sexta-feira, 1 de março de 2013

UFMA. Com a palavra os médicos que de fato defendem o SUS: EBSERH é dupla porta ou não?


APESTV entrevista a Professora Cláudia March da UFF sobre a questão da adesão das Universidades e seus Hospitais Universitários(HUs) à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH. Na conversa, ela explica porque a contratação dessa empresa pode significar a privatização dos HUs, o fim da autonomia universitária (garantida no artigo 207 da constituição) nessas instituições, a precarização do trabalho de seus servidores e a adaptação dos Hospitais à logica de mercado. As consequências serão nefastas também para os usuários comuns do SUS que podem ser discriminados em relação àqueles que têm plano de saúde.
Daí você vai na página EBSERH e lê:
Pergunta: O que é a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares?
Resposta: A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Educação, criada pela Lei Federal nº 12.550, de 15 de dezembro de 2011, que tem como finalidade a prestação de serviços gratuitos de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade, assim como a prestação às instituições públicas federais de ensino ou instituições congêneres de serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde pública, observada, nos termos do art. 207 da Constituição Federal, a autonomia universitária.
Pergunta: Por que foi criada a EBSERH?
Resposta: A criação da EBSERH integra um conjunto de medidas adotadas pelo Governo Federal para viabilizar a reestruturação dos hospitais universitários federais. Por meio do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (REHUF), instituído pelo Decreto nº 7.082, de 27 de janeiro de 2010, foram empreendidas ações no sentido de garantir a reestruturação física e tecnológica e também de solucionar o problema de recursos humanos destes hospitais.
Pergunta: A partir da contratação da EBSERH, haverá prejuízo da autonomia universitária?
Resposta: A autonomia universitária está consagrada no Art. 207 da Constituição Federal e garantida pela Lei de Criação da Empresa (Artigos 3º e 6º da Lei nº 12.550/2011).
Pergunta: Haverá controle social dos serviços prestados pela EBSERH?
Resposta: O Conselho Consultivo é um órgão permanente da EBSERH que, além de prestar apoio à Diretoria Executiva e ao Conselho de Administração, tem como uma de suas finalidades o controle social. O Conselho Consultivo será constituído por representantes da EBSERH, do Ministério da Educação, do Ministério da Saúde, dos usuários dos serviços de saúde dos hospitais universitários federais, indicado pelo Conselho Nacional de Saúde; dos residentes em saúde dos hospitais universitários federais, indicado pelo conjunto de entidades representativas; reitor ou diretor de hospital universitário, indicado pela ANDIFES e representante dos trabalhadores dos hospitais universitários federais administrados pela EBSERH, indicado pela respectiva entidade representativa.
Pergunta: As universidades continuarão a ter autonomia sobre as pesquisas realizadas nos hospitais universitários federais?
Resposta: De acordo com seu Estatuto Social, a EBSERH, no exercício de suas atividades, estará orientada pelas políticas acadêmicas estabelecidas pelas instituições de ensino com as quais estabelecer contrato de prestação de serviços.
E entre a quebra de braço de HU Federais e MEC já temos o caso do HU da Federal de Juiz de Fora:
Corte de 25% no orçamento do HU
Por Fernanda Sanglard, Tribuna de Minas
28/02/2013
Medida, que vai impactar no atendimento de usuários do SUS, foi tomada depois que MEC suspendeu envio de recursos para unidades que não aderiram à empresa de serviços hospitalares
UFJF anunciou, nesta quarta-feira, a necessidade de cortar 25% do orçamento do HU

A UFJF anunciou, na tarde desta quarta-feira (27), a necessidade de cortar 25% do orçamento do Hospital Universitário (HU), o que afetará todos os contratos da unidade. Com a medida, a direção do HU acredita que o número de exames, consultas e internações possa sofrer redução de até 30%, mas explica que esse impacto só poderá ser calculado com exatidão depois que as primeiras ações forem avaliadas. O corte foi a solução encontrada para minimizar a suspensão de recursos de custeio pelo Ministério da Educação (MEC), pelo fato de o HU não ter aderido à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).

