quarta-feira, 13 de abril de 2016

UFMA. João Pedro Stédile faz um balanço do atual cenário econômico do país.


Foto João Pedro Stédile faz um balanço do atual cenário econômico do país
SÃO LUÍS - O Conselho Universitário da Universidade Federal do Maranhão recebeu na manhã desta sexta-feira, 08, em sua reunião ordinária, o coordenador do Movimento Trabalhadores Rurais dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, que fez uma reflexão sobre o cenário econômico do Brasil. Ele foi recebido pela reitora Nair Portela e demais conselheiros na sala dos Colegiados Superiores, no Palácio Cristo Rei.
Stédile lembrou que todos os estudiosos de todas as correntes comungam do mesmo diagnóstico: a sociedade brasileira vive uma grave crise cuja base fundamental é a crise econômica. “Faz três anos que a nossa economia não cresce, houve um processo de desindustrialização do nosso país, que na década de 80 tinha 50% da sua economia na indústria e hoje apenas 9%. 
Há, portanto, uma crise ambiental porque houve uma avalanche das forças do capital com as forças da natureza para se apropriar e isso trouxe contradições para a natureza e, como consequência, os efeitos sociais, as mudanças climáticas, a falta de água na maior cidade que temos no hemisfério sul que é São Paulo, os problemas ambientais ocorridos em Mariana-MG, entre outros problemas ambientais que perpassam pela sociedade”, lembrou.
Para Stédile, a crise política é causada pelo sequestro que a democracia representativa brasileira sofreu pelas empresas. Ele afirma que nos últimos 10 ou 15 anos, as grandes empresas sequestraram o processo eleitoral e hoje o povo não reconhece os parlamentares como seus legítimos representantes. “Todas as pesquisas de opinião revelam que a instituição menos respeitada é o parlamento. Em primeiro lugar estão as forças armadas, com 52%, depois as igrejas, com 48%, depois vêm as universidades, com 18%, os sindicatos com 16%, a presidente Dilma com 8%, e os políticos 7,01%”, explica.
O coordenador do MST alertou que a sociedade brasileira só viveu momentos parecidos com a crise de 30, de 60 e de 80. E que em todos esses episódios históricos, a saída dessas crises não foi em um passe de mágica. “Só há uma saída para essa situação que é a sociedade construir projetos que aglutinem a maior parte das nossas forças, seja nas igrejas, nas universidades, com o povo em geral, com os partidos, ou seja, construir uma alternativa e modelo de desenvolvimento. E essa energia necessária para construir um projeto alternativo de desenvolvimento leva anos" .
Segundo o líder social, o sonho dos grandes capitalistas do exterior e do Brasil é aplicar a liberdade total do capital, que na conceituação econômica se chama neoliberalismo. “Eles aplicaram esse modelo durante os governos Collor e Fernando Henrique, que todos lembram o que significou para o nosso povo: o desemprego, a soberania nacional, entre outros fatores. Para aumentar a taxa de lucro, para romper com a CLT, com o direito dos trabalhadores, para ter livre acesso às riquezas naturais que o país possui, eles acham que o governo Dilma é um problema.
Apesar dos erros que o governo cometeu nesses dois últimos anos, os capitalistas veem o governo Dilma como uma barreira e por isso eles precisam tirá-la para implantar o neoliberalismo e fazer uma avalanche de todos os projetos de gestão na câmara e desvincular, inclusive, os recursos públicos que estão na constituição carimbados para a educação, para a saúde, eles querem tirar essa vinculação dos recursos públicos”. Stédile lembrando que se agora as universidades estão passando por dificuldades, no modelo neoliberalismo passarão bem mais.
Após a reflexão do coordenador do MST, a reitora Nair Portela cumprimentou o convidado e destacou a importância de debater junto aos conselheiros da Universidade temas de relevância para a comunidade acadêmica. “Precisamos estar juntos nesta luta democrática para garantir os direitos que a nossa sociedade já conseguiu. Nós temos um curso na educação do campo, o pacto nacional pela alfabetização na idade certa, o pacto nacional pelo fortalecimento do ensino médio, entre outras ações que a universidade realiza e que não podem parar”, afirma.
Revisão: Débora Santos
Lugar: Palácio Cristo Rei
Fonte: Sansão Hortegal
Última alteração em: 11/04/2016 14:05

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