segunda-feira, 17 de abril de 2017

São Luís - Comissão da Câmara de Vereadores discute medidas para prevenir violência contra mulher na UFMA.

Bárbara Soeiro pede união de forças para política de combate a violência.
A repercussão de dois casos de estupro no campus da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em São Luís, registrados nas últimas semanas, culminou com uma reunião de entre a presidente da Comissão de Defesas dos Direitos e Protagonização da Mulher da Câmara de São Luís, vereadora Barbara Soeiro (PSC) e a reitora da UFMA, professora Nair Portela. O tema principal do encontro foi discutir como o poder público pode ser mais eficaz em medidas que possam coibir a violência cometida contra as mulheres nas dependências da universidade.

“É preciso unir esforços com gestão universitária, os poderes públicos, a comunidade acadêmica e a sociedade em geral, para verdadeiramente proporcionarmos uma política com ações efetivas de enfrentamento a essa questão de violência, que infelizmente não se apresenta exclusiva à UFMA, mas à população como um todo”, declarou Barbara Soeiro.

O encontro foi motivado após o registro de dois estupros nas dependências da UFMA em menos de uma semana. Sendo que o primeiro caso foi registrado, na manhã do dia 1º deste mês, no plantão da Vila Embratel. Na ocorrência, consta que a vítima estava em uma festa na universidade na noite do dia 31 de março, quando, por volta das 22h30, ela foi abordada por um homem que a estuprou.

Já o segundo caso foi na noite do dia 3 deste mês. Uma estudante do curso de Ciências Econômicas afirma que foi violentada em uma área de matagal próximo ao prédio Paulo Freire, no campus do Bacanga. O suspeito, que portava uma arma de fogo, abordou a jovem dentro do ônibus e a obrigou a descer para praticar o abuso.

MEDIDAS CONTRA VIOLÊNCIA
Diante dos casos de violência sexual, a Comissão de Defesas dos Direitos e Protagonização da Mulher da Câmara de São Luís está se organizando para cobrar medidas com o intuito de discutir a segurança no campus do Bacanga.

“A UFMA é um espaço que merece um melhor sistema de segurança, principalmente à noite. Não podemos deixar que nossas mulheres tenham seus direitos violados, no ambiente que elas lutam para ter uma condição de vida melhor, que é na universidade. Por isso, a estruturação do espaço físico é importante, mas, além disso, é importante trabalhar a questão da educação para o combate a essa cultura de violência”, afirmou a parlamentar.

Durante a reunião, a professora Nair Portela anunciou a criação de um Fórum para discutir essas questões. E garantiu que todas as providências estão sendo tomadas para combater a violência contra mulheres no Campus da UFMA.

“Já me reunir com o secretário Estadual de Segurança Pública, Jefferson Portela, para solicitar uma viatura da Policia Militar na UFMA. E resolvemos criar um Fórum com o objetivo de discutir essas questões”, disse a reitora.

Além de Bárbara Soeiro, a Comissão de Defesas dos Direitos e Protagonização da Mulher da Câmara Municipal de São Luís atualmente é composta pelas vereadoras Concita Pinto (PEN) e Fátima Araújo (PC do B).

Texto: Anielle Granjeiro.
Diretoria de Comunicação - CMSL.

domingo, 16 de abril de 2017

Samarco. Além do Rio Doce, águas subterrâneas da bacia também estão contaminadas.

Colatina (ES) - Rio Doce é atingido por rejeitos de mineração do rompimento da barragem da Samarco em Mariana, em Minas Gerais (Fred Loureiro/Secom ES)
Águas subterrâneas da bacia do Rio Doce  também estão contaminadas com metais pesados,
segundo estudo
Fred Loureiro/Secom ES.

Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil.
Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com o Greenpeace, revelou que, além do Rio Doce, as águas subterrâneas da região estão contaminadas com altos níveis de metais pesados. A água dos poços artesianos locais apresentaram níveis desses metais acima do permitido pelo governo brasileiro. Os pequenos agricultores são os mais prejudicados, já que não têm outra fonte de água para a produção e para beber.
As águas do Rio Doce foram contaminadas pelo rompimento da Barragem de Fundão, pertencente à mineradora Samarco, no município mineiro de Mariana, em 5 de novembro de 2015. O incidente devastou a vegetação nativa e poluiu toda a bacia do Rio Doce, atingindo outros municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo. Dezenove pessoas morreram e diversas comunidades foram destruídas. O episódio é considerado a maior tragédia ambiental do país.
Após o desastre, agricultores familiares recorreram a poços artesianos para irrigar suas plantações e ter água para beber. As amostras coletadas pela equipe da UFRJ apresentaram altos níveis de ferro e manganês, que prejudicam o desenvolvimento das plantações e oferecem riscos à saúde, no longo prazo, segundo os pesquisadores.
Um dos objetivos do estudo do Instituto de Biofísica da UFRJ, em parceira com o Greenpeace, foi avaliar se os agricultores, impossibilitados de utilizar em suas plantações as águas do Rio Doce contaminadas pelo desastre, poderiam empregar com segurança os poços artesianos como fonte de irrigação e consumo.
Resultados
Pesquisadores analisaram a presença de metais pesados na água em 48 amostras coletadas de três regiões diferentes da bacia do Rio Doce: Belo Oriente (MG), Governador Valadares (MG), e Colatina (ES). As amostras foram coletadas em poços, em pontos do rio e na água tratada fornecida pela prefeitura ou pela Samarco.
A cidade de Belo Oriente apresentou cinco pontos de coleta com níveis de ferro e manganês acima do estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão do Ministério do Meio Ambiente. Em Governador Valadares foram identificados 12 pontos e, em Colatina, dez pontos com os valores acima do permitido. Segundo o estudo, a água desses locais não é adequada para consumo humano e, em alguns casos, também não é recomendado o uso para irrigação de plantas – situação de alguns pontos de Governador Valadares e Colatina.
A contaminação do Rio Doce se deu pelos rejeitos que vazaram com o rompimento da barragem. No entanto, os pesquisadores disseram não poder afirmar que os poços sofreram a contaminação por conta da lama vinda da barragem, por falta de estudos prévios na região. “Contudo, podemos afirmar que a escavação dos poços e sua posterior utilização se deu por conta do derramamento da lama na água do rio, que porventura, a inutilizou”, diz o relatório.
No longo prazo, para a saúde, a exposição ao manganês pode causar problemas neurológicos, semelhantes ao mal de Parkinson, enquanto o ferro, em quantidades acimas das permitidas, pode danificar rins, fígado e o sistema digestivo.
“A contaminação por metais pesados pode ter consequências futuras graves para as populações do entorno, que necessitam de suporte e apoio pós-desastre. Isso deve ser arcado pela Samarco e suas controladoras, Vale e BHP Billiton, e monitorado de perto pelo governo brasileiro”, defendeu Fabiana Alves, da Campanha de Água do Greenpeace.
Agricultura
No curto prazo, o grande impacto tem sido na agricultura, identificou a pesquisa. O estudo buscou pequenos produtores locais para analisar como seus modos de vida foram atingidos pela lama. Muitos dos que não abandonaram suas terras enfrentaram dificuldades financeiras por não conseguir mais produzir com o solo e a água que têm.
De acordo com o relatório, 88% dos entrevistados afirmaram ter alterado o tipo de cultivo e/ou criação realizada pela família após o incidente. A produção de cabras foi bastante afetada pelo desastre e as atividades de pesca e criação de peixes praticamente desapareceram na bacia.
Dados apresentados pelos pesquisadores após entrevistas com os agricultores demonstraram também que, antes do desastre, 98% dos entrevistados utilizavam água do Rio Doce para atividade econômica do dia a dia. Após a tragédia, somente 36% continuaram usando a mesma água. Destes, 87% utilizam a água para irrigação. Cerca de 60% dos entrevistados considera a água imprópria para uso, o que demonstra a insegurança no uso desse recurso fundamental para as populações que vivem à beira do rio.

Edição: Lidia Neves.

