Sabrina Craide - Repórter da Agência Brasil.
Foto: Agencia Brasil. |
Brasília - O jornalista Gleen Greenwald, do jornal britânico The Guardian,
disse hoje (6) que poderão ser publicadas mais denúncias relacionadas
às espionagens feitas pelo governo dos Estados Unidos a comunicações
telefônicas e eletrônicas de diversos países.
O jornalista foi
responsável por revelar ao mundo os programas secretos americanos de
interceptação de dados, vazados pelo ex-consultor de informática Edward
Snowden.
Segundo Greenwald, Snowden lhe entregou cerca de 20 mil
documentos, que ainda não foram totalmente analisados.
“Os artigos que publicamos são uma porção muito pequena das
revelações que devem ser publicadas. Estamos trabalhando com muitas
organizações no Brasil e no mundo todo para publicar mais documentos.
É
difícil falar sobre os documentos que ainda não publiquei, mas com
certeza vai ter muito mais revelações sobre a espionagem do governo dos
Estados Unidos”, disse Greenwald, que participou de audiência pública
conjunta das comissões de Relações Exteriores da Câmara e do Senado.
O jornalista também disse que o governo americano tem capacidade de acessar o conteúdo de e-mails
e telefonemas de cidadãos de diversos países, e não apenas a metadados,
que se referem a informações como horários e números de ligações ou
endereços de e-mails.
“Os documentos que publicamos mostram que eles podem coletar o conteúdo do e-mail, uma lista de pesquisa do Google, o site
que está visitando, e até as ligações podem ser invadidas a qualquer
minuto. É claro que, quando você está coletando 40 bilhões de ligações e
e-mails a cada 30 dias, não pode monitorar tudo, você vai só coletar só os metadados e depois vai decidir quais ligações quer invadir.”
O jornalista acredita que o principal objetivo do governo americano
com a espionagem é a obtenção de informações comerciais e industriais,
como na área de energia e petróleo. Ele disse que a ideia de coletar
dados sobre comunicações telefônicas e eletrônicas em outros países
surgiu em períodos de guerra, no Iraque e no Afeganistão, para “saber
tudo sobre o inimigo”. “Agora eles estão aumentando para o mundo todo,
porque acham que quanto mais sabem, maior o poder”, disse.
Durante a audiência, um grupo de jovens usou máscaras com o rosto de
Snowden desenhado, para defender um julgamento favorável ao
ex-consultor e pela liberdade de expressão. “Nosso apoio é em relação à
liberdade de expressão, e que esses heróis, os hackers, aqueles
que usam a internet como uma ferramenta de ativismo político sejam cada
vez mais respeitados e se tornem heróis para essa juventude que saiu às
ruas e quer se inspirar ainda mais neles”, disse a estudante de
jornalismo Paola Rodrigues.
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