segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Palmas/TO. Estudante de jornalismo comete suicídio após relatar dor e sofrimento nas redes.

suicídio Dáleti Jeovana
Dáleti Jeovana
Jovem brasileira de apenas 20 anos deixa inúmeros amigos e admiradores. Ela publicou nas redes sociais um texto metafórico em que pedia ajuda, mas ninguém entendeu. A estudante foi encontrada enforcada pela irmã
A estudante de jornalismo da Universidade Federal do Tocantins (UFT) Dáleti Jeovana se matou aos 20 anos. Dáleti era uma ativista negra e cometeu suicídio na noite do último sábado, 22/10, por volta das 23h30.

Dáleti estava na sala da casa onde morava com uma amiga e a irmã, em Palmas. Ela se retirou dizendo que iria tomar banho. Por causa da demora, a irmã foi chamá-la e a encontrou enforcada.

Pouco tempo antes de se matar, no dia 17 de outubro, a jovem publicou em seu Facebook pessoal um texto metafórico sobre a vontade de “Ana” de se suicidar.

No texto, Dáleti falava sobre o suicídio da dor, do sofrimento e da desesperança; isto é, o suicídio da alma. Na verdade, ela estava se referindo a si própria, mas ninguém compreendeu.

Dáleti deixou centenas de amigos chocados com a sua morte precoce. Ela era filha de pastor e órfã de mãe. A rotina árdua de trabalho e estudos lhe impôs sobrecarga de problemas e responsabilidades, mas ela nunca procurou um psicólogo, dizem amigos próximos.

Depressão.  

O suicídio tem sido um caminho recorrente para sanar dores e depressões da alma. No Brasil, o suicídio de jovens não para de crescer: dados mostram que, em 12 anos, a taxa de suicídios na população de 15 a 29 anos subiu de 5,1 por 100 mil habitantes em 2002 para 5,6 em 2014 — um aumento de quase 10%.

Confira o texto publicado por Dáleti dias antes de se suicidar:

Essa hora do dia
Ana pensa em suicídio.
Ana planeja como suicidará seu sofrimento.
Ela planeja o suicídio de sua depressão, sua ansiedade.
Ana só quer ter um tempo para si, e não mais se cobrar além do limite.
Ana só quer um tempo para si, tempo de respirar, estudar, trabalhar, sem nenhuma pressão ou obrigação.
Ana só quer que cada palavra que saia da sua boca, não seja interrompida por um gaguejo de ansiedade.
Ana quer matar, quer abandonar, quer se livrar, dos laços, dos enlaços, do passado, do sapato apertado, da missa, da reza, das prisões que a cercam.
Ana quer matar o silêncio, não quer mais fingir que está tudo bem. Mas ela sabe que todos já estão cansados de seus relatos e histórias tristes.
Ana ao meio dia pensa em suicídio, o suicídio do sofrimento, da dor, da desesperança, do desespero.
Ana pensa em suicídio, suicídio, do amargo, dos trapos, da dor.
Suicídio da alma.

Gravatai/RS. Quatro atiradores abrem fogo em festa deixando pelo menos dois mortos e 33 feridos.

Taís Pires da Silveira, 24 anos, uma das vítimas fatais, era casada e não participava da festa, estava comprando um churrasquinho junto com o marido na hora do atentado. Ela não tinha antecedentes criminais.

Conforme a Brigada Militar, Taís Pires da Silveira, 24 anos, e Gabriel Mallet de Ataíde, 21 anos, morreram no local. Eles não tinham antecedentes criminais. Pelo menos outras 33 pessoas ficaram feridas.
De acordo com a Brigada Militar, os criminosos chegaram na festa, que acontecia em um bar da Rua Eurico Lara, em uma caminhonete Captiva escura e um Ford Ka branco. Quatro homens abriram fogo contra pessoas que estavam do lado de fora do imóvel. Conforme policiais, há cápsulas de diversos calibres espalhadas pelo chão no local do tiroteio – entre eles, de fuzil e pistola.
Informações do Setor de Inteligência da Brigada dão conta de que o ataque foi motivado por disputas entre facções do tráfico de drogas. Buscas são realizadas na região do ataque. Pela manhã, os dois veículos foram localizados próximo à Parada 76. Até o momento, nenhum suspeito foi preso.

Argentina: Juiz confirma que corpo encontrado em rio é de Santiago Maldonado.

