Dick e Mirian Emanuelsson - 15.Jul.14 - Outros autores.
O projecto de construção de um novo canal interoceânico na América Central deve ser acompanhado com toda atenção. Em pleno “pátio das traseiras” dos EUA, a China e a Rússia participam na construção da enorme infra-estrutura.
Se se recordar a história dos EUA em relação ao canal do Panamá, sem dúvida que se abre uma interessante expectativa.
Os anúncios sobre o traçado escolhido para a construção de um Canal Interoceânico em Nicarágua e os seus estudos de viabilidade estão na mira de diversos meios de comunicação internacionais especializados em infra-estrutura marítima. Iniciaram a contagem regressiva.
Desde há alguns meses, a Nicarágua está imersa na planificação de um canal que permitirá a PASSAGEM do mar Caribe ao oceano Pacífico. A entrada da Rússia no projecto, para disponibilizar apoio organizativo e de segurança, desperta maior atenção de analistas estrangeiros bem como o interesse geopolítico da China Continental.
Uma vez apresentado o traçado, deverá ficar claro se o projecto está em condições de arrancar em Dezembro deste ano, tal como foi anunciado. Cinco séculos de espera poderiam chegar ao fim a partir deste ano, se os estudos de viabilidade económica e de impacto ambiental determinarem que é possível, por parte da empresa chinesa concessionária, Nicaragua Canal Development Investment Co. Limited (HKND Group), construir o canal.
O Coordenador da fracção parlamentar da FSLN na Assembleia Nacional, deputado Edwin Castro, defendeu o projecto do grande canal, sustentando que será benéfico para o desenvolvimento económico do país.
Castro disse que enquanto um navio mercante demora 7 dias para fazer a travessia no Panamá, com o canal na Nicaragua necessitará apenas de 30 horas, e para além disso poderão fazer aí a travessia navios de carga muito maiores.
Interrogado acerca do traçado definido, Castro limitou-se a dizer que não será através do Rio San Juan nem pela RESERVA Indio Maíz mais “mais para cima” na costa caribenha de Nicarágua. Assegurou que umas 400 pessoas trabalham no estudo de impacto ambiental e que são contempladas medidas compensatórias para todos os recursos hídricos que possam ser utilizados.
O legislador disse que o projecto contará com dois portos, um canal húmido, zonas francas, um oleoduto, grandes investimentos e que juntamente com ele haverá uma via-férrea. Este será um dos passos no seguimento da Lei de Construção do Canal Interoceânico que foi aprovada pela Assembleia Nacional, na qual foi estabelecida uma concessão por 50 anos em que o Estado deterá 51% das acções e os restantes 49% serão detidos por investidores, que poderão ser países, organismos internacionais ou pessoas individuais ou jurídicas.
A HKND projecta construir uma via de pelo menos 190 quilómetros em terra e 80 quilómetros através do lago Cocibolca, com uma largura de não menos de 150 metros para barcos de grande calado.
Estimativas iniciais indicam que o canal terá capacidade para captar o tráfego de 450 a 500 milhões de toneladas métricas anuais e receber embarcações de até 250.000 toneladas, com mais de 400 metros de comprimento, 59 de largura e 22 de calado.
Tais números em termos de capacidade - não oficiais - superam o canal de Panamá, que actualmente pode receber barcos de 64.000 toneladas e que, quando estiverem concluídas as suas obras de expansão, poderá acolher navios de até 140.000 toneladas.
A Câmara Nicaraguense da Construção previu esta segunda-feira que o inicio da construção pela Nicarágua de um canal interoceânico, prevista para começar em Dezembro próximo, gerará pelo menos um milhão de empregos.
“Embora sejam incalculáveis (as fontes de emprego), considero que vão ser criados entre 500.000 e um milhão de empregos”, disse o presidente dessa Câmara, Benjamín Lanzas, ao Canal 12 da televisão local.
Segundo Lanzas, à medida que se vão ampliando as zonas de construção no canal, irão surgindo mais oportunidades de trabalho em diversos sectores. Nestes termos, o líder empresarial qualificou esse projecto como “uma transformação para a Nicarágua”, devido a que no sector operário o emprego quintuplicará, e que será necessária mais maquinaria e a utilização das novas tecnologias…
Alvaro Baltodano, delegado presidencial no forum empresarial em Washington, DC: “O grande Canal de Nicarágua converter-nos-á na logística e centro de distribuição para o mundo, dá-nos a infra-estrutura de que necessitamos para nos desenvolver e ter um impacto no comércio mundial”.
O Ministro das Relações Exteriores da Bielorrússia, Vladimir Mackay, apresentou esta segunda-feira um relatório sobre o seu périplo pela América Latina que incluiu uma viagem a Nicarágua.
“Em Nicarágua, começou um projecto ambicioso, a ideia muito interessante de construir um canal interoceânico entre os oceanos Pacífico e Atlântico. Para nós, este projecto representa um interesse real e concreto no contexto do fornecimento de equipamento pesado para ali, como os camiões” BelAZ MAZ e a técnica de pavimentação de estradas”, disse Mackay.
Ver vídeo sobre el canal interoceânico. Entrevista com Paul Quist, chefe do projecto do governo sandinista.
Por Dick y Mirian Emanuelsson: https://vimeo.com/74719333