terça-feira, 16 de julho de 2019

Fome se alastra pelo mundo, diz relatório da ONU.

Somalia Dürre verendente Ziegen
Seca mata gado e ameaça vidas humanas também na Somália.

Conflitos, mudança climática e déficit econômico são as principais causas da falta de acesso a alimentos, apontam Nações Unidas. Relatório identifica 820 milhões de famintos no mundo – sendo 96 milhões em perigo de vida.
A meta da Organização das Nações Unidas de erradicar a fome até 2030 está longe de ser alcançada. Como aponta o mais recente relatório da ONU sobre o assunto, após uma década de progresso, nos últimos três anos o número dos que sofrem inanição crônica cresceu para 820 milhões, incluindo 149 milhões de crianças menores de cinco anos, raquíticas devido à privação alimentar.
No caso de 96 milhões de famintos, "precisamos fornecer comida, ou acesso a ela, para que eles não morram", frisa Cindy Holleman, uma das principais autoras do relatório.
Ela estima que cerca de 2 bilhões de seres humanos não têm acesso a alimentos limpos e nutritivos. Em todos os continentes, a privação é mais aguda para as mulheres do que entre os homens. Mesmo na Europa e América do Norte, 8% da população enfrenta insegurança alimentar.
A maioria dos famintos crônicos – 500 milhões –, que não têm comida suficiente, seja ela saudável ou não, vive na Ásia, contra 260 milhões na África, sobretudo subsaariana. "Na verdade, as desigualdades estão crescendo em mais da metade dos países do mundo", aponta Holleman. "A fome é pior onde a desigualdade é alta."
Na América Latina e no Caribe, o número de pessoas atingidas cresceu e já chega a 42,5 milhões, em parte devido à desaceleração econômica, mas também pela situação na Venezuela.
Segundo o World Wealth Report 2019, que pesquisa a riqueza no mundo, cerca de 18 milhões de pessoas possuem no mínimo 1 milhão de dólares. Contudo, se renda e terra arável são distribuídas desigualmente, podem ocorrer ondas de fome mesmo em países de média renda, como a Nigéria ou o Iraque.
Outra constatação é que nem todos os que sofrem de desnutrição são magros, menciona a pesquisadora. "Agora estamos começando a ver uma conexão maior entre insegurança nutricional e excesso de peso e obesidade." Comida menos saudável costuma ser mais barata, e se estima que haja 2 bilhões de pessoas acima do peso, afirma.

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