Da Efe, no Opera Mundi.
De acordo com magistrado, graças aos rastros ‘papilares’ foi possível reconhecer o corpo; ‘É Santiago. Reconhecemos as tatuagens’, disse Sergio, irmão do jovem.
Da Efe, no Opera Mundi.
O juiz responsável pela investigação do caso Santiago Maldonado confirmou na sexta-feira (20/10) que o corpo encontrado nesta semana, flutuando em um rio do sul da Argentina, é o do jovem artesão que desapareceu no dia 1º de agosto, e apontou que a autópsia realizada determinou que não tinha lesões.
“A única coisa que falta agora é descobrir qual foi a causa da sua morte e para isso devemos esperar ver os resultados complementares da amostras colhidas nesses tipos de casos”, explicou juiz Gustavo Lleral.
De acordo com o magistrado, que assumiu o comando do caso do sumiço de Maldonado, depois que o primeiro juiz foi afastado após um pedido da família do jovem, deve esperar “mais de duas semanas” para ter os resultados finais do processo de autópsia.
O juiz disse que graças aos rastros “papilares” foi confirmado que o corpo é de Maldonado, apenas algumas horas depois de Sergio, irmão de Santiago, ter declarado que o corpo era o de seu parente, após reconhecer suas tatuagens.

“É Santiago. Reconhecemos as tatuagens”, disse Sergio, irmão do jovem, em frente ao necrotério judiciário da Corte Suprema de Justiça, em Buenos Aires, onde se iniciou a necrópsia do corpo.
O caso, investigado como um “desaparecimento forçado”, gerou uma onda de protestos na Argentina, e uma das principais suspeitas, sobretudo por parte da família e de organizações de direitos humanos, é de que policiais foram responsáveis pelo desaparecimento de Santiago,
Foto: Agência Efe.

domingo, 22 de outubro de 2017

Edital fortalece projetos feministas em todo o Brasil.

Resultado de imagem para Building Movements – Feminismos Contemporâneos

Akemi Nitahara -Repórter da Agência Brasil.

Formação política feminista com lideranças do movimento de trabalhadoras domésticas em Nova Iguaçu e Volta Redonda, no Rio de Janeiro; formação de uma rede de mulheres ciclistas e ativistas por um meio de transporte sustentável e democrático em São Paulo; capacitação de mulheres quilombolas do Maranhão para enfrentamento à violência e liberdade dos territórios; instalação e manutenção de uma rádio comunitária indígena com as guerreiras Pankararu de Pernambuco.

Estes foram alguns dos projetos contemplados pelo Building Movements – Feminismos Contemporâneos, cujo resultado foi divulgado na semana passada. Ao todo, serão R$ 350 mil reais distribuídos a 14 projetos de fortalecimento de iniciativas feministas em todo o Brasil, selecionados por meio de edital pelo Fundo ELAS de Investimento Social. Entre 645 projetos inscritos, foram escolhidas propostas inovadoras que mobilizam mulheres em busca de seus direitos, com necessidades reais, urgentes e estratégicas.

