PAULO JUSTINO PEREIRA, 51 anos, presidente de uma Associação Camponesa no distrito de Rio Pardo, município de Buritis, em Rondônia, foi assassinado covardemente na noite de sexta (1º de maio/2015), alvejado com seis tiros de revólver calibre 38, mais dois de calibre 12, todos na região da cabeça. O líder camponês Paulo Pereira havia participado no dia 29 de abril, de uma reunião no Incra, em Porto Velho, com o ouvidor agrário nacional, desembargador Gercino José da Silva Filho, onde teve discussões acirradas sobre o conflito de Rio Pardo.
Na reunião Paulo Pereira falou que as famílias de Rio Pardo estavam preparadas para retomar as suas terras. O “Ouvidor Agrário” Gercino retrucou: “O sr. quer dizer que as famílias irão descumprir uma ordem?” Paulo respondeu: “As famílias estão esperando a resposta de vocês, que nunca chega!” Como a questão envolvia a Sedam (Secretaria Estadual de Meio Ambiente) que não estava presente, o assunto foi passado para o dia seguinte.
O distrito de Rio Pardo fica no norte de Rondônia, em uma vasta região de terras férteis, madeira, minérios, recursos hídricos numa longa faixa de terras, que se estende até a fronteira da Bolívia, dominada pelo latifúndio e marcada por intensos conflitos agrários com dezenas de ocupações de terra e ataques dos latifundiários e seus bandos armados. Nos últimos anos morreram assassinados os camponeses MANINHO, OZIEL NUNES, OSÉAS MARTINS, DERCY FRANCISCO SALES, JOSÉ VANDERLEI PARVEWFKI, NÉLIO LIMA AZEVEDO, ÉLCIO MACHADO, GILSON TEIXEIRA GONÇALVES E RENATO NATHAN. Sem contar as constantes humilhações, perseguições, abordagens e prisões ilegais e torturas que sofrem os camponeses desta região nas mãos da polícia.
O ouvidor agrário nacional, Gercino da Silva, preside a chamada “Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo”, e realizou diversas reuniões entre os dias entre os dias 28 e 30 de abril, no gabinete da presidência do Incra/RO. Participaram das reuniões os membros da comissão, camponeses, advogados, proprietários de terras e forças policiais no estado (Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec/RO) e Delegacia Especializada em Conflitos Agrários).
Repete-se o já mil vezes denunciado “ROTEIRO DA MORTE”, em que os camponeses vão aos representantes do Estado (entre os quais está quase que invariavelmente presente o Desembargador Gercino José da Silva Filho), denunciam as ameaças, cobram a regularização de suas posses, e depois são assassinados vítimas de tocaias.
Foi o que aconteceu tragicamente com os camponeses Elcio Machado (o Sabiá) e Gilson Gonçalves, em Buritis – Rondônia (7 de janeiro de 2010), Josias Paulino de Castro e Irene da Silva – lideranças da Associação de Produtores Rurais de Nova União – Mato Grosso (16 de agosto de 2014), o dirigente da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas, Cleomar Rodrigues, em Pedras de Maria da Cruz – Minas Gerais (22 de outubro de 2013) e agora com Paulo Justino Pereira, em Rio Pardo – Rondônia (1º de maio/2015), todos assassinados após terem participado de reuniões com a “Ouvidoria Agrária” do governo do PT, com o senhor Gercino José da Silva Filho à cabeça e, no caso das reuniões em Rondônia, na maioria das vezes, com o acompanhamento do inimigo declarado dos camponeses, Major Enedy, do 7.º batalhão da PM de Ariquemes. E teve também o caso da indígena guarani kaiowa, Marinalva Manoel, de Dourados-MS, assassinada a facadas dias após se reunir com procuradores do Ministério Público Federal em Brasília, em 1º de novembro de 2014.
Neste caso de Rio Pardo, os camponeses da região já haviam denunciado as ameaças que estavam sofrendo por parte do latifundiário João Neuto Saul Guerin que mantinha um grupo de 10 homens fortemente armados no latifúndio situado na Linha C1, Marco Zero. No início do mês de abril, haviam sido presos seis pistoleiros, e apreendidas duas pistolas Glock 9mm, uma pistola Taurus 380, três espingardas CBC 12, uma espingarda 38, uma submetralhadora 9mm, rádios-transmissores, coletes balísticos, mochila com munições de calibre 12, 7,62, 9mm e 380. Parte do material apreendido estava no interior da camionete S10, placa GVE-1083 de Foz do Iguaçu-Paraná, e o restante na sede da fazenda Guerin. Os pistoleiros foram identificados como Isaque Lima Muniz, 27 anos de idade, Marcio da Silva Silveira, 25 anos, Marco Alberto Dos Santos, 32, José Alvez de Souza, 51, Marcelo Correia da Silva, 30, e Marcos Roberto Pereira, 47, e à serviço do latifundiário João Neuto Saul Guerin. Ao depor na polícia, o João Guerin, informou que o arsenal seria “para sua segurança e defesa da propriedade”, e foi liberado pelo delegado, sem sofrer qualquer punição.
Com o latifundiário livre e em total impunidade, antes da ocorrência do assassinato do camponês Paulo Justino Pereira, o que a polícia de Buritis fez foi prender os camponeses LUCIANO DA SILVA COELHO, JOSÉ FELIX GONZAGA e CLAUDIMIRO MATIAS DA COSTA, na tarde do dia 27/04/2015, por estarem no ACAMPAMENTO RIO PARDO, sob alegação de porte ilegal de armas. Agora acontece o covarde assassinato do lider camponês PAULO JUSTINO PEREIRA.
O Estado brasileiro, gerenciado por Dilma/Lula/PT/PCdoB/PMDB et caterva (apoiado e defendido pelo pelego João Pedro Stédile), é culpado e responsável pelos assassinatos, perseguições e criminalização dos camponeses em luta pela terra.
Que todas as vozes honestas do Brasil se levantem em defesa dos camponeses de Rondônia!
Morte ao latifúndio!
Terra para quem nela vive e trabalha!
Reproduzimos boletim da Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia ocidental:
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