quinta-feira, 13 de março de 2014

Tragédia - A MORTE DO PEQUENO BAILARINO.



Mais de 100 bailarinos do Nordeste participaram da abertura, em praça pública, do 3° Mossoró Mostra Dança, ocorrido na última semana de abril de 2013. É provável que nessa ocasião, o menino Alex, de 8 anos, que morava em Mossoró (RN) com a mãe, Digna Medeiros, tenha se encantado com a dança oriental apresentada pela bailarina Nuriel. 
O certo é que quando ele desembarcou, dias depois, no Rio, para onde se mudou, já estava completamente enfeitiçado pela dança do ventre, o que iria originar uma tragédia familiar.
No casebre suburbano da Vila Kennedy, onde foi morar com o pai, a madrasta e outras cinco crianças, Alex costumava ensaiar passos da dança, se contorcendo em movimentos corporais com sinuosidades de serpente. 
O pai, Alex André, desempregado, ex-presidiário condenado por tráfico de drogas, virava uma fera. Ele não admitia que o filho, herdeiro de seu nome, se comportasse "como uma mulherzinha". 
Quando descobriu que, além disso, o menino gostava de lavar louça e andava com o cabelo comprido, passou a surrá-lo quase diariamente para ele "aprender a andar como homem".
O menino, bailarino nato, tinha o physique du rôle. Era franzino, esguio e descarnado. Apesar da repressão paterna, continuou a "pisar no chão com a ponta do pé" e a "tocar o céu com a palma da mão", como a bailarina da dupla musical Palavra Cantada
Os coleguinhas da Escola Municipal Coronel José Gomes Moreira, em Bangu, dizem que aquele magricelinha, com o corpo de mola e amor pela dança, era calmo, não brigava com ninguém. A professora atesta que era afetuoso, dócil e muito inteligente, como demonstram suas notas nos três bimestres: 88, 100 e 90. 
Surras homéricas
No meio do caminho, no entanto, havia uma pedra. O pai Alex André, em janeiro, não conseguindo dobrar o filho, foi à Escola Municipal e pediu que lhe fosse entregue a documentação escolar para uma transferência, alegando um retorno a Mossoró. 
Era mentira. A escola foi trocada pelo cárcere privado, como suspeita um dos conselheiros tutelares de Bangu. O bailarinozinho ficou preso em casa, onde continuou submetido a frequentes sessões de espancamento, surrado pelo próprio pai que devia protegê-lo. Os "corretivos", insiste o pai, pretendiam ensinar o filho a "ser homem".
No 17 de fevereiro, ocorreu a última sessão de espancamento. Obcecado, o pai queria obrigar o bailarinozinho a cortar o cabelo. Diante da resistência, começou a porrada, tão forte desta vez, que dilacerou o fígado da criança. Ele teve uma hemorragia interna. 
A madrasta, que o socorreu, levou-o para o posto de saúde da Vila Kennedy. "Estava com os olhos grandes, de cílios longos, entreabertos. Mas não havia mais o que fazer. Estava morto" - conta a repórter Maria Elisa Alves, do Globo, num relato publicado nesta quarta-feira de cinzas, quando só então o fato foi divulgado:
O corpo de Alex, coberto de hematomas, era um mapa dos horrores que ele vinha passando. O laudo do Instituto Médico Legal descreve em muitas linhas todo o sofrimento: a criança tinha escoriações nos joelhos, cotovelos, perto do ouvido esquerdo, no tórax, na região cervical; apresentava também equimoses na face, no tórax, no supercílio direito, no deltoide, punho esquerdo, braço e antebraços direitos, além de edemas no punho direito e na coxa direita. A legista Áurea Torres também atestou que o corpo magricelo apresentava sinais de desnutrição
A cena do menino no caixão branco, de blusinha listrada, foi tão forte - conta Elisa - que levou pessoas de quatro velórios que eram realizados ao lado a sair de suas capelas para abraçar a mãe.
Fipilhopó da putapa
Preso, o pai confessou à polícia que ficava enfurecido porque o bailarinozinho apanhava sem chorar, evidenciando que a lição "não estava sendo suficiente e que, por isso, batia mais e mais”. Uma sobrinha do assassino, ouvida por Elisa, confirma que ele era homofóbico, "cismado com essa coisa de homossexual" e rejeitava também outro filho, mais velho, por achar que não era suficientemente macho.
Muitos pais ficariam exultantes e orgulhosos se tivessem um filho com a doçura, a sensibilidade e o dom do bailarinozinho. Um preconceito infame, porém, levou um energúmeno a se sentir infeliz e a acabar com a vida de uma criança indefesa, causando mais infelicidade para ele próprio e para os que o cercam. Nem o presidente da Uganda foi tão longe, quando barbarizou, sancionando lei que pune os gays com prisão perpétua. Alex André puniu com a pena de morte quem sequer, com oito aninhos, ainda não havia afirmado o direito à sua sexualidade.
Se Alex André não nasceu com a cabeça cheia de preconceito, a pergunta que se impõe é: quem foi que colocou tanta merda lá dentro?
Em entrevista há pouco mais de três anos, o deputado Jair Bolsonaro aconselhou, neste caso, os pais a surrarem seus filhos: “O filho começa a ficar assim meio gayzinho leva um couro, ele muda o comportamento dele. Tem muita gente que diz: ainda bem que eu levei umas palmadas, meu pai me ensinou a ser homem”. 
Para ele, homossexualismo é uma doença que só se cura com porrada. Ninguém sabe se Bolsonaro apanhou muito, se fala por experiência própria, se espancou algum de seus quatro filhos homens. Mas ele conseguiu vender seu peixe para muitos incautos.
O resultado está aí: uma vida brutalmente ceifada e outras vidas destruídas. Quem vai agora ensinar o fipilhopó da putapa do ex-presidiário, ele sim, a "andar como homem", a resgatar sua humanidade?