Segundo a coordenadora-geral do fundo, Amalia Fischer, a instituição trabalha há 17 anos na mobilização de recursos “para que as mulheres possam executar projetos ou iniciativas inovadoras, pequenos negócios e negócios sociais, e possam também ter acesso a tecnologias”. Ela explica que este foi o primeiro edital do tipo no país, que distribuiu recursos para um número grande de projetos, e será usado como modelo para outros países da América Latina, além de ter parcerias com o Reino Unido.
“Esse projeto de apoio às trabalhadoras domésticas, é para que elas tenham possibilidade de se capacitar e articular campanhas por seus direitos. Ao mesmo tempo vamos fazer uma parceria com o London School of Economics, do Reino Unido, muito interessante porque uma das questões de nossa parceria é que os movimentos de mulheres do Brasil possam ter contato com as mulheres do Reino Unido. Esse edital não é unicamente para ser feito no Brasil. Os fundos da América Latina vão seguir esse modelo que estamos fazendo com o British Concil – isso é muito inovador porque vai haver um intercâmbio. As primeiras vão ser as trabalhadoras domésticas de Nova Iguaçu”, acrescentou.
Amália destaca a importância do financiamento para os projetos de empoderamento feminino, na busca da igualdade de gênero no país. “As mulheres não têm recursos porque isso tem a ver com a questão da desigualdade e iniquidade entre homens e mulheres. Por isso, elas não têm tanto acesso aos recursos como os homens. De fato, você vê isso nos salários e vê a relação entre os salários de homens e mulheres, elas ganham muito menos do que os homens e estão muito mais preparadas. Nas universidades, muito mais mulheres se graduam do que os homens, mas mesmo assim elas tem menos acesso aos recursos”.
Articulação nacional
Um dos projetos contemplados foi o Mulheres Negras pelo Bem Viver: Fortalecendo a luta no Contexto Pós-Marcha, da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB). Segundo a coordenadora executiva, Valdecir Nascimento, a entidade reúne 35 instituições de mulheres negras em todo o Brasil, e o recurso será utilizado para promover reuniões e seminários nos quais serão traçadas as estratégias do movimento para o próximo ano.
“Fizemos a Marcha das Mulheres Negras em 2015, em Brasília, e tivemos uma avaliação em 2016. Tínhamos a expectativa de fortalecer as regiões a partir do que a marcha trouxe, para retroalimentar esse processo de crescimento das organizações de mulheres negras. Aí vem essa crise braba, que exige de nós uma reação permanente sobre esse desmonte que está acontecendo no Brasil, retrocessos e perda de direitos e violações de direitos humanos. E também [precisamos] consolidar o nosso processo de organização nacional. Então, ficamos sem apoio e sem dinheiro e precisando nos reunir para montar algumas estratégias”, disse Valdecir.
Ela informou que a Articulação está organizando mobilizações para a juventude, no próximo dia 26, e para a saúde da população negra, no dia 27, além do 20 de novembro, com foco no combate ao feminicídio. Para o ano que vem, o objetivo é fazer uma grande articulação para o Fórum Social Mundial, que ocorrerá de 13 a 17 de março em Salvador. “A gente quer produzir um pacto significativo dentro do Fórum Social Mundial, para chamar a atenção para as coisas que dizem respeito não só ao retrocesso no Brasil, mas como isso afeta a população negra de uma forma muito mais contundente.”
Negras na comunicação
Outro projeto contemplado, o #PRETAS_HUB, da organização carioca #AZ_Pretas, vai trabalhar com formação feminista em comunicação e tecnologia. Será organizada uma rede de colaboração entre negras e indígenas empreendedoras digitais, youtubers, blogueiras, coletivos de produção audiovisual e realizadoras independentes.
De acordo com a coordenadora da iniciativa, Aline Lourena, serão trabalhadas quatro vertentes. “A primeira, que é de formação, de 20 mulheres, voltada para a produção de audiovisual na web – aprender a produzir vídeos e finalizá-los, isso é uma demanda. Tem uma exposição fotográfica, feita por fotógrafas negras do projeto Amar é Ver, que são só mulheres do Complexo da Maré que fotografam. Tem uma rodada de negócios para projetos do audiovisual e de comunicação que serão apresentados para agências, produtoras e canais de televisão. E também tem os ciclos de debate, onde a gente debate empreendedorismo, feminismo negro, representatividade.”
O projeto vai ser executado na Casa das Pretas, que fica na Lapa, na semana do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, “para chamar a atenção para outras diversidades de mulheres”, diz Aline. Também será produzida, a partir da formação, uma websérie documental de oito episódios com mulheres que estão trabalhando na internet, na engenharia e outras áreas tecnológicas. “Em geral, associam-se as mulheres negras e indígenas ao artesanato, à culinária. E tem uma série de outras coisas, tem programadora, design, muita gente fazendo muita coisa fora desse censo mais comum onde a gente é sempre vista”, explica a coordenadora.
De acordo com Aline, o trabalho da organização é conectar mulheres da comunicação com as mulheres do afroempreendedorismo, utilizando o conhecimento na produção de vídeo que chegar a uma sustentabilidade financeira. “A gente está pensando sempre as duas coisas. O vídeo como ferramenta de empoderamento, de criação de autoestima, de identidade, mas também como ferramenta de sustentabilidade econômica, de gerar uma cadeia de serviços, de produtos. Porque senão a gente fica só se afirmando e sem dinheiro no bolso. Assim não funciona. Então o empoderamento tem que ser estético e também financeiro, pra gente poder criar uma cadeia de consumo sustentável.”
O edital Building Movements – Feminismos Contemporâneos resulta de uma aliança em defesa dos direitos das mulheres feita entre British Council, ONU Mulheres, Open Society Foundations, OAK Foundation, Global Fund for Women e Fundo ELAS. 
Cada projeto vai receber R$ 25 mil.
Edição: Nádia Franco

Debate. Prostituição não é trabalho.

