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Foto: Edição/247 |
Alberto Dines ataca Boris Casoy no programa Roda Viva e na
revista da ABI: "ele me demitiu da Folha"; mas Casoy contra-ataca em
carta que 247 publica com exclusividade: "ele é um pobre diabo"; entre
ambos, uma histórica demissão na Folha feita pelo "seo" Frias (centro)
em pessoa; não perca: os cardeais estão em guerra! Por Claudio Julio
Tognolli.
Claudio Julio Tognolli _247 - Por duas
vezes seriadas, Alberto Dines, pai da crítica de mídia no Brasil,
sagrado pelo disputadíssimo prêmio Moors Cabot, o Nobel do Jornalismo,
atacou outro peso-pesado do jornalismo, o âncora Boris Casoy. No
programa Roda Viva, da TV Cultura, e na revista da ABI, a Associação
Brasileira de Imprensa, um rancoroso Dines apareceu de dedo em riste:
acusando Boris de tê-lo cortado a cabeça, enquanto diretor da Folha de
S. Paulo.
Boris Casoy mandou sua carta-resposta para a ABI, que não a publicou.
Casoy sentiu-se censurado, e mandou o repique para alguns amigos. O
Brasil 247 publica a resposta de Casoy com exclusividade.
A verdadeira história nem Dines nem Casoy relatam. Que é a seguinte:
Dines era chefe da Sucursal da Folha no Rio de Janeiro. E nos anos 80
mandou para São Paulo a famosa história de que um empregado da Coca-Cola
havia caído num tonel da bebida, e acabou afogado e derretido. A Folha
publicou. Meses depois, confirmou-se que a história era falsa. Boris
ficou na cola de Dines, que endossou a veracidade da história, mas
acabou esquecendo.
Meses depois Dines escreveu na página dois da Folha um violento
artigo contra Paulo Maluf. Boris o mandou para o dono do jornal, Octavio
Frias de Oliveira. E decidiu-se que o artigo de Dines sairia publicado à
página cinco do jornal, bem no abre. O que não aconteceu.
Nesta altura Boris Casoy estava em viagem à China. Na sua ausência,
um secretário de redação alertou a Octavio Frias de Oliveira que Dines
vinha mandando diariamente o artigo a São Paulo, "até que fosse
publicado". Ao ler o artigo, finalmente, o finado seu Frias resolveu
pela demissão do Alberto Dines: pelo fato de Dines insistir tanto em
peitar uma ordem.
A história acima é o que se passou: nem Dines, nem Casoy, gostam de
vê-la contada. E quem demitiu Dines não foi Casoy: foi o dono do jornal.
Leia a carta, com exclusividade:
Resposta de Boris Casoy a Alberto Dines.
Alberto (ou Abraão ?) Dines, mais uma vez abre sua cloaca para atacar.
De conhecido caráter, destituído de qualquer sentido moral ou ético,
esse indivíduo tenta justificar com uma história da carochinha o fato de
ter sido interventor da ditadura no Sindicato dos Jornalistas do Rio de
Janeiro. Sua "explicação" não passa de um atentado à inteligência
alheia. Imagine: em plena época de caça às bruxas, um grupo de
jornalistas ligados ao Partido Comunista procura esse" ínclito"
profissional pedindo sua intercessão junto ao gabinete do então
presidente Castelo Branco, com o objetivo de destituir a direção do
sindicato, legitimamente eleita. O governo aceita a sugestão e o nomeia
interventor militar. É essa a versão que Dines tenta nos impingir
É evidente que só eram nomeados interventores aqueles que tinham a
total confiança do regime. Dines, de maneira covarde, tentando dividir
culpas com os comunistas, assume a sua ditadura particular. Tira um
desafeto pessoal da presidência da entidade e , como se não bastasse,
faz um sem número de cassações. É claro que zelosamente oculta esses
fatos de sua biografia (ou folha corrida?) Se escapou da lei graças a
Anistia, será inscrito entre os réus quando a ação da ditadura nos
sindicatos tiver sua história levantada. Mais tarde demonstrou toda a
sua "consideração " com comunistas ao pedir – e por duas vezes – que eu
os demitisse da sucursal da Folha de S.Paulo no Rio de Janeiro.