Conforme o reitor Henrique Duque, a partir deste ano, o custeio dos 46 hospitais universitários do país passou a ser feito pela EBSERH, empresa estatal de direito privado, de forma que o MEC não repassará mais verba aos HUs. “Essa suspensão de repasse não ficou restrita ao nosso hospital, atingiu as 23 unidades que não concordaram em migrar para a empresa criada pelo Governo federal”, esclarece Duque.

O custo mensal do HU é de aproximadamente R$ 2,5 milhões, sendo que existe receita de R$ 700 mil repassada pela Prefeitura. Como o restante era repassado pelo MEC, com a suspensão do recurso, o hospital terá déficit mensal de R$ 1,8 milhão. O diretor geral da unidade, Dimas Augusto Carvalho de Araújo, estima que, com a redução de 25% nos contratos, seja possível economizar R$ 600 mil, faltando ainda R$ 1,2 milhão para o custeio.

O reitor garante que conseguirá manter o funcionamento, mesmo com o déficit. “Não vou medir esforços para assegurar isso, mas não sei por quanto tempo vamos conseguir. A realidade é que uma decisão tem que ser tomada. Ou aderimos à EBSERH, ou vamos ter que cortar ainda mais os atendimentos. Porque existe um limite fiscal e controle do TCU (Tribunal de Contas da União).”

Plebiscito
No fim de 2012, em plebiscito, a comunidade do HU votou contra a adesão à empresa. “Até então, acreditávamos que seria possível contornar, e que o MEC prosseguiria enviando recursos. Consegui, em novembro passado, um último repasse de R$ 8,8 milhões, o que nos deu tranquilidade até o momento. Mas a última informação é que isso não vai mais ocorrer. Agora, esse problema terá que ser discutido internamente.” O reitor explica que os cortes não vão interferir nas obras do novo HU, já que a fonte de recursos é diferente e está garantida.

Atualmente, o HU oferece 140 leitos e realiza, em média, nove mil consultas/mês, tendo, inclusive, exclusividade na prestação de alguns serviços pelo SUS local, como transplante de medula óssea, ressonância magnética, gastroenteorologia, entre outros. Por isso, Dimas diz que o intuito é preservar esses serviços, realizando reduções nos ofertados por outros prestadores da cidade. “Vamos trabalhar para que seja uma redução quantitativa, que não atinja a qualidade dos atendimentos.”
Dimas explica que a alternativa encontrada foi o corte de 25% nos contratos, porque esse valor está estimado nos acordos firmados. “Os contratos permitem incremento ou redução dessa porcentagem, portanto, isso é uma medida legal. A partir desse número, será preciso recorrer à Justiça.” Apesar das medidas serem imediatas, começarão a ser sentidas com mais impacto a partir de abril, quando o aviso prévio de parte dos servidores terceirizados chegará ao fim.

O secretário de Saúde do município, José Laerte, afirma que, inevitavelmente, a medida afetará a rede. “Todos fomos pegos de surpresa, mas vamos trabalhar para minimizar o impacto. Assim que formos comunicados oficialmente, vamos nos reunir para tentar readequar a rede.” O contrato entre a Prefeitura e o HU, que estabelece o repasse de R$ 700 mil, foi firmado em 2005. Desde então, não há reajuste. Quanto a isso, o secretário esclarece que a pasta já trabalha na revisão dos contratos com todos os prestadores.
Por último, chama-me a atenção que uma medida que afeta os HUs Federais nesta monta não tenha nenhuma participação; ingerência do Ministério da Saúde. Não está mais que na hora de haver de modo concreto e eficiente uma transversalidade entre ministérios?

