Liderança indígena atravessa Terra Indígena dentro de uma fazenda privada durante crise dos Guarani Kaiowá no MS em 2012. Foto: Mídia NINJA |
A partir de uma morte
brutal, Vincent Carelli, Ernesto de Carvalho e Tita saem sem dinheiro algum
para recontar a história do Brasil do ponto de vista da resistência
Guarani-Kaiowá. Um movimento de resistência em uma situação de precariedade e
agressão extrema.
Há um espírito de guerra.
O golpe é real.
Para os indígenas a luta é
contra o maior gigante econômico brasileiro: a soja.
Durante a 20ª Mostra de
Cinema de Tiradentes a equipe NINJA esteve com Ernesto de Carvalho e Tita
(Tatiana Almeida), co-diretores de Martírio, documentário lançado em 2016 e
super premiado em festivais nacionais e internacionais.
Ernesto de Carvalho e Tita, co-diretores de Martírio, conversaram com a Mídia NINJA em Tiradentes.
Martírio
Ernesto de Carvalho — Ano passado, 2016, a gente lançou Martírio, que é
um filme co-dirigido pelo Vincent Carelli, pela Tatiana Almeida (a Tita), que é
montadora do filme também e eu, que também fotografei a parte contemporânea do
filme. A gente se juntou com o Vincent, e formamos uma pequena rede de
colaboradores nesse processo de oficinas em aldeias indígenas dentro dessa
ideia do Vídeo nas Aldeias. O projeto é levar audiovisual para as comunidades
que tradicionalmente estão na frente da câmera para que elas possam se
empoderar da ferramenta e criar suas próprias histórias, contar o seu ponto de
vista.
Temos feito esse trabalho que foi ganhando forma de
maneira meio espontânea. Então a gente faz oficinas longas, deixa equipamentos
nas comunidades, faz oficinas de montagem e trabalha muito no aprofundamento e
amadurecimento da formação desses realizadores e realizadoras. Essa é a
filosofia do vídeo nas aldeias. Foi um trabalho continuado e um trabalho de
produção de narrativas que funcionam e têm circulado muito em festivais de
cinema, na televisão e gerado um impacto grande. “A gente precisava construir um filme que contasse
essa história, porque contar essa história já ia ser um grande gesto
político.”
A gente tem tido uma relação com comunidades
indígenas que de uma maneira ou de outra estão numa situação de se auto
representarem. Então a gente dá oficinas de vídeo em comunidades que estão em
condições de receber uma oficina: em comunidades minimamente estruturadas, em
que as pessoas estão com a sua terra um pouco assegurada, tem espaço pra
guardar câmera. E principalmente no final dos anos 90 e ao longo dos anos 2000,
a gente esteve muito nesse tipo de espaço, que são espaços precários, de muita
resistência, mas são espaços em que a vida pelo menos está assegurada.
O golpe
Ernesto de Carvalho — A situação política que a gente está vivendo no
brasil hoje só existe por causa da desinformação. A maioria da população na
verdade está perdida. Você vê, teve um golpe de estado, o Brasil se polarizou.
Parece que tudo se polarizou: de um lado você teria pessoas que são petralhas,
que estariam apoiando o governo Dilma e de outro lado você teria pessoas que
são coxinhas, fascistas. Mas essa polarização na verdade é a menor parte dessa
história. A maior parte dessa história é uma maioria da população brasileira
que não sabe exatamente o que está acontecendo. O que a grande mídia faz, o que
a Globo faz, é investir nessa desinformação, é criar confusão. As pessoas estão
muito confusas. As pessoas com as quais a gente conversa não sabem o que está
acontecendo. “Uma maioria da população
brasileira que não sabe exatamente o que está acontecendo. As pessoas estão
confusas.”
E aí, eu acho que o que o Martírio faz, e que agora
a gente se dá conta depois do filme pronto, é que ele oferece informação para
as pessoas de uma maneira que as pessoas conseguem entender. Ele cria uma
narrativa que as pessoas entendem e conseguem se posicionar dentro daquela
narrativa. O que a gente precisa agora é fazer o filme circular: essa é a
grande questão do Martírio. Todo mundo que vê fala: o filme tem que circular.