Temer (PMDB) ameaça sindicatos; se não entregarem os direitos trabalhistas, ele acaba com imposto sindical.

Foto - Altamiro Borges.
Temer planeja quebrar o sindicalismo
Duas manchetes garrafais publicadas nesta terça-feira (11) confirmam que o covil de Michel Temer já fixou sua estratégia para golpear os trabalhadores.
Estadão estampou: “Reforma trabalhista mudará cem pontos da CLT”; já a Folha realçou: “Relator de reforma prevê fim de imposto sindical no país”.
Ou seja: as forças golpistas, que foram financiadas pelo patronato, estão decididas a retirar os direitos fixados na Consolidação das Leis do Trabalho e, para isso, não vacilarão em quebrar a espinha dorsal do sindicalismo, asfixiando financeiramente as entidades.
Esta estratégia confirma uma velha tese do intelectual britânico Perry Anderson, de que o neoliberalismo não combina com a democracia.
A exemplo do projeto de terceirização, que foi aprovado a toque de caixa pelo jagunço Rodrigo Maia – presidente da Câmara Federal – e da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de desmonte da Previdência Social, a contrarreforma trabalhista apresentada pela base governista é das mais cruéis para os que vivem de salário.
Ela fixa que o negociado prevalecerá sobre o legislado. Ou seja: todos os direitos fixados em lei poderão ser anulados através da “livre negociação” – a livre negociação, em tempos de desemprego e retrocessos, entre a forca e o enforcado!
Isto permitirá que “cem pontos da CLT”, como descreve o jornal Estadão, simplesmente sejam anulados. Jornada de trabalho, férias e adicionais, entre outros direitos, poderão ser extintos ou rebaixados nas “mesas de negociação”.
Esta ofensiva do capital contra o trabalho tem gerado crescente resistência das forças populares – como se observou nas manifestações do Dia Internacional da Mulher e nos protestos massivos de 15 de março e 31 de março.
Uma greve geral, convocada por todas as centrais sindicais, já está agendada para 28 de abril.
Prevendo que a reação vai crescer ainda mais – atraindo inclusive os que apoiaram o golpe dos corruptos, os arrependidos “coxinhas” -, o covil golpista então parte para o ataque contra o sindicalismo.
Ele chantageia com o fim do imposto sindical, que garante a sobrevivência de milhares de entidades: ou elas entregam os direitos trabalhistas ou serão asfixiadas financeiramente. Somente os líderes sindicais mais ingênuos ou corrompidos podem cair nesta conversa mole.
Para fazer vingar seu plano regressivo, a gangue de Michel Temer fará de tudo par a desgastar a imagem dos sindicatos nas suas bases e para quebrar a sua espinha dorsal. Não há outra alternativa para as forças golpista!
Ofensiva antissindical já está em curso
Na prática, a ofensiva para enfraquecer o sindicalismo já está em curso, com tiros sendo desferidos de todos os lados.
Em março, o Supremo Tribunal Federal considerou ilegal a cobrança da chamada contribuição assistencial, que é aprovada nas assembleias de trabalhadores.
Na sequência, o mesmo STF impôs rígidos limites às greves de várias categorias de servidores públicos.
Já no início de abril, o ministro do Trabalho do covil golpista, o sinistro Ronaldo Nogueira, “suspendeu a instrução do mês de fevereiro que permitia a cobrança sindical de empregados e servidores públicos, o famoso imposto sindical… Os sindicatos esperavam arrecadar mais de R$ 160 milhões com a instrução, que foi suspensa na quarta-feira (5 de abril)” – relatou com euforia a revista Época, da famiglia Marinho.
O próprio projeto de terceirização, imposto pelo jagunço patronal Rodrigo Maia, representa um duro golpe no sindicalismo.
Os trabalhadores terceirizados ganham menos, têm menos direitos e esbarram em maiores dificuldades para se organizar sindicalmente. Como apontou uma matéria da insuspeita Folha, publicada em 22 de março passado, “a terceirização abre espaço para fim de ‘monopólio’ dos sindicatos” – em outras palavras, para a fragmentação das entidades de classe.
Ainda de acordo com a reportagem, com a terceirização “os trabalhadores de diferentes empresas prestarão serviços em um mesmo ambiente. Será comum que um espaço tenha pessoas que são representadas por várias organizações sindicais. ‘A consequência é a pulverização, em uma mesma empresa, de sindicatos ‘, diz Caroline Marchi, sócia do Machado Meyer. Com isso, poderá haver preferência de profissionais por um representante”.
Ou seja: será o fim da unicidade sindical, um sonho antigo dos patrões!

