No total, as operações levaram ao resgate de 40 vítimas do tráfico internacional de mulheres, entre brasileiras e estrangeiras, que eram exploradas sexualmente na Espanha.
2 de Fevereiro de 2013.
Luciano Nascimento - Repórter da Agência Brasil.
Brasília - Duas quadrilhas que traficavam
brasileiras para serem exploradas sexualmente no exterior foram
desbaratadas nos últimos sete meses em decorrência de duas operações da
Polícia Federal (PF). No total, as operações levaram ao resgate de 40
vítimas do tráfico internacional de mulheres, entre brasileiras e
estrangeiras, que eram exploradas sexualmente na Espanha.
O resultado das operações foi divulgado nesta sexta-feira (1º) pela
ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da
República, Eleonora Menicucci, e pelo ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo.
As prisões foram feitas em parceria com a polícia da Espanha a partir
de denúncias colhidas pela Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180
Internacional, serviço coordenado pela Secretaria de Políticas para as
Mulheres da Presidência da República, e repassadas pelo Ministério da
Justiça ao governo daquele país.
Na primeira operação, realizada em Ibiza em junho de 2012 e batizada
de Palmera, foram resgatadas 28 mulheres, das quais seis eram
brasileiras, com o seu desdobramento, foram resgatadas mais seis
vítimas.
Na segunda, a Planeta, deflagrada na quarta-feira (30) em
Salamanca, foram resgatadas seis vítimas, sendo duas brasileiras. “São jovens, são pobres e foram aliciadas por pessoas brasileiras ou
estrangeiras. Elas ficam confinadas, presas em porões das casas, dentro
das próprias boates e casas noturnas e são exploradas sexualmente,”
disse a ministra Eleonora Menicucci.
A Operação Planeta teve início a partir da denúncia feita pela mãe de
uma das vítimas, que recebeu uma rápida ligação da filha, explorada
sexualmente no exterior, relatando o seu desamparo. A ligação fez com
que a mãe lembrasse de cenas da novela Salve Jorge, que trata do tráfico de pessoas.
De acordo com Eleonora, os aliciadores disseram que a vítima iria
trabalhar como operadora de caixa de restaurante, “mas ela acabou sendo
explorada sexualmente e inclusive teve a sua vida ameaçada”, disse. A
ministra revelou as quadrilhas ganhavam R$ 1 mil por cada pessoa que
conseguiam levar para o exterior.
A operação, de acordo com a Polícia Federal, resultou na prisão de um
casal de brasileiros, em Salvador (BA), que recrutava jovens com a
promessa de emprego no exterior.
De janeiro a dezembro de 2012, o Ligue 180 Internacional recebeu 80
denúncias, das quais, 30 vieram da Espanha, 25 da Itália, 18 de Portugal
e duas de El Salvador, países onde o serviço está disponível.
O serviço
também registrou ligações da França, da Inglaterra, da Suíça e de
Luxemburgo. “Tudo o que nós estamos construindo em nossa rede de
enfrentamento e com o Ligue 180 é resultado da consolidação da Lei Maria
da Penha,” disse Eleonora.
Do total de ligações recebidas, 40% são pedidos de informações e 60%
são pedidos de socorro. A violência física é a que mais gera denúncias,
com 51%, seguida de violência psicológica (33%) e violência moral
(6,6%). Apenas 5% relatam alguma associação com tráfico internacional de
pessoas.
Na avaliação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o pequeno
percentual de denúncias se deve ao tipo de crime. “Uma das maiores
dificuldades que se tem ao combater o tráfico de pessoa é que as pessoas
não denunciam. Sem a denúncia e sem a confirmação, nada se faz”, disse.
De acordo com Cardozo, as vítimas têm vergonha de denunciar e também
temem sofrer retaliações dos aliciadores.
A ministra Eleonora Meniccuci disse que o governo estuda a ampliação
do Ligue 180 Internacional. Criado em novembro de 2011, o serviço atende
brasileiras em situação de violência na Espanha, na Itália e em
Portugal. A ministra também fez um apelo para que as pessoas denunciem
mais este tipo de crime.
“Nós do governo federal temos adotado uma postura de uma política
obcecada e determinada para combater o tráfico de pessoas. Quero chamar
todas as mulheres e homens do Brasil para denunciar esse tipo de
situação. Não podemos deixar que as pessoas sejam vítimas dessas
quadrilhas", disse.
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