Leia também:

Faltava mais nada: deputado querendo controlar atividades didáticas de professor universitário

fevereiro 28th, 2013 by mariafro

Semana passada o deputado Henrique Alves visitou Lula e posou pra fotos, será que Henrique Alves contou ao ex-presidente Lula que quer censurar professor universitário em curso de investigação jornalística, segundo nota de jornal?
E se isso for real, o que a grande mídia tão preocupada com ‘censura’ dos blogueiros sujos fará acaso se comprove a nota do jornal de que  um deputado  quer intimidar um jornalista e seus alunos????  Será que veremos nota da presidente da ANJ, Judith Brito, se solidarizando com o blogueiro sujo que por acaso é jornalista e por acaso é professor concursado do curso de jornalismo de uma universidade federal?
Segundo jornalista, Henrique pedirá explicações ao MEC por revista produzida por alunos da UFC
28/02/2012
O jornalista Alex Medeiros publicou a seguinte nota na sua coluna desta quarta-feira (27):
A nota evidentemente se refere à seguinte publicação, que teve até o momento que escrevo esse post 457 impressões.
Claro que o material não se trata de um dossiê. E não foi impresso pela UFC. É o resultado de uma atividade avaliativa de uma disciplina – Técnica de Investigação Jornalística – e foi produzida pelos alunos da Universidade Federal do Ceará. Claro que pautei o tema e cedi os documentos públicos das investigações do Ministério Público. Mas a produção, incluindo diagramação e textos, foi toda dos alunos – que foram avaliados por isso. Eles escreveram com base nas investigações e em publicações de outros veículos.
Quando começaram o trabalho, já disse isso, em janeiro, nenhum veículo de imprensa fora de Natal havia apontado os indícios que relacionam o presidente da Câmara a Tufi Meres – notadamente o encontro articulado por Cláudio Varela, cunhado de Chiquinho Alves, entre Tufi e Henrique.
Sendo verdade o que diz Alex acima, se trataria de um caso raro em que um político tenta interferir na produção acadêmica de um professor de uma Universidade Federal e seus alunos.
Em virtude disso, encaminhei o seguinte e-mail à assessoria do presidente da Câmara visando confirmar se a história contada por Alex é verdadeira ou não:
Prezados,
Escrevo a fim de solicitar esclarecimentos com respeito à nota publicada pelo jornalista Alex Medeiros no Jornal de Hoje, desta quarta-feira (27/02). O teor da nota vai abaixo e seu recorte em anexo.
Agressões
O gabinete da presidência da Câmara Federal vai pedir explicações ao Ministério da Educação sobre o caso de um dossiê impresso com estrutura e dinheiro de uma faculdade pública, recheado de textos agressivos contra o deputado Henrique Alves.
Evidentemente que a nota de Alex Medeiros se refere ao material disponilizado no link a seguir: http://issuu.com/danieldantaslemos/docs/opera__oassepsia_final. Trata-se do resultado de atividade avaliativa elaborada pelos alunos da disciplina de Técnicas de Investigação Jornalística da Universidade Federal do Ceará, da qual sou professor. O material foi elaborado com base em análise de documentos públicos de investigações do Ministério Público, além de notícias publicadas em diversos veículos nacionais, não tendo sido impresso mas fechado em um formato de PDF, disponibilizado no link citado acima.
Essa explicação não é dada à guisa de justificativa, mas apenas para situar a questão sobre a qual escrevo.
Na verdade desejo confirmar se é realmente verdade o teor da nota de Alex – ou seja, que o presidente da Câmara dos Deputados requisitará ao Ministério da Educação explicações acerca de uma atividade acadêmico-pedagógica realizada no ambiente escolar-universitário.
Sem mais para o momento,
Dr. Daniel Dantas Lemos
Professor Adjunto da Universidade Federal do Ceará

TAGS: ALEX MEDEIROS, HENRIQUE ALVES, TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO JORNALÍSTICA
 O conteudo publicado acima foi retirado do blog: http://mariafro.com/

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Bahia. Prefeito filiado ao PT é encontrado morto por enforcamento.

O prefeito do município baiano de Aporá, José Raimundo (PT), foi encontrado morto nesta manhã, 28, na própria residência. 

As primeiras informações não são claras quanto à causa da morte, mas o corpo do prefeito apresentava sinais de estrangulamento. 

Suspeita-se que ele tenha morrido enforcado. Zé Raimundo chegou ao cargo pela primeira vez, após ter concorrido em 2004 e ter obtido apenas 100 votos, informa o Acajutiba News. 

