Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil.
Edição: Andréa Quintiere
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-11-24/especialistas-em-acoes-afirmativas-cobram-apoio-para-alunos-cotistas-em-universidades-federais
24.No.2012. Rio de Janeiro - Uma série de recomendações às ações afirmativas
foram apresentadas por especialistas em um seminário de avaliação sobre
os dez anos do sistema de cotas, na Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (Uerj).
Ao final do encontro, na quinta-feira (22), foi
divulgada uma carta com 12 pontos, sinalizando os desafios para a nova
lei de cotas, como a permanência dos estudantes e a entrada de
indígenas, que podem ficar sub representados.
Em agosto deste ano, a presidenta Dilma Rousseff aprovou a Lei
12.711, determinando a reserva de 50% das vagas das instituições
federais de ensino para estudantes de escolas públicas, com base na
renda familiar e na cor/raça deles, em quatro anos.
Reunidos na Uerj, primeira universidade do país a ter cotas raciais,
os especialistas destacaram a necessidade de mais recursos do
Ministério da Educação (MEC) para manter esses alunos não apenas com
ações extras na área acadêmica, mas também com ações nas áreas social e
cultural.
Outra preocupação é com a subrepresentação e as especificidades de
alunos indígenas. “Considerando que a lei determina que as universidades
devem seguir os percentuais de cada população do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) na seleção e que em alguns
estados o percentual de índios é de 0,4%, corremos o risco de não ter
nem um índio por curso”, explicou a professora da Uerj Elielma Machado.
O estudante Amaré Gonçalves, da União dos Estudantes Indígenas do
Tocantins, que participou do seminário, lembrou que mais da metade dos
índios deixam as universidades em menos de um ano por falta de apoio e
de entendimento dos valores e práticas culturais.
A carta também cobra o levantamento e a divulgação de dados sobre
alunos cotistas e não cotistas. Nos últimos dez anos muitas informações
foram retidas pelas reitorias, avaliaram os especialista.
“Isso permitiu que uma certa experimentação fosse feita sem que os
erros fossem penalizados e sem que a imprensa polarizasse os dados”,
explicou o coordenador do Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação
Afirmativa da Uerj, João Feres. “Mas essa lógica agora se tornou
impraticável”, completou, sobre o julgamento do Supremo Tribunal Federal
(STF) que considerou as cotas constitucionais.
O documento menciona ainda o combate o racismo institucional,
principalmente em sala de aula. “Estou cansada de receber aluno que
chega para mim e diz: até aqui eu consegui chegar, mas daquele cara eu
não vou passar, não tem jeito, tudo o que eu faço ele [o professor] diz
que está ruim, que não presta”, contou a professora Maria José de Jesus
Alves Cordeiro, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).
A universalização do ensino superior “como expressão da garantia do
direito à educação” e ações afirmativas na escolha de bolsistas de
mestrado e de doutorado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (Capes) também estão na carta.
Durante o evento, o assessor do MEC Thiago Thobias informou que a
pasta estuda criar um comitê para acompanhar a nova lei de cotas e
facilitar a troca de experiências entre as instituições. O foco são as
políticas bem sucedidas de permanência.
Thobias também adiantou que o MEC deverá transferir diretamente o
dinheiro de bolsas para os cotistas, por meio de um cartão, como é feito
com os alunos da pós-graduação.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-11-24/especialistas-em-acoes-afirmativas-cobram-apoio-para-alunos-cotistas-em-universidades-federais
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