Manifestantes são agredidos por torturador da Ditadura Militar. Comissão da Verdade identifica torturador que atualmente trabalha como advogado em Foz do Iguaçu.
A Comissão da Verdade permaneceu dois dias em Foz do Iguaçu para investigar os crimes cometidos no Batalhão de Fronteira na época da Ditadura (Foto: Mariana Serafini / Revista Fórum) |
Três manifestantes foram agredidos ao colar cartazes no prédio onde fica o escritório do advogado Mário Espedito Ostroviski, identificado durante investigação da Comissão da Verdade como chefe das torturas no Batalhão de Fronteira de Foz do Iguaçu.
Convocado para depor, Espedito não compareceu à audiência pública, a informação até o momento era de que ele estaria desaparecido já há quatro dias. A ideia era preparar a Av. Brasil, principal da cidade, para fazer uma pequena manifestação em frente ao edifício Metrópole, onde, na sala 207 ex tenente atua como advogado.
Três manifestantes saíram da Câmara Municipal, onde acontecia a Audiência Pública da Comissão da Verdade e colaram cartazes no caminho até chegar no edifício. Pelo trajeto eles conversaram com a população e explicaram o porquê da ação.
Ao chegar no prédio, quando iam colar o primeiro cartaz uma mulher apareceu e já começou a agredir um deles, Allan Camargo. Em seguida surgiram mais três homens, um deles tomou os cartazes, enquanto isso, Maiara Oliveria e Mariana Serafini trataram defender Allan e escapar do lugar.
Voltaram às pressas para a Câmara, há duas quadras do incidente. Ao chegar, contaram a história e descobriram que os agressores eram, na verdade, o próprio Mário Espedito Ostroviski e sua filha, também advogada.
A Comissão da Verdade permaneceu dois dias em Foz do Iguaçu para
investigar os crimes cometidos no Batalhão de Fronteira na época da Ditadura.
Durante os depoimentos, principalmente o de Izabel Fávaro, o atual
advogado Espedito foi identificado como o Tenente Expedito, na época
chefe e executor da maior parte das torturas (principalmente choques
elétricos e afogamentos).
Diante da informação, um pequeno grupo se mobilizou com a ajuda do
Centro de Direitos Humano e Memória Popular de Foz do Iguaçu (CDHMP)
para realizar o “escracho” em frente ao prédio do advogado.
Ele é muito
conhecido e conceituado em Foz do Iguaçu, acharam justo contar para a
sociedade o passado do homem que hoje circula tranquilamente na alta
sociedade iguaçuense. No meio do processo os três foram agredidos, mas
isso não impediu o plano, pelo contrário, incentivou ainda mais a
população a participar.
O ato foi realizado por volta das 12h , contou com a presença dos
participantes da Audiência Publica, estudantes universitários e pessoas
que engrossaram a marcha no meio do processo ao saber do que se tratava.
O grupo seguiu até o edifício Metrópole com cartazes e palavras de
ordem.
A faixa “Aqui trabalha o torturador Mário Espedito” , e os
cartazes foram colados na fachada do prédio. A manifestação foi
tranquila, escoltada pela Polícia Militar que tratou de impedir o
trânsito nas vias necessárias e contou com o apoio oficial da Comissão
da Verdade.
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