Prisão de Maurício Sampaio prova primado do Direito. Após a conclusão do inquérito, a responsabilidade passa para a
Justiça, que vai enfrentar a tentativa de retardar os julgamentos.
A sociedade não acreditava que o cartorário Maurício Sampaio seria
preso.
Duvidava-se tanto da polícia quanto da Justiça.
Os motivos são o
de sempre:
O poder econômico e a tradição familiar. Apostava-se que, por
ser um homem muito rico e poderoso, Sampaio escaparia dos tentáculos
policiais e judiciários.
O fato de ter em sua equipe de defesa pelo
menos dois desembargadores, que foram presidentes do Tribunal de Justiça
de Goiás, além de um escritório de alta qualidade e experiência, indica
que o cartorário e empresário tem aquilo que o mercado chama de bala na
agulha. Ele está, no mínimo, bem orientado. Sabe o quê e como dizer
tanto à polícia quanto à Imprensa e à Justiça.
Entretanto, apesar da riqueza e da tradição familiar, a polícia prendeu
Sampaio, principal acusado de ter mandado matar o radialista e
comentarista esportivo Valério Luiz, há quase sete meses, em Goiânia.
A
polícia funcionou. A Justiça funcionou. A Imprensa funcionou (apesar das
ligeiras omissões). Ou seja, a lei e a democracia prevaleceram.
Agora, depois do primeiro round, a prisão do pistoleiro, dos
agenciadores e do mandante do assassinato – embora o inquérito não
esteja concluído –, vai começar o round final.
Aqui, entra o trabalho
dos advogados e dos magistrados. Observe-se que o major Davi Dantas
matou o médico Marcelo Pacheco, há oito anos, e até agora não foi
julgado.
O motivo é o de sempre: Dantas tem um excelente advogado, que,
com habilidade, explorando as fissuras e filigranas da lei, consegue
retardar o julgamento – que, segundo o Judiciário, deve ocorrer no fim
deste mês. Dantas irá a júri popular. Espera-se que, desta vez, sim.
Sampaio terá não um, mas vários advogados, todos experimentados,
manipuladores hábeis das leis. O primeiro passo será tirá-lo da cadeia,
alegando que tem endereço fixo e não tem antecedentes criminais (há
quatro processos contra o cartorário na Justiça goiana, mas
aparentemente não há nenhuma condenação).
O segundo passo será retardar o
julgamento por longo tempo. Os advogados fazem isto por vários motivos.
Primeiro, para deixar o cliente livre pelo máximo de tempo possível.
Segundo, porque, se for julgado muito tempo depois, quando não mais
existir clima emocional e a Imprensa já tiver se afastado do caso, a
tendência de uma pena menor, e até mesmo uma absolvição, é maior.
Apesar de alguns percalços, a Justiça goiana tem uma tradição positiva,
de seriedade e compromisso efetivo com a lei. Espera-se que, no caso,
colhidos todos os depoimentos, com exposição máxima do contraditório –
mesmo assassinos têm, sim, direito a uma defesa ampla e justa –, aja com
rigor e no tempo apropriado, isto é, nem pouco nem muito. O tempo
adequado para se fazer justiça.
A justiça exemplar é fundamental, sobretudo porque educativa. Crimes
vão continuar a ocorrer, obviamente. Mas, se a impunidade diminuir, os
crimes tendem a decrescer.
Sobretudo, ao se perceber que mesmos
poderosos são presos e, às vezes, condenados, outros cidadãos podem
relutar em tirar a vida de outros cidadãos. Mais: os poderosos pensarão
duas vezes antes de mandar matar alguém.
Sampaio tem direito a bons advogados, e naturalmente vai negar que
tenha pagado para matar o radialista e comentarista esportivo. Cabe à
Justiça, pesando as informações apuradas pela polícia e ouvindo todos os
envolvidos, decidir. É sua missão. Espera-se que, no último round, a
Justiça não seja a nocauteada. No caso de Davi Dantas, a Justiça está
perdendo.
RELEMBRE O CASO:
05/07/2012. Radialista Valério Luiz é morto a tiros em frente a emissora. Nome importante da imprensa esportiva em Goiás, ele foi assassinado quando já estava dentro de seu carro.
Foto Jornal Opção. Valério Luiz (terceiro da esquerda para a direita), na apresentação do programa "Mais Esportes", na PUC TV |
O radialista e cronista esportivo Valério Luiz foi assassinado no
início da tarde desta quinta-feira (5/7) em frente à Rádio Jornal AM,
veículo pelo qual trabalhava, no Setor Serrinha.
Segundo informações
preliminares, ele saía da emissora e estava já dentro de seu carro,
quando foi alvejado com pelo menos cinco tiros, disparados por alguém
que estava em uma motocicleta.
Filho do também radialista e empresário Manoel de Oliveira, ele se
destacava na imprensa esportiva por ser sempre crítico e polêmico em
seus comentários.
De longa carreira no rádio, ele também trabalhava
ultimamente na PUC TV, onde participava do programa “Mais Esportes”.
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