A palavra digna é um adjetivo, que
no dicionário quer dizer decente, aquilo que está em conformidade com o que é
esperado. Diante de algumas circunstâncias, somos levados a acreditar que a
dignidade não está sendo aplicada a contento dentro do governo. O principal
exemplo que dá base a essa afirmação foi a realização da III Conferência
Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente, realizado na semana passada na Assembleia
Legislativa.
O evento que começou errado, não teve outro fim se não um
desastre. Consulte, Senhor Governador, qualquer professor que participou do
evento e você irá ouvir um rosário de coisas absurdas, que jamais qualquer
evento que envolva adolescentes deveria ocorrer. Caso houvesse inspeção do
Conselho Tutelar em todo o processo da Conferência, acusações surgiram de que
no mínimo, o Estado foi omisso em seu dever de assegurar a dignidade e
integridade dos adolescentes, segundo preconiza o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA).
As coisas já começam equívocadas,
quando entre os próprios secretários houve o jogo de empurra-empurra, quanto a
posição de assumir os custos com o evento.
O secretário de Meio Ambiente, por
exemplo, se comprometeu em dar a parte gráfica (banners, folderes, etc)
e no dia do evento não havia nada. Já o secretário de educação estava se dando
por satisfeito ao ter que alojar os adolescentes nas dependências do Castelão,
um local indigno e inadequado para hospedar adolescentes.
A Comissão Organizadora Estadual
(COE), num esforço coletivo, conseguiu as dependências do Ipem, para alojar as
mais de 100 pessoas que vieram de vários municípios do Maranhão para o evento
da Conferência. Mas, mesmo com o empenho em oferecer um lugar decente, ainda
sim problemas foram detectados como colchões velhos e sujos, casas imundas,
prevalência da escuridão entre os chalés e os incômodos de suportar mosquitos a
noite inteira.
Outro detalhe agravante foi o não
oferecimento de lanche aos adolescentes, pois quem também se comprometeu a
ofertar, não o fez. No primeiro dia, foi preciso algumas entidades, cujos
representantes são membros da COE, foram providenciar e conseguiram oferecer o
lanche da noite, uma vez que os adolescentes, após vir de um passeio em seu
Palácio, Senhor Governador, estavam com fome e, se dependesse de vossos
secretários, eles dormiram assim, sem o lanche, na esperança que o sono
aplacasse os berros de um estômago faminto. O lanche também não foi oferecido
nos intervalos do evento, ou seja, cada adolescente, acompanhado se seu
professor, só teriam direito ao café da manhã, almoço e jantar. Chegou-se ao
ponto de recolher as sobras do café da manhã para depois oferecer como lanche.
Foi por conta de detalhes assim, que
a III Conferência Estadual Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente, foi encerrada às
pressas, bem no meio da votação para escolha do projeto e dos delegados que vão
representar o Maranhão na etapa nacional. Foi encerrada porque além do pessoal
correr o risco de perder o ônibus que os levariam de volta aos seus municípios,
não havia jantar para ser oferecido.
Ainda falando de comida, no dia em
que os adolescentes foram visitar o Palácio dos Leões, foi servido um macarrão
frio com queijo e sabe-se que algumas pessoas passaram mal com esta alimentação
nada esperada à altura dos valores nutricionais recomendados para a faixa
etária de 11 a 14 anos.
Senhor Governador, antes de se falar
em dignidade, aliás um outro detalhe que nos deixou perplexos foi o desmonte do
setor da Seduc que trabalha com o eixo da educação ambiental-temas
socioambientais, pois separaram-se os técnicos, remanejando-se os horários e os
impossibilitando de atuarem juntos na política de educação ambiental.
O que podemos considerar como digno
nesse processo da Conferência foi o brilho no olhar de cada garoto e garota,
ávidos juntamente com seus mestres a construírem um mundo melhor. Digno foi o
esforço de alguns membros da COE de driblar todas essas dificuldades, sem
deixar que os participantes perdessem a fé em seus trabalhos ali apresentados.
A Conferência foi digna, o tema
tratado foi digno, as pessoas que ali estiveram são dignas, mas infelizmente,
faltou-se com o respeito, principalmente para com aqueles que esperávamos que
houvesse, assim como de dar a devida importância ao evento em questão.
Senhor
Governador estamos prontos a dialogar e colaborar, pois nosso papel enquanto
representação da sociedade civil é de
acompanhar as políticas públicas e fiscalizá-las. Temos o entendimento, que
como entidade da sociedade civil organizada devemos abrir um canal de diálogo,
uma reunião com urgência, na certeza de que a nossa pauta a ser tratada é pelo
desenvolvimento das políticas públicas de educação ambiental, recursos hídricos
e meio ambiente, e das demais que se fazem necessárias para o bem-estar do povo
maranhense.
Fórum Nacional da
Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas - Fonasc.CBH
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