Ele tem que ser visto. Tem que ser visto nas escolas, tem que ser visto nas
aulas de história. E aí a gente está pedindo apoio também nesse sentido, de
fazer o filme circular.
O filme vai ser lançado em salas de cinema no dia
13 de abril e depois vamos soltar ele na internet, livremente. E a idéia é
fazer que ele chegue nas escolas, que ele chegue nos lares, que ele chegue na
televisão, se possível. Porque é só por meio das pessoas terem acesso à
história que a gente vai poder desfazer esse nó que o Brasil se meteu agora.
Esse nó de um estado de exceção que começa de um golpe que é real, que as
pessoas estão vivendo, mas que elas não sabem nem processar. É isso, enfim,
falta informação. “O golpe é anti indígena, é
evangélico.”
Ernesto de Carvalho — O golpe é anti-indígena, o golpe é evangélico, em
sua boa medida. Mas não porque as pessoas evangélicas são más, mas porque você
tem um interesse, um lobby evangélico, um lobby ruralista dentro do Congresso
que é fundamentado na desinformação. É fundamentado em fazer as pessoas ficarem
assustadas e em fazer as pessoas ficarem desinformadas. Então, enfim, a gente
espera que o filme circule.
É isso. “São as pessoas que são a palestina brasileira, de alguma maneira.”
Ernesto de Carvalho — Desde que eu conheço o Vincent, ele tinha esse
material Guarani-Kaiowá, material que ele filmou lá no final dos anos 80,
passando pelos anos 90. E é um material que é de outra realidade indígena
brasileira, que é muito mais precária ainda. São as pessoas que são a palestina
brasileira, de alguma maneira.
São aldeias que estão à beira da estrada, não tem
terra homologada, muitas vezes são aldeias que estão incrustadas no meio de
fazendas, e aí essa realidade Guarani-Kaiowá sempre foi uma realidade muito
mais gritante, de um flagelo e de uma presença da morte e da destruição muito
mais intensa, um caso extremo de resistência no Brasil. Sempre houve um desejo
de voltar pra esses ambientes, voltar pra essas aldeias onde o Vincent esteve e
nas aldeias que a gente tem recebido notícias de ataques por verdadeiras
milícias de fazendeiros, milícias armadas. E de alguma forma conseguir
participar e ajudar nessa situação.
O Conflito Indígena
no Brasil
Ernesto de Carvalho — O espaço Guarani-Kaiowá tem sido um espaço de auto representação só que num sentido diferente. Não no
sentido da câmera, mas da consolidação de um movimento, que é o
movimento Aty Guasu, que são as grandes assembleias Guarani-Kaiowá — que na verdade é um movimento que remonta da década de 70,
um movimento de resistência nessa situação de precariedade e agressão extrema.
“No Mato Grosso do Sul, que é a central produtora
de soja do Brasil, há uma espécie de espólio de guerra da Guerra do Paraguai.”
Então, no Mato Grosso do Sul, que é a central
produtora de soja do Brasil, há uma espécie de espólio de guerra da Guerra do
Paraguai, um ambiente onde a população indígena que mora ali é vista um pouco
como não pertencente a lugar nenhum. Eu acho que ainda há no Mato Grosso do Sul
um espírito de guerra — os Guarani-Kaiowá são um pouco os sobreviventes dessa guerra, que é uma guerra
que redesenhou a fronteira nacional — e ao mesmo tempo é um ambiente da soja, do agronegócio.
O Brasil é o maior exportador de soja do mundo e
toda essa economia neo-desenvolvimentalista dos últimos anos tem sido muito
calcada na produção de soja. Então a luta dos Guarani-Kaiowá por assegurar
pequenos espaços pra sobrevivência é uma luta contra o maior gigante econômico
brasileiro, que são os fazendeiros produtores de soja.