O prefeito deixa esposa e dois filhos. A família, em estado de choque, ainda não se pronunciou. 

De acordo com pessoas próximas, Zé Raimundo não aparentava sinais de depressão e mostrava-se bem, comandando eventos como a Jornada Pedagógica da rede municipal. 

Aporá está localizado na região Nordeste da Bahia e tem, aproximadamente, 17,3 mil habitantes. http://www.pimenta.blog.br

Notícia Publicada originalmente em:

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Acidente na BR 230, entre Barão de grajau e São João dos Patos, mata quatro pessoas de uma mesma familia.

Segundo a PRF, uma pessoa sobreviveu à colisão.

26/02/2013 19h44 - Atualizado em 27/02/2013 08h15

Do G1 MA

 
Quatro pessoas de uma mesma família morreram, nesta terça-feira (26), em um acidente na BR-230, entre Barão de Grajaú e São João dos Patos, municípios da região leste do Maranhão

Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o veículo em que eles estavam colidiu com um caminhão que transitava no sentido contrário.

De acordo com a PRF, o carro de passeio onde estavam as vítimas transitava no sentido São João dos Patos / Floriano (PI), quando seu condutor teria perdido o controle e batido frontalmente com o caminhão.

Apesar da gravidade do acidente, uma pessoa sobreviveu e foi encaminhada ao Hospital Municipal Barjonas Lobão. O motorista do caminhão foi levado para a delegacia de Barão de Grajaú para prestar depoimento.

De acordo com a PRF, quatro agentes foram encaminhados ao local para realizar a perícia técnica.

 Noticia publicada originalmente em:

http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2013/02/acidente-na-br-230-mata-quatro-pessoas-de-uma-mesma-familia.html

Direitos Trabalhistas. Congresso pode aprovar terceirização selvagem.

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Parlamentares tentam recolocar em pauta lei vetada por Lula. Caso vigore, ela facilitará desrespeito a um direito trabalhista essencial: o registro em carteira

Por Leonardo Sakamoto, em seu blog
Para atender à determinação do Supremo Tribunal Federal, de que o veto de Dilma Rousseff à alteração das regras de distribuição de royalties do petróleo só possa ser analisado após a análise de outros 3 mil vetos, o Congresso está desenterrando alguns esqueletos. Alguns com cara de bem feia.

Há parlamentares que, na surdina, estão se articulando para que um dos vetos presidencial, em especial, seja derrubado: o que trata da chamada Emenda 3.

A emenda, que integrou o projeto que criou a Super Receita, propõe que auditores fiscais federais não possam apontar vínculos empregatícios entre empregados e patrões, mesmo quando forem encontradas irregularidades. 

Apenas a Justiça do Trabalho, de acordo com o texto, é que estaria autorizada a resolver esses casos. Na prática, a nova legislação tiraria o poder da fiscalização do governo, o que dificultaria o combate ao tráfico de pessoas, ao trabalho escravo, ao trabalho infantil e a terceirizações ilegais que burlam direitos do trabalhador.

Originalmente, a emenda foi proposta atendendo à solicitação de empresas de comunicação e de entretenimento que contratam funcionários por meio de pessoas jurídicas, conhecidas como “empresas de uma pessoa só”. O problema é o efeito colateral que isso pode criar para o restante da sociedade.

O Congresso Nacional aprovou a emenda, mas o então presidente Lula a vetou em março de 2007. Na época, trabalhadores foram às ruas para apoiar o veto – milhares de metalúrgicos fizeram passeatas na região do ABC, metroviários cruzaram os braços e bancários protestaram na capital paulista. 

Com as manifestações, a medida foi posta em compasso de espera, uma vez que assustaram deputados e senadores favoráveis à medida. Agora, como parte da discussão sobre o pacote de vetos, reapareceram articulações, contando com a breve memória do brasileiro e com a dificuldade de analisar atentamente uma única matéria quando são milhares os vetos discutidos ao mesmo tempo.

Em um país onde milhões de pessoas são tratadas como ferramentas descartáveis, a fiscalização do trabalho desempenha um papel fundamental. Ela não é perfeita, mas sem esse aparato de vigilância, as relações de trabalho seriam bem piores do que realmente são. 

