JOSMAR JOZINO DO "AGORA".
Cerca de 400 documentos apreendidos em operações policiais obtidos pela 
Folha revelam que a organização criminosa PCC possui ramificações em 123
 das 645 cidades do Estado e tem nas ruas um total de 1.343 bandidos. 
Esse número equivale ao contingente de dois batalhões da Polícia Militar
 e é quase o dobro do número de homens da Rota -considerada a tropa de 
elite da polícia paulista. 
A facção, que está espalhada por todas as regiões do Estado, é hoje a 
principal suspeita de cometer uma série de ataques contra as forças 
policiais do Estado. Até ontem, desde o começo do ano, 73 PMs foram 
assassinados. 
Conforme a vasta documentação que está em um banco de dados do 
Ministério Público, cada um dos 1.343 criminosos é obrigado a pagar à 
organização uma mensalidade de R$ 600, o que dá uma renda mínima de R$ 
805 mil para o PCC. 
Em troca da mensalidade, o criminoso obtém benefícios no caso de ser 
preso (advogado, ajuda financeira para a família) e o direito de se 
identificar entre criminosos como integrante do PCC. 
A organização conta ainda com o lucro obtido com a venda de drogas, 
cigarros contrabandeados para os presídios e assaltos. Segundo é 
possível aferir nos documentos, o PCC arrecada por mês cerca de R$ 6 
milhões. 
Os arquivos, elaborados pelos próprios bandidos, foram apreendidos em 
três grandes operações policiais, já embasaram o Ministério Público em 
duas denúncias judiciais e norteiam a polícia na desarticulação da 
facção. 
Nas acusações formais, promotores de Santos pediram a prisão de 16 suspeitos de tráfico de drogas e de formação de quadrilha. 
Essa documentação mostra que os criminosos se instalaram até em cidades 
pequenas, como Rifaina (na região de Ribeirão Preto), que tem 3.400 
habitantes. 
A capital paulista é o principal reduto do grupo, com 689 integrantes. 
As regiões de Campinas, com 230 membros, e de Santos, com 136, são 
outras em que o PCC tem um grande contingente. 
Os arquivos revelam ainda o controle empresarial da facção, que cobra 
metas até na venda de drogas. Há dezenas de funcionários que embalam os 
entorpecentes, e uma série de "diretores" que são responsáveis por 
gerenciar a contratação dos advogados, a comercialização de rifas e a 
venda dos produtos ilícitos. 
PEN DRIVE
Os arquivos apreendidos eram destinados aos chefes da organização como 
uma forma de prestar contas. Os documentos são salvos em pen drives ou 
chips de celular e entregues semanalmente por motoboys nas principais 
prisões do Estado, onde entram clandestinamente. 
"Referente às planilhas, toda semana devem mandar para o 4º, 6º PV 
[pavilhões da penitenciária Presidente Venceslau], as listas de 
empréstimos e a lista de dívidas gerais", afirma trecho do relatório 
assinado por um "diretor" que se identifica como Judeu, o responsável 
pela área financeira. 
Nos arquivos constam ainda informações sobre parte do patrimônio do 
grupo: 13 imóveis, 88 fuzis, 63 pistolas, 11 revólveres, oito dinamites,
 67 carros (sendo três blindados), sete motos e um caminhão. Nessa 
relação não estão os bens dos bandidos, como armas e carros pessoais. 
O armamento que está nas planilhas fica sob a responsabilidade de alguns
 integrantes. Por exemplo, quando é necessário cometer um roubo, um 
criminoso pega um fuzil emprestado para o crime e depois o devolve. Se 
perder a arma, contrai uma dívida com a facção no valor do equipamento 
perdido. 
Em março do ano passado, um criminoso identificado como XT foi preso 
pela Rota sob suspeita de planejar a morte de um policial. Dias depois, 
na casa dele a polícia apreendeu um fuzil. Como a arma era do PCC, 
consta em uma das planilhas que ele contraiu uma dívida de R$ 35 mil com
 a facção.
NECESSIDADE
Para o procurador Márcio Sérgio Christino (especialista em crime 
organizado), embora haja o risco de apreensão por parte da polícia, o 
registro e controle de informações por parte dos criminosos do PCC é uma
 necessidade até para a subsistência da facção criminosa. 
"Não é questão de vaidade ou outra coisa. Eles precisam disso para 
manter o controle. O líder que está preso hoje busca o controle total do
 que acontece do lado de fora. Para isso, ele precisa necessariamente de
 uma forma de comunicação. Quanto maior a organização, maior a 
necessidade de informação. A comunicação é uma necessidade e, ao mesmo 
tempo, o ponto fraco das organizações criminosas", disse Christino.
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1161905-arquivos-de-faccao-criminosa-chegam-a-chefes-na-prisao-por-pen-drive.shtml 
 
 
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