Como explicar a violência que assola o Iraque? Desde o fim da guerra das milícias, entre 2006 e 2008, e a saída dos norte-americanos, ela não chegava ao nível atual. A crise síria alimenta os antagonismos no vizinho; onde o primeiro-ministro aplica uma política confessional. A extensão da batalha desestabiliza a região.
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por Feurat Alani | ||
Diante dos atentados assassinos cotidianos, o aparato de segurança do Iraque organizou um seminário para ajudar os proprietários de bares. Empregar uma guarda privada, reduzir o número de entradas: uma centena de comerciantes de Bagdá ouviu os conselhos pouco convincentes, para não dizer impotentes, oferecidos por policiais. O país inteiro foi atingido por atentados e ataques que custaram a vida de mais de 6 mil pessoas em 2013. Somos obrigados a constatar que o governo, não conseguindo erradicar a violência, procura aprender a viver com ela. “É sempre a mesma coisa. Quando uma bomba explode num mercado, a polícia e o Exército instauram um toque de recolher no setor, mas sempre chegam depois! O governo banca o bombeiro, apagando o fogo. Mas é preciso deter os incendiários”, exaspera-se Mokhlas al-Jouraisy, jornalista que vive em Bagdá. Na capital, cada família remói sua própria história trágica, sua amargura e seus mortos. “Depois da ocupação norte-americana, nada mudou. Havia explosões e continua havendo. É a mesma coisa em relação ao desemprego e a outros problemas enfrentados pelos iraquianos. Os norte-americanos nos deixaram a morte como herança. Pelo menos os ingleses construíram pontes e escolas para nós”, afirma um morador de Bagdá, referindo-se à ocupação britânica do país em 1918. Desconfiança do governo em relação aos sunitas As razões para a violência são múltiplas. Para compreendê-las, é preciso voltar a 2003, pouco após a queda do regime do Partido Baath, de Saddam Hussein. Paul Bremer, administrador norte-americano encarregado da invasão, tomou a decisão de desmantelar o aparelho de segurança iraquiano e “desbaathificá-lo”. Foi uma política arbitrária e nefasta que colocou no ostracismo quase 1 milhão de homens qualificados e experientes. No espaço de poucos dias, o Iraque passou de um regime ultrassecuritário para um deserto administrativo. Essa depuração política contra todos aqueles que colaboraram com o regime, de perto ou de longe, ajuda a explicar a vulnerabilidade do país. O enfraquecimento do Estado levou quase naturalmente à exacerbação das tensões confessionais entre sunitas e xiitas, que chegou ao auge após o atentado contra o mausoléu de Samarra, um lugar santo xiita, no dia 21 de fevereiro de 2006. Na época, os xiitas entenderam o episódio como uma declaração de guerra. Apesar dos apelos por calma vindos de todas as autoridades religiosas, militantes xiitas retaliaram atacando mesquitas sunitas. “Foi o nosso 11 de Setembro”, lembra um morador cujo irmão foi assassinado por um miliciano durante essas represálias. Durante mais de dois anos, as milícias xiitas, principalmente as duas mais famosas – o Exército Mahdi, do movimento sadrista, e a Brigada Badr, do Conselho Supremo Islâmico do Iraque1 –, organizaram emboscadas contra sunitas, que eram capturados e frequentemente torturados e executados. Milícias sunitas revidaram atacando os bairros xiitas de Bagdá com carros-bomba. Todos os dias se encontrava uma centena de mortos nas ruas da cidade ou no Tigre. Ainda que tardiamente, e por razões evidentes de rivalidade política, o primeiro-ministro Nouri al-Maliki lançou, em 24 de março de 2008, uma grande ofensiva a Sadr City, a fim de desarmar o Exército Mahdi de Moqtada al-Sadr. A partir daí a violência campal foi diminuindo gradualmente, mas aumentaram as rivalidades no seio da classe política. Essa violência agora ocupa a maior parte do discurso de Al-Maliki, que usa um vocabulário simplista e maniqueísta, no qual as palavras “terrorista” e “baathista” são utilizadas para designar os sunitas. Para explicar a crise de segurança que se estabeleceu desde a saída das tropas norte-americanas, também é preciso recordar o papel dos milicianos da Sahwa – “o despertar”, em árabe. Esses membros de tribos sunitas aliaram-se ao Exército norte-americano para combater a Al-Qaeda na Mesopotâmia. De acordo com a estratégia militar do general norte-americano David H. Petraeus, o surge2 só