Cultura - Inaugurada a Incubadora Mato Grosso Criativo.

Com forte presença de representantes do setor cultural e do governador do estado, Silval  Barbosa, o Ministério da Cultura inaugurou, nesta terça-feira (11), em Cuiabá, a Incubadora Mato Grosso Criativo. O espaço vai auxiliar empreendedores a criar, desenvolver e promover seus produtos, sejam eles bens ou serviços culturais.
Além de Cuiabá, outros quatro municípios do estado serão pólos da Incubadora Mato Grosso Criativo: Alta Floresta, Rondonópolis, Cáceres e Barra do Garças. 
Segundo o governador Silval Barbosa, o novo espaço permite atuação em parceria entre agentes financiadores e aqueles que trabalham com cultura no Mato Grosso. 
A idéia, enfatizou Barbosa, é que esses empreendedores possam se capacitar, elaborar bons projetos e desenvolver seus produtos. "É um espaço de oportunidades que está se criando com o apoio do Minc e a garantia de agentes financiadores. Só hoje, tivemos quatro agentes presentes e outros certamente virão para ser parceiros", comemorou o governador.
Fruto de uma parceria entre Secretaria da Economia Criativa do Ministério da Cultura e o Governo do Estado, a Incubadora compõe a Rede Incubadoras Brasil Criativo, ação que promove o fomento do setor cultural por meio de centros de inovação voltados à formação, fomento e promoção de empreendedores culturais.
Ao todo, o Minc investirá cerca de R$ 40 milhões em 13 Incubadoras. Além de Pará e Mato Grosso, serão inauguradas Incubadoras nas capitais dos estados do Acre, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Paraná, Pernambuco e Distrito Federal.
Em seu discurso, a secretária substituta de Economia Criativa do Minc, Georgia Nicolau, ressaltou a criatividade do povo brasileiro e lembrou que, "todos os dias, boas ideias nascem e morrem".
"Queremos que com essa Incubadora as ideias possam florescer e dar frutos, desde a criação de uma empresa, um novo produto, um novo serviço ou até a manutenção de um ponto de cultura. Nosso sonho é que o setor cultural possa viver do que faz e com sustentabilidade. Que com essa assessoria técnica e a ajuda de parceiros a gente possa dar vida longa a esses empreendedores", explicou. 
Por meio de edital, 11 profissionais de diferentes áreas foram selecionados para trabalhar na Incubadora, todos qualificados para as atividades de assessoramento, capacitação e elaboração de projetos. "Este projeto vem pra suprir uma demanda. Toda a necessidade que o produtor cultural tiver ele vai aprender aqui. Basta ter criatividade e buscar a incubadora que ele terá capacitação", afirmou a secretária de Estado da Cultura, Janete Riva.
O evento também oficializou o Comitê Gestor do projeto Arranjo Produtivo Local (APL) do Vale do Rio Cuiabá, composto por quatro secretarias estaduais de governo, inclusive a de Cultura, para fortalecer conjuntamente as diversas facetas produtivas da região. Ao final da inauguração, aconteceu uma apresentação do duo de viola de cocho e voz, Abel Santos e Vera Capilé.