Reforma trabalhista proposta por Temer (PMDB): que já era ruim, deputado do PSDB consegue piorar ainda mais, diz analista do DIAP.


O substitutivo do deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) ao Projeto de Lei 6.787, de reforma trabalhista, “é obra de catedráticos do mercado”, diz o analista político Marcos Verlaine, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). “O substitutivo dos catedráticos do mercado é de fato uma reforma para o mercado e o capital, e o desmonte para os trabalhadores e suas organizações protetivas, os sindicatos”, afirma Verlaine, em artigo. Para ele, “o que já era ruim ficou muito pior”.
O assessor parlamentar avalia que o texto, lido na quarta-feira (12) e com previsão de votação na comissão especial na semana que vem, foi feito “a várias mãos”, a partir do ponto de vista empresarial. Reúne uma proposta de precarização inédita desde a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943. Entidades de magistrados e de procuradores também já criticaram o texto.
“Numa análise preliminar, vê-se que os trabalhadores perderão com a aprovação do fim das proteções legais aos direitos conquistados ao logo de mais de 70 anos de lutas”, diz Verlaine, que considera os termos “segurança jurídica” e “melhoria do ambiente de negócios” eufemismos que disfarçam o desejo de “acabar” com a CLT e “desmontar” o movimento sindical. O relatório que o deputado Marinho apresentou é um novo projeto, que trouxe algo inimaginável em outro contexto. No atual, está configurado o ‘vale tudo’, o ‘salve-se quem puder’, o ‘poder do mais forte’, porque será isto que definirá os processos negociais pós-CLT.”
Ele considera a prevalência do negociado sobre o legislado a “coluna vertebral” do projeto. “Além da prevalência da negociação sobre a legislação, o relator acrescentou que os acordos poderão se sobrepor às convenções. Isto é, se alguma convenção avançar o sinal, o acordo poderá reduzi-la”, diz, criticando ainda o item sobre comissão de representantes no local de trabalho. “Pelo texto, essa comissão vai substituir as prerrogativas e responsabilidades do sindicato, inclusive com poder negocial.”
O analista comenta ainda a proposta do relator de tornar opcional o desconto da contribuição sindical. Se a mudança for implementada, esse desconto só poderá acontecer com autorização individual do trabalhador.  “Por esta orientação expressa, vê-se qual intenção está por trás dessa lógica: asfixiar financeiramente o movimento sindical. Sem recursos materiais e financeiros, não poderá fazer frente ao desmonte da CLT e a precarização das relações de trabalho que advirá com o fim do mínimo exigido, que é a legislação trabalhista”, diz Verlaine.
Para ele, outra “mazela que compõe o cardápio de maldades apresentado pelo relator” é o chamado acordo extrajudicial irrevogável. “Esse acordo, pelo substitutivo apresentado, terá termo de quitação anual das obrigações trabalhistas. Isto é, uma vez feito não restará o que reclamar ou buscar na Justiça”, observa.
Por fim, ele considera que o substitutivo “fecha as brechas” da Lei 13.429, de terceirização geral, sancionada por Michel Temer em 31 de março. “Além disso, propõe novas formas de contratação, além dos contratos de trabalho a tempo parcial e temporário”, acrescenta.
“O novo texto do relator institui o contrato de trabalho intermitente e o teletrabalho. Estas modalidades de relações precárias de trabalho jogarão milhões de trabalhadores em condições extremas. Sem a fiscalização do Estado, será de fato a “melhoria do ambiente de negócios”, mas só para os donos dos negócios”, afirma o analista. Editoria: Política

Cardápio de maldades contra o trabalhador.