funcionaria com a colaboração das tribos sunitas, simbolizada pelo carismático Abdul Sattar Abu Risha, morto no dia 13 de setembro de 2007 por um comando da Al-Qaeda. Composta por 100 mil homens, essa milícia teve importantes êxitos, dominando cidades da Al-Qaeda na Mesopotâmia. Os membros da Sahwa deveriam passar a integrar o Exército regular, mas essa promessa de Al-Maliki nunca foi cumprida. Apenas 20% dos milicianos foram incorporados. Os outros foram negligenciados e estigmatizados por um primeiro-ministro cada vez mais desconfiado dos sunitas. Hoje, o país mudou. Bagdá não é mais aquela cidade heterogênea, onde todas as províncias estavam representadas. Com raras exceções, os sunitas vivem nos bairros sunitas, e os xiitas, nos bairros xiitas. No resto do Iraque, a “divisão suave” sonhada pelo então senador Joe Biden3 – com um norte curdo, um centro sunita e um sul xiita – já existe de fato. Apesar desse percurso sinuoso e das promessas não cumpridas, a queda do Iraque poderia ter sido evitada se Al-Maliki tentasse traduzir em realidade seu slogan de campanha: “reconciliação nacional”. Especialmente considerando que, desde sua chegada ao poder, muitos conselhos tribais sunitas prometeram-lhe fidelidade. Mas ele continuou alimentando as oposições entre sunitas e xiitas, bem como entre árabes e curdos, e afastou de maneira agressiva todos aqueles que não estavam satisfeitos com sua política. Seu isolamento começou com a expulsão de Tarek al-Hashemi, vice-presidente sunita, acusado de “terrorismo”. No ano seguinte, foi a vez de outro sunita, Rafi al-Issawi, ministro das Finanças e vice-primeiro-ministro, sob a mesma acusação. Em 21 de dezembro de 2012, um ano após a retirada norte-americana, uma vasta mobilização popular começou em Fallujah, na estrada principal que leva a Bagdá, chamada “lugar da dignidade”. Ela se espalhou para todo o território sunita. Dali por diante, a aliança outrora possível entre Al-Maliki e as tribos já não o era mais. Durante essas manifestações, importantes líderes de tribos sunitas, como Doulaimy, Joumaily e Mahamda, pediram a saída do primeiro-ministro. Alguns o chamaram de fantoche do Irã e “safávida”, termo usado pejorativamente para designar os conservadores iranianos. Desde o princípio, esse movimento popular manifestou solidariedade à rebelião síria, comparando Al-Maliki a Bashar al-Assad. No meio da multidão e das bandeiras do Iraque, via-se claramente o símbolo do Exército Livre da Síria. A luta dos sunitas iraquianos transbordou o quadro nacional: o inimigo não era apenas Al-Maliki, mas o eixo xiita Damasco-Bagdá-Teerã. As conexões entre os sunitas da província sunita de Al-Anbar e a rebelião síria, do outro lado da fronteira, podem ajudar a explicar o aumento da violência no Iraque. Com a luta pelo poder ganhando uma dimensão cada vez mais religiosa, muitos iraquianos imaginaram um cenário ao estilo sírio “para reequilibrar a relação de forças na região”, deseja crer o xeque Rafeh al-Joumaily. Segundo o líder tribal, se o regime de Damasco viesse a cair, Teerã perderia um importante aliado. “Se os sunitas chegarem ao poder na Síria, seremos mais fortes para enfrentar o aumento do xiismo em Bagdá”, avalia. Rebeldes controlam a fronteira Pouco mencionado pela mídia, o equivalente iraquiano do Exército Livre da Síria foi criado seis meses antes das manifestações sunitas. Em uma declaração oficial do dia 19 de julho de 2012, o Exército Livre do Iraque afirmou três objetivos: “combater a invasão iraniana no Iraque, apoiar o povo sírio e o Exército Livre da Síria e reunir os combatentes sunitas no Iraque sob uma única e mesma bandeira”. Quem está por trás dessa nova formação? Tem ela uma real influência? Ainda é muito cedo para dizer. O Exército Livre do Iraque transmitiu pela internet vídeos de seus ataques contra o Exército regular iraquiano, para depois desaparecer progressivamente do radar até a prisão de seu líder – de identidade desconhecida –, em fevereiro de 2013, perto de Kirkuk. A aliança entre a Al-Qaeda na Mesopotâmia e a Al-Qaeda de Al-Sham (Síria) é mais uma prova das ligações “naturais” entre sunitas sírios e iraquianos. Reunidos sob a bandeira do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), seus combatentes facilmente atravessam a fronteira entre o Iraque e a Síria, dominada por rebeldes. Formado em 2006 no Iraque, como uma plataforma