Não satisfeito, esse senhor assaca contra mim a "informação "
(gabola, ele sabe tudo!) de que a diretoria do jornal considerou um
erro eu ter sido convidado para editor da Folha de S.Paulo. Se foi erro,
o jornal errou duas vezes. Fui convidado – e assumi a função por duas
vezes. Certamente, o grande equívoco do sr Frias foi não ter convidado
esse "monumento" da imprensa nacional para dirigir a Folha.(" Por que
não eu?") Aliás, em minha gestão, além do prestígio ganho, a Folha
ultrapassou a circulação de todos os seus concorrentes. Ao contrário, o
sr. Dines deu o tiro de partida na morte do Jornal do Brasil, o que
levou Nascimento Brito a sacá-lo do comando da redação. A partir daí, um a
um, Dines foi defenestrado de todos os órgãos de impresa em que
trabalhou.
Ressentido, montou à sombra do Estado uma "dineslêndia" , na qual,
brincando de Deus, dedica-se biliosamente a atacar os órgãos de
imprensa em que trabalhou e os colegas.
Ninguém melhor do que ele para falar sobre censura. Julga os demais
seres humanos tendo como modelo seu próprio caráter. Além da sua "mão
de ferro" no JB, foi protagonista , mais recentemente, de um vergonhoso
episódio censório .Depois de anunciar fartamente, cancelou a
participação em seu programa numa TV estatal, do autor de um livro
sobre o senador Antonio Carlos Magalhães.
Esse pobre diabo, primeiro mente ao afirmar que foi demitido
pessoalmente por mim. Depois diz que fui covarde ao solicitar que o
secretário de redação o fizesse. Eu não poderia fazê-lo. Estava na
China. A demissão desse ruinoso indivíduo deu-se com plena concordância
do sr. Frias. Dines era uma das poucas "vacas sagradas" do jornal e sua
saída só poderia ser decidida com a direção maior.
Não foi apenas o fato de recusar-se a assinar um artigo contra Paulo
Maluf que levou a sua demissão. Num ato falho, em meio a uma discussão
sobre a sucursal do Rio, Dines acabou revelando que uma série de
reportagens endossadas por ele sobre a Coca Cola era falsa.
Ele fazia
essa confissão anos e anos depois dos fatos. Ocultou durante muito tempo
sua grave falha. Nessa série de reportagens forjadas, contava-se que um
operário da Coca Cola havia caído num recipiente destinado ao fabrico
do refrigerante. A empresa sofreu enormes prejuízos com isso. E Dines
manteve seu erro em segredo. E mais: não teve a coragem de afastar o
repórter que, segundo ele, forjara até documentos. A bem da verdade,
Alberto (ou Abraão?) nada tinha contra a Coca. Era até apreciador. A
partir daí, chegava ao ponto final a confiança que se depositava nesse
senhor.
Há poucos dias, recebo em minha casa uma dessas almas de peregrinas
virtudes. Propõe-se a "selar a paz" entre Boris e Dines. Tenta me
convencer, pedindo compreensão, pois Alberto segundo ele, se submete a
tratamento psiquiátrico. Respondo sentir muito. E que nenhuma demência,
nem a senil, altera o caráter do indivíduo.
Isso me leva a um fato relatado pelo jornalista Julio Lerner. Julio
pretendia escrever um livro sobre Stefan Zweig. E me perguntou se
poderia receber sugestões de Dines, autor de um livro sobre aquele
escritor. Recomendei. Dias depois, Julio veio a minha procura. Tinha sido
recebido por Dines, a quem não conhecia. Quando Lerner relatou que
trabalhara na Folha, Dines lançou uma gravíssima e odiosa série de
difamações sobre diretores do jornal, Em seguida, ao saber da intenção
de Julio Lerner de escrever algo sobre Zweig, não suportou a
concorrência e respondendo com um sonoro "ponha-se para fora" saiu da
sala. Constrangida, a mulher de Dines pediu desculpas e justificou o ato
dizendo que o marido estava sendo submetido a tratamento psiquiátrico.
Louco ou mau caráter? Provavelmente os dois!
Ass: Boris Casoy
Fonte: http://brasil247.com/pt/247/midiatech/72738/Barraco-na-imprensa-barraco-imprensa.htm