segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Força Nacional já está em São Luís.

Já se encontra em São Luís várias viaturas da Força Nacional, desfilando com os giroflexs ligados um verdadeiro comboio, passou ainda há pouco com destino ao prédio da Secretaria de Segurança Pública, chegaram inclusive a interditar momentaneamente o trânsito na  Avenida dos Franceses. 

Veto a Mãe Lúcia de Oxum provoca polêmica em evento com Dilma



Yalorixá Lúcia de Oxum decidiu não ir

O Conversa Afiada reproduz notícia da www.afropress.com:


Entidade negra acusa Governo Dilma de aparelhar Encontro Íbero

Antes mesmo de ser encerrado oficialmente, o balanço feito por entidades do Movimento Negro da organização do Encontro Íbero-Americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes – o Afro XXI -, realizado durante quatro dias, em Salvador, pela SEPPIR – Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, do Governo Federal  – , tornou-se um problema a ser enfrentado pela atual ministra Luiza Bairros, cuja permanência à frente do cargo é tida como incerta.

O Coletivo de Entidades Negras (CEN), uma das principais articulações de entidades negras do país, com forte inserção nas religiões de matriz africana, inclusive na Bahia, distribuiu Nota em que acusa a SEPPIR de “má condução e aparelhamento do Encontro” e a ministra de insensibilidade.

“A cada dia se esgotam quaisquer possibilidades de diálogos com uma equipe que se apresenta surda e indiferente a qualquer relação mais profunda com as organizações do movimento social negro”, afirma a Nota, assinada pelo coordenador geral do CEN, jornalista Márcio Alexandre.

A gota d’água para a tomada da posição aconteceu com o veto à participação de Mãe Lúcia de Oxum, cujo nome a direção da entidade havia encaminhado aos organizadores para garantir a presença de mais mulheres na comissão a ser recebida pela Presidente Dilma Rousseff e demais chefes de Estado na manhã deste sábado (19/11), no Palácio da Aclamação.

A Comissão, composta por cinco lideranças de entidades brasileiras e cinco da América Latina e Caribe, foi constituída para fazer a entrega da Carta de Salvador, documento com as propostas da sociedade civil brasileira e íbero-americana.

Organizadores justificaram a impossibilidade da troca de nomes por imposição do cerimonial e da segurança da Presidência da República.

Segundo Márcio Alexandre, “a notável inabilidade que a atual equipe da SEPPIR tem em reconhecer e dialogar com as organizações do Movimento Negro, tem nos levado a uma lógica autofágica onde, as disputas políticas maiores por espaços políticos menores têm se tornado a tônica de eventos como estes e da relação cotidiana com a SEPPIR”.

“A verdade dos fatos é que, desde o inicio a Seppir se apoderou do evento como se fosse dela e a comissão não teve condições efetivas de construir um bom processo, tanto na discussão dos critérios com relação à participação, quanto da organização real do encontro que, em vários momentos beirou a um amadorismo que há muito não se via no campo dos movimentos sociais”, afirmou.

Alexandre acusa a direção da SEPPIR de “estimular uma luta fatricida entre as organizações nacionais, que não levará a absolutamente nada”. “Entendemos que, ao promover um evento com os chefes de estado em que as organizações nacionais assistirão a reunião por um telão e apenas cinco a assistirão in loco, mas mesmo assim sem direito a fala ou mesmo a possibilidade de entregar um documento às autoridades, a SEPPIR cometeu o grave erro de avaliação.”

Ao mesmo tempo lançou um apelo pela convocação de uma grande reunião nacional do Movimento Negro Brasileiro para avaliar o quadro atual e apresentar alternativas à Presidência da República de uma nova direção para a SEPPIR: “A problemática étnico-racial no Brasil não pode e nem deve ser restrita apenas a um ou outro órgão, mas precisa ser vista como um todo, onde a socidade brasileira avance na superação das desigualdades provocadas pela discriminação e pelo racismo”, conclui a Nota.

Fonte: www.afropress.com / www.cenbrasil.org.br

Marcio Alexandre M. Gualberto

Veja aqui entrevista de Irmã Lúcia de Oxum
http://www.youtube.com/watch?v=Sq4vxT_Soz8

domingo, 20 de novembro de 2011

Alerta Brasil: Senado americano discute Belo Monte

Atenção: divulgue esse vídeo na blogosfera 

Programa do SBT vai sortear uma ‘bênção’ do padre Marcelo Rossi.... Só faltava essa. Sinceramente.....