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http://port.pravda.ru

Se é passível de dar lucro, o capital agarra.
Ora, foi exatamente isso que aconteceu com a prostituição, onde não falta uma campanha semântica com termos que ajudam a encobrir formas de exploração e violência.
O tema esteve em discussão na ultima sexta-feira, em Lisboa, num seminário promovido pelo GUE/NGL e pelo PCP.
O «papel» permanece em branco, horas após a leitura dos artigos, notícias e estudos sobre a prostituição e tudo o que ela representa, não sendo fácil despegar o sentimento, nem saber ao certo por onde começar.
Uma conclusão é certa. Apesar da campanha realizada e do mito da «mais velha profissão do mundo», a prostituição está longe de ser uma profissão, embora tenha sido exatamente para essa estratégia semântica que os tentáculos do capitalismo conduziram as populações, desde os inícios dos anos 80.
Se é passível de dar lucro, o capital agarra. Foi precisamente o que aconteceu com a prostituição e atualmente temos uma série de designações em torno dela, nomeadamente a «indústria do sexo», de que muita gente gosta de falar, mas que permite encobrir o crime de tráfico de seres humanos, encabeçado por mulheres e crianças, como se de mercadoria se tratasse.
Nesta «indústria», tal como em setores de atividades estabelecidos e regulamentados, os operários são invariavelmente o elo mais fraco. Apesar dos interesses escondidos numa «agenda libertária», que tenta fazer crer que a legalização da prostituição não só daria mais autonomia às mulheres, como legitimaria a sua vontade em relação ao próprio corpo, conferindo-lhes «direitos laborais» e reduzindo o estigma, os exemplos de países em que a prostituição foi legalizada, designadamente na Alemanha, deixam cair por terra essa deriva «progressista».
No país de Angela Merkel, a prostituição foi legalizada em 2002. Desde então - os dados foram apresentados no congresso anual da rede alemã «Sexkauf e Abolição» -, apenas 1% das mulheres prostituídas fez a inscrição na Seguridade Social enquanto «trabalhadoras individuais do sexo». Entretanto, o governo alemão produziu um relatório onde reconhece que os objetivos fixados para a legalização da prostituição não foram cumpridos.
A revista Der Spiegel revelou também que, em 12 anos, apenas 44 mulheres o fizeram. Motivo? Porque, para além de os contratos de trabalho resumirem direitos e deveres, que neste caso podem assumir contornos grotescos, a maioria das mulheres, além de assumir a prostituição como uma atividade tão temporária quanto possível, não deseja incluí-la no rol de experiência «profissional» adquirida.
FALTAM APOIOS PARA SAIR
Em cada dez mulheres que se prostituem, nove afirmam diretamente que queriam deixar essa situação, mas que se sentem incapazes de o fazer. [Fonte: CGTP-IN].
A verdade é que, em vez de uma situação de «quero, posso e mando», com que se iludem em audiências sempre que se trata de defender a legalização da prostituição, nos países em que apenas a atividade foi legalizada, as mulheres viram-se confrontadas com um poderoso lobby que não só não as defende, como as explora com, aqui sim, maior liberdade.
Na Resolução do Parlamento Europeu, de 12 de Maio de 2016, sobre a implementação da Diretiva 2011/36/UE, relativa à prevenção e luta contra o tráfico de seres humanos e à proteção das vítimas de uma perspectiva de gênero, considera-se que «o tráfico de mulheres e moças, homens e rapazes para fins de exploração sexual diminuiu nos países que criminalizaram a procura, mormente o proxenetismo e a compra de serviços sexuais».
Em Portugal, a prostituição não é crime. Porém, a alteração que decorreria da sua regulamentação como profissão conduziria à descriminalização do lenocínio e, consequentemente, à descriminalização da atividade dos proxenetas, que passariam a «empresários do sexo», e à facilitação do branqueamento de capitais.