Ernesto de Carvalho — Eles sempre tiveram nesse contexto de resistência e
precariedade. O filme conta um pouco a história de como chegou a esse ponto de
expulsão das terras, o esbúlio — que é a retirada forçada do ambiente onde que você cresceu — que o que os Guarani-Kaiowá têm vivido ao longo do século XX de
uma forma muito particular: essa coisa em que de repente você tá num pedaço de
terra e alguém chega com um papel que diz que é daquele fazendeiro.
E em 2012, depois de séculos de massacre e um
século de massacre ligado à economia, há uma morte em específico — que é a morte do cacique Nísio Gomes, em Guaiviri — que é uma morte que marca muito o Vincent, que tinha
passado muito por aqueles espaços, uma morte muito brutal, uma morte com tiro.
Tatiana Almeida — Essa é uma das poucas mortes que acabou furando o
bloqueio midiático, a primeira morte em que o corpo é dado como desaparecido e
a partir do início das investigações. A coisa acaba furando o bloqueio da
grande mídia, ganhando repercussão internacional e forçando as investigações a
serem retomadas.
“Você chegar numa aldeia, você assustar todo mundo,
você matar o cacique, esconder o corpo dele e sumir com o corpo dele. É um
negócio muito brutal.”
Ernesto de Carvalho — E com a participação de empresa de segurança privada,
ou seja, uma verdadeira milícia armada, um negócio muito calculado. Você chegar numa aldeia, você
assustar todo mundo, você matar o cacique, esconder o corpo dele e sumir com o
corpo dele. É um negócio muito brutal.
E ao mesmo tempo, em paralelo à isso, você tem
também muito midiatizada a resistência da comunidade Pyelito Kue, que é uma
aldeia que em determinado momento, depois de algumas décadas tentando retomar o
seu território tradicional, escreve uma carta, que foi muito noticiada, de
suicídio coletivo, em que as pessoas estão dizendo “beleza, então vocês não
querem permitir que a gente consiga viver nas condições mínimas, então a gente
não faz nem mais questão de viver, se for pra viver desse jeito”. Foi uma carta
interpretada como uma carta de suicídio coletivo.
Esses dois eventos provocam a gente a ir lá, sem
dinheiro nenhum, e numa proposta diferente daquela proposta que a gente vinha
conduzindo de oficina de vídeo, que é uma proposta então da gente fazer um
filme sobre essa história, ao mesmo tempo com o desejo de deixar câmeras — entendendo que a câmera é uma ferramenta de luta, é uma arma.
“Os indígenas no Brasil vivem no meio dessa
encruzilhada horrorosa, muito perversa, que causa muita ansiedade. Você não
consegue ser aceito. Você não pertence a lugar nenhum — você não tem direito a existir, basicamente. De um jeito
ou de outro você tá errado.”
Ernesto de Carvalho — As populações indígenas do Brasil vivem um binômio muito
cruel, que é assim: ou você não é índio o suficiente — você já tá incorporado demais — e aí você não é reconhecido como diferente, não é reconhecido
como tendo uma especificidade que te dê direito à respeito, a autonomia, a
viver uma vida diferente da que as pessoas levam na cidade, ou você é selvagem
demais — seus costumes são inaceitáveis demais.
Então todos os indígenas no Brasil vivem no meio dessa encruzilhada
horrorosa, muito perversa, que causa muita ansiedade. Que você não consegue ser
aceito. Você não pertence a lugar nenhum — você não tem direito a existir, basicamente. De um jeito
ou de outro você tá errado.
E no Mato Grosso do Sul, essa existência
inaceitável parece ser mais perversa ainda. Porque aí há uma disputa pelo
território muito clara, que está no horizonte. O Mato Grosso do Sul é uma terra
arrasada. Era uma floresta e hoje em dia é um deserto — um deserto verde da soja transgênica e do milho transgênico. E a maneira como essa
terra arrasada se deu foi por meio da aliança entre as elites locais, aliança
histórica na qual os fazendeiros também são amigos dos políticos, enfim são
alianças entre a polícia… Uma parte dessas deportações, desses exílios das
aldeias se dá com o apoio da polícia local que chega e vai retirar o pessoal,
leva o caminhão pra tirar as pessoas da aldeia. As pessoas estão numa posição
de fragilidade total.