 

Padre diz que tem  poderes nas mãos
O programa Domingo Legal, apresentado no SBT por Celso Portiolli, está anunciando o sorteio de uma “bênção” do padre Marcelo Rossi (foto).

O ganhador terá sua casa e família abençoadas pelas mãos do padre, às quais são atribuídos poderes sobrenaturais.

O próprio padre costuma dizer, como em uma recente entrevista à revista QUEM, que quando toca em pessoas vê o que vai ocorrer com elas. “Se é bom aquilo que vejo, falo. Se é ruim, fico quieto e peço misericórdia.”

Silvio Santos, dono do SBT, tem resistido ao assédio de igrejas evangélicas que desejam comprar horário para seus programas de proselitismo.

Recentemente, Ratinho, um de seus principais apresentadores, criticou um pastor da Igreja Mundial por enganar fiéis com a “toalhinha milagrosa”.

Entre líderes evangélicos, circula a insinuação de que Silvio Santos esteja fazendo o jogo da Igreja Católica, embora a mulher dele seja evangélica.

Matéria copiada: http://www.paulopes.com.br/2011/11/programa-do-sbt-vai-sortear-uma-bencao. html?utm_source=BP_recent
setembro de 2010

Exploração em nome de Jesus.

Leia mais em http://www.paulopes.com.br/2011/11/programa-do-sbt-vai-sortear-uma-bencao.html#ixzz1eHEnN5fr

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123 anos depois da abolição falta ainda a integração do negro na sociedade política


*Por Sílvio Bembem

Na obra clássica do sociólogo Florestan Fernandes, A integração do negro na sociedade de classes, escrito em 1964 como tese para o concurso de professor de sociologia da USP, o autor aponta os entraves para integração dos negros no nascente Estado burguês que estava se formando com a lei Áurea, do dia 13 de maio de 1888, com a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889 e com a primeira constituição republicana do Brasil, de 1891.

Logo no primeiro capítulo, lemos o seguinte: “A desagregação do regime escravocrata e senhorial se operou, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalha livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos (dos ex-escravos), sem que o Estado, e a Igreja ou outra qualquer instituição assumissem encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida do trabalho”.

No trecho acima fica evidente a marginalização em que foram deixados os ex-escravos. Tanto o Estado como a Igreja, segundo Fernandes, teriam sido os responsáveis por tal situação. E continua: “o liberto se viu convertido, sumária e abruptamente, em senhor de si mesmo, tornando-se responsável por sua pessoa e por seus dependentes, embora não dispusesse de meios materiais e morais para realizar essa proeza nos quadros de uma economia competitiva”. Essa citação explicita muito bem a situação de pobreza dos negros no Brasil hoje.
Quando se passa a analisar a condição em que ocorreu o processo de abolição, observa-se que a mão-de-obra beneficiada com o trabalho assalariado da época, fruto do fim da escravidão formal dos negros e do advento do trabalho livre, foram os imigrantes brancos europeus. Aqui começou a nascer a tão propalada classe média do país, que recebeu do Estado pós-abolição, os incentivos, a condição assalariada, a escola, a terra e outras formas de incentivo do Estado burguês nascente, o que não deixou de ser uma ação afirmativa estatal para os imigrantes europeus virem para o Brasil, com o objetivo de desenvolver a nação. Já o negro liberto, “convertido, sumária e abruptamente, em senhor de si mesmo, tornando-se responsável por sua pessoa e por seus dependentes”, é deixado à própria sorte.
Segundo Florestan, “à população liberta não foi dado nenhum benefício, nenhum incentivo por parte do Estado ou da Igreja detentores do poder político e econômico da época”. Os ex-escravos sequer tiveram qualquer forma de indenização pela exploração da sua força de trabalho. Daí ser correta a defesa por parte do movimento negro da adoção de políticas de ações afirmativas, como as cotas, no sentido do Estado brasileiro fazer a devida reparação, garantindo oportunidades a essa população vítima dessa crueldade, ou melhor, do genocídio que fora a escravidão. 