A desregulamentação não levaria necessariamente à auto-regulação pela sociedade, como profetizam alguns economistas, mas sim ao caos. Se, com regras minimamente vigiadas, você – trabalhador – já é maltratado, imagine sem.

De acordo com procuradores e juízes do Trabalho ouvidos por este blog, no campo, por exemplo, a aprovação dessa proposta ajuda muito fazendeiro picareta que monta uma empresa de fachada para o seu contratador de mão-de-obra empregar safristas. 

Dessa forma, ele se livra dos direitos trabalhistas, que também nunca serão pagos pelo “gato”, o contratador – boa parte das vezes tão pobre quanto os peões. E consegue concorrer aqui dentro e lá fora sem reduzir sua margem de lucro. Que em nosso país é mais sagrado que todos os santos e orixás.

Nas cidades, isso facilitaria e muito a manutenção de oficinas de costura que contratam trabalhadores de forma precária ou os submetem a condições análogas às de escravo, muitos dos quais imigrantes latino-americanos pobres que vêm produzir para os cidadãos brasileiros. Oficinas que, não raro, surgem apenas para que a responsabilidade dos custos trabalhistas saiam das costas de oficinas maiores e de grandes magazines. Você não vê o escravo em sua roupa, mas ele está lá.

Além de beneficiar os empregadores que querem terceirizar seus empregados (ou legalizar os já terceirizados), a emenda 3 pode funcionar como ponta-de-lança para outras mudanças. Abre a porteira para regularizar de vez a situação das pessoas que ganham pouco, batam cartão e respondam a um chefe, mas que são obrigados a criar uma empresa para ganhar o salário e ficar sem os direitos trabalhistas. Se o bolo de dinheiro fosse distribuído de forma justa entre patrões, chefes e empregados em uma empresa, a defesa do veto da emenda 3 não seria tão necessária. Mas não é o que acontece.

Colocar a emenda 3 em vigor também pode aumentar ainda mais o rombo da previdência, pois ela tende a levar a uma diminuição no carregamento do INSS. Idem para o FGTS, cujo caixa financia a casa própria e banca o Programa de Aceleração do Crescimento. Isso abre a porteira a outros projetos draconianos destinados a resolver os problemas que seriam causados pela emenda 3, como reduzir os reajustes das aposentadorias a fim de economizar.

Projetos como a emenda 3 fazem parte de uma mesma política para diminuir o poder que o Estado tem de garantir que o empresariado tenha um patamar mínimo de bom senso. Com o aumento da competição, cresce também a precarização do trabalho e com ela o discurso da necessidade de desregulamentação, ou seja: pá de cal nos direitos adquiridos e vamos embora que o mundo é uma selva. 

Durante as manifestações de apoio ao veto à emenda 3 em 2007, uma retórica se tornou constante em círculos empresariais e entre alguns colegas da área de economia: de que era um absurdo trabalhadores fazerem greve que não fosse por emprego e salário, mas por política trabalhista. Em outras palavras, protestar por água e pasto, é horrível, mas vá lá. Já a luta para que o aumento da capacidade de competitividade das empresas não seja feito engolindo os trabalhadores é uma atitude deplorável. “Esse país não quer crescer”, diziam eles.

Nesse ritmo, não me espantaria – num futuro não muito distante – ver anúncios estampados em página dupla nas revistas semanais de circulação nacional dizendo: “O Banco X pensa em seus empregados. Ele paga 13º salário. Isso sim é responsabilidade social”. E nossos filhos olharão para aquilo e, espantados, perguntarão: “pai, mãe, o que é emprego?”

A chegada da Cubana Yoani em Coité e o papel do Juiz de Direito

Por: Gerivaldo Neiva * em seu blog
25/02/2013

Para quem ainda não conhece, Yoani Sánchez é cubana, apresentada por boa parte da mídia mundial como sendo uma blogueira que rompeu as barreiras da censura em Cuba e faz oposição ao regime. Pois bem, esta moça está visitando o Brasil, depois de várias tentativas de sair da Ilha, e resolveu aceitar o convite para palestrar em Conceição do Coité-Ba, comarca da qual sou o Juiz de Direito.