Charge: Michel Temer (PMDB), pato da Fiesp e o fim da CLT.
Editorial do site Vermelho:

O ataque promovido pelo governo ilegítimo de Michel Temer contra os direitos dos trabalhadores é feito pela articulação de várias iniciativas legislativas, como as reformas trabalhista e previdenciária, e a aprovação da lei que permite a terceirização irrestrita.

São mudanças que atentam contra a dignidade do trabalho e impõem aos trabalhadores a urgência de lutar contra elas, para impedir que deteriorem ainda mais as relações de trabalho no Brasil, levando-as de volta aos tempos anteriores à revolução de 1930 – pior ainda, retrocedendo ao século 19. A reforma trabalhista atende a exigências antigas dos empresários, que nunca aceitaram a legislação que cria barreiras contra a ganância patronal e a superexploração dos trabalhadores. 

O Projeto de Lei 6787/16, da reforma trabalhista de Temer, que já era muito ruim, piorou ainda mais com o parecer apresentado nesta quarta-feira (12) pelo relator, o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN). Para o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), “o substitutivo se traduz num cardápio de maldades contra os trabalhadores”. Ainda segundo o Diap, “a proposta estabelece que o acordo e/ou convenção se sobreponha aos direitos garantidos em lei e, ainda, que o acordo prevalecerá sobre a negociação coletiva e possibilita o impedimento do acesso à Justiça na forma do acordo extrajudicial irrevogável e arbitragem das relações de trabalho, dentre outras formas, como o termo de quitação anual das obrigações trabalhistas”. 

Outras ideias contidas no parecer do parlamentar tucano, em sintonia com Michel Temer, são: a fixação de valores máximos para reparações morais; a possibilidade de as mulheres grávidas ou lactantes trabalharem em ambiente insalubre; acordos individuais que estabeleçam a jornada de trabalho de 12 horas diárias; trabalho intermitente, que permite a contratação por apenas algumas horas por dia ou alguns dias por semana; entre outras.

O parece elimina também a contribuição sindical obrigatória e retira competências dos sindicatos, sufocando financeiramente e debilitando a representatividade das entidades sindicais, o que inviabiliza sua existência.

A reforma trabalhista ameaça também aumentar a rotatividade do trabalho e a previdenciária inviabiliza o acesso dos trabalhadores à aposentadoria. Elas criam um ambiente que favorece a exploração da força de trabalho por empresas brasileiras e estrangeiras que poderão ser atraídas para se beneficiar do agravamento da exploração dos trabalhadores.

Na Câmara dos Deputados, deputados federais se insurgem contra estas tentativas de eliminar direitos duramente conquistados. Para o presidente da Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), “o relator conseguiu piorar ainda mais o projeto original ao propor alterações em mais de 100 artigos da CLT e tentar enfraquecer os sindicatos, promovendo o maior ataque aos direitos dos trabalhadores de todos os tempos”. 

O deputado Assis Melo (PCdoB-RS) denunciou que esta é “a fatura do golpe. Esse golpe foi para retirar direitos e acabar com o dever do Estado. Essa reforma trabalhista junto com a terceirização inviabiliza a Previdência”, alertou. O deputado Daniel Almeida (PCdoB) convocou a mobilização popular contra estas ameaças antidemocráticas. “Precisamos reforçar as mobilizações. No dia 28 de abril, data em que está se chamando a greve geral, é essencial que os trabalhadores vão às ruas para reivindicar seus direitos e impedir o avanço desse acinte”.

Mais do que nunca os trabalhadores precisam fazer sua voz ser ouvida em defesa dos direitos assegurados pela lei e seriamente ameaçados pelo retrocesso que os golpistas querem impor.

Todos à greve no dia 28 de abril!

Matéria copiada do blog do Altamiro Borges.

  

sábado, 15 de abril de 2017

Por que os excluídos e menos favorecidos não se identificam com conceitos à esquerda?

Por Cristiano das Neves Bodart*
Uma pesquisa realizada na periferia de São Paulo chamou atenção por indicar que as comunidades de baixo status econômicos não se identificam com conceitos considerados à esquerda, tais como lutas de classe, burguesia, proletariado, alienação, etc.