Portanto, lutar pela regularização dos territórios das comunidades remanescentes de quilombos, já garantida na Constituição Federal de 1988, no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT –, no seu artigo 68, e no decreto n.º 4487/03, é um avanço na conquista do direito de reparação.
Florestan Fernandes, com esta obra de mais de mil páginas, passou a ser chamado por muitos pensadores como o sociólogo dos negros ou da escravidão. Este livro é uma dessas leituras essenciais e obrigatórias para todo estudioso da questão racial no Brasil cuja função não é outra senão a de apreender a formação social brasileira, como assinala o também sociólogo Antônio Sérgio Guimarães.
Com isso, faz-se necessário uma breve comparação com os dias atuais. Passados os 123 anos da abolição formal dos escravos e 47 anos dessa obra clássica da sociologia brasileira, na qual o legado do povo negro na sociedade de classes é brilhantemente descrita por Florestan Fernandes, cabe a pergunta: e a integração dos negros na sociedade política? O autor não deixa de identificar a participação política dos negros já naquele período, que teria sido intensa e decisiva, principalmente a partir da fase em que a luta contra a escravidão assumiu feição especificamente abolicionista.
Trazendo o velho Marx, quando no século XIX analisou a sociedade capitalista, cindida pelo conflito capital x trabalho, o debate central eram as relações de oposição entre burguesia e proletariado, o que perdura até hoje. Só que, no momento atual, outras novas categorias de análise se apresentam fortemente para entender as contradições da sociedade contemporânea burguesa/capitalista, que se concretizam em novos movimentos sociais: étnico-racial, gênero, orientação sexual, cultural e meio ambiente.

Nunca antes as lutas desses novos movimentos sociais foram tão evidentes, mostrando o quanto questões como raça, gênero etc., somadas às desigualdades de classe, são também causa da assimetria da sociedade capitalista, portanto, estão estritamente relacionadas.
Nesse sentido, a tarefa do movimento negro, de militantes anti-racistas, ativistas dos direitos humanos, é a de compreender a importância da participação política como ponto estratégico para o embate do presente, na sociedade política e na sociedade civil, como nos ensina Antônio Gramsci: “no Estado burguês é fundamental que os trabalhadores participem de forma ativa e orgânica da sociedade civil e da sociedade política”. Entender, portanto, que o que está em jogo é disputa de hegemonia, logo disputa do poder.
Para o cientista social Clóvis Moura (Rebeliões da Senzala, 1959), que revê a história da escravidão e do papel do negro/escravo na dinâmica escravista brasileira, há a necessidade do debate da questão racial relacionado com o da política. Até Moura, o debate central resumia-se a choques culturais. É ele quem apresentar nos seus estudos o enfoque mais político para a luta racial no Brasil...
Nota-se, assim, uma grande invisibilidade dos negros nos poderes constituídos da república. Veja o que diz Milton Santos, dirigindo-se ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo Ser negro no Brasil, publicado em 11/03/2001, na Folha de São Paulo: “O próprio presidente da República considera-se quitado porque nomeou um bravo general negro para sua Casa Militar e uma notável mulher negra para a sua casa Cultural. Ele se esqueceu de que falta nomear todos os negros para a grande Casa Brasileira… A questão não é tratada eticamente. Faltam muitas coisas para ultrapassar o palavrório e os gestos cerimoniais e alcançar uma ação política consequente. Ou os negros deverão esperar mais outro século para obter o direito de uma participação plena na vida nacional”. O que não é muito diferente no governo da presidente Dilma, apesar do bom discurso. Fica-se a imaginar o que não estarão passando os nossos negros, homens, mulheres, crianças, jovens, neste país distorcido, racista e desigual neste momento!
Temos que nos convencer de que a democracia brasileira só vai se realizar se tiver uma representação de todos os setores da sociedade na estrutura do poder político, econômico, e na imprensa, como bem aponta o antropólogo Kabengele Munanga.
Portanto, é necessário entender a sociedade em que imperam o racismo e as desigualdades cindidas em classes. E disputar econômica e politicamente de forma organizada e consciente a sociedade do século XXI é tarefa que deve ser encarada como o grande desafio do movimento negro. Pois, para integrar os negros na sociedade de classe há que se lutar pela sua integração na sociedade política.

Com este artigo neste dia 20 de novembro de 2011, Dia Nacional da Consciência e o Ano Internacional dos Afrodescendentes, declarado pela Assembléia Geral das Nações Unidas, quero homenagear in memoriam os nossos grandes líderes contemporâneos: Magno Cruz, o quilombola Fláviano Pinto, Ivan Quilombola e Abdias Nascimento.
Axé povo negro!

*Administrador, Especialista em Sociologia das Interpretações do Maranhão (UEMA), foi Secretário Adjunto de Estado da Igualdade Racial do governo Jackson Lago (2007-2009), é Mestrando em Ciências Sociais da PUC/SP e Bolsista do Programa Internacional de Pós-Graduação da Fundação Ford.