Sabendo da visita, os estudantes da cidade e políticos de esquerda começaram a se organizar para impedir a entrada da moça na cidade e também impedir a realização do evento. Em seguida, fui procurado pelos organizadores do evento, acompanhado de dois bons advogados, para garantir que sua convidada pudesse entrar em Coité e realizar a palestra.

Primeiro, tentei mediar um diálogo entre os estudantes e os organizadores do evento, mas não obtive êxito. Os primeiros estavam irredutíveis e não admitiam de forma alguma a presença da moça cubana em terras coiteenses e os segundos não abriam mão de realizar o evento, pois contavam com a presença de políticos famosos e convidados de toda a região.

Diante do impasse, convidei o comandante local da polícia militar e lhe determinei que garantisse, sem violências ou repressão, a realização dos dois eventos. Primeiro, preparasse uma escolta desde a entrada da cidade e conduzisse a moça cubana por onde pretendesse circular na cidade, garantindo-lhe a integridade física. Segundo, preparasse uma boa guarnição para garantir a realização do protesto dos estudantes, mesmo barulhenta, desde que não impedisse a realização da palestra. Enfim, comandante, seu papel é garantir a realização da palestra e também do protesto dos estudantes.

E decidi assim com a Constituição aberta sobre minha mesa de trabalho. O Brasil é um “Estado Democrático destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias”,conforme, escrito em seu preâmbulo; o Estado brasileiro tem como fundamentos a cidadania, a dignidade da pessoa humana e o pluralismo político (art. 1o) e, por fim, é livre a manifestação do pensamento, a liberdade de consciência, a expressão da atividade intelectual e de reunião, dentre outras garantias previstas no artigo 5o da Constituição.

Pois bem, decidindo assim, a moça chegou à cidade sob vaias e protestos, mas teve garantido o seu direito de locomover-se em território nacional e expressar seu pensamento. Da mesma forma, garantiu-se o mesmo aos contrários ao seu pensamento.

Sabendo da minha decisão a seu respeito, para minha surpresa, fui o primeiro a receber a visita da moça cubana. Depois de alguns cumprimentos e agradecimentos, já na saída, ela me pediu uma sugestão de roteiro na cidade.

Pensei um pouco e, já que tinha sido solicitado, respondi: olhe, conhecendo os que te acompanham, sei que irão te oferecer um saboroso jantar acompanhado de bons vinhos; depois, não se assuste se algum deles, para te impressionar, saque de sua caixinha um dos mais finos charutos cubanos (saudades de casa?); depois, não irão te permitir repousar em um dos hotéis da cidade, pois teu quarto de hóspede já está preparado.

Então, apesar do conforto, durma pouco e acorde na madrugada para conversar com pessoas que já estão nas filas dos postos de saúde para marcar uma consulta para alguns meses, apesar da urgência do seu caso; depois, visite os bairros periféricos da cidade, completamente abandonados pelo poder público, e converse com os jovens dependentes de crack para tentar entender suas razões; mais tarde, visite a zona rural do município para ver os estragos causados pelo seca e as condições de vida dos pequenos produtores rurais e entenda que milhões de nordestinos ainda estão vivos graças aos programas sociais do governo federal; na saída, passando na cidade vizinha, visite o presídio regional e veja as condições em que vivem os presos deste país, quase todos analfabetos, sem profissão e delinquentes comuns; por fim, quando tomar a rodovia para Salvador, não deixe de visitar um assentamento do Movimento Sem Terra e então poderá entender as consequências de tantas cercas por este país…

Depois disso, creio que você será capaz de entender que o Brasil não se resume aos jantares das elites, ao luxo do Congresso Nacional, a alegria do carnaval e o que divulga a mídia brasileira. Enfim, o Brasil que irão te mostrar talvez não seja o Brasil real. De qualquer forma, conte comigo para ver assegurado o seu direito de ir e vir, mas principalmente de ir e ver as contradições desse país.