Diagnosticar que as classes sociais menos privilegiadas não se identificam com o pensamento mais à esquerda, bem como com às ideias relacionadas a luta de classes, não me soa como uma surpresa.

Tenho a impressão que quando os grupos mais à esquerda conquistam vitórias nas urnas não se dão por alcançar uma hegemonia de suas ideias, nos termos de Gramisci. Antes parece vencer por se aproximar de discursos meritocráticos (o caso do metalúrgico que se transformou em presidente, na mulher que conquista o cargo mais importante da nação), ou então um discurso paternalista, enfatizando a centralidade dos programas sociais em seus planos de governo**.

Penso que essa situação é fruto, em grande parte, pelos rumos que as Ciências Sociais tomaram na academia. As teorias mais à esquerda se aprofundaram e se complexaram significativamente a partir da segunda metade do último século; e isso é muito positivo. Contudo, paralelamente não houve uma preocupação com o processo de transposição didática dessas reflexões abstratas, não possibilitando o sujeito comum compreende-las e, consequentemente, não pensar as relações sociais a partir delas. Essa falta de transposição didática do conhecimento produzido impossibilita sua aparição na grande mídia (ainda que o motivo não seja apenas esse) e ser lido ou ouvido atentamente pelo sujeito comum***. 

São poucos os intelectuais que se preocupam em ocupar espaços midiáticos de forma didática e inteligível aos não especialistas.

Na academia é natural haver esforçamos para a construção de modelos teóricos-analíticos tão complexos que, ainda que dê conta de explicar a realidade social, dificilmente será entendido pelo sujeito comum. 

Explicações mais simplistas, tais como àquelas que ligadas, por exemplo, às ideias da Escolha Racional e à meritocracia, são facilmente assimiladas pelo sujeito comum; logo estas explicações acabam sendo tomadas como base de compreensão das suas realidades sociais. 

Explicações simplistas criadas para manter o status quo são facilmente assimiladas e utilizadas no cotidiano para justificar-explicar a realidade do sujeito comum. Por isso notadamente há uma hegemonia de ideias simples e distante de conceitos mais complexos, tais como as categoria classe social e ideologia.

Precisamos nos preocupar com a transposição didática das teorias sociológicas mais sofisticadas. De outra forma, a hegemonia de explicações fáceis, muitas delas ligadas à extra-direita, se perpetuará.

Temos notado situações na academia onde a preocupação está mais na capacidade de desenvolver reflexões abstratas do que de fato explicar o mundo social real e colaborar para transformações. Discutir modelos teóricos, tipos ideais, sem ter por objetivo explicar problemas do cotidiano sem dúvida contribui para esse diagnóstico. 

Infelizmente a capacidade de abstração teórica tornou-se um capital cultural disputado no interior das universidades, sem que essa abstração esteja centrada na realidade prática e sem nenhum interesse em realizar uma transposição didática capaz de levar ao homem comum conhecimentos necessários para entender, por exemplo, que muitos de seus problemas não são pessoais, individuais ou de ordem meritocrática. O mundo acadêmico descolou-se do homem comum, da realidade cotidiana imediata.

Não estou discursando contra as reflexões teóricas mais sofisticadas, mas contra seu distanciamento do mundo social, do cotidiano; critico a sua incapacidade de oferecer a sociedade compreensões de suas relações sociais, dos conflitos existentes, dos sistemas de reprodução das desigualdades sociais, etc.

Se a esquerda deseja conquistar hegemonia, deve ater-se a essa grande necessidade de aproximar as contribuições teóricas do cotidiano dos sujeitos sociais. Se os intelectuais preocupados em colaborar com a redução das desigualdades sociais e da exploração do homem sobre o homem precisa colocar no conjunto de suas preocupações o processo de transposição didática do conhecimento produzido.

Nota:
* Doutor em Sociologia (USP), professor adjunto da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e editor do Blog Café com Sociologia.