A câmera é uma arma
de luta
Ernesto
de Carvalho — A
gente, sem financiamento, sem dinheiro, pega, usa um pouco dos fundos que tem e
vai se jogar nessa tentativa de entender que filme que a gente pode fazer, com
a clareza de que a gente precisava, então, construir um filme que contasse essa
história porque contar essa história já ia ser um grande gesto político.
A
gente começa a ir ao Mato Grosso do Sul, a circular pelas aldeias, a entender
exatamente qual é a situação, a recuperar a memória da violência, do exílio, da
expulsão dos territórios tradicionais. E muito formados pela experiência de
diálogos em aldeias que a gente já tem, que são a partir das oficinas.
Experiência
de chegar, de saber conversar com as pessoas, de estar muito perto das pessoas,
de entender que as pessoas se apropriam da presença da câmera de uma maneira
muito inteligente, que elas têm as suas formas de se apropriar da câmera. E
quebrando um pouco as regras também — tô filmando e
reativando: que história
que dá
pra contar? É
uma história
de arquivo? É
uma história
que precisa mostrar os deputados e senadores? Aos poucos a gente foi entendendo
que a história era essa. Uma história que precisava juntar esses elementos, ao
mesmo tempo, com aquela presença da câmera, e aí o filme deu muito certo,
conseguiu equilibrar todos esses elementos. Tita, a montadora, fez um trabalho
incrível.
Tatiana
Almeida — Eu
acho que é uma coisa que acontece de maneira bem recorrente no trabalho do
Vídeo nas Aldeias, nos filmes que não são feitos por cineastas indígenas.
Acontece muito quando você vai para as aldeias, você realiza as filmagens e
muito do conteúdo você sequer conhece porque você não acessou a tradução do
material, e essa tradução acontece na etapa de montagem. É claro que tem várias
escolhas que acontecem em campo, mas tem um conteúdo que só se revela na
montagem mesmo.
E
nesse sentido foi um trabalho muito extenso: foram três anos em que a gente
ficou no processo, descobrindo que filme era esse, entrando nessa investigação
histórica de material de arquivo, entendendo que outra história era possível edificar
a partir disso. E uma coisa que nos surpreendeu é que essa história é muito
documentada. Oficialmente documentada. Então é um projeto deliberado de
exclusão. A gente achou no início do processo que não haveriam relatórios
oficiais nem tanta documentação de estado sobre o processo. Mas existe. É
realmente um processo deliberado.
A morte de Nísio
Tatiana Almeida — No próprio assassinato do cacique Nísio — que foi esse disparador do retorno do Vincent, do Ernesto e da nossa
equipe pra campo e pras aldeias — o filho do Nísio diz que a polícia chegou na hora pra investigar e perguntou “Por que você matou seu
pai? Por que você matou seu pai?”. E tudo o que ele queria era tentar minimamente se
expressar, contar o que tinha acontecido, que tinham recolhido o corpo. Mas na
verdade é um processo que envolve o Estado, as elites locais, é um processo de
pacto mesmo.
Ernesto de Carvalho — Desde o começo a ideia era deixar câmeras. O
projeto original vinha com essa proposta. Pensamos assim: “esse pessoal armado que
chega na aldeia atirando, será que eles vão atirar do mesmo jeito e agir da
mesma maneira se souberem que estão sendo filmados?”. Mas no Mato Grosso do Sul
isso é mais difícil do que em qualquer outro lugar.
A gente está muito acostumado a formar realizadores
indígenas, a formar gente com câmera em aldeia e as pessoas adquirirem
autonomia ao longo dos anos — usarem os equipamentos, acessarem a internet. Todos
os realizadores que a gente formou construíram autonomia, utilizaram aqueles meios da maneira
que eles quiseram, não estavam atrelados a fazer um filme com o Vídeo nas
Aldeias.
