Porto de Paranagu |
No dia 4 de setembro de 2017, a companhia chinesa China Merchants Port Holdings Company Limited (CMPort, sigla em inglês) assinou contrato de aquisição de 90% da empresa brasileira Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), a qual possui a concessão administrativa do Porto de Paranaguá. O acordo foi fechado durante a 9ª reunião de cúpula dos BRICS, mas ainda precisa ser aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). O valor a ser pago pela empresa sediada em Hong Kong é de R$2,9 bilhões.
Situado no Estado do Paraná, o Porto de Paranaguá possui localização estratégica para o escoamento de produtos agrícolas, especialmente soja, principal produto da pauta de exportação brasileira para China. Ele é o maior porto graneleiro da América Latina e o segundo maior do Brasil em volume geral. Além disso, o terminal é responsável pelamovimentação de aproximadamente 10% dos containers no país. Desse modo, conforme destaca Diego Altafini, economista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, “o Porto de Paranaguá se torna estratégico para a dinâmica de exportações, consistindo na ponta final de um corredor de desenvolvimento agrícola ainda em expansão”.
Presidente do Brasil, Michel Temer, e o Presidente da China, Xi Jinping. |
Apesar da CMPort já operar portos no sudeste asiático, Europa, América do Norte e África, esta é a primeira aquisição da empresa na América Latina. De acordo com Hu Jianhua, Vice-Presidente do grupo, “o Brasil é a maior economia da região, com grande potencial de mercado e recursos abundantes. A transação serve a nossa intenção de promover a cooperação comercial com os países dos BRICS”.
Em perspectiva semelhante, Bai Jingtao, diretor de operações da companhia, afirmou que Paranaguá “não é apenas um marco da entrada da CMPort na América Latina, mas também será um futuro centro do crescente comércio de commodities e bens entre Brasil e China”. Por sua vez, Luiz Antonio Alves, CEO da TCP, afirmou que “a China Merchants Port é uma das empresas de maior destaque no setor portuário em todo o mundo e estamos muito entusiasmados em tê-los como novo acionista majoritário da TCP”.
Nota-se que a recente instabilidade política e econômica brasileira não implicou na redução dos investimentos chineses para o país. Pelo contrário, além do Brasil ter recebido 72% dos capitais da China na América Latina em 2016, em março de 2017 foi lançado o Fundo Brasil-China de Cooperação, o qual contará com 20 bilhões de dólares para financiamento de projetos conjuntos.
Nesse contexto, considera-se que a concessão do Porto Paranaguá pela CMPort e a provável privatização da Eletrobrás para a empresa estatal chinesa State Grid alteram definitivamente a natureza das relações sino-brasileiras. Isso porque, além da China já ser a maior parceira comercial do Brasil, ela agora estará presente na gestão dos setores elétrico e portuário do país, ambos estratégicos para o desenvolvimento nacional.
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Fontes das Imagens:
Imagem 1 “Porto de Paranaguá” (Fonte):
Imagem 2 “Presidente do Brasil, Michel Temer, e o Presidente da China, Xi Jinping” (Fonte):
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