domingo, 3 de setembro de 2017

Brasil. Um ano depois, há provas: foi golpe! (por Elvino Bohn Gass).

Beto Barata / Agência Senado.
Em 31 de agosto de 2016, a maioria do Senado aprovou uma das maiores vergonhas da história brasileira: o impeachment sem crime de Dilma Rousseff, presidenta eleita legitimamente com 54 milhões de votos. Oficialmente, o fato usado para justificar a abertura do processo de impedimento foi a acusação de que Dilma havia praticado “pedaladas fiscais”. Nem a evidência de que, em todos os níveis, poderes Executivos executavam, há anos, o mesmo procedimento, foi capaz de encerrar o processo. E como forma de ampliar as suspeitas sobre Dilma, o Ministério Público Federal (MPF) foi chamado a investigar as pedaladas. A conclusão não poderia ser outra: não houve, por parte da presidenta, qualquer dolo. Ou seja, o argumento oficial do não sobreviveu à análise de quem tinha por obrigação denunciá-la, caso houvesse ali um crime.

A maioria dos que votaram favoravelmente ao impeachment, sempre soube que pedalada não era razão para impeachment. Então, para justificar o movimento de tomada do poder, recorria a um discurso retórico que foi sintetizado na expressão “conjunto da obra”. Tentava-se, assim, consolidar na opinião pública a ideia de que os problemas do governo Dilma não se resumiam às questões fiscais, mas eram tantos e tão graves que sua interrupção seria um imperativo “pelo bem do Brasil”. Registre-se: a mídia oligopolizada do Brasil cumpriu um penal essencial na fixação desse discurso.
O tal “conjunto da obra” reunia acusações contra Dilma que incluíam a compra da refinaria de Pasadena, a tentativa de obstrução da Operação Lava Jato e o abuso de poder econômico na eleição presidencial. E os adversários mais cínicos e menos responsáveis tratavam de ampliar, com opiniões tendenciosas e/ou dados falsos, cada uma dessas acusações.
Mas tudo foi investigado. A compra de Pasadena, por exemplo, foi alvo de profundo trabalho no Tribunal de Contas da União. Contudo, o mesmo tribunal de quem tantas vezes os inimigos políticos de Dilma se serviram, há poucos dias bateu martelo concluindo que não houve crime na compra da refinaria.
E a acusação de que ela teria tentado obstruir a Lava Jato? Bem, quem se encarregou de apurar isso foi a própria Polícia Federal. Foi uma longa investigação até a conclusão inevitável de que Dilma não tentou obstruir a operação.
Restava, ainda, a denúncia de que a presidenta, para obter a reeleição, teria abusado do poder econômico na campanha. A cargo do Tribunal Superior Eleitoral, o caso chegou ao julgamento e a sentença, mais uma vez, foi pela absolvição de Dilma.
Mas como? Ela não é corrupta? Veio do insuspeito (nesse caso) Ministério Público Federal a pá de cal nessa acusação. Procuradores vasculharam a vida de Dilma. Investigaram tudo, dentro e fora do Brasil. E não encontraram um centavo sequer de dinheiro irregular ou escondido no estrangeiro. Nenhuma conta no exterior, nada, nada, nada.
Passado um ano daquela lamentável sessão do Senado, tudo o que se conseguiu comprovar, oficialmente, é o que todo mundo já sabia: que Dilma é uma mulher íntegra e honesta. E que seu impeachment foi uma grande farsa, uma baixeza, uma canalhice política. Um golpe!
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Elvino Bohn Gass é Deputado Federal (RS) e Secretário Nacional Agrário do PT.
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