados por carros da polícia de toda região e
por caminhões do Exército. O delegado Francisco Paulo, titular de
Pirassununga e responsável pelas investigações, afirmou que durante a
"operação abafa" não houve qualquer registro de ocorrência criminal.
O
Exército encaminhou no domingo para Pirassununga equipes de Campinas,
Lins, Pindamonhangaba, Itu e São Vicente. A maioria delas pertence a
11.ª Brigada de Infantaria Leve, que fica em Campinas. A tropa é
especializada em intervenções de conflitos urbanos e acabou de voltar do
Rio, onde ficou três meses no Complexo do Alemão, em missão de
pacificação da área. O grupo também é o mesmo que atuou no Haiti.
"Esse
é um dos bairros mais problemáticos de Pirassununga e, em dois dias,
virou uma calmaria. É bom sair na rua e não ver gente vendendo drogas na
frente do seu filho", disse o comerciante José Gonçalves Silva, de 43
anos, morador da Vila São Pedro, vizinha ao quartel de onde as munições
foram furtadas.
FONTE: http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha
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