Só que no Mato Grosso do Sul as condições materiais
mesmo são muito mais radicais, muito mais extremas. A aldeia na qual a gente
deixou aquela câmera (e que depois aparece no filme e testemunha um dos vários
ataques que eles sofreram) não tem lugar pra carregar bateria, o pessoal mal
tem água lá, não tem lugar pra carregar celular. Então são coisas que parecem
muito simples pra gente mas como é que você viabiliza uma resistência de mídia
num lugar onde você não consegue manter os equipamentos? “Aquela câmera que a gente deixou, a gente soube
depois que ela foi destruída num ataque.”
Quando a gente tava lá tinha lugares que a gente
passava que a gente pegava bateria de celular pra carregar no hotel, na cidade,
e depois retornar com a bateria. São condições precárias. Aquela câmera que a
gente deixou, a gente soube depois que ela foi destruída num ataque.
Então aquela câmera serviu pra afugentar um pouco
esses milicianos que chegam armados, e aí ela cumpriu seu papel, a gente vê que
eles não tinham essa coragem quando sabem que estão sendo filmados, né. É uma
covardia muito grande, você atacar uma comunidade que tá naquele estado de
fragilidade, que não consegue se defender, que já tá reduzida, passando fome,
sem apoio de ninguém. É muito covarde isso.
Agora você tem mais gente filmando. Mas é um
pessoal que precisa de apoio, fundamentalmente, precisa de oficina,
equipamento, presença.
Tatiana Almeida — Durante a produção do filme, o Vídeo nas Aldeias em
parceira com a UFMG realizou oficinas num acampamento de retomada, que é o do
cacique Nísio, do Guaiviri, e numa comunidade de reserva que é o Jaguapirã. O
pessoal do Guaiviri acabou de lançar o filme lá no fórumdoc no fim do ano
passado.
Mas é o que o Ernesto falou: é o início de um
processo.
De que maneira eles vão incorporar essas
ferramentas, adquirir autonomia, de que maneira eles vão usar isso?
Provavelmente, a gente imagina, em função da luta pela retomada das terras.
A retomada de
Vincent Carelli
Ernesto de Carvalho — E o Martírio é um filme dentre outros que podem ser
feitos no Mato Grosso do Sul sobre essa situação. Outros virão. E é a tentativa
de contar essa história enorme, que diz respeito a muita gente, na figura de um
ponto de vista: um cara que foi ali por acaso e que tem a vida dele ligada a
esse processo, e aí a gente construiu esse personagem do Vincent e optou por
esse recurso da narração — que é um personagem também, de certa maneira. A gente constrói alguém em quem
as pessoas podem se identificar, e eu acho que isso tem uma força grande.
Porque é uma história, porque tem esse caráter
humanizador, parece que as pessoas entendem mais se elas conseguem se colocar
no lugar de alguém. Mas outros filmes virão: o Martírio é uma primeira
tentativa de contar essa história, eu acho. Eu vejo ele assim. Acho que ele é
incompleto, também, nesse sentido. Ele é um filme longo, é um filme que dá
conta de muita coisa, mas tem muitos casos que a gente deixou de fora, que a
gente não conseguiu relatar, porque a ideia era tentar criar um fio da meada
ali, que reconte a história do Brasil do ponto de vista da resistência
Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul.
E eu acho que isso também toca muito as pessoas: a
sensação de que elas não conhecem a história do próprio país. É uma ignorância
muito grande: as pessoas mal entendem o que foi a Guerra do Paraguai, não
entendem muito bem o que foi o processo de colonização continuada do Brasil. A
gente vê o processo de colonização como uma coisa do passado: vieram os
europeus, assassinaram boa parte dos indígenas e colonizaram.
“O processo de colonização é presente, é um
processo contemporâneo, que continua. As elites se transformaram, os agentes da
colonização se transformaram mas a mesma violência, a mesma imposição, o mesmo
processo inclusive de missionarismo, conversão forçada, de expulsão das terras
e assassinato continua.”
Link original: Mídia Ninja. Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação — midianinja@gmail.com - 2016 Jan30: https://medium.com/20A-mostra-de-cinema-de-tiradentes/o-golpe-e-anti-indigena-o-mato -grosso-do-sul-e-a-palestina-brasileira-b9456c3c4a21#.3pz98vnn3
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário