Autor(es): JOSÉ GERALDO DE SOUSA JUNIOR - Reitor da Universidade de Brasília; e JOÃO BATISTA DE SOUSA - Vice-reitor da Universidade de Brasília.
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16.Nov.2012 Correio Braziliense - Quase ainda é possível ouvir Mozart nos acordes
que emanaram da Orquestra de Câmara da Universidade Federal da Bahia, regida
pelo maestro Hans-Joachim Koellreuter, no Auditório Dois Candangos, durante a
fundação da Universidade de Brasília.
Faz meio século, mas quando o lugar se
encheu novamente para a celebração do cinquentenário, em 21 de abril deste ano,
os presentes tiveram a sensação de que fora ontem. Emocionados, relembraram a
criação da instituição que, assim como a capital da República, inaugurada dois
anos antes, nascia para desbravar o Centro-Oeste, interiorizar o Brasil e
reinventar conhecimento. Missão audaciosíssima!
Hoje, um dos patrimônios mais valiosos do país, a
melhor Universidade de Ciências Sociais e Humanas, segundo o Prêmio Guia do
Estudante 2012, celebra 50 anos com quatro campi, 34.738 alunos, 2.348
professores e 2.733 servidores técnico-administrativos.
Operosa comunidade
responsável por 67 cursos de graduação e 142 de mestrado e doutorado, em 430
mil metros quadrados de área construída. Metade dessa comunidade passou a
integrar os campi nos últimos quatro anos, a partir da criação de 36 cursos de
graduação, principalmente no período noturno, ampliação de outros 48, além da
instituição de 24 cursos de mestrado e doutorado. No mesmo período, o espaço
físico foi ampliado em um terço. Um crescimento impulsionado pelo Programa de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).
Erguida sob os olhos atentos de seu idealizador,
o antropólogo Darcy Ribeiro, a Universidade de Brasília, antes restrita ao
Plano Piloto, hoje é multicampi — chegou territorialmente a Ceilândia, Gama e
Planaltina, exercendo papel transformador na realidade dessas comunidades ao
abrigar 5 mil alunos.
Uma expansão que consolida o princípio utópico do projeto
formulado por Darcy Ribeiro com Anísio Teixeira e outros intelectuais: fazer
uma universidade completa. Ela também é policêntrica porque, no campus
original, na Asa Norte, a expansão se fez de maneira muito forte.
Ao todo, nos
quatro campi, são impressionantes 101 mil m² de novas edificações, que somam 31
prédios, sem contar as 41 obras de reforma em uma área equivalente a 68 mil m².
Um processo de alta envergadura conduzido com disciplina e êxito. Não há
nenhuma obra parada. O Reuni foi 100% executado na UnB, conforme reconhece o
Ministério de Educação.
Além de avançar em novos espaços, houve
intensidade e qualidade nas dimensões que constituem a essência da vida
acadêmica: sistemáticas reuniões dos colegiados, criação do Conselho
Comunitário, que hibernou no estatuto por 16 anos, e outros instrumentos que
vão desde audiências públicas a mesas de negociação, passando pelo Orçamento
Participativo, proporcionando o envolvimento da comunidade no controle de
gastos.
O diálogo foi, sobretudo, a estratégia mediadora
na solução dos conflitos, o eixo da proposta para o período 2008-2012: a
paciente construção de uma universidade democrática, emancipatória, inclusiva e
de qualidade. A partir do diálogo, temas polêmicos foram amplamente debatidos e
superados, como a reestruturação administrativa, as normas para credenciamento
de fundações de apoio, a transformação do Cespe em empresa pública, a adesão do
HUB à Ebserh, as regras de convivência universitária e o modelo da escolha do
reitor, em votação no Conselho Universitário, precedida por consulta à
comunidade. A universidade que vivenciou uma das maiores crises de sua história
está apaziguada, retomando o lugar plural de construção de valores que marcou
sua concepção.
No ano do cinquentenário, a expansão significa,
portanto, momento de refundação, marcada no plano simbólico e programático por
uma gestão colegiada. Dessa mudança, a UnB saiu mais complexa. As novas
demandas exigem processos mais ágeis, modernos e melhor planejados, além de um
quadro de servidores ampliado, fortalecido e mais valorizado.
Nos últimos
quatro anos, a universidade avançou em políticas nesse sentido, superando
culturas, fazendo investimentos tecnológicos e em pessoas. A grande mudança, no
entanto, de que as universidades brasileiras precisam para transformar o
impulso dado pela expansão no salto de qualidade necessário a um país em
constante crescimento, é a conquista plena da autonomia garantida pela
Constituição e seu exercício na prática cotidiana.
Fonte:http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/11/16/a-refundacao-da-unb
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