quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Educação. Secretários municipais discutem Base Comum Curricular para escolas brasileiras.

Marieta Cazarré - Repórter da Agência Brasil
Mais de 100 secretários municipais de Educação estão em Brasília para discutir a construção da Base Nacional Comum Curricular para as escolas brasileiras. 
Eles participam do seminário “Base Comum Curricular em Debate: Desafios, Perspectivas e Expectativas”, promovido pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).
A base está prevista em lei, no Plano Nacional de Educação (PNE), e vai fixar conteúdos mínimos de cada etapa da educação básica, que vai da educação infantil ao ensino médio. A expectativa é que o documento fique pronto este ano. Qualquer pessoa pode contribuir com sugestões e críticas por meio do site do Ministério da Educação, até o dia 15 de março. Segundo o MEC, já foram apresentadas mais de 9 milhões de propostas. 
Hoje (20), na abertura do seminário, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, defendeu a construção conjunta e colaborativa da Base Nacional Comum Curricular, pelos diversos setores da sociedade, para que o referencial contemple conteúdos essenciais para as crianças e jovens.
O presidente da Undime, Alessio Costa Lima, disse que a instituição pretende consolidar até amanhã (21) um documento com contribuições para a base.
Para a presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Camila Lanes, a reformulação do currículo básico é extremamente necessária. “A dinâmica existente hoje não atrai o estudante para a sala de aula, pelo contrário, afasta. A evasão infelizmente cresce no Brasil a cada ano. Pautamos que ela [a reformulação da base curricular] transforme a educação. É preciso ser mais humana, ter formação crítica dos estudantes. Não apenas uma formação para o mercado de trabalho ou para o vestibular.”
No seminário, os conselheiros nacionais da Undime trabalharam em 11 grupos: nove são dedicados aos componentes curriculares do ensino fundamental, um à educação infantil e o outro trata da educação especial.
A Base Nacional Comum Curricular será debatida em seminários nos 26 estados e no Distrito Federal, antes de ser finalizada. Em seguida, o documento terá que ser aprovado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e, por fim, homologado pelo MEC.
A intenção é que os conteúdos definidos na base ocupem 60% da carga horária dos estudantes. No restante do tempo, as redes de ensino poderão definir o que oferecer – desde conteúdos regionais e atividades extras à formação técnica, por exemplo.
Edição: Luana Lourenço

UFMA. Reitoria comunica que o Restaurante Universitário volta a funcionar para o almoço e o jantar a partir de segunda-feira, 25 de janeiro.


Foto Restaurante Universitário volta a funcionar para o jantar a partir de segunda-feira, 25

SÃO LUÍS - A partir do dia 25 de janeiro, próxima segunda-feira, o Restaurante Universitário voltará a funcionar normalmente para o jantar, segundo anunciou hoje a reitora da UFMA, Nair Portela.  
Por conta do corte no orçamento das universidades imposto pelo governo federal, o RU vinha funcionando há cerca de dois meses apenas para o almoço.
Além de ter se empenhado para a reabertura do restaurante também no jantar, a reitora comunicou que a UFMA fará uma audiência pública no dia 27, às 9h, no auditório central do Centro Pedagógico Paulo Freire, para discutir o financiamento público do RU. As regras para participar da audiência estão descritas no Edital.
Revisão: Patrícia Santos
Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Fonte: Ascom
Última alteração em: 20/01/2016 14:39.

Vereadora Rose Sales reitera necessidade de instalação de Unidade de Segurança no Bairro do Anil.

No ultimo dia 19 de janeiro do corrente ano, a vereadora reuniu-se com integrantes de sua assessoria, e na companhia de Lilian Miranda e Magal, participaram de uma reunião com os gestores da UDAI, setor competente da Secretaria de Estado de Segurança Pública, a fim de reiterar o pleito sobre a implantação do Conselho Comunitário pela Paz para os bairros integrantes da área do Grande Anil. 
Na mesma reunião ficou acertado à agenda para discussão do processo de implantação do Conselho com as comunidades envolvidas e as lideranças locais para o próximo dia 1° de março de 2016.
Um importante instrumento de fortalecimento mútuo, (governo e sociedade) no combate a violência, através da participação comunitária na promoção da PAZ para São Luís e nossas comunidades, objetivando envolver todas as lideranças e representações do território do grande Anil.
Concluída a reunião, a Vereadora Rose Sales se dirigiu ao gabinete do Secretário de Segurança Pública, Dr. ,Jefferson Portela, .onde acompanhada de integrantes da Comissão de moradores e lideranças do Anil, onde foram realizados os últimos acertos sobre a INSTALAÇÃO DA 3ª. COMPANHIA DO 9°. BATALHÃO no Bairro do ANIL, onde será nossa UNIDADE DE SEGURANÇA. O Secretário se comprometeu com os presentes em garantir a urgência dos procedimentos para aluguel do imóvel na Rua da Companhia/Anil. Aceitou o nosso convite para estar conosco na comunidade; e, acatou nosso pedido de reservar espaço na sede da Companhia para funcionamento do Conselho Comunitário pela Paz.

A Vereadora Rose Sales ao final dos trabalhos agradeceu a Deus por propiciá "UMA REUNIÃO CHEIA DE ÊXITO FRUTO DE UMA LUTA COLETIVA EM PROL DE TODO O POVO DO GRANDE ANIL! A VERDADEIRA FORÇA DA COMUNIDADE É A UNIÃO!"

“Sanções”: nome novo para guerra econômica ilegal.

732423333
14/1/2016, Christopher Black,* New Eastern Outlook.
Traduzido por Vila Vudu.

A reaplicação e o aprofundamento de “sanções” que EUA e Europa impõem à Rússia, e a ameaça de novas “sanções” agora contra o Irã – armas usadas há muito tempo contra qualquer nação que não obedeça aos diktats daqueles ‘sancionadores’, de Cuba à China, do Zimbabwe à Venezuela, são mais e mais afrontas contra os povos russo e iraniano.

Falsas esperanças surgidas em alguns grupos, de que os vassalos europeus dos EUA agiriam com independência e buscariam maior cooperação com Rússia e Irã, mais uma vez se mostraram irrealistas, baseadas numa avaliação errada de o quanto alguns setores comerciais estariam desgostosos ante o efeito das “sanções” sobre economias europeias.

É sem dúvida correto que vários setores daquelas economias estão sofrendo por causa dessa guerra econômica, mas o regime em Washington e os regimes dependentes na Europa estão de olho em peixe maior, e dispostos a tolerar algum incômodo.

O peixe maior é, claro, o controle total sobre os recursos de Rússia e Irã e de toda a Eurásia. Esperam chegar ‘lá’ minando os governos dos países alvos até derrubá-los, e substituí-los por fantoches completamente dóceis, de modo que os recursos nacionais, em todos os casos, possam ser explorados até a exaustão, como bem entendam. Mas se não funcionar, já há planos traçados para mais e mais guerras os quais, como qualquer um vê, já estão sendo postos em ação.

Os norte-americanos estão operando numa estratégia de “guerra real e conversa falsa”, e vez ou outra dão sinais de que estariam abertos à cooperação; mas sempre usam as negociações para montar o cenário da agressão seguinte. Já fizeram isso incontáveis vezes contra a Rússia; e conseguiram forçar o Irã a entregar parte da própria soberania no que tinha a ver com desenvolvimento do programa nuclear iraniano para finalidades pacíficas, em troca de promessa de aliviar a guerra econômica contra o país.

Mas o Irã está aprendendo, como Rússia e como Cuba já sabem tão bem, que ninguém deve confiar nos norte-americanos, e que por baixo das obviedades que vivem de ‘anunciar’, os norte-americanos sempre fazem avançar sua agenda sempre agressiva.

Quanto à Rússia, todos os domínios foram explorados para pressionar a nação, desde a grosseria e a imbecilidade de os EUA não enviarem representante para assistir ao Desfile da Vitória em Moscou, num chilique de ressentimento tolo porque o Exército Vermelho venceu a 2ª Guerra Mundial na Europa, até a campanha para desqualificar a Rússia e os atletas russos na preparação para a Copa do Mundo de Futebol, e até os continuados insultos pessoais dirigidos ao presidente Putin, e até a derrubada de um jato russo e o assassinato do piloto por assassinos turcos, com os EUA aprovando o crime; e até, também, a mais recente farsa encenada por ONGs ligadas a CIA-MI6, como Anistia Internacional e Observatório Sírio, a inventar que a Rússia teria usado bombas de fragmentação na Síria contra civis.

A Rússia nega, e os EUA são obrigados a admitir que não têm como provar aquelas ‘acusações’. Mas a hipocrisia é estarrecedora, porque a OTAN, sim, usou bombas de fragmentação e todos os tipos de armas proibidas aos milhares, quando atacou a Iugoslávia e em outras de suas guerras pelo mundo. Israel, estado-cliente dos EUA, também usa frequentemente essas bombas de fragmentação; e há notícias de que a Arábia Saudita também as está usando no Iêmen.

Notável é que o governo russo consiga manter-se perfeitamente calmo e composto, profissional e diplomático como todos o temos visto, considerando-se que as sanções foram atentamente planejadas para tentar incapacitar e paralisar setores chaves da economia russa.

A razão declarada para continuar e aprofundar a agressão econômica contra a Rússia, é que os Tratados de Minsk não estarão totalmente implementados até o final do ano. Mas são a junta em Kiev e seus contrapartes europeus e norte-americanos que se recusaram a implementar as provisões chaves daqueles acordos, não a Rússia, que fez de tudo para que os acordos acontecessem e funcionassem.

Evidentemente, não há “sanções” correspondentes contra a junta em Kiev e a guerra sem trégua que faz ao próprio povo, a destruição da democracia e do livre debate político na Ucrânia, a tolerância com grupos declaradamente fascistas e paramilitares, ao mesmo tempo em que o Partido Comunista é extinto; a recusa evidente a cumprir o que prometeu em Minsk. Não. “Sanções”, só contra a Rússia.

Evidentemente, a questão ‘Minsk’ não passa de pretexto. É o que se deduz da ameaça que os EUA fizeram, de que, se a Crimeia não for devolvida ao controle do regime de Kiev, as “sanções” não serão levantadas. Dado que os EUA sabem que tal coisa jamais acontecerá, é o mesmo que dizer que as “sanções” serão eternas. Assim se vê que o verdadeiro objetivo é encontrar motivo, seja qual for, para manter a agressão do ‘ocidente’ contra a Rússia, com vistas a alcançar o objetivo estratégico maior.

A mesma lógica aplica-se ao Irã. Não importa quanto o pais aceite e ceda dos próprios princípios no esforço para evitar guerra, jamais será suficiente, enquanto o Irã insistir em manter postura de país soberano e independente. A guerra econômica continuará enquanto os EUA conseguirem mantê-la. No caso de Cuba, foram 55 anos.

O pretexto variará conforme o momento e a circunstância, mas a estratégia não muda. É guerra. Mais uma guerra dos EUA contra país que não o agrediu, guerra ilegal e imoral, contra um povo inteiro – de fato, contra vários povos inteiros, em vários cantos do mundo –, para garantir ganhos privados de elites proprietárias no ‘ocidente’, cuja única preocupação é aumentar sempre os próprios lucros à custa de todo o resto da humanidade.

Tenho usado o termo “sanção” entre aspas, porque essa acepção não é precisa; “Sanção” significa garantir alguma recompensa por obediência, e algum castigo por desobediência, a alguma lei. Há outros significados para a palavra, mas todos definem a mesma condição-obediência de vassalo a mestre, de súdito a monarca, de  prisioneiro a carcereiro. A condição implica necessariamente que a pessoa que aplica a sanção está em posição legal superior à da pessoa a ser sancionada; que o superior tem direito legal de aplicar a sanção e de que há sistema de leis vigentes segundo o qual as sanções são discutidas, acordadas e permitidas.

Essa é a definição ‘de lei’. Mas todos os dias se ouve falar de “sanções” impostas a Rússia e Irã, ou a Cuba e Venezuela, por razões que o mundo inteiro sabem que são falsas, baseadas numa suposta autoridade legal que não existe no mundo, baseadas em leis que jamais foram legalmente criadas, e impostas por governos nacionais que só têm, para apoiar uma grande presunção, a sua ainda maior arrogância; e que aquelas nações impõem-se como se fossem superiores às demais, porque é como se não existisse nenhuma soberania e nenhuma pressuposta igualdade entre as nações. Como se os diktats dos EUA fossem ordens a serem obedecidas por gente inferior, que rasteja abaixo deles.

Uma vez que restrições econômicas sobre atividades bancárias, as finanças e o comércio impostas contra Rússia e Irã pelos EUA e seus estados subalternos na aliança da OTAN absolutamente não correspondem à definição de sanção[1] [ing. sanction], é útil usar a expressão correta para explicar o que são essas restrições. E só há uma palavra que explica abrangentemente tudo: guerra.

E, dado que não é forma de guerra admitida na Carta da ONU, não há dúvidas de que configuram crimes de guerra econômicos, agressão econômica, pelos quais algum dia haverá pena a exigir e pena a pagar, de um modo ou de outro.

O cap. VII, art. 41 da Carta da ONU diz que o poder para interromper completamente ou parcialmente quaisquer relações econômicas existe, e que ele compete exclusivamente ao Conselho de Segurança: é poder que só o CS pode exercer. Em nenhum outro espaço legal do mundo se fala desse poder e nenhum outro corpo, no mundo, exceto o Conselho de Segurança da ONU, tem esse poder.

Mais uma vez, a questão volta a ser, como quase sempre é, a palavra “guerra”. É claro que a tentativa de estrangular economicamente Rússia e Irã é tentativa de “punir” esses países e povos por prática de supostos crimes relacionados à defesa das respectivas posições estratégicas e da respectiva soberania. É também uma estratégia que visa a enfraquecer aquelas nações como forças que possam opor-se e resistir contra, em geral, qualquer agressão pela OTAN. A ONU foi literalmente burlada, atropelada, é como se nem existisse.

Depois que uma guerra começa, fatalmente tem de seguir seu curso até o fim lógico. Dado que a guerra econômica contra a Rússia não conseguiu que a Rússia capitulasse na defesa dos russos da Crimeia, do Donbass e da Síria, praticamente já não se pode duvidar de que a agressão econômica escalará até que o confronto armado se torne incontornável, com risco de guerra nuclear.

A Turquia, operando como mão-de-gato a serviço de Washington, Já atacou forças russas na Síria. A Rússia respondeu com admirável autocontrole àquele ato de guerra, limitando sua resposta ao domínio econômico, legítima expressão do direito dos russos à autodefesa. Mas a guerra econômica que o ‘ocidente’ faz hoje é guerra não provocada – mais um crime que viola a lei internacional –, é guerra de natureza imperialista e claramente não tem limites.

O presidente Putin em vários discursos têm conclamado as nações a não atropelarem a lei internacional e muito insiste na necessidade de que se restabeleça o respeito à lei internacional. Está certíssimo, mas não se sabe que novo sistema legal internacional se poderá restabelecer e como seria implantado.

Durante o período soviético, falava-se de “lei internacional”, mas, embora existissem princípios de lei que todos de modo geral aceitavam. Hoje, é difícil ver que princípios aceitos aproximadamente por todos se poderiam fixar como lei internacional.

A concha vazia a que então se chamava “lei internacional” realmente partiu-se depois do fim do Muro de Berlim, e o que temos hoje é não passa de pergaminhos ralos, palavras altissonantes e esperanças genuínas, mas já frustradas.

A lei é reflexo da estrutura econômica, social e política da sociedade que a cria. A lei internacional, num mundo em caos, já está convertida em lei do gângster, do pirata, do assaltante de beco. A toca deles todos é Washington, Londres e Bruxelas.


* Christopher Black é advogado criminal internacional. Vive em Toronto. É membro da Law Society of Upper Canada, conhecido por sua ação em casos internacionais de agressão a direitos humanos e crimes de guerra. Escreve regularmente para New Eastern Outlook”.
[1] Em português, a palavra “sanção” tem duas acepções diametralmente opostas, o que torna o significado dessa palavra impressionantemente ambíguo e vazio, quando ela é usada sem referência a contexto conhecido de todos: (a) Sanção penal = pena que a lei impõe a um crime; e (b) Sanção social = aprovação que a sociedade ou qualquer grupo dá a um comportamento (ex. a sociedade sanciona o casamento homo-afetivo, no sentido de que aceita, dá sua sanção, ao casamento homo-afetivo).
Dado que os EUA não são nem (a) a lei; nem (b) a sociedade, dizer-se, em português que “EUA sancionaram a Rússia” significa rigorosamente e perfeitamente NADA que se possa pensar; cria-se assim uma ocorrência de “significado zero”, que os falantes aprendem exclusivamente a repetir, adotando a expressão como verdadeira, mas sem qualquer possibilidade de discutir e de verificar significado real algum. É a prática frequente do chamado ‘golpe linguístico’. Parece que o mesmo acontece também em inglês (a verificar) [NTs].


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Rio de Janeiro. Policia Rodoviária Federal, troca tiros com bandidos na Ponte Rio-Niterói, termina com dois mortos e um ferido, nenhum policial se feriu.

Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil.
Duas pessoas morreram e uma ficou ferida durante um tiroteio na Ponte Rio-Niterói, na noite de ontem (19). Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), as vítimas estavam em um carro de onde partiram tiros em direção dos policiais. 
Um dos mortos foi identificada como Suellen Gomes, de 20 anos, que não tinha passagem pela polícia. 
O outro ainda não foi identificado.

O ferido é Marlom Esteves de Oliveira, que estava sendo procurado pela polícia e foi encaminhado para o Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, no Grande Rio. De acordo com a PRF, a Polícia Civil recebeu informações de Marlom, que tem um mandado de prisão por homicídio em aberto em nome dele, seguia do Rio para uma comunidade de Niterói, com drogas e armas.

Os policiais civis então acionaram a PRF e fizeram uma blitz conjunta na Praça do Pedágio, na ponte. 
De acordo com a PRF, quando o carro onde estava Marlom foi avistado, os agentes pediram que ele parasse. 
No entanto, os ocupantes do carro atiraram na direção dos policiais e tentaram atropelar os agentes.

A PRF informou que só então os policiais revidaram. No carro das vítimas, foram encontradas armas e drogas, que seriam levadas para o Morro do Sabão, em Niterói. Nenhum outro carro foi atingido pelos tiros, de acordo com a PRF.

Edição: Talita Cavalcante.

Fórum Social Mundial precisa se abrir à busca de alternativas ao neoliberalismo (por Emir Sader).

Marcha de abertura do Fórum Social Mundial em Túnis, em 2013 | Foto.
A década de 1990 foi a de seu auge, combinando o eixo Estados Unidos-Inglaterra com a adesão da social democracia europeia, o fim da URSS, a adoção pela China de um modelo de mercado. 
Uma ofensiva que buscava se consolidar com o Consenso de Washington e o pensamento único.
A irrupção do neoliberalismo como novo modelo de capitalismo foi fulminante, atropelando tudo o que havia e se propagando com uma velocidade nunca vista. Rapidamente se transformou no modelo hegemônico, euforicamente, promovendo valores de mercado, destruindo direitos e regulações estatais.

Como setores amplos da própria esquerda aderiram ao novo modelo, a resistência ao neoliberalismo foi protagonizada por alguns partidos de esquerda, mas essencialmente por movimentos sociais. Essa resistência assumiu, inicialmente, a forma de manifestações de protesto contra o Fórum Econômico Mundial de Davos.

Até que as forças que protagonizavam esses protestos resolveram organizar um fórum alternativo, que assumiu o tema social no lugar do econômico, como símbolo dos conteúdos contrapostos dos dois fóruns.
Decidiu-se que deveria estar no Sul do mundo, vítima privilegiada das políticas neoliberais. Que deveria estar na América Latina, onde havia mais lutas de resistência e em particular no Brasil, país do PT, do MST, da CUT, do orçamento participativo. Por isso, a cidade escolhida foi Porto Alegre.
Os primeiros fóruns já surpreenderam pela quantidade e diversidade de participações, tanto da América Latina como também da Europa e, complementarmente, da Ásia, da África e dos Estados Unidos. O lema do Um outro mundo é possível significava a luta contra o pensamento único e as normas do Consenso de Washington.
O caráter amplo do Fórum Social Mundial (FSM) foi sendo limitado ao longo do tempo, conforme ONGs impuseram normas restritas, excluindo forças políticas, governos, partidos. Isso foi feito marginalizando os componentes representativos na direção do FSM, como a CUT e o MST. Além disso, pela visão equivocada de oposição ao Estado, com a ilusão de que seria possível mudar o mundo sem apropriação do Estado e mudança do seu caráter.
Conforme foram se elegendo governos antineoliberais na América Latina – especialmente com os primeiros, de Hugo Chávez na Venezuela em 1998, de Lula no Brasil em 2002, de Néstor Kirchner na Argentina em 2003, de Tabaré Vázquez no Uruguai em 2004 – foi ficando claro que a construção de alternativas ao neoliberalismo – que devia ser objetivo do FSM – passava por esses governos.
Governos que privilegiam o social no lugar do ajuste fiscal, a integração regional no lugar do livre comércio e dos seus tratados, e resgatam o Estado para afirmar direitos excluídos pelos governos neoliberais. Esses governos não tinham lugar no FSM. Naquele realizado em Belém, em 2009, o último importante e representativo do FSM, o maior ato foi protagonizado por presidentes latino-americanos – Chávez, Lula, Rafael Correa, Evo Morales, Fernando Lugo – e teve de ser feito fora da programação oficial do FSM.
As ONGs se opuseram sempre a que houvesse propostas alternativas ao neoliberalismo, preferindo que o espaço fosse apenas de intercâmbio de experiências.
A partir daí se desviaram os caminhos de quem constrói alternativas aos neoliberalismo – governos sul-americanos – e as forças que apenas intercambiam experiências. O FSM perdeu transcendência, as novas gerações – as do Ocupa, dos indignados, do Podemos, do Syriza nem conhecem o FSM.
Nesta semana será realizado um FSM temático em Porto Alegre – as ONGs se opuseram a que o FSM se desse nessa cidade, preferindo fazê-lo no Canadá –, que pode ser importante se puder discutir alternativas futuras para o Brasil – como as atividades do projeto O Brasil que queremos, no acampamento da juventude.
.oOo.
Emir Sader é sociólogo e cientista político.

25 anos da guerra que marcou o início da “nova ordem”.

Manlio Dinucci.

Foto - Enforcamento de Saddam Hussein.

Há vinte e cinco anos, nas primeiras horas do dia 17 de janeiro de 1991, começava no Golfo Pérsico a operação “Tempestade do deserto”, a guerra contra o Iraque que abriu a fase histórica que estamos vivendo. Esta guerra foi desencadeada no momento em que, após a queda do Muro de Berlim, serão dissolvidos o Pacto de Varsóvia e a própria União Soviética. Isto criou, na região europeia e centro-asiática, uma situação geopolítica inteiramente nova. E, em escala mundial, desaparecia a superpotência capaz de fazer face aos Estados Unidos.

“O presidente Bush aproveitou esta mudança histórica”, conta Colin Powell. Washington traça imediatamente “uma nova estratégia de segurança nacional e uma estratégia militar para sustentá-la”. O ataque iraquiano contra o Kuweit, ordenado por Saddam Hussein em agosto de 1990, “fez com que os Estados Unidos pudessem pôr em prática a nova estratégia exatamente no momento em que começavam a torna-la pública”.

Saddam Hussein, que se torna o “inimigo número um”, é o mesmo que os Estados Unidos apoiaram nos anos 1980 na guerra contra o Irã de Komeiny, então o “inimigo número um” para os interesses estadunidenses no Oriente Médio. 

Mas quando em 1988 termina a guerra contra o Irã, os Estados Unidos temem que o Iraque, graças também à ajuda soviética, conquistasse um papel dominante na região. Então, recorreram à tradicional política de “dividir para reinar”. Sob a direção de Washington, muda também a atitude do Kuait: este exige o pagamento imediato da dívida contraída pelo Iraque e, explorando a jazida de Rumaila que se estende pelos dois territórios, eleva sua produção petrolífera para além da cota estabelecida pela Opep. 