para os vários grupos jihadistas, o EIIL se tornou um poderoso elemento da terrível guerra que assola a Síria. O grupo não encontra problemas para circular e obter suprimentos. Nessa região de fronteira, as alianças tribais são antigas. É muito fácil para um habitante de Fallujah ou de Al-Qa’im passar para o lado sírio, em Abu Kamal, e ali ser recebido. O conflito sírio realmente transbordou para o Iraque em março de 2013. Nesse dia, quarenta soldados e funcionários sírios foram mortos no departamento iraquiano de Al-Anbar. Eles estavam refugiados havia alguns dias, protegendo-se de um ataque de rebeldes. Sete soldados iraquianos também foram mortos. Embora as crises nos dois países tenham nascido de causas diferentes, elas têm em comum seu caráter confessional. A guerra civil síria opõe uma insurreição de tônica sunita a uma coalizão de minorias étnicas e religiosas que apoiam o governo de Al-Assad. No Iraque, o governo de maioria xiita é contestado por sunitas que oscilam entre oposição política e armada. Provavelmente não é coincidência que os conflitos confessionais tenham se reacendido, no Iraque, no momento em que a guerra civil síria se intensifica. Até a administração norte-americana atribui um papel importante ao Iraque na crise síria. Durante a visita de Al-Maliki a Washington, no final de outubro de 2013, o presidente norte-americano Barack Obama pediu-lhe que usasse suas boas relações com Teerã para solicitar que Al-Assad deixe “suavemente” o poder. O Iraque também está sob crescente pressão do Irã, a principal potência xiita na região, bem como da Arábia Saudita e da Turquia, dois grandes países sunitas, principais patrocinadores da insurgência contra Al-Assad. Após dez anos de uma violência sem precedentes, o Iraque está preso num turbilhão de lutas pelo poder entre sunitas e xiitas que se alimentam do conflito sírio. O governo de Al-Maliki tenta fazer pouco das novas cartas regionais. A nova lei eleitoral aprovada pelo Parlamento, que fixa as próximas eleições legislativas para o dia 30 de abril de 2014, é vista como piada. A população ri desses deputados, da facilidade com que eles votam leis favorecendo seus interesses pessoais e de sua incapacidade de chegar a um acordo sobre pontos essenciais. O intelectual e sociólogo iraquiano Amir Ahmed inscreve essas eleições no teatro do absurdo. Ele compara a cena política iraquiana à peça Esperando Godot, de Samuel Beckett. “A cada prazo eleitoral, a classe política anuncia a chegada de um homem que promete mudanças. Mas ele nunca vem. Enquanto esperamos, eles nos mantêm ocupados, nos distraem. Os iraquianos estão esperando Godot...” “A presença iraniana já existente no país aumenta a desconfiança e o medo na região árabe”, continua Ahmed. “É essa mudança brutal na política regional que provoca todas essas tensões. Também não podemos esquecer que o Iraque é um país rico em petróleo, e isso desperta a ganância das forças internacionais. Estas procuram alimentar a violência mais do que estabilizar a situação, uma vez que é mais fácil tirar proveito de um país fraco e instável que de um país forte e equilibrado.” O petróleo: talvez seja essa a verdadeira desgraça do Iraque...
Feurat Alani - Jornalista.
Ilustração: Dulce Horta. 1 - O sadrismo é uma corrente que representa meios desfavorecidos e negligenciados pelo establishment xiita. Criado em 1982, o Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque (CSRII) tem um braço armado, a Brigada Badr, uma milícia que reúne entre 8 mil e 15 mil soldados. 2 - No dia 10 de janeiro de 2007, George W. Bush decidiu enviar mais 30 mil soldados norte-americanos para o Iraque. Para comandar o surge (“reforço”), ele nomeou o general David H. Petraeus. 3 - Para resolver o conflito iraquiano, Joe Biden elaborou um plano para dividir o Iraque em três blocos comunitários e confessionais inspirados na divisão da Bósnia em 1995. Ele imaginou um Estado descentralizado, com o norte para os curdos, o centro para os sunitas e o sul para os xiitas. Cf. Helene Cooper, “Biden plan for ‘soft partition’ of Iraq gains momentum” [Plano Biden para “divisão suave” do Iraque ganha força], The New York Times, 30 jul. 2007. | ||
Link desta matéria: http://diplomatique.org.br/artigo.php?id=1590 | ||
segunda-feira, 3 de março de 2014
DESTRUIÇÃO DO ESTADO, VIOLÊNCIA DAS MILÍCIAS. Iraque e Síria, os mesmos combates.
domingo, 2 de março de 2014
Sonho americano? Conheça 10 fatos chocantes sobre os EUA
Maior população prisional do mundo, pobreza infantil acima dos 22%, nenhum subsídio de maternidade, graves carências no acesso à saúde… bem-vindos ao “paraíso americano”
Os EUA costumam se revelar ao mundo como os grandes defensores das liberdades, como a nação com a melhor qualidade de vida do planeta e que nada é melhor do que o “american way of life” (o modo de vida americano).
A realidade, no entanto, é outra. Os EUA também têm telhado de vidro como a maioria dos países, a diferença é que as informações são constantemente camufladas. Confira abaixo 10 fatos pouco abordados pela mídia ocidental.
1. Maior população prisional do mundo
Elevando-se desde os anos 80, a surreal taxa de encarceramento dos EUA é um negócio e um instrumento de controle social: à medida que o negócio das prisões privadas alastra-se como uma gangrena, uma nova categoria de milionários consolida seu poder político. Os donos destas carcerárias são também, na prática, donos de escravos, que trabalham nas fábricas do interior das prisões por salários inferiores a 50 cents por hora. Este trabalho escravo é tão competitivo, que muitos municípios hoje sobrevivem financeiramente graças às suas próprias prisões, aprovando simultaneamente leis que vulgarizam sentenças de até 15 anos de prisão por crimes menores como roubar chicletes. O alvo destas leis draconianas são os mais pobres, mas, sobretudo, os negros, que representando apenas 13% da população norte-americana, compõem 40% da população prisional do país.
2. 22% das crianças americanas vive abaixo do limiar da pobreza.
Calcula-se que cerca de 16 milhões de crianças norte-americanas vivam sem “segurança alimentar”, ou seja, em famílias sem capacidade econômica para satisfazer os requisitos nutricionais mínimos de uma dieta saudável. As estatísticas provam que estas crianças têm piores resultados escolares, aceitam piores empregos, não vão à universidade e têm uma maior probabilidade de, quando adultos, serem presos.
3. Entre 1890 e 2012, os EUA invadiram ou bombardearam 149 países.
O número de países nos quais os EUA intervieram militarmente é maior do que aqueles em que ainda não o fizeram. Números conservadores apontam para mais de oito milhões de mortes causadas pelo país só no século XX. Por trás desta lista, escondem-se centenas de outras operações secretas, golpes de Estado e patrocínio de ditadores e grupos terroristas. Segundo Obama, recipiente do Nobel da Paz, os EUA conduzem neste momente mais de 70 operações militares secretas em vários países do mundo.
O mesmo presidente criou o maior orçamento militar norte-americano desde a Segunda Guerra Mundial, superando de longe George W. Bush.
4. Os EUA são o único país da OCDE que não oferece qualquer tipo de subsídio de maternidade.
Embora estes números variem de acordo com o Estado e dependam dos contratos redigidos por cada empresa, é prática corrente que as mulheres norte-americanas não tenham direito a nenhum dia pago antes ou depois de dar à luz. Em muitos casos, não existe sequer a possibilidade de tirar baixa sem vencimento. Quase todos os países do mundo oferecem entre 12 e 50 semanas pagas em licença maternidade. Neste aspecto, os Estados Unidos fazem companhia à Papua Nova Guiné e à Suazilândia.
5. 125 norte-americanos morrem todos os dias por não poderem pagar qualquer tipo de plano de saúde.
Se não tiver seguro de saúde (como 50 milhões de norte-americanos não têm), então há boas razões para temes ainda mais a ambulância e os cuidados de saúde que o governo presta. Viagens de ambulância custam em média o equivalente a 1300 reais e a estadia num hospital público mais de 500 reais por noite. Para a maioria das operações cirúrgicas (que chegam à casa das dezenas de milhar), é bom que possa pagar um seguro de saúde privado. Caso contrário, a América é a terra das oportunidades e, como o nome indica, terá a oportunidade de se endividar e também a oportunidade de ficar em casa, torcendo para não morrer.