** É certo que não é possível generalizar, mas assim expomos pelo limite físico desse espaço.

*** Usamos essa expressão sem qualquer sentido pejorativo, designando a indivíduo mediano em relação ao grau de conhecimento de Ciências Humanas. 

Agradecimento: Ao amigo professor Dr. Radamés Rogério (UESPI), por provocar essa reflexão.

Brasil é um dos maiores alvos de ataques cibernéticos do mundo.

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Foto - ciberia.
A Fortinet anuncia seu mais recente relatório sobre o cenário global de ciberameaças. O estudo mostra em detalhes os métodos e as estratégias que os cibercriminosos usam e refere que o Brasil é um dos países mais atingidos por ataques ciberéticos no mundo.
O relatório da Fortinet relativo ao 4º trimestre de 2016 revela que o Brasil está entre os maiores alvos de ataque DDoS no mundo e é o principal alvo da América Latina. Além do mais é, também, um dos países mais atingidos por ransomware.
Só o Cerber fez mais de 700 mil vítimas no Brasil mas o malware mais comum é o Locky, observado em 87% de todas as infecções por ransomware detectadas, com o TorrentLocker em 2º lugar.
Esses malwares acessam aos dados da vítima, criptografam os arquivos e depois cobram um resgate para descriptografá-los.
A nível móvel, e sem surpresas, o sistema operacional Android continua sendo o mais afetado com o trojan  Android/Generic.S.37D422!tr a ser o mais ativo. Esse tipo de trojan rouba informações do usuário podendo causar danos financeiros avultados.
No Brasil, o “Netcore.Netis.Devices.Hardcoded.Password.Security. Bypass” causou a maior parte dos ataques dentre os 5 eventos de IPS mais frequentes, correspondendo a mais de 9 milhões dos ataques detectados.
Com um pouco mais de um trimestre de atividade, a vulnerabilidade presente nos dispositivos do fabricante Netcore pulou para o 1º lugar com mais de 60% de todos os eventos de prevenção à intrusão visualizados em todo o País.
Não existe ainda correção disponível para esta vulnerabilidade; por isso foram vários ataques como esses em 2016, que provavelmente devem continuar em 2017.
A nível global, o número de aplicativos na nuvem apresentou tendência de aumento, o que constitui um desafio para a segurança, porque as equipes de TI têm uma visibilidade menor dos dados armazenados na cloud.
Os dispositivos de IoT continuam sendo uma preocupação com os cibercriminosos construindo exércitos de equipamentos com capacidade de replicar ataques a baixo custo e em velocidade e grande escala.
Segundo a Fortinet, a liberação do código-fonte Mirai aumentou a atividade do botnet em 25 vezes em uma semana, com a atividade aumentando em 125 vezes até o fim do ano.
O malware móvel continua crescendo em todo o mundo, uma em cada cinco organizações que relataram detecção de malware encontrou uma variante móvel, quase sempre associada ao Android.
Segundo a empresa de cibersegurança, ” a correlação entre o volume de exploração e a predominância indica aumento na automação dos ataques e redução de custos para malware e ferramentas de distribuição disponíveis na web obscura. Isto está tornando os ataques mais baratos e mais fáceis do que nunca”.
O aumento de “ransomware como um serviço” (RaaS) é uma realidade que não pode ser menosprezada visto que transforma qualquer criminoso sem treinamento ou habilidades especiais em um cibercriminoso com grande alcance de vítimas e danos financeiros.
De referir que 36% das organizações detectaram atividade de botnet relacionada a ransomware.
As falhas de segurança em dispositivos ou software antigos continua sendo um problema para as empresas em todo o mundo.
No total, 86% das empresas registraram ataques que tentavam explorar vulnerabilidades que existiam há mais de 10 anos. Quase 40% delas sofreram explorações contra CVEs (lista de vulnerabilidades e exposições comuns) ainda mais velhas.
Em geral, África, Oriente Médio e América Latina exibiram um maior número e variedade de detecções para cada categoria de ameaça ao comparar a média de explorações, malware e famílias de botnet detectadas por organizações de cada região do mundo.
O relatório completo pode ser acessado aqui.