Assim, acarreta prejuízo ao Iraque, que saiu da guerra com uma dívida externa de mais de 70 bilhões de dólares, dos quais 40 com o Kuwait e a Arábia Saudita. Saddam Hussein pensa sair do impasse “reanexando” o território kuwaitiano que, com base nas fronteiras traçadas em 1922 pelo procônsul britânico Sir Percy Cox, impede o acesso do Iraque ao Golfo.

Washington dá a entender a Bagdá que vai ficar fora da disputa. Em 25 de julho de 1990, enquanto os satélites do Pentágono mostram que a invasão é iminente, a embaixadora estadunidense em Bagdá, April Glaspie, assegura a Saddam Hussein que os Estados Unidos desejam ter as melhores relações com o Iraque e não pensam em interferir nos conflitos inter-árabes. Saddam Hussein cai na armadilha: uma semana depois, no dia 1º de agosto de 1990, as forças iraquianas invadem o Kuwait.

Washington, tendo formado uma coalizão internacional, envia então para o Golfo uma força de 750 mil homens, dos quais 70% são estadunidenses, sob as ordens do general Schwarzkopf. Durante 43 dias, a aviação estadunidense e aliada efetua, com 2.800 aviões, mais de 110 mil incursões, lançando 250 mil bombas, inclusive de fragmentação que espalham 10 milhões de munições. 

Participam nos bombardeios, com os EUA, forças aéreas e navais britânicas, francesas, italianas, gregas, espanholas, portuguesas, belgas, holandesas, dinamarquesas, norueguesas e canadenses. Em 23 de fevereiro de 1991, as tropas da coalizão, compreendendo mais de meio milhão de soldados, lançam a ofensiva terrestre. Esta termina em 28 de fevereiro com um “cessar-fogo temporário” proclamado pelo presidente Bush. A guerra é sucedida pelo bloqueio, que provoca na população iraquiana mais vítimas do que a guerra: mais de um milhão, das quais cerca da metade são crianças.

Imediatamente após a guerra do Golfo, Washington lança aos adversários e aos aliados uma mensagem inequívoca: “Os Estados Unidos são o único Estado com uma força, uma envergadura e uma influência em todas as dimensões – política, econômica e militar – realmente mundiais. Não existe nenhum substituto à liderança norte-americana”. 

(Estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos, agosto de 1991).

A guerra do Golfo é a primeira guerra em que a República Italiana participa sob comando estadunidense, violando assim o artigo 11 da Constituição. A Otan, sem participar oficialmente como tal na guerra, põe à disposição suas forças e estruturas para operações militares. Alguns meses mais tarde, em novembro de 1991, o Conselho Atlântico promulga, na esteira da nova estratégia dos EUA, o “novo conceito estratégico da Aliança”. No mesmo ano é promulgado na Itália o “novo modelo de defesa” que, derrubando a Constituição, indica como missão das forças armadas “a tutela dos interesses nacionais em toda parte que seja necessário”.

Assim nasceu com a guerra do Golfo a estratégia que conduziu a guerras sucessivas sob o comando estadunidense, apresentadas como “operações humanitárias de manutenção da paz”: Iugoslávia 1999, Afeganistão 2001, Iraque 2003, Líbia 2011, Síria desde 2013, acompanhadas no mesmo quadro estratégico, pelas guerras de Israel contra o Líbano e Gaza, da Turquia contra os Curdos do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), da Arábia Saudita contra o Iêmen, a formação do chamado estado Islâmico e outros grupos terroristas funcionais à estratégia da dupla EUA/Otan, a utilização de forças neonazistas para o golpe de Estado na Ucrânia servindo à nova guerra fria contra a Rússia.

Proféticas, mas no sentido trágico, as palavras do presidente Bush em agosto de 1991: “A crise do Golfo passará à história como a incubadora da nova ordem mundial”.


Manlio Dinucci  Geógrafo e geopolítico. Últimas publicações : Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Geocommunity Ed. Zanichelli 2013 ; Escalation. Anatomia della guerra infinita, Ed. DeriveApprodi 2005.

Tradução José Reinaldo Carvalho 
Editor do site Resistência