6. Os EUA foram fundados sobre o genocídio de 10 milhões de nativos. Só entre 1940 e 1980, 40% de todas as mulheres em reservas índias foram esterilizadas contra sua vontade pelo governo norte-americano.
Esqueçam a história do Dia de Ação de Graças com índios e colonos partilhando placidamente o mesmo peru em torno da mesma mesa. A História dos Estados Unidos começa no programa de erradicação dos índios. Tendo em conta as restrições atuais à imigração ilegal, ninguém diria que os fundadores deste país foram eles mesmos imigrantes ilegais, que vieram sem o consentimento dos que já viviam na América. Durante dois séculos, os índios foram perseguidos e assassinados, despojados de tudo e empurrados para minúsculas reservas de terras inférteis, em lixeiras nucleares e sobre solos contaminados. Em pleno século XX, os EUA iniciaram um plano de esterilização forçada de mulheres índias, pedindo-lhes para colocar uma cruz num formulário escrito em idioma que não compreendiam, ameaçando-as com o corte de subsídios caso não consentissem ou, simplesmente, recusando-lhes acesso a maternidades e hospitais. Mas que ninguém se espante, os EUA foram o primeiro país do mundo oficializar esterilizações forçadas como parte de um programa de eugenia, inicialmente contra pessoas portadoras de deficiência e, mais tarde, contra negros e índios.
7. Todos os imigrantes são obrigados a jurarem não ser comunistas para poder viver nos EUA.
Além de ter que jurar não ser um agente secreto nem um criminoso de guerra nazi, vão lhe perguntar se é, ou alguma vez foi membro do Partido Comunista, se tem simpatias anarquista ou se defende intelectualmente alguma organização considerada terrorista. Se responder que sim a qualquer destas perguntas, será automaticamente negado o direito de viver e trabalhar nos EUA por “prova de fraco carácter moral”.
8. O preço médio de uma licenciatura numa universidade pública é 80 mil dólares.
O ensino superior é uma autêntica mina de ouro para os banqueiros. Virtualmente, todos os estudantes têm dívidas astronômicas, que, acrescidas de juros, levarão, em média, 15 anos para pagar. Durante esse período, os alunos tornam-se servos dos bancos e das suas dívidas, sendo muitas vezes forçados a contrair novos empréstimos para pagar os antigos e assim sobreviver. O sistema de servidão completa-se com a liberdade dos bancos de vender e comprar as dívidas dos alunos a seu bel prazer, sem o consentimento ou sequer o conhecimento do devedor. Num dia, deve-se dinheiro a um banco com uma taxa de juros e, no dia seguinte, pode-se dever dinheiro a um banco diferente com nova e mais elevada taxa de juro. Entre 1999 e 2012, a dívida total dos estudantes norte-americanos cresceu à marca dos 1,5 trilhões de dólares, elevando-se assustadores 500%.
9. Os EUA são o país do mundo com mais armas: para cada dez norte-americanos, há nove armas de fogo.
Não é de se espantar que os EUA levem o primeiro lugar na lista dos países com a maior coleção de armas. O que surpreende é a comparação com outras partes do mundo: no restante do planeta, há uma arma para cada dez pessoas. Nos Estados Unidos, nove para cada dez. Nos EUA podemos encontrar 5% de todas as pessoas do mundo e 30% de todas as armas, algo em torno de 275 milhões. Esta estatística tende a se elevar, já que os norte-americanos compram mais de metade de todas as armas fabricadas no mundo.
10. Há mais norte-americanos que acreditam no Diabo do que os que acreditam em Darwin.
A maioria dos norte-americanos são céticos. Pelo menos no que toca à teoria da evolução, já que apenas 40% dos norte-americanos acreditam nela. Já a existência de Satanás e do inferno soa perfeitamente plausível a mais de 60% dos norte-americanos. Esta radicalidade religiosa explica as “conversas diárias” do ex-presidente Bush com Deus e mesmo os comentários do ex-pré-candidato republicano Rick Santorum, que acusou acadêmicos norte-americanos de serem controlados por Satã.
Link: http://revistaforum.com.br/blog/2013/12/sonho-americano-conheca-10-fatos-chocantes-sobre-os-eua/
Batalha da Ucrânia: E.U.A. derrotam e humilham a Rússia?
ESCRITO POR RAMEZ PHILIPPE MAALOUF.
Os EUA são a maior potência militar e econômica do mundo. Seu orçamento militar alcança a cifra oficial de US$ 700 bilhões (o maior do planeta, equivalente à soma dos subsequentes 14 maiores orçamentos militares nacionais) e têm mais de 860 bases militares espalhadas ao redor do globo, o que o torna vizinho de quase todos os países de todos os continentes.
Por meio destas bases militares, cercam alguns dos maiores Estados do mundo (Rússia, China, Brasil e Índia) e mantêm a humanidade sitiada. São, portanto, um poder militar inigualável.
De acordo com a mitologia de sua fundação, ainda no século XVIII, os EUA são o povo eleito por Deus com o propósito de submeter/subjugar/dominar a Humanidade. Desde o século XIX, sua classe/casta racial dirigente de proprietários brancos anglo-saxões protestantes (hoje, pós-protestantes) compreende que dominar o mundo é dominar a Ásia.
Para isto, é necessário impedir o surgimento de qualquer coalizão de nações na Ásia ou que unisse a Europa à Ásia. Desta forma, a nação eurasiática por excelência, a Rússia, passou a ser vista pelo “povo eleito”, em decorrência do seu peso demográfico, localização geográfica, recursos humanos e minerais, como o maior obstáculo para a consecução da missão conferida por Deus.
Segundo o geopolítico e ex-secretário de Estado do governo Richard Nixon (1969-74), Henry Kissinger, os EUA devem considerar a Rússia como inimigo independentemente das cores ideológicas de quem governe os russos.
Desde 1943, o geógrafo holandês-americano Nicholas Spykman afirmou que para dominar a Ásia era preciso conquistar as suas fímbrias, visando encurralar a Rússia (transmutada em União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, a partir da Revolução de 1917), a fortaleza inexpugnável do poder terrestre.
Com a desintegração da URSS, em 1991, configurando-se numa vitória da geoestratégia spykmaniana, segundo o falecido politólogo britânico Peter Gowan, a nova geoestratégia de contenção ianque da Rússia tinha como objetivo retirar a ex-república soviética da Ucrânia da esfera de influência russa, confinando a Federação Russa na Ásia.
Ucrânia é o país de onde se originou o Estado russo. Portanto, desde 1991, os EUA estão se imiscuindo na política ucraniana para impedir qualquer manifestação de aproximação entre as duas ex-repúblicas soviéticas.
Uma das consequências desta intervenção foi a adoção de uma política econômica ultra-liberal, que esgarçou o tecido social ucraniano.
Além desindustrializar o país eslavo e gerar altas taxas de desemprego, especialmente entre os jovens, o neoliberalismo na Ucrânia favoreceu o surgimento de grupos mafiosos que se apossaram do Estado.
O resultado mais grave deste colapso civilizatório promovido pelos EUA e as políticas neoliberais na antiga república soviética foi e continua sendo a queda populacional sem precedentes na História recente a Europa.
Em 1991, na época do colapso soviético, havia 52 milhões de ucranianos no país eslavo, enquanto que, no ano de 2013, a cifra foi reduzida para 45 milhões de pessoas.
A permanente intervenção ianque nos assuntos ucranianos não parou com a queda demográfica, sintoma do colapso civilizatório. Os EUA financiaram e promoveram a “Revolução Laranja” de 2004, eclodida em Kiev (capital da Ucrânia), uma versão atualizada da “Marcha da família com Deus pela Liberdade”, que deu a senha para o golpe civil-militar de 1964 no Brasil, patrocinado pelos EUA e Canadá.
A “revolução colorida” ucraniana (outras “eclodiram” na antiga Iugoslávia, em 2000, na Geórgia, em 2003, no Quirguistão e no Líbano, em 2005, todas patrocinadas pela CIA) foi uma “mobilização popular” com o objetivo de levar à presidência Victor Yushchenko, liberal pró-Ocidente, em detrimento de Victor Yanukovich, considerado um liberal pró-Rússia.
O primeiro mandato de Yanucovich como primeiro-ministro (2002 – 2004) foi marcado pela adesão da Ucrânia à coalizão pró-invasão anglo-americana do Iraque em 2003. Mesmo assim, Yanukovich foi rechaçado pela “revolução” e não conseguiu ser eleito presidente em 2005, perdendo para o rival Yushchenko, que governou o país até 2010.