«Mulheres da vida fácil»
Na estratégia de maquiar a realidade e banalizar o sexo por dinheiro, entra uma falsa dicotomia entre uma prostituição forçada e a venda de sexo por prazer. Falsa, porque o que se verifica é que são invariavelmente as mulheres das classes mais baixas, sem outros meios de subsistência e muitas vezes com filhos, que se vêem obrigadas a entrar no submundo da prostituição, à beira da estrada ou num qualquer espaço sofisticado, cuja gestão está a cargo de um proxeneta.
Mulheres que não hesitariam em mudar de vida, como várias entrevistas demonstram, desde que existissem políticas de prevenção e apoio para sair da obscuridade que habitam, porque aqui as vidas estão longe de ser fáceis.
Porém, a prevenção desta e de outras formas de violência sobre as mulheres carece de condições diferentes das que o atual quadro socioeconômico encerra, com o aumento da exploração e da precariedade a conduzirem os trabalhadores para situações de desemprego, baixos salários e discriminações salariais, em resultado da maternidade.
Por outro lado, aquilo a que temos vindo a assistir é a uma falta de vontade política, como bem demonstra a votação no Parlamento de um projeto de resolução do PCP, em Março de 2013. A propositura recomendava ao governo do PSD e do CDS-PP o reforço de medidas de combate ao tráfico de seres humanos e à exploração na prostituição.
No texto lia-se que, «de acordo com declarações recentes de responsáveis de associações de apoio a pessoas prostituídas, aumenta a exploração na prostituição nas ruas, apartamentos e bares, como reflexo do impacto da crise social e económica numa espiral de pobreza e de exclusão social». A iniciativa dos comunistas foi no entanto rejeitada pelos votos do PSD e do CDS-PP.
Em 2011, a presidente da associação «O Ninho», que se dedica a ajudar mulheres a sair da prostituição, alertava aos microfones da TSF que os efeitos da crise e a incapacidade de enfrentar as dificuldades estavam a conduzir cada vez mais mulheres e homens da classe média para as ruas. Segundo revelou na altura Inês Fontinha, «a situação nunca esteve tão má».
Prostituição com contrato
A petição para a legalização da prostituição, lançada no mês de Julho do corrente ano, apoia a tomada de decisão, em primeiro lugar, na desproteção social a que estão sujeitas as pessoas obrigadas a prostituírem-se, bem como no insucesso das campanhas realizadas sobre profilaxia. Os promotores do documento, subscrito até agora por 260 pessoas, têm em conta preocupações quanto às condições em que a prostituição é exercida, nomeadamente para os seus «usuários».
Tal como referido anteriormente, com a legalização da prostituição, mais do que os direitos das mulheres são os dos que gravitam em torno deste negócio que ficam a salvo. 
Na Holanda, a proibição dos bordéis e do proxenetismo foi levantada em 2002 (a prostituição havia sido legalizada dois anos antes), tendo a responsabilidade pela taxação, policiamento e controlo das condições de trabalho sido transferida para os municípios.
Efetuada a distinção entre tráfico e prostituição tida como voluntária, a prostituta transformou-se numa «trabalhadora do sexo», com direitos e deveres como qualquer trabalhador. Por outro lado, tornou-se muito mais fácil contornar a ilegalidade do tráfico, uma vez que as prostitutas passaram a ter um contrato, não sendo possível analisar se ali estão por sua «livre iniciativa».  
Avaliações realizadas em anos seguintes revelaram que os objetivos da legalização não tinham sido alcançados. Karin Werkman, ativista feminista e investigadora, revela que, na avaliação realizada em 2006, a maior parte da prostituição estava fora do controle governamental, «o que tornava difícil perceber o que era voluntário ou involuntário».+
NÃO EXISTEM «PROSTITUTAS DE LUXO»
Em qualquer um dos sítios em que se torna vítima de violência, na rua ou num espaço sofisticado, é sempre a mesma mulher de classe baixa, vulnerável. Não existem «prostitutas de luxo», existem clientes de luxo.
Quanto às condições de trabalho das mulheres, a holandesa, que é uma das convidadas do seminário que se realiza amanhã à tarde, em Lisboa, sobre «Prostituição: Uma grave forma de violência e exploração», promovido pelo PCP e pelo Grupo da Esquerda Unitária/Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL), refere que o estado emocional das pessoas «piorou, a todos os níveis». Não só aumentou o uso de sedativos como, acrescenta, «havia mais necessidade de programas de ajuda à saída de pessoas da prostituição, mas essa ajuda não foi dispensada».
Dois anos depois, um relatório da polícia relatava casos graves de tráfico, concluindo que, na prostituição legal, 50 a 90% das pessoas estavam de forma involuntária. Com o intuito de aperfeiçoar a legalização, em 2009 surge uma proposta de lei no país das tulipas, a qual, além de conferir mais permissões aos negócios que gravitam em torno da atividade, previa o registo das mulheres, a criminalização dos clientes de mulheres não registradas e o aumento da idade mínima da prostituta, de 18 para 21 anos.
O documento, aprovado no parlamento em 2011, acabaria por ser rejeitado pelo senado, em 2013, por entender que o registo fere questões de privacidade e que a responsabilização dos compradores de sexo não é necessária.
A realidade esbarra mais uma vez com a retórica apresentada por quem defende a legalização desta forma de violência. Também na petição lançada em Portugal em Julho, se pretende fazer crer que, pela legalização, se acabaria com os comportamentos «absolutamente pérfidos tidos pelos agentes que encontram no tráfico de mulheres e consequente lenocínio, o conforto de vidas faustosas conseguidas no desregulamentado mundo da prostituição».  
Já falámos do capital?
No famoso Bairro da Luz Vermelha (Red Light District), em Amesterdã Holanda, surgiu em 2016 a «primeira startup de prostituição» gerida por cinco mulheres. A atividade da My Red Light, assim se designa a empresa, é financiada pelo fundo de investimento do Rabobank, pela Fundação Rabobank e pelo chamado fundo de filantropia Star Foundation.
Em declarações à imprensa, no final de Setembro de 2016, o porta-voz do Rabobank realçava estarem perante um grande avanço no «empoderamento das profissionais do sexo». Dizia então que se tratava de um «sonho tornado realidade» e que o plano de negócios parecia ser «realmente bom». «Nós somos um banco cooperativo e estamos orgulhosos por apoiar uma cooperação entre colegas», frisou Carlo Verhart. 
A empresa disponibiliza 14 quartos (14 «janelas») no centro da capital holandesa, espalhados por quatro edifícios, que são alugados por períodos do dia ou da noite. A prioridade, afirmam as responsáveis da My Red Light, é providenciar um local seguro para os «trabalhadores» e seus clientes.
Qual objetos, através do site os interessados podem visualizar rapidamente quem está disponível e onde, juntamente com os respectivos perfis, imagens e mais informação sobre cada «sugestão» apresentada. «Jennifer está disponível por mais 4,5 horas» é um exemplo do tipo de mensagem que pode surgir aos visitantes.
Também disponível nesta página, uma citação do ator e comediante Steve Martin elucida bem a perversidade do sistema: «Eu acredito que o sexo é uma das coisas mais bonitas, naturais e saudáveis ​​que o dinheiro pode comprar.»  
Leia mais: Portugal - Mulheres debatem prostituição. https://www.abrilabril.pt/ nacional/mulheres-debatem-prostituicao

Link: http://port.pravda.ru/news/busines/21-10-2017/44245-prostituicao_trabalho-0/

UFSC - Após morte de reitor, corregedor que o investigava é afastado.

O corregedor-federal da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rodolfo Hickel do Prado, que investigava o ex-reitor da instituição que foi encontrado morto, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, foi afastado "de todas as suas atividades, funções e atribuições"; investigação motivou suicídio de Cancillier.
Jornal GGN - O corregedor-federal da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rodolfo Hickel do Prado, que investigava o ex-reitor da instituição que foi encontrado morto, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, foi afastado nesta sexta-feira (20), por portaria publicada pela Chefia de Gabinete da nova reitora, Alacoque Erdmann.
 
Hickel, que havia pedido o afastamento de Cancellier da reitoria da UFSC antes da Operação Ouvidos Moucos, e acusava o então reitor de pressionar a Corregedoria e atrapalhar as investigações, foi afastado pelo período de 60 dias "de todas as suas atividades, funções e atribuições".
 

Recordando: 
Padres denunciam: PF NEGOU DIREITO DE APOIO ESPIRITUAL AO REITOR SUICIDADO.

Ao celebrar missa em homenagem ao reitor Luiz Carlos Cancellier hoje pela manhã, no Templo Ecumênico da UFSC, o padre William Barbosa Vianna fez uma denúncia espantosa: ele e outro religioso foram impedidos ao menos quatro vezes pela Polícia Federal de oferecer apoio ao reitor, que foi preso, algemado nu, submetido a exame interno vexatório e encarcerado sem processo judicial. Segundo o padre, a Polícia Federal também proibiu a Pastoral Carcerária de visitá-lo no dia da prisão, em 14 de setembro.

Em seguida, quando a prisão de Cao Cancellier foi relaxada, mas a juíza o manteve exilado da universidade e recolhido em reclusão domiciliar noturna, os padres novamente tentaram socorrê-lo, sabendo de seu abalo emocional, mas não obtiveram permissão para visitá-lo. "É preciso lembrar que o direito à assistência religiosa é garantido pelo artigo V da Constituição", afirmou William, assessor da Pastoral Universitária da UFSC, fazendo uma revelação que assombrou a própria família do reitor, levado ao suicídio por um espantoso processo de linchamento moral. Até então, sabia-se apenas que Cancellier estava privado do apoio de amigos, principalmente de pessoas de sua convivência na gestão da universidade.

As cerca de 200 pessoas aplaudiram de pé quando o irmão do reitor, Júlio Cancelier, se disse chocado e surpreendido com a recusa ao direito de ajuda espiritual e solicitou à reitora em exercício, Alacoque Lorenzini Erdmann, que apure a verdade e instaure processo para averiguar as calúnias apresentadas contra o reitor no processo calunioso patrocinado pela Polícia Federal, Corregedoria da UFSC e grande parte da mídia comercial. 

William Vianna, que além de padre é professor e chefe do Departamento de Ciências da Informação da UFSC, disse com clara consternação que há muitos anos a Pastoral Carcerária já vem avisando sobre os abusos nas revistas vexatórias a mães, filhas e familiares em geral dos presos. 

Com visível consternação, leu o artigo V da Constituição, inciso VII: "É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva".

Na terça-feira, às 14 horas, haverá Reunião do Conselho Universitário para decidir a continuidade da gestão. Como o professor faleceu antes de completar metade do mandato, é possível que sejam convocadas novas eleições, embora haja polêmica na interpretação do estatuto. A cerimônia foi organizada pelo Grupo de Oração Universitária e Pastoral da Juventude e teve a participação do Grupo Shalon, e Emaús como símbolo da pluralidade e interculturalidade religiosa que deve reinar na UFSC. 

Uma ampla frente de forças progressistas chamada "Floripa contra a exceção" está se mobilizando para fazer do suicídio do reitor um caso exemplar contra o estado terrorista e fascista que pratica o desrespeito total aos direitos de defesa e usa campanhas de difamação para atacar as instituições públicas. “Queremos a volta da democracia e do estado democrático de direito”, afirmou o professor e diretor do Centro de Ciências Jurídicas, Ubaldo Baltazar.

(Raquel Wandelli dos Jornalistas Livres).

sábado, 21 de outubro de 2017

São Luís - O promotor Paulo Silvestre Avelar Silva foi eleito diretor das Promotorias de Justiça da Capital.

Paulo Avelar
O mandato se estende até 2018.

O promotor de justiça Paulo Silvestre Avelar Silva foi eleito, nesta sexta-feira, 20, o novo diretor das Promotorias de Justiça da Capital. Membros do MPMA que atuam na entrância final participaram do pleito.

Foram computados 67 votos, sendo 65 válidos, 1 voto em branco e 1voto nulo. O procurador-geral de justiça acompanhou o início da votação.

Sobre o resultado da eleição, Paulo Avelar destacou que “a votação foi muito expressiva e nossa expectativa é de que continuar com as ações que já vínhamos implementando nos últimos meses, no sentido de criar condições de servir melhor os membros e servidores e principalmente atender melhor o cidadão que procura o Ministério Público. Contamos com o apoio do procurador-geral de justiça e da Administração Superior para em breve reinaugurarmos nossa sede própria”.

Em junho deste ano, Paulo Avelar assumiu interinamente a Diretoria das Promotorias de Justiça da Capital. Na ocasião, substituiu o então diretor, Ednarg Fernandes Marques, que assumiu o cargo de promotor de justiça-corregedor.

O mandato se estende até 2018. A Comissão Eleitoral foi composta pelos promotores de justiça João Leonardo Sousa Pires Leal, Francisco de Aquino da Silva e Doracy Moreira Reis dos Santos.

Redação: CCOM-MPMA.