segunda-feira, 8 de abril de 2019

São Paulo. Governador João Doria acelera o desmonte da cultura.

Manifestação pela Cultura. Av. Paulista, 07/4/19
Por Altamiro Borges

Neste domingo (7), artistas e apoiadores de diversas áreas realizaram uma irreverente passeata na Avenida Paulista contra o corte de 23% no orçamento da Secretaria da Cultura de São Paulo. O tucaninho João Doria, alinhado com o truculento Jair Bolsonaro, parece decidido a promover a destruição das atividades artísticas. O cerco [...] à cultura está em plena marcha. Antes de completar 100 dias de gestão, o novo governador promove uma milionária reforma do Palácio dos Bandeirantes e, ao mesmo tempo, anuncia o desmonte de vários equipamentos culturais no Estado mais rico da federação. 

Segundo relato do Estadão, os protestos contra a regressão ganharam musculatura na semana passada. Além da marcha do domingo, “músicos da Orquestra Jovem do Estado realizaram protesto na Sala São Paulo e a Orquestra Jazz Sinfônica fez um minuto de silêncio durante o concerto para chamar atenção para a redução orçamentária. O corte de verbas na Cultura determinado pelo governo vai significar uma redução de R$ 148 milhões na verba de projetos como as Fábricas de Cultura, a Emesp, a Osesp, a Pinacoteca ou o Theatro São Pedro, que amanheceu ontem com a fachada tomada por cartazes pedindo pela manutenção da orquestra e do espaço, que corre o risco de ser fechado”. 

Entre os presentes da marcha na Avenida Paulista, o jornal cita o maestro João Carlos Martins, que pediu a revisão dos cortes. “Indústria, comércio e saúde são o corpo de uma sociedade. Mas a arte é a alma”. Já o maestro Nelson Ayres, que é regente da Orquestra Jovem Tom Jobim, protestou. “Em todas as áreas, o corte é de cerca de 3%. Mas na Cultura é de 23%. Isso é uma facada nas costas de escolas de música, oficinas, museus e teatros que são referência no Brasil e no mundo”. Outros protestos estão agendados nos próximos dias. E só mesmo muita pressão poderá reverter o retrocesso. 

Um levantamento divulgado na quinta-feira passada (4) pela Associação Brasileira das Organizações Sociais de Cultura mostra o impacto que o corte provocará nos projetos culturais do estado de São Paulo. “Entre eles está o fechamento do Theatro São Pedro e sua orquestra, do Museu Afro Brasil, dos cancelamentos de exposições e projetos pedagógicos de instituições como a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Museu da Imagem e do Som, a redução drástica no número de jovens atendidos por projetos como as Oficinas Culturais e as Fábricas de Cultura, demissões de professores, fechamento de vagas em escolas como a Emesp e redução de funcionários”, descreve o Estadão. 

Já uma pesquisa realizada pelo jornalista Pedro Durán, da rádio CBN, dá mais detalhes dos estragos. Vale conferir a tragédia anunciada: 

***** 

Pinacoteca do Estado: 
- Diminuição drástica da programação pública 

- Cancelamento de exposições, palestras e eventos de formação 

- 53 mil alunos deixarão de participar de atividades 

- Cancelar o ingresso gratuito oferecido aos sábados (153 mil visitantes) 

- Demissão de um terço dos funcionários 

- Cancelamento das exposições temporárias 

- Cancelamento da programação cultural do Memorial da Resistência 

Museu Catavento: 
- Redução substancial do número de monitores universitários 

- Eliminação das seções que exigem atendimento individual 

- Paralisação da usual renovação das seções 

- Redução à metade das equipes de apoio à visitação, bilheteria e senhas 

Museu Afro Brasil: 
- Cancelamento de todas as exposições temporárias planejadas para 2019 

- Fechamento do equipamento ao público por 3 dias (sexta-feira, sábado e domingo) 

- 100 mil pessoas deixarão de ser atendidas 

Museu da Imagem e do Som: 
- Redução drástica das 120 cidades atendidas pelo projeto Pontos MIS 

- Redução no horário de atendimento 

EMESP Tom Jobim: 
- 80 colaboradores demitidos 

Conservatório de Tatuí 
- Fechamento do polo de São José do Rio Pardo 

- Demissão de 60 professores 

- 800 alunos sem aulas de música 

Oficinas Culturais: 
- Cancelamento de 120 atividades com 3.600 participantes 

- Cancelamento de 10 grupos do programa de qualificação em artes 

- Cancelamento de 260 encontros de orientação 

Fábricas de Cultura: 
- Cancelamento de 250 ateliês, afetando cerca de 5.100 aprendizes 

- Redução das atividades da programação cultural (fábrica aberta) 

- 30 mil participantes afetados 

- Redução do funcionamento de bibliotecas, deixando de atender 7.500 frequentadores 

- Redução de 40% no acolhimento ao público (4.000 pessoas), na Zona Leste 

- Fechamento de Bibliotecas, Orquestras, Bandas, Oficinas de férias e cursos noturnos 

Museu do Futebol: 
- Operação e serviços aos visitantes severamente afetados 

Museu da Língua Portuguesa: 
- Implantação ameaçada 

Museu da Casa Brasileira: 
- Alteração na agenda de programação cultural 

Casa das Rosas, Guilherme de Almeida e Mário de Andrade: 
- Redução do atendimento em áreas expositivas 

- Cancelamento de 140 atividades da programação cultural atingindo 40.900 visitantes/participantes 

São Paulo Cia. de Dança: 
- 40 mil pessoas sem ser atendidas 

- Redução de 50% no público beneficiado em 2018 

Theatro São Pedro: 
- Encerramento das atividades do Theatro 

- Cancelamento da temporada de óperas e concertos sinfônicos a partir de maio 

- Desmobilização da Orquestra do Theatro São Pedro 

- Público de cerca de 40 mil pessoas ao ano sem atendimento 

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo: 
- Ainda avalia o impacto no orçamento

Nenhum comentário:

Postar um comentário