Gaspari: são 12,8 milhões de negros e pardos nas Universidades. |
247 – Ao contrário dos que apontam o fracasso de
programas como o ProUni, o jornalista Elio Gaspari, colunista do Globo e
da Folha, levanta dados que apontam na direção contrária. Leia:
ELIO GASPARI
Um sucesso para ninguém botar defeito. De 1997 a 2011, quintuplicou o número de negros e pardos nas universidades.
A notícia pareceu uma simples estatística: entre 1997 e 2011,
quintuplicou a percentagem de negros e pardos que cursam ou concluíram o
curso superior, indo de 4% para 19,8%. Em números brutos, foram 12,8 milhões de jovens de 18 a 24 anos.
Isso aconteceu pela conjunção de duas iniciativas: restabelecimento do valor da moeda, ocorrido durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, e as políticas de ação afirmativa desencadeadas por Lula.
Poucos países do mundo conseguiram resultado semelhante em tão pouco
tempo. Para ter uma ideia do tamanho dessa conquista, em 2011 a
percentagem de afrodescendentes matriculados em universidades americanas
chegou a 13,8%, 3 milhões em números brutos. Isso depois de meio século
de lutas e leis.
Em 1957, estudantes negros entraram na escola de Little Rock escoltados pela 101ª Divisão de Paraquedistas.
Pindorama ainda tem muito chão pela frente, pois seus negros e pardos
formam 50,6% da sua população e nos Estados Unidos são 13%.
O percentual de 1997 retratava um Brasil que precisava mudar. O de
2011, uma sociedade que está mudando, para melhor. Por trás desse êxito
estão políticas de cotas ou estímulos nas universidades públicas e no
ProUni.
Em seis anos, o ProUni matriculou mais de 1 milhão jovens do andar de
baixo, brancos, pardos, negros ou índios. Deles, 265 mil já se
formaram.
Novamente, convém ver o que esse número significa: em 1944,
quando a sociedade americana não sabia o que fazer com milhões de
soldados que combatiam na Europa e no Pacífico, o presidente Franklin
Roosevelt criou a GI-Bill.
Ela dava a todos os soldados uma bolsa integral nas universidades que
viessem a aceitá-los. Em cinco anos, a GI-Bill matriculou 2 milhões de
jovens. Hoje entende-se que a iniciativa foi a base da nova classe média
americana e há estudiosos que veem nela o programa de maior alcance
social das reformas de Roosevelt.
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