Em 2010, foi a vez de Yanukovich ser eleito para a presidência. Em novembro de 2013, o então presidente ucraniano se recusou a assinar um acordo de “livre comércio” com a União Europeia (EU), preferindo um acordo com a Rússia, onde o presidente russo Vladimir Putin acenou com um empréstimo de US$ 15 bilhões, acendendo a “revolta popular”.
Em pouco tempo, “oposicionistas” de Yanukovich tomaram praças e prédios do governo rejeitando a aproximação com a Rússia. Em pouco tempo também revelou-se que tal insurreição popular nada tinha de espontânea, muitos dos manifestantes formaram bandos armados, com fortes suspeitas de receberem instruções de embaixadas ocidentais, especialmente dos EUA.
Há vários informes de que os ianques gastavam US$ 20 milhões semanalmente com a “oposição”. Os manifestantes agrediram e acuaram a polícia na praça da Independência em Kiev, enquanto as forças armadas, uma das maiores da Europa, não se manifestaram em momento algum.
Segundo a imprensa ocidental, o povo ucraniano é favorável à entrada do país na UE, vista como uma garantidora da paz, da prosperidade, da democracia e da liberdade (não se mencionou a profunda crise econômica decorrente do neoliberalismo imposto pela UE à periferia da Europa).
Nada se falou também da violência que grupos armados nazistas e antissemitas anti-Rússia promoviam contra a população russa do país (uma “minoria” nada desprezível de mais de 8 milhões de pessoas, correspondendo a cerca de 18% da população do país).
Na verdade, a chamada oposição a Yanukovich era formada por uma heterodoxa coalizão compreendendo nazistas (oriundos da II Guerra Mundial), movimento “gay”, liberais, católicos e trotskistas. Tal concertação política paradoxal só poderia ser fruto de uma ingerência internacional.
A intervenção dos EUA foi tão acintosa que sequer levou em consideração seus parceiros europeus, a ponto de uma diplomata enviada a Kiev expressar seu desprezo pela UE com palavras chulas (“foda-se U.E!”).
O desabafo nada polido da diplomata Victoria Nuland desmascarou a farsa da suposta “revolução popular” em curso na Ucrânia. Não se tratava de um mero golpe de Estado para depor um presidente pró-Moscou, tratava-se de uma geoestratégia para implodir a Ucrânia para retirá-la de uma vez por todas da órbita russa. Washington D.C. não está preocupado com a adesão ou não da Ucrânia à UE.
Sendo assim, uma guerra civil aberta ou uma divisão territorial ou a formação de um governo pró-Ocidente na Ucrânia nada mais do que consolida um poder norte-americano na fronteira com a Rússia, a meros 750 km de Moscou, o que de fato acabou ocorrendo com a deposição de todo o governo de Yanukovich, no final de fevereiro de 2014.
Desta forma, com o golpe de Estado em Kiev, os EUA neutralizaram as vitórias russas na Geórgia, em 2008, e na Síria, em 2013, de forma humilhante, uma vez que Putin (um ex-chefe do serviço secreto russo) não reagiu em momento algum diante da permanente ingerência estrangeira no país vizinho desde a queda da URSS, colocando em risco a população russa.
Certamente, a desestabilização da Ucrânia foi o trunfo que os EUA guardavam na manga quando emperraram as negociações da Segunda Conferência de Genebra (final de janeiro de 2014) visando a suposta paz na Síria, barrando até mesmo a participação do Irã nas negociações.
Com a vitória na Ucrânia, o ditador dos EUA Barack Obama (que governa sob as leis de exceção do “Ato Patriótico” em vigência desde 2001) pode também neutralizar a fúria dos republicanos em decorrência da derrota na Síria, em setembro de 2013.
No momento, os EUA estão promovendo ao redor do mundo vários processos de golpes de Estado/mudanças de regime camuflados como “revoltas populares”: Venezuela, Bósnia, Síria e Tailândia, numa clara demonstração de que a “nação eleita por Deus” não recuará de sua missão sagrada.
O espectro de um novo “roll-back” se lança sobre o mundo. Fortalecidos na fronteira com a Rússia, assegura-se aos EUA os planos para a limpeza étnica dos palestinos na Faixa de Gaza, dos muçulmanos xiitas no Líbano, dos cristãos na Síria, que pode ser balcanizada.