Com ironia, despedi-me de Yoani: seja portadora de saudações ao Comandante Fidel e, estando em Santa Clara, deposite por mim uma flor no mausoléu de Che Guevara! Ela sorriu meio sem graça, mas não se esquivou de me apertar a mão.

* Juiz de Direito (BA), membro da Associação Juízes para a Democracia (AJD) e do Law Enforcement Against Prohibition (Leap- Brasil)
Leia também:


Matéria publicada originalmente em:

Irmão processa Ivete Sangalo por dívida de R$ 20 milhões.

Contigo: Ivete, processo, Jesus Sangalo
Ivete e Jesus Sangalo
Processo corre em segredo de justiça no Tribunal Regional do Trabalho na Bahia; montante, segundo Jesus Sangalo, corresponde apenas a salários atrasados e direitos trabalhistas; irmão da musa do axé pede ainda indenização por danos morais.

26 de Fevereiro de 2013 às 17:41.

Bahia 247.
A ressaca de carnaval ainda não passou para a musa do axé, a cantora Ivete Sangalo. Depois de enfrentar dois processos de ex-funcionários, ela é acionada na Justiça por seu irmão Jesus Sangalo, um dos diretores da sua produtora, a Caco de Telha.

Em segredo de justiça no Tribunal Regional do Trabalho na Bahia, o processo impetrado por Jesus dá conta de que a cantora lhe deve R$ 20 milhões apenas em salários atrasados e direitos trabalhistas.

O irmão da musa do axé diz ainda que ela baixou seu salário de R$ 350 mil para "apenas" R$ 100 mil mensais, segundo o site Bahia Notícias.

Jesus Sangalo pede ainda indenização por danos morais por ter sido considerado suspeito em um esquema de fraude dentro da Caco de Telha.

Noticia publicada originalmente em:

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Processo de Jesus Sangalo contra Ivete Sangalo está em segredo de justiça.

por Josemar Arlego.
Processo de Jesus Sangalo contra Ivete Sangalo está em segredo de justiça


O processo trabalhista que Jesus Sangalo move contra a sua irmã Ivete Sangalo corre em segredo de justiça no Tribunal Regional do Trabalho da Bahia.

O ex-empresário da cantora alega que ela lhe deve R$ 20 milhões em salários e direitos atrasados. 

Diz, ainda, que foi rebaixado por Ivete ao ter seu salário reduzido de R$ 350 mil para apenas R$ 100 mil, além de pedir danos morais por ter sido considerado suspeito em um esquema de fraude dentro da Caco de Telha, que cuida da carreira da artista. 

Por tudo isso, Ivete Sangalo animou o Carnaval de Salvador este ano visivelmente abatida com a briga familiar por dinheiro.

Noticia publicada originalmente em: 


domingo, 24 de fevereiro de 2013

Europa - Milhares de espanhóis na rua contra cortes sociais e corrupção.

espanha, manifestções, Madrid, Maré cidadã
Foto - EPA
 

Milhares de pessoas manifestaram-se hoje nas ruas de Madrid, onde as palavras de ordem se focaram nos cortes efetuados no setor público, da educação à saúde, e nos casos de corrupção que têm sido denunciados.

Num "ambiente festivo e reivindicativo", descreve a agência Efe, os manifestantes chegaram ao final da tarde à praça Cánovas del Castillo, provenientes de quatro colunas de protesto, ao qual apelidaram "Maré Cidadã".

"Não ao golpe de Estado financeiro. Não devemos, não pagamos" era o lema que dominava grande parte das "marés" reivindicativas nas diferentes artérias ocupadas hoje na cidade espanhola.

A manifestação em Madrid terminou com a leitura do manifesto "Maré Cidadã unida contra os cortes e a favor de uma verdadeira democracia", documento que critica a pressão dos mercados financeiros e a dívida "ilegítima" criada por eles, e com a entoação da música "Canto a la libertad", do cantor de intervenção espanhol José Antonio Labordeta, falecido em 2010.

Além de Madrid, a "maré cidadã" foi convocada para cerca de 80 localidades espanholas.

--Diário Digital
  
Matéria publicada originalmente em: