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Dona Odete, passou a ser considerada “Inimiga Pública nº1”. Foto RBS. |
Bravo D. Odete - Tiros certeiros aos 88 anos.
O caso da caxiense Sra. Odete Prá, 88 anos, é
singular.
Tratada com desrespeito e até de forma agressiva tanto pela
Polícia Civil como pela imprensa do Rio Grande do Sul a Dona Odete deu
provas de altivez e honradez.
DefesaNet Agência de Notícias
Informações Zero Hora.
O caso da caxiense Sra Odete Prá, 88 anos, é singular. Tratada com
desrespeito e até de forma agressiva tanto pela Polícia Civil como
pela imprensa do Rio Grande do Sul a Dona Odete deu provas de altivez e
honradez.
O início do caso
A Senhora Odete Hoffmann Prá, 88 anos, confessou ter matado um arrombador
que invadiu o apartamento dela, no Centro de Caxias, por volta das 17h
do dia 9 de julho de 2012, um sábado. Ela usou um revólver calibre 32
para dar três tiros no homem, que morreu enquanto era socorrido. No
mesmo dia, à noite, D. Odete prestou depoimento no plantão da 2ª
Delegacia de Pronto-atendimento (2ª DPPA). No início, o caso foi tratado
como legítima defesa.
Ao ter o holofote da imprensa a Polícia do Estado do Rio Grande do Sul
deu uma guinada no caso. Não é de conhecimento se o própriaCúpula da
Polícia Civil e do Governo do Estado interviram, mas o caso começa a ter
proporções surreais.
Na segunda-feira, dia 11 de junho de 2012, a Sra Odete Hoffmann Prá foi indiciada por homicídio
e posse ilegal de armas. A tese de legítima defesa não foi analisada
pela polícia, que indiciou a idosa como autora de um homicídio, “já que
houve crime”. O arrombador morto foi identificado como Márcio Nadal
Machado, 33 anos. Ele estava em liberdade provisória e era suspeito de
furtos na área central de Caxias do Sul.
Por vários problemas logísticos da própria Polícia o teste de traços
de pólvora só foi realizado em outubro de 2012, por peritos do
Instituto Geral de Perícia (IGP), que não encontraram indícios de pólvora na mão de D. Odete.
Ou seja três meses após o evento, o IGP não encontra traços de pólvora
nas mãos da senhora. Este fato do lapso de tempo, entre o evento e o
teste, a Imprensa omite posteriormente de forma sistemática.
Outra linha de investigação passou a analisar a presença de outra
pessoa na residência no momento da morte. No mesmo dia da divulgação do
resultado negativo do laudo que detecta a presença de pólvora na mão de
quem dispara arma de fogo, a idosa reafirmou ser autora da morte do assaltante.
Em novembro do mesmo ano, um exame feito na arma usada
para matar Márcio Nadal Machado não concluiu se foi realmente a idosa
quem disparou contra o bandido. A perícia foi realizada para determinar a
pressão necessária que deve ser empregada no gatilho para que a arma
seja acionada. A arma estaria guardada há mais de 30 anos em um armário
no quarto da aposentada. A polícia queria saber se a mulher teria força
suficiente para conseguir fazer os disparos.
Em janeiro deste ano, o delegado do 2º Distrito Policial Joigler Paduano, responsável pela investigação, pediu uma reconstituição do caso.
Segundo ele, era preciso sanar algumas dúvidas que surgiram durante o
inquérito. A reconstituição foi marcada para o dia 18 de fevereiro, mas
não aconteceu. Foi acontecer no dia 22 de Abril de 2013.
Mesmo com as mãos trêmulas pela idade avançada, D. Odete Prá, 88 anos,
não hesitou em atender a um pedido da Polícia Civil e testar a força. Em
um estande de tiros no bairro São Pelegrino, em Caxias do Sul, RS, a
idosa efetuou dois disparos com a mesma arma que afirma ter usado para
se defender de um assaltante que invadiu o apartamento onde mora, no dia
9 de junho de 2012.
Durante a reconstituição, na tarde de segunda-feira (22ABR13), que
durou cerca de uma hora, dona Odete reafirmou ter matado Márcio Nadal
Machado, o Cachorrão, 33 anos, e recontou os mesmos passos já repetidos à
polícia e à imprensa.
Porém o delegado do caso não se dá por rendido.
– Preliminarmente, não restam dúvidas de que ela (Odete) tenha real
mente atirado no ladrão. Não trabalhamos com a hipótese de haver uma
terceira pessoa no local. Entretanto, temos uma dúvida ainda não sanada e
que é essencial para a conclusão do inquérito. Sem diluí-la, não tenho
condições de remeter o caso ao MP (Ministério Público) – afirmou o
delegado responsável pelas investigações, Joigler Paduano, sem informar
qual a dúvida que ainda permanece sobre o caso.
Logo após deixar o estande de tiros acompanhada da filha, D. Odete comentou sobre a reconstituição do assalto que foi vítima:
– Foi triste relembrar o fato no meu apartamento, porque nunca tinha matado ninguém e não sabia o que fazer naquela hora.
Segundo o delegado, os disparos ontem foram em linha reta, mas, como os
alvos já haviam sido utilizados, ele acredita que as balas acertaram a
parede. De qualquer forma, ressaltou o delegado, o objetivo era medir a
força da idosa.
Pressionado pela imprensa e a cúpula policial, lembrar que o governador
do Estado do Rio Grande do Sul é o ex-Ministro da Justiça Sr Tarso
Genro, um propagador das campanhas de desarmamento, o delegado
proclama:”apesar dos disparos, novos depoimentos serão tomados”.
Três peritos do Departamento de Criminalística, especializados em
reconstituições, devem emitir um laudo. A equipe chegou na manhã de
ontem a Caxias e tomou conhecimento do inquérito policial.
O trabalho deles no local do crime se baseou em ouvir mais uma vez a
idosa. Depois, junto com o delegado, foi realizada uma seleção de
informações para então montar possíveis cenas do crime.
O tempo para a emissão do parecer técnico depende da necessidade de
outros testes que possam ter se mostrado importantes no apartamento. A
demanda do órgão estadual, que atende a todo Estado, é outro ponto que
interfere no prazo de entrega. Além dos peritos, participaram da
reconstituição outros quatro agentes do setor de homicídios da Polícia
Civil caxiense. Conforme Joigler, novos depoimentos da idosa e
familiares serão marcados na tentativa de sanar as dúvidas remanescentes
do assalto e da morte do bandido.
A cidade de Caxias do Sul é uma das mais violentas do estado e a
Polícia Civil investe tempo e recursos em tentar desacreditar a D.
Odete. Como uma Senhora, de 88 anos, e a ousadia de defender-se?
Centenas de processos são acumulados para dar especial atenção ao caso da Dona Odete. Passou a ser considerada “Inimiga Pública nº1”. Motivo ousou defender-se, preservar a sua integridade, e com sucesso.
Lembrar que após a sua "via crucis" na Polícia Civil, certamente terá
novas etapas no Ministério Público, que eleverá em vários níveis a
periculosidade de Dona Odete.
Realmente, são novos tempos.