Relatório sobre o caso será apresentado na próxima quarta-feira (14), quando poderá ser discutido e votado.
| Leréia disse que nunca soube das supostas atividades ilegais praticadas por Cachoeira em Goiás. |
O deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), que responde a representação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
por envolvimento com Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, afirmou, nesta quarta-feira, que tem relação de “grande
amizade” com o contraventor.
Ele admitiu que utilizou o cartão de crédito de Cachoeira para
comprar “joguinhos eletrônicos”, declarou que recebeu diversos
empréstimos para honrar compromissos financeiros e disse que foi
“ajudado” em uma de suas campanhas para deputado com um “café da manhã”
oferecido por Cachoeira.
Em depoimento de mais de três horas no conselho, Leréia destacou, no
entanto, que nunca soube de supostas atividades ilegais praticadas por
Cachoeira em Goiás e que não tem qualquer sociedade com o bicheiro,
embora admita que ambos sejam donos de uma aeronave avaliada em
“aproximadamente R$ 800 mil”.
Relatório na próxima semana - O relator da representação no conselho, deputado Ronaldo Benedet
(PMDB-SC), adiantou que não deverá ouvir mais depoimentos sobre o
assunto e pretende apresentar seu parecer para discussão e votação no
próximo dia 14 (quarta-feira).
Os atos praticados por Cachoeira foram um dos alvos de uma Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito realizada em 2012, que não conseguiu
aprovar um relatório final. Durante as investigações, levantou-se também
a suspeita de que o contraventor fosse “sócio oculto” da empreiteira
Delta, acusada de diversas irregularidades em obras realizadas com
recursos públicos em governos estaduais e federal.
Em seu depoimento ao conselho, Leréia disse que perguntou diretamente
a Cachoeira, no passado, se ele era sócio da Delta, mas não teria
obtido resposta. “Eu não insisti [na pergunta] para não ser indiscreto”,
disse o deputado. Leréia acrescentou que sempre discordou dos métodos
da empresa: “Sempre tive bronca da Delta, porque ela chegava atropelando
a todos, tanto nas obras quanto na prestação de serviços”.
Explosão no faturamento - Sobre sua relação de amizade com Cachoeira, Leréia disse que conheceu o
“empresário” no fim da década de 80 e sempre soube que ele “tinha muito
dinheiro”, pois o setor de laboratórios farmacêuticos – um dos ramos de
atividade de Cachoeira – “explodiu em seu faturamento” nos últimos anos.
“Cachoeira tem e teve negócio em todas as áreas em Goiás, laboratórios,
loteamentos, loterias”, listou Lereia.
O deputado de Goiás sabia que Cachoeira tinha concessão para explorar
as loterias estaduais, durante o período de legalidade, mas afirmou que
nunca havia sido informado de outras modalidades de jogos administradas
pelo amigo.
Questionado sobre a acusação de ter usado o cartão de crédito do
contraventor, conforme investigação da Polícia Federal na Operação
Vegas, Leréia disse que o uso foi para comprar jogos eletrônicos para
seu tablet. A compra, no entanto, não teria sido concluída. “É comum que
amigos forneçam a senha do cartão de crédito em algumas situações”,
comentou.
Empréstimos - Sobre os empréstimos recebidos, disse Leréia, os repasses ocorreram
porque o deputado precisava efetuar pagamentos, mas não podia recorrer a
empréstimos bancários e estava com parte de seus bens bloqueada.
“Recorri a um amigo que sabia que tinha dinheiro, e ele emprestou porque
sabia que eu tenho palavra e honraria os pagamentos”, disse.
Reportagem – Rodrigo Bittar & Edição – Newton Araújo.
A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.
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