quarta-feira, 26 de julho de 2017

Hezbollah: Mitos X realidade.

Supporters of Lebanon's Hezbollah leader Sayyed Hassan Nasrallah wave Hezbollah flags as they listen to him via a screen during a rally on the 7th anniversary of the end of Hezbollah's 2006 war with Israel, in Aita al-Shaab village

Fontes: Vozes do BrasilOtra Lectura e fontes.

No último fim de semana, o jornal O Globo publicou uma matéria requentada, citando supostos documentos da Polícia Federal, aos quais o diário carioca afirma que teve acesso, que provariam que traficantes de origem libanesa ligados ao Hezbollah se associaram ao Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do Brasil, porém, ao ser contatada pela reportagem da RFI, a Polícia Federal não confirmou a existência desses documentos aos quais o jornal carioca disse que teve acesso. A PF também não confirmou a descoberta de uma possível associação entre o PCC e o Hezbollah, ou seja, a reportagem foi baseada em simnples especulações.
Para o chefe do Departamento de Relações Internacionais da PUC de São Paulo, Reginaldo Nasser, uma parceria entre o Hezbollah e o PCC é improvável. “Há toda uma conjuntura política muito específica no Líbano e, por não ter interesses políticos no Brasil, não vejo por que a organização libanesa se associaria ao PCC”.

A Síria foi tomada por alvo para ser destruída, porque tem papel crucial no Eixo da Resistência do mundo árabe contra a expansão de Israel e EUA. Por isso o Hezbollah – outra parte do mesmo Eixo – luta ao lado do Exército Árabe Sírio no conflito sírio, e a Síria apoia a luta do Hezbollah no Líbano

Antes de esclarecer os motivos que levam a esta nova campanha midiática contra o Hezbollah, vamos focar um pouco na fonte original das denúncias, uma tal “Foundation for Defense of Democracies”, conhecida como FDD.

A guerra Síria tem reconfigurado o mapa geopolítico do Oriente Médio, tem provocado tensão entre alguns aliados, (como a aliança entre a Europa/OTAN e a Turquia) e consolidou ainda mais outras alianças já existentes. Confrontado o chamado corredor xiita (Irã, Iraque, Síria e Líbano, com seu enclave no Iêmen); encontramos a frente sionista-Wahhabi (Israel, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, etc).

Uma guerra direta entre Irã e Arábia Saudita-Israel é impensável para as incríveis repercussões geopolíticas no mundo, por isso os enfrentamentos se produzem entre os aliados destes blocos.

Hezbollah não é exceção. Hezbollah tem servido para várias coisas:

-Primeiro tem servido para trazer estabilidade ao Líbano e acabar com as rivalidades inter-religiosas no país; Sua grande obra de engenharia política foi passar das teses  religiosas dos anos oitenta para a tese do Manifesto de 2004, no qual proclama um modelo de República secular e inclusiva. Ao abrir as portas para outros grupos religiosos, o Hezbollah conquistou liderança política geral e xiita em particular;


-Segundo tem sido um enclave antissionista na região, o que tem incomodado muito Israel. As atividades desenvolvidas no Líbano conseguiram conter a interferência de Israel em várias ocasiões nos anos noventa (…).

-Finalmente eles têm se mostrado como um grupo antissionista eficaz, mas nunca agiram como um produto iraniano ou sírio, o relacionamento tem sido bilateral perfeito entre estes países e a milícia libanesa. (…)

-Em quarto lugar, devido à sua presença dentro deste bloco, foi um dos fatores determinantes no contexto da guerra na Síria por vários atores razões:

A guerra na Síria teve como objetivo derrubar Bashar al-Assad para que Israel possa anexar com segurança a Palestina e as Colinas de Golã e, ao mesmo tempo, possuir uma vizinhança suficientemente fraca e em crise que não represente uma ameaça para Tel Aviv.

O plano sionista não tinha apenas a finalidade de derrocar Bashar al Asad, mas após a queda do governo legítimo da Síria, haveria um plano de ataque ao Líbano para enfraquecer e, eventualmente, acabar com o Hezbollah e, portanto, com o apoio mais próximo à resistência palestina, que ficaria relegado ao distante Irã.

Por outra parte, o Hezbollah não combate na Síria apenas para evitar o colapso de seu aliado estratégico, com o qual tem uma relação simbiótica e de cooperação desde os anos oitenta que foi acentuada agora, Hassan Nasrallah não luta como um mero vassalo, mas como um aliado de Damasco em linha horizontal, como a Rússia ou o Irã. 

O grupo libanês luta, também, pela sobrevivência do Líbano, que tem uma grande população sunita suscetível à propaganda wahhabi e salafi, e possui fronteiras vulneráveis e permitem a penetração de jihadista em território libanês, daí os esforços do Exército Libanês para fortalecer as fronteiras e do Hezbollah para lutar em áreas e enclaves perto das fronteiras de seu país, sendo assim um filtro duplo. De fato, tem acontecido muitos enfrentamentos nas montanhas fronteiriças de Qalamoun entre o Hezbollah e grupos ligados à Al Qaeda e o Estado islâmico.

O envolvimento da milícia libanesa não é uma questão de mera aliança político-religiosa, mas uma questão de sobrevivência própria e da nação do Líbano, já que a ameaça sionista-Wahhabi não só ameaça o Hezbollah como um grupo, mas a própria continuidade do Líbano como Estado.


Importante: 

O que é a FDD? Segundo investigação do advogado e ativista politico brasileiro, Raphael Machado,”a FDD é uma ONG que diz ser “apartidária”, mas na realidade ela é neocon. Foi fundada pelo senador neocon Jack Kemp e seu atual presidente é o jornalista neocon (e, por acaso, judeu sionista) Clifford May. Todos os seus principais conselheiros e analistas são neocons, incluindo aí William Kristol, filho de Irving Kristol, o trotskista que foi um dos fundadores do neoconservadorismo. 

Por acaso, parcela considerável dos conselheiros e analistas dessa ONG também são judeus sionistas, como o senador Joe Lieberman, Charles Krauthammer, Toby Dershowitz, Benjamin Weinthal, Eric Edelman e uns outros. Além disso, entre a equipe dessa ONG tem gente envolvida com o caso Irã-Contras, tem um juiz envolvido com uma suposta tentativa de encobrir detalhes do massacre em Waco e só gente nesse nível”.


“Os principais financiadores dessa ONG são, em ordem: Roland Arnall, Charles Bronfman, Michael Steinhardt e Leonard Abramson. Todos eles, por acaso, judeus sionistas. A ficha das pessoas ligadas a essa ONG é tão grande e podre que seria inviável entrar em detalhes sobre o passado de cada membro. 

É melhor que os interessados pesquisem por conta própria. Mas sobre a ONG em si, ela, por exemplo, desde 2012 tem trabalhado para facilitar contatos entre “rebeldes moderados da Síria” e autoridades políticas americanas. Ou seja, eles apoiam terroristas sírios (!). 

Mas o grande foco dessa ONG, o grande alvo dela é o Irã. Eles só atacam o governo sírio porque consideram que eles são proxy iraniano. E tá aí o contexto do ataque ao Hezbollah também. Não passa de uma tentativa de atacar o Irã, através de ataques a um suposto proxy”, afirmou Machado.

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