Estiveram presentes, ainda, a pro reitora em exercício da UFMT, Vera Bortolini, o superintendente regional substituto da Regional da Caixa Econômica Federal, José Luiz Dias, representantes da Diretora Regional do Senac, Paula Fernandes e Zildinete Arruda, representante da superintendência do Sebrae, Leide Katayama, gerente de Mercado de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, Osvaldo Biasi, gerente geral da agência do Banco da Amazônia Cuiabá, Eden Savio Pereira da Silva, diretor presidente do MT Fomento, Mário Milton e assessor especial da Superintendência de Assuntos Indígenas, Alexandre Bregunci.

Fonte / Texto: Secom / MT - Fotos: Júlio Rocha - Publicação: Ascom / MinC.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Brasil - Avião A-29 (Super Tucano) da FAB caiu em Mato Grosso do Sul.


A-29B - foto 10 Nunão - Poder Aéreo

ACIDENTE OCORREU NO FIM DA TARDE, EM UMA ÁREA RURAL DE CAMPO GRANDE. DE ACORDO COM A FAB, AERONAVE PARTICIPAVA DE TREINAMENTO.

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ClippingNEWS-PA
Um Super Tucano A-29 da Força Aérea Brasileira (FAB) caiu durante treinamento às 17h05 (de MS), desta quarta-feira (12), em uma área rural de Campo Grande. 

Segundo informações divulgadas pela FAB, o único ocupante da aeronave era o piloto, que acionou o assento ejetável e sobreviveu.

De acordo com a corporação, o militar foi resgatado minutos após o acidente por um helicóptero Força Aérea. Ele estava consciente e não tinha ferimentos. 
Há equipes da FAB no local, que fica a cerca de 55 quilômetros da área urbana da capital sul-mato-grossense. A Aeronáutica já iniciou as investigações para apurar as causas do acidente.
FONTE: G1 MS
Foto meramente ilustrativa

NOTA OFICIAL DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA

(clique aqui para acessar)
Publicado: 12/03/2014 19:21h
O Comando da Aeronáutica informa que nesta quarta-feira (12/03), às 18h05 (Horário de Brasília), uma aeronave A-29 Super Tucano da Força Aérea Brasileira (FAB) caiu a 55 quilômetros a sudoeste de Campo Grande (MS). 
O piloto da aeronave, e único ocupante, acionou seu assento ejetável e foi resgatado minutos depois por um helicóptero H-1H da FAB. O oficial passa bem e estava consciente no momento do resgate.
A Aeronáutica já iniciou as investigações para apurar os possíveis fatores que contribuíram para o acidente.
Brasília, 12 de março de 2014
Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno
Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

Cultura - Marta Suplicy declara apoio à internet livre e democrática.

A ministra da cultura, Marta Suplicy, declarou nesta terça-feira (11), apoio ao Marco Civil da Internet ao assinar a petição, no site da Avaaz, "Por uma internet livre e democrática", criada pelo ex-ministro Gilberto Gil. 
Além do abaixo-assinado, a ministra publicou em rede social, um vídeo onde explica os pilares do projeto: Neutralidade da Rede, Privacidade do usuário e Liberdade de Expressão.
"O nosso interesse é o que a presidenta Dilma levou a ONU. É o interesse do povo brasileiro", enfatizou a ministra.
Em diversas ocasiões, a ministra tem se demonstrado antenada com as questões relacionadas à potencialidade da internet e a importância da Cultura Digital. 
Em artigosagendas por onde passa e através de parcerias com o Ministério das Ciências, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marta Suplicy tem buscado o fomento ao setor.
Agora, se manifesta, mais uma vez, acerca de um tema que se refere diretamente à internet.
Veja o vídeo:

Texto e edição: Ascom / MinC.
Link desta matéria:

domingo, 9 de março de 2014

Foram Identificadas as Quatro Meninas Assassinadas ontem em Goiânia

Foto - http://cleubercarlos.blogspot.com.br

De acordo com informações obtidas com exclusividade pelo blog do Cleuber Carlos as vítimas foram identificadas como sendo: Rayane Kellry, 16 anos, Sinara Monteiro da Costa, 16 anos, Mylleide Morgana 19, anos e  Ana Kelly Martins Cardoso 18 anos. 

Segundo testemunhas e relatos de parentes. As garotas estavam  em um lugar chamado Passarela, próximo do setor Vera Cruz e foram levadas por dois rapazes em um carro prata. 
Ana Kelly

Ana Kelly tinha um filho de 1 ano e morava com a mãe, Cícera Martins que confirmou que a filha  era  usuária de drogas.

 Sinara também tinha um filho de 1 ano e havia sido ameaçada por um tal de Samuel, que é o principal suspeito de ter praticado a chacina.

 Mylleide estava grávida de 2 meses. O pai dela só soube da gravidez da filha quando compareceu a delegacia de homicídios. A polícia civil recebeu a informação que um dos rapazes que levou as garotas da festa  levou um tiro na tarde deste sábado, no entanto, o delegado Murilo Polatti não confirmou,  nem desmentiu esta informação que foi passada por uma amiga de uma das vítimas.

Segundo relatos de testemunhas Rayane Kellry saiu com as amigas pela primeira vez.

As quatro adolescentes tinham envolvimento com o mundo do crime.

O delegado  Murilo Polatti, titular da Delegacia de Investigação de Homicídios, está trabalhando para chegar aos autores do crime e já ouviu parentes das vítimas que confirmaram o envolvimento delas com "bandidos".

Apontando como  autor dos homicídios por testemunhas, "Samuel",  segundo a  polícia é integrante de uma quadrilha de roubo de carros na capital e já esteve preso.

Ele está jurado de morte por parentes das vítimas.

MORTES NO MUNDO DO CRIME

Muitas pessoas nesta hora, aproveitam para politizar em cima do crime.

Goiás não está entre os estados mais violentos do pais, mas está inserido dentro do contexto do Brasil.  Goiás aparece na 13ª posição no ranking da violência. O problema da violência e falta de segurança é um problema generalizado no Brasil. Onde neste pais podemos dizer que não tem problema de violência? 
Foto do perfil de Mylleide: Arma









O problema da violência não está relacionado somente com o trabalho da polícia, mas sim com a leis.

A maioria dos crimes cometidos, como este, é praticado por bandidos que já foram presos pela polícia, mas,  infelizmente nossa legislação tratou de colocar nas ruas para continuar cometendo crimes.

Pode equipar a polícia, aumentar o efetivo, aumentar salários, mas enquanto não mudar radicalmente a legislação,  os bandidos continuarão livre para bater, roubar, assassinar e sair rindo depois de tudo.

Com as leis atuais,  a polícia está trabalhando para enxugar gelo.

LEIA MAIS: Dia Internacional da Mulher, é marcado por uma chacina em Goiás, onde Quatro Mulheres são Mortas com tiros nas cabeças. http://maranauta.blogspot.com.br/2014/03/goias-no-dia-internacional-da-mulher.html

Rio de Janeiro - Beltrame fala em nova ocupação no Alemão.

Aumento assustador da população carcerária no Brasil

Aumento em flecha da população carcerária no Brasil. 19922.jpeg
População carcerária do Brasil pulou de 285 mil para 548 mil em 10 anos


BRASILIA/BRASIL - A população carcerária no Brasil cresceu, nos últimos dez anos, em ritmo muito mais acelerado do que no resto do mundo: 71,2%, contra 8% da média dos demais países. Os dados foram calculados com base em duas listas, compiladas em 2003 e 2013 pelo International Centre for Prison Studies (ICPS), da Universidade de Essex, na Inglaterra. 

Como resultado da explosão do sistema carcerário, o Brasil mantém hoje na cadeia 55% a mais de presos do que a média mundial, sempre considerando a taxa média por 100 mil habitantes.

Se em 2003 a média mundial era de 164 presos, o Brasil estava abaixo dela: tinha 160. Em 2013, a situação se inverteu. 


Enquanto a média mundial é 177, a brasileira deu um salto: 274. 

Em 2003, o Brasil ocupava a 73ª posição no ranking per capita dos países que mais prendem. Subiu 26 posições no relatório de 2013, ocupando hoje o 47º lugar.

Em números absolutos, a população carcerária do Brasil passou de 285 mil para 548 mil nos últimos dez anos, num ritmo muito maior do que o crescimento da população. 


Isso levou o país da quinta para a quarta posição no ranking mundial, atrás de EUA, China e Rússia. A Índia, que antes ocupava a quarta posição - como manteve seu índice de presos mais ou menos estável ao longo da última década -, caiu para a quinta posição.

"Compilamos o relatório há 15 anos. Mas observamos o Brasil desde 1992. Desde então, a quantidade de presos per capita do país vem crescendo exponencialmente. O relatório de 2013 é com dados de 2012, os únicos disponíveis sobre o Brasil. Estamos ansiosos para ver os números do ano passado", diz Roy Walmsley, coordenador do estudo.

A instituição recolhe com países e organizações internacionais o número absoluto de presos, da forma mais atualizada possível e nos países onde ela é disponibilizada - o que muda ao longo dos anos, devido a guerras e instabilidade política -, e calcula a população carcerária per capita.

A organização defende que o número de prisões em todo o mundo seja "melhor dosado" porque, salienta Walmsley, nem sempre "prender mais é sinal de mais justiça". Segundo o coordenador do ICPS, mostrar essa discrepância entre os países tem como objetivo ajudar políticos e especialistas a considerar onde mudanças são necessárias, "dados os custos elevados e a eficácia duvidosa do emprisionamento".

Marcos Fuchs, diretor-adjunto da Conectas (ONG de direitos humanos), e Eduardo Baker, advogado da Justiça Global, não se surpreendem com essa "explosão da população carcerária no Brasil".

"O problema do sistema carcerário no Brasil precisa ser encarado com outros olhos. Se a Lei de Execução Penal, de 1984, fosse cumprida, o país já poderia dar um grande passo: pensando em penas mais brandas para certos crimes, em penas alternativas, em trabalho e reeducação de presos. 


Tragédias como esta do Maranhão são recorrentes na História do Brasil, e o sistema penitenciário está associado a ela", acredita Baker, para quem "não houve vontade política em nível federal e estadual para se resolver o problema".

Baker considera importante comparar a situação brasileira com a dos EUA. Apesar de ocuparem o primeiro lugar absoluto em todos os rankings de população presidiária, os americanos vêm, de 2008 para cá, promovendo uma série de medidas para reduzir o número de pessoas encarceradas.

"Os EUA viram que aquela política de prender todo mundo não necessariamente reduziu o problema do tráfico de drogas, ou mesmo da violência, da existência de gangues. O índice de mortes sob custódia nos EUA, por exemplo, é bem alto", destaca Fuchs, que reclama da qualidade dos dados sobre o sistema.

Ele afirma, por exemplo, que os EUA não contabilizam adequadamente as mortes na cadeia, sem fazer distinção entre morte violenta e morte natural. No caso do Brasil, Fuchs diz que falta um compilamento eficaz, em nível nacional.

Baker diz ainda que qualquer debate sobre as prisões passaria tanto pela questão das penas em si como pela discussão: "o que realmente constitui um crime?".

"Os americanos estão numa ampla discussão, por exemplo, sobre a legalização da maconha, o que não acontece no Brasil. Ainda temos uma sociedade muito conservadora nesse sentido", avalia.

Os dois especialistas destacam os baixos índices de presos per capita nos países europeus, que se reduziram ou se mantiveram estável ao longo dos anos. A Alemanha, por exemplo, que tinha 98 presos por 100 mil habitantes em 2003, hoje tem 79.

Diretor-presidente da Reviver, empresa que administra nove presídios no país, Odair Conceição afirma que o maior agravante da crise no sistema é o alto índice de reincidência: 70% dos presos, após libertados, voltam para a cadeia. 


Conceição diz ter conseguido reduzir a reincidência para 10% em suas unidades, conciliando tratamento humanitário, estrutura adequada e medidas como educação, trabalho e reinserção: "Cada estado brasileiro tem sua "Pedrinhas" (o presídio do Maranhão). O governante e o Judiciário precisam fazer a sua parte. Cerca de 40% da população carcerária ainda não foram julgados.

A conselheira e ex-presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) Marina Dias avalia que o Judiciário brasileiro acaba chancelando a situação de falência dos presídios do país ao não propor penas alternativas à de restritiva de liberdade, ao permitir que pessoas fiquem presas esperando julgamento e ao não acompanhar da maneira correta as condições das cadeias. A advogada afirma que a Lei de Execuções Penais prevê que promotores, defensores públicos e juízes visitem regularmente as penitenciárias.

"Será que isso está sendo cumprido? Será que, se estivesse, a situação estaria assim?", questiona.

Segundo Marina, levantamento do Ministério da Justiça em 2009 revelou que 80% da população presa não conseguem pagar advogado e dependem de Justiça pública.

"Mas o normal no país é que o defensor público só tenha contato com o preso no dia da primeira audiência", critica Marina.

Na opinião dela, para acabar com a tortura nas cadeias, é preciso aprovar projeto de lei que prevê a criação da audiência de custódia, que existe em outros países e pela qual os presos têm que ter o primeiro contato com o juiz até 48 horas depois de sua detenção. Com isso, pode denunciar torturas e ter acesso rápido à Justiça.

Para Marina, há um ciclo vicioso que faz o egresso da cadeia, que não consegue se reinserir na sociedade, retornar à prisão. "A gente prende muito e prende mal", afirma. Com informações de O Globo.

ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU


Link desta matéria: http://port.pravda.ru/sociedade/curiosas/06-03-2014/36361-populacao_carceraria-0/