Prossegue ainda a guerra no Paquistão e a possível balcanização do país, assim como se aumenta o cerco à Armênia, a desestabilização do Iraque e a pressão para uma guerra ao Irã.
Tais são as consequências mais imediatas e graves da incapacidade de Putin de prever e reagir ao ataque ianque à Ucrânia e à Rússia, um duro golpe à geoestratégia eurasianista da elite russa, também liberal.
Uma sombra negra volta a ser lançada sobre o mundo: o totalitarismo liberal promovido pelo supremo poder dos EUA e a sua promessa de uma III Guerra Mundial aberta e nuclear.
Leia também:
Ramez Philippe Maalouf é historiador e doutorando em Geografia Humana pela USP.
Rússia pretende instalar bases militares em Cuba, Venezuela, Nicarágua e Vietnã.
SEGUNDO O TITULAR DA DEFESA DO KREMLIN, NEGOCIAÇÕES JÁ ESTÃO AVANÇADAS E INCLUEM OUTROS PAÍSES
O ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, afirmou nesta quarta-feira (26) que o país já tem “negociações avançadas” para a instalação de bases militares em países como Cuba, Venezuela, Nicarágua e Vietnã. A declaração foi dada horas depois do início de um exercício militar russo na região de fronteira com a Ucrânia.
“As conversas estão em andamento e estamos muito perto de assinar os documentos relativos (à instalação das bases)”, disse Shoigu, segundo a agência russa Ria-Novosti.
O Kremlin teria a intenção de aumentar sua presença permanente ao redor do mundo. A Rússia já mantém uma base militar em Tartous, na Síria.
Mais cedo, o ministro havia confirmado o início de um exercício militar de grande escala, por ordem do presidente russo, Vladimir Putin.
A manobra inclui cerca de 150 mil homens do Comando Estratégico Conjunto do Oeste, região militar que abrange grande parte da fronteira do país com a Ucrânia.
Shoigu negou qualquer relação do exercício com a crise que provoca apreensão no país vizinho. Nesta quarta-feira, na Crimeia, manifestantes favoráveis à permanência da Ucrânia sob a esfera de influência russa entraram em confronto com centenas de apoiadores da “revolução” que derrubou o presidente Viktor Yanukovich durante o fim de semana.
FONTE: Estadao.com
Nau capitânia da Marinha Ucrâniana desobedece ordens de Kiev e se une a Marinha Russa.
Posted by E.M.Pinto
Tradução e adaptação: E.M.Pinto
A Nau Capitânia da Marinha da Ucrânia, a fragata Hetman Sahaidachny, classe Krivak, recusou-se a seguir as ordens de Kiev e passou para o lado de Rússia.
O Navio está retornando para casa depois de participar de uma operação conjunta com a OTAN no Golfo de Aden, no mastro o navio agora exibe estandarte da Marinha Russa.
As informações sobre sua posição são conflitantes, mas um senador russo confirmou ao Diário Izvestia que a fragata desertou para o lado russo.
Ao informar que a Faragata estaria tomando o seu caminho de volta para o mar Negro após exercícios no Mediterrâneo, o senador confirmou que a tripulação cumpriu as ordens do comandante-chefe das forças armadas da Ucrânia Viktor Yanukovich, acrescentou.
O movimento vem após o comando da Marinha demitir nesta última sexta-feira o Almirante Aleksandr Turchinov substituindo-o pelo almirante Denis Berezovsky o novo chefe da marinha, a informação foi publicada no site do presidente interino neste sábado.
Arseniy Yatsenyuk, o primeiro-ministro da Ucrânia já havia solicitado o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan para não deixar a fragata passar através do estreito de Bósforo, de acordo com o Kiev Times. O capitão do navio e o chefe do contingente da Ucrânia na operação, o contra-almirante Andrey Tarasov desobedeceu as ordens de Kiev.
O Hetman Sahaidachny retorna à base naval de Sevastopol na Crimea depois de participar de uma operação de combate à pirataria em conjunto com a OTAN e a União Européia ao largo do chifre da África, informou nesta sexta-feira a UNN, citando o Ministério da Defesa da Ucrânia.
Em 26 de fevereiro, depois de atravessar o Canal de Suez, o navio entrou no mar Mediterrâneo e era esperado aportar em Sevastopol no início de março.
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