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"Relembrando": Dez fatos que a "grande" imprensa esconde da sociedade.

As entidades que reúnem as grandes empresas de comunicação no Brasil usam e abusam da palavra "censura" para demonizar o debate sobre a regulação da mídia. 

No entanto, são os seus veículos que praticam diariamente a censura escondendo da população as práticas de regulação adotadas há anos em países apontados como modelos de democracia. Conheça dez dessas regras que não são mencionadas pelos veículos da chamada "grande" imprensa brasileira.

O debate sobre regulação do setor de comunicação social no Brasil, ou regulação da mídia, como preferem alguns, está povoado por fantasmas, gosta de dizer o ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Franklin Martins. 

O fantasma da censura é o frequentador mais habitual, assombrando os setores da sociedade que defendem a regulamentação do setor, conforme foi estabelecido pela Constituição de 1988.

Regulamentar para quê? – indagam os que enxergam na proposta uma tentativa disfarçada de censura. A mera pergunta já é reveladora da natureza do problema. Como assim, para quê? Por que a comunicação deveria ser um território livre de regras e normas, como acontece com as demais atividades humanas? Por que a palavra “regulação” causa tanta reação entre os empresários brasileiros do setor?

O que pouca gente sabe, em boa parte por responsabilidade dos próprios meios de comunicação que não costumam divulgar esse tema, é que a existência de regras e normas no setor da comunicação é uma prática comum naqueles países apontados por esses empresários como modelos de democracia a serem seguidos.

O seminário internacional Comunicações Eletrônicas e Convergências de Mídias, realizado em Brasília, em novembro de 2010, reuniu representantes das agências reguladoras desses países que relataram diversos casos que, no Brasil, seriam certamente objeto de uma veemente nota da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) denunciando a tentativa de implantar a censura e o totalitarismo no Brasil.

Ao esconder a existências dessas regras e o modo funcionamento da mídia em outros países, essas entidades empresariais é que estão praticando censura e manifestando a visão autoritária que tem sobre o tema. O acesso à informação de qualidade é um direito. Aqui estão dez regras adotadas em outros países que os barões da mídia brasileira escondem da população:

1. A lei inglesa prevê um padrão ético nas transmissões de rádio e TV, que é controlado a partir de uma mescla da atuação da autorregulação dos meios de comunicação ao lado da ação do órgão regulador, o Officee of communications (Ofcom). A Ofcom não monitora o trabalho dos profissionais de mídia, porém, atua se houver queixas contra determinada cobertura ou programa de entretenimento. A agência colhe a íntegra da transmissão e verifica se houve algum problema com relação ao enfoque ou se um dos lados da notícia não recebeu tratamento igual. Após a análise do material, a Ofcom pode punir a emissora com a obrigação de transmitir um direito de resposta, fazer um pedido formal de desculpas no ar ou multa.

2. O representante da Ofcom contou o seguinte exemplo de atuação da agência: o caso de um programa de auditório com sorteios de prêmios para quem telefonasse à emissora. Uma investigação descobriu que o premiado já estava escolhido e muitos ligavam sem chance alguma de vencer. Além disso, as ligações eram cobradas de forma abusiva. A emissora foi investigada, multada e esse tipo de programação foi reduzida de forma geral em todas as outras TVs.

3. Na Espanha, de 1978 até 2010, foram aprovadas várias leis para regular o setor audiovisual, de acordo com as necessidades que surgiam. Entre elas, a titularidade (pública ou privada); área de cobertura (se em todo o Estado espanhol ou nas comunidades autônomas, no âmbito local ou municipa); em função dos meios, das infraestruturas (cabo, o satélite, e as ondas hertzianas); ou pela tecnologia (analógica ou digital).

4. Zelar para o pluralismo das expressões. Esta é uma das mais importantes funções do Conselho Superior para o Audiovisual (CSA) na França. O órgão é especializado no acompanhamento do conteúdo das emissões televisivas e radiofônicas, mesmo as que se utilizam de plataformas digitais. Uma das missões suplementares e mais importantes do CSA é zelar para que haja sempre uma pluralidade de discursos presentes no audiovisual francês. Para isso, o conselho conta com uma equipe de cerca de 300 pessoas, com diversos perfis, para acompanhar, analisar e propor ações, quando constatada alguma irregularidade.

5. A equipe do CSA acompanha cada um dos canais de televisão e rádio para ver se existe um equilíbrio de posições entre diferentes partidos políticos. Um dos princípios dessa ação é observar se há igualdade de oportunidades de exposição de posições tanto por parte do grupo político majoritário quanto por parte da oposição.

6. A CSA é responsável também pelo cumprimento das leis que tornam obrigatórias a difusão de, pelo menos, 40% de filmes de origem francesa e 50% de origem européia; zelar pela proteção da infância e quantidade máxima de inserção de publicidade e distribuição de concessões para emissoras de rádio e TV.

7. A regulação das comunicações em Portugal conta com duas agências: a Entidade reguladora para Comunicação Social (ERC) – cuida da qualidade do conteúdo – e a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), que distribui o espectro de rádio entre as emissoras de radiodifussão e as empresas de telecomunicações. “A Anacom defende os interesses das pessoas como consumidoras e como cidadãos.

8. Uma das funções da ERC é fazer regulamentos e diretivas, por meio de consultas públicas com a sociedade e o setor. Medidas impositivas, como obrigar que 25% das canções nas rádios sejam portuguesas, só podem ser tomadas por lei. Outra função é servir de ouvidoria da imprensa, a partir da queixa gratuita apresentada por meio de um formulário no site da entidade. As reclamações podem ser feitas por pessoas ou por meio de representações coletivas.

9. A União Européia tem, desde março passado, novas regras para regulamentar o conteúdo audiovisual transmitido também pelos chamados sistemas não lineares, como a Internet e os aparelhos de telecomunicação móvel (aqueles em que o usuário demanda e escolhe o que quer assistir). Segundo as novas regras, esses produtos também estão sujeitos a limites quantitativos e qualitativos para os conteúdos veiculados. Antes, apenas meios lineares, como a televisão tradicional e o rádio, tinham sua utilização definida por lei.

10. Uma das regras mais importantes adotadas recentemente pela União Europeia é a que coloca um limite de 12 minutos ou 20% de publicidade para cada hora de transmissão. Além disso, as publicidades da indústria do tabaco e farmacêutica foram totalmente banidas. A da indústria do álcool são extremamente restritas e existe, ainda, a previsão de direitos de resposta e regras de acessibilidade.

Todas essas informações estão disponíveis ao público na página do Seminário Internacional Comunicações Eletrônicas e Convergências de Mídias. Note-se que a relação não menciona nenhuma das regras adotadas recentemente na Argentina, que vem sendo demonizadas nos editoriais da imprensa brasileira. A omissão é proposital. As regras adotadas acima são tão ou mais "duras" que as argentinas, mas sobre elas reina o silêncio, pois vêm de países apontados como "exemplos a serem seguidos" Dificilmente, você ouvirá falar dessas regras em algum dos veículos da chamada grande imprensa brasileira. É ela, na verdade, quem pratica censura em larga escala hoje no Brasil.


Matéria Copiada: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia _id=18942

sábado, 19 de novembro de 2011

Artigo: Mídia ataca democracia interna do PT, por Márcio Cruz.

O PT nasceu como partido de esquerda e socialista. Para o PT, o socialismo ou será democrático ou não será socialismo.


Muitos de nós lutamos pela democracia, e depois de conquistada, nos mais de trinta anos construímos um processo de aprendizagem para exercê-la na forma direta e representativa, em maior ou menor grau. Na vida interna do PT (encontros, prévias e quatro congressos), ou nos espaços institucionais: prefeituras, mandatos legislativos, governos estaduais e federal.

Para os militantes e uma parte significativa do seu eleitorado a dinâmica de organização e democracia interna do PT é seu principal diferencial entre os partidos brasileiros. É esta dinâmica, ao contrário do que se imagina que dá musculatura e força política às lideranças petistas. A multiplicidade de posições políticas legitimamente organizadas no interior do PT em correntes e grupos é uma virtude para um partido democrático, não um defeito. 

Cada corrente ou grupo atua internamente no partido para organizá-lo no cotidiano. Estabelecendo relação com a sociedade organizada, os movimentos sociais, sindical, camponês e nos temas transversais como cultura, raça, gênero, juventude entre outros, e, em particular nas disputas eleitorais.

A influência de lideranças como o ex-presidente Lula no cenário das eleições de 2012 é um bom exemplo. Ninguém pode desprezar o papel que cumpre o ex-presidente. 

Ele mantém relação direta com a base social e política do país, no entanto, dentro do PT, suas articulações têm de ser validadas e referendadas pelos filiados/as. Não basta que diga que o candidato deve ser “A” ou “B”. No máximo atua para que tenha um único candidato, pois, se tiver mais de um, haverá Encontro ou Prévia no partido. 

O próprio Lula disputou prévias com o senador Eduardo Suplicy para ser candidato a presidência da República em 2002. Vale dizer, o Lula petista já teve posições que não foram referendadas por filiados/as em estados importantes. Esta é a força da democracia, seu exercício como meio e fim para a sociedade que queremos construir. 

Os meios de comunicação de massa oferecem um enquadramento diferente da vida interna do PT, não por desconhecerem. Nas reportagens e matérias sobre a definição de candidaturas para as eleições de 2012, desqualificam nossas instâncias de direção e insistem em afirmar na tese de que no PT quem decide nos municípios é o “cacique local” vereador ou não; nos estados é o deputado estadual, o senador, e nos temas nacionais em última análise é o ex-presidente Lula. 

É verdade que os interesses postos na sociedade se revelam na disputa interna do PT, como em qualquer partido. Interesses econômicos, em alguns casos privados, pessoais, personalistas, carreiristas; mas também interesses coletivos, legítimos, de construção partidária, de proposição e construção de políticas públicas, de debate político como aprendizagem da democracia que construímos hoje, para um amanhã.

Alguns definem a democracia como o território da articulação para o consenso dos interesses, por meio de acordos de entendimento. Fazer acordos faz parte da política, no entanto, certos acordos atuam contra a democracia e não em seu favor. Para aqueles que acreditam no socialismo democrático a democracia é outra coisa, é o espaço legítimo para dar relevo ao dissenso, é o cenário promovido para o exercício da diferença e aos diferentes, a menor fração tem a mesma legitimidade da maior para expor sua diferença. O consenso deve ser resultado do exercício da democracia, e não seu um produto artificial em seu nome. 

Por isso é fundamental que as lideranças do PT tenham que validar suas posições sobre política de alianças ou quem deve representar o partido nos processos eleitorais e que a regulamentação das relações internas do partido e seus métodos de decisão sejam aprovados em Congressos, Encontros ou Prévias (quando em Encontro os delegados devem ser eleitos na forma direta). 

A estratégia dos meios de comunicação é transformar o Lula num cacique tradicional, e o PT num partido igual aos demais. Não tenho dúvida que a legitimidade do Lula petista foi conquistada por sua capacidade de se colocar diante dos filiados e da sociedade, para legitimar suas posições no voto, por quem tem poder para fazê-lo, os filiados do PT primeiro, os eleitores depois.

Não podemos calar diante do ataque a democracia interna do PT, não é bom para o PT nem para o ex-presidente Lula. Lamentavelmente esta estratégia tem tido adeptos entre alguns dirigentes do partido, que promovem o “caciquismo lulista”. 

O 4º Congresso extraordinário do PT provou exatamente o contrário. Os mais de 1300 delegados/as presentes no Congresso ampliaram o poder dos filiados/as, a participação das mulheres, dos negros e da juventude em todas as instâncias do partido, dando destaque a paridade de gênero em todas as instancias e ao limite dos mandatos legislativos em três mandatos para Câmara federal e assembléias legislativas estaduais e a dois mandatos para o senado. Este é o antídoto contra o “caciquismo” machista enraizado nos partidos e no sistema eleitoral brasileiro.

Reconheço o papel das lideranças e dirigentes do PT, a extraordinária liderança do ex-presidente Lula, dos/as governadores/as, senadores/as, deputados/as federais, estaduais e da presidenta Dilma. Estão em lugar privilegiado na política, tem informações que o filiado comum não tem e atuam na construção de um cenário político favorável em 2012, em favor do projeto histórico do PT quanto legitimados pela direção do partido, ou, de projetos pessoais uma vez que nas eleições de 2014 são candidatos a primeira eleição ou a reeleição.

Devemos resistir aos ataques à democracia interna do PT como forma de manutenção da trajetória de luta pelo socialismo democrático. Se nos resignarmos na imagem de uma maioria numérica e artificial, que tudo sabe e tudo pode, se nos escondermos na sombra de lideranças burocráticas que se distanciam da relação presente da base e passam a exercer uma relação terceirizada por cabos eleitorais aí sim, no modelo tradicional de partido da recente democracia brasileira, perderemos a vitalidade do novo, do revolucionário, da ousadia, da esperança de que um novo mundo é possível, em especial o mundo socialista e democrático.

Marcio Cruz é mestre em ciências sociais/PUC-SP e ex-assessor Gabinete Pessoal da Presidência da Republica (2009/2010).