domingo, 3 de fevereiro de 2013

Polícia de Goiás prende o principal acusado de ter mandado matar o radialista e comentarista esportivo Valério Luiz.

Prisão de Maurício Sampaio prova primado do Direito. Após a conclusão do inquérito, a responsabilidade passa para a Justiça, que vai enfrentar a tentativa de retardar os julgamentos.

A sociedade não acreditava que o cartorário Maurício Sampaio seria preso.

Duvidava-se tanto da polícia quanto da Justiça. 

Os motivos são o de sempre: 

O poder econômico e a tradição familiar. Apostava-se que, por ser um homem muito rico e poderoso, Sampaio escaparia dos tentáculos policiais e judiciários. 

O fato de ter em sua equipe de defesa pelo menos dois desembargadores, que foram presidentes do Tribunal de Justiça de Goiás, além de um escritório de alta qualidade e experiência, indica que o cartorário e empresário tem aquilo que o mercado chama de bala na agulha. Ele está, no mínimo, bem orientado. Sabe o quê e como dizer tanto à polícia quanto à Imprensa e à Justiça.

Entretanto, apesar da riqueza e da tradição familiar, a polícia prendeu Sampaio, principal acusado de ter mandado matar o radialista e comentarista esportivo Valério Luiz, há quase sete meses, em Goiânia. 

A polícia funcionou. A Justiça funcionou. A Imprensa funcionou (apesar das ligeiras omissões). Ou seja, a lei e a democracia prevaleceram.

Agora, depois do primeiro round, a prisão do pistoleiro, dos agenciadores e do mandante do assassinato – embora o inquérito não esteja concluído –, vai começar o round final. 

Aqui, entra o trabalho dos advogados e dos magistrados. Observe-se que o major Davi Dantas matou o médico Marcelo Pacheco, há oito anos, e até agora não foi julgado. 

O motivo é o de sempre: Dantas tem um excelente advogado, que, com habilidade, explorando as fissuras e filigranas da lei, consegue retardar o julgamento – que, segundo o Judiciário, deve ocorrer no fim deste mês. Dantas irá a júri popular. Espera-se que, desta vez, sim.

Sampaio terá não um, mas vários advogados, todos experimentados, manipuladores hábeis das leis. O primeiro passo será tirá-lo da cadeia, alegando que tem endereço fixo e não tem antecedentes criminais (há quatro processos contra o cartorário na Justiça goiana, mas aparentemente não há nenhuma condenação). 

O segundo passo será retardar o julgamento por longo tempo. Os advogados fazem isto por vários motivos. Primeiro, para deixar o cliente livre pelo máximo de tempo possível. 

Segundo, porque, se for julgado muito tempo depois, quando não mais existir clima emocional e a Imprensa já tiver se afastado do caso, a tendência de uma pena menor, e até mesmo uma absolvição, é maior.

Apesar de alguns percalços, a Justiça goiana tem uma tradição positiva, de seriedade e compromisso efetivo com a lei. Espera-se que, no caso, colhidos todos os depoimentos, com exposição máxima do contraditório – mesmo assassinos têm, sim, direito a uma defesa ampla e justa –, aja com rigor e no tempo apropriado, isto é, nem pouco nem muito. O tempo adequado para se fazer justiça.

A justiça exemplar é fundamental, sobretudo porque educativa. Crimes vão continuar a ocorrer, obviamente. Mas, se a impunidade diminuir, os crimes tendem a decrescer. 

Sobretudo, ao se perceber que mesmos poderosos são presos e, às vezes, condenados, outros cidadãos podem relutar em tirar a vida de outros cidadãos. Mais: os poderosos pensarão duas vezes antes de mandar matar alguém.

Sampaio tem direito a bons advogados, e naturalmente vai negar que tenha pagado para matar o radialista e comentarista esportivo. Cabe à Justiça, pesando as informações apuradas pela polícia e ouvindo todos os envolvidos, decidir. É sua missão. Espera-se que, no último round, a Justiça não seja a nocauteada. No caso de Davi Dantas, a Justiça está perdendo.

RELEMBRE O CASO: 

05/07/2012. Radialista Valério Luiz é morto a tiros em frente a emissora. Nome importante da imprensa esportiva em Goiás, ele foi assassinado quando já estava dentro de seu carro.
 
Foto Jornal Opção. Valério Luiz (terceiro da esquerda para a direita), na
apresentação do programa "Mais Esportes", na PUC TV
O radialista e cronista esportivo Valério Luiz foi assassinado no início da tarde desta quinta-feira (5/7) em frente à Rádio Jornal AM, veículo pelo qual trabalhava, no Setor Serrinha. 

Segundo informações preliminares, ele saía da emissora e estava já dentro de seu carro, quando foi alvejado com pelo menos cinco tiros, disparados por alguém que estava em uma motocicleta.

Filho do também radialista e empresário Manoel de Oliveira, ele se destacava na imprensa esportiva por ser sempre crítico e polêmico em seus comentários. 
 
De longa carreira no rádio, ele também trabalhava ultimamente na PUC TV, onde participava do programa